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CAPÍTULO III – GEOGRAFIA DA SAÚDE: O CAMPO DE ESTUDO DA

3.3 Aplicações da Geografia da Saúde

Na América Latina, a partir da década de 1990, ocorreu uma intensificação das pesquisas e publicações na área de Geografia da Saúde, assim como, da inserção de geógrafos no setor saúde de vários países (ROJAS e BARCELLOS, 2003, p. 330). Segundo Lima (citado por RIBEIRO, 2010, p. 91), há um movimento latinoamericano forte em países como o México, Cuba, Colômbia, Argentina e Brasil, de consolidação de pesquisas em Geografia da Saúde a pouco mais de 10 anos.

Rojas e Barcellos (2003, p. 330) citam que o arcabouço teórico e metodológico da geografia da saúde possui duas linhas de pesquisa: (1) a geografia tradicional das doenças ou nosogeografia, responsável pela identificação e análise de padrões de distribuição espacial das doenças e seus determinantes; e (2) a geografia contemporânea dos serviços de saúde, envolvidos na distribuição e planejamento de componentes da infraestrutura e recursos humanos do sistema de saúde. Destacam também o positivo impacto do emprego progressivo das análises espaciais na saúde pública e a relevância de uma avaliação cuidadosa dos seus resultados.

Levantamentos realizados por Perehouskei e Benaduce (2007, p. 37) em notas de Ferreira (2001), citam que o crescimento da Geografia da Saúde foi

baseado em diversas linhas de pesquisas desenvolvidas nos Estados Unidos em Geografia Médica: análise dos padrões de distribuição espacial e temporal das doenças, mais diretamente ligada à estatística e à Geografia quantitativa; acrescentaríamos, ainda, a contribuição da cartografia temática; mapeamento de doenças por computação envolvendo variáveis múltiplas; os sistemas de informação geográfica – SIGs – produzem trabalhos nessa linha; ecologia das doenças, mediante estudos baseados em análise sistêmica, com a finalidade de identificar os padrões de causalidade das patologias nos diferentes contextos ambientais. Observamos que esta linha associa-se aos estudos de cunho biogeográfico e aplicação de conceitos geográficos ao planejamento, para localização e administração de serviços de assistência médico-hospitalar (PEREHOUSKEI e BENADUCE, 2007, p. 36).

As aplicações da análise de geografia em saúde na prevalência de doenças infectoparasitárias na cidade de Manaus permitirá analisar a relação entre a percepção pelos moradores (estudantes do Ensino Médio) por zona administrativa da cidade de Manaus e os fatores socioambientais que favorecem a produção das doenças Dengue, Malária, Febre Tifóide, Leptospirose, Hepatite A e Tétano Acidental.

3.4 Referências

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