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NÚMERO DE ALUNOS MATRICULADOS

3.2 PÚBLICO-ALVO

3.3.9 Apontamentos sobre os serviços

Alguns pontos chamam a atenção quando estudamos a estrutura dos serviços paranaenses. Nem todos compreendem a área da educação especial, mas a maioria das áreas da educação especial possui serviços específicos para seu atendimento. Outro destaque é a associação de alguns serviços ao termo ―professor‖, transformando-o em serviço e confundido sua denominação, como apontamos no caso da dualidade da definição do professor itinerante. Os serviços contemplam aquilo que se pede nos documentos de política de educação especial, porém, ainda há uma preocupação em agregar ou manter a proposta de vários serviços para grupos que não estão mais previstos na legislação nacional. Essa variedade de formas de estruturar os diferentes serviços pode interferir no modo como se pensam os profissionais para trabalhar nesses serviços. Por isso entendemos ser relevante buscarmos quais e quem são os professores que compõem a proposta de política de educação especial do Paraná.

3.4 PROFESSORES

O objetivo da busca de definição para o conceito de professor designado a cumprir a política de educação especial no estado é entender quais são os possíveis executores da política, visto serem eles que devem estar em contato com o público-alvo da legislação. A formação do profissional para atuar na educação especial foi definida pela Deliberação n. 2 de 2003 do Conselho Estadual da Educação do Paraná (PARANÁ, 2003) que estabelece o seguinte:

Art.33 - A formação de professores para Educação Especial em nível superior dar-se-á:

I. em cursos de licenciatura em Educação Especial associados ou não à licenciatura para educação infantil ou para os anos iniciais do ensino fundamental;

II. em cursos de pós graduação específico para Educação Especial;

III. em programas especiais de complementação pedagógica nos termos da legislação vigente. Art. 34 - Será admitida a formação de professores para a educação especial em curso normal ou equivalente, em nível médio, de forma conjugada ou não com a educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental (PARANÁ, 2003).

Uma precaução que identificamos como necessária no trato com as definições paranaense é com a duplicidade dos significados para algumas definições, como para o professor. Percebemos que o professor definido pela Deliberação n. 2 (PARANÁ, 2003) não pode ser confundido com as nomenclaturas utilizadas nos serviços. Encontramos serviços de apoio pedagógico previstos com a utilização do nome de ―professor‖. Consideramos que isso causa confusão nas definições quanto à função e ao exercício de cada profissional. Exemplificamos com o uso do serviço de professor itinerante, destinado a determinado público e com ações específicas previstas em outros serviços. O termo itinerante ganha ambiguidade na documentação, pois aparece como qualificador/adjetivo para o professor que atua nas salas de aula e nos serviços em vários ambientes, passando por salas e até mesmo por instituições de ensino diferentes. Por vezes aparece como um serviço a ser implantado e constituído nas escolas e salas com alunos com surdez.

A legislação paranaense atribui a outros profissionais a execução dos serviços, sem necessariamente estar em acordo com a proposta da Deliberação n. 2 (PARANÁ, 2003), como no caso das salas de apoio pedagógico com atividades realizadas por professores das disciplinas específicas de língua portuguesa e matemática.

Um profissional que possui legislação específica é aquele responsável pelo serviço de professor de apoio à comunicação alternativa. Segundo a Instrução n. 2 (PARANÁ, 2012c), o responsável pela execução do serviço é um profissional especializado, que atua no contexto da sala de aula, nos estabelecimentos de ensino fundamental, médio e educação de jovens e adultos, e o apoio se fundamenta na mediação da comunicação entre o aluno, o grupo social e o processo de ensino e aprendizagem, cujas formas de linguagem oral e escrita se diferenciam do convencionado. Inferimos que é função desse profissional realizar o acompanhamento dos alunos em sala de aula regular, não possuindo uma definição específica do diagnóstico do aluno ao qual ele é destinado.

Outro profissional que possui uma legislação específica para o seu exercício se vincula ao serviço de profissional bilíngue intérprete

(LIBRAS/Língua Portuguesa). A Instrução n. 8 (PARANÁ, 2008c) aponta que esse professor poderá ter a seguinte formação: curso de graduação em Letras/LIBRAS Bacharelado; cursos de educação profissional, de extensão universitária e formação continuada, promovidos por instituições de ensino superior e instituições credenciadas. A mesma Instrução coloca a possibilidade de não encontrar profissionais com esta formação, abrindo oportunidade para pessoas com outras formações.

Na ausência de pessoas com a titulação exigida para exercício da Tradução e Interpretação de Libras/Língua Portuguesa, poderão atuar profissionais intérpretes com a seguinte formação, no contexto regular de ensino:

I. profissional Tradutor e Intérprete de Libras/Língua Portuguesa com formação comprovada em certificado expedido pela SEED/DEEIN;

II. profissional Tradutor e Intérprete de Libras/Língua Portuguesa com certificado de proficiência de tradução e interpretação de Libras/Língua Portuguesa do Prolibras/MEC; III. profissional que apresente Declaração atualizada de matrícula no Curso de Letras Libras – Bacharelado;

IV. em casos excepcionais, profissionais bilíngues com Declaração de Intérprete e/ou de Apoio Pedagógico de Libras/Língua Portuguesa da Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos - Feneis PR (PARANÁ, 2008c).

O profissional instrutor surdo atua em serviços especializados com o objetivo de desenvolver atividades relacionadas ao ensino e à difusão da Língua Brasileira de Sinais e de aspectos socioculturais da surdez na comunidade escolar (PARANÁ, 2012a).

Percebemos que, no Paraná, os professores de educação especial se encontram nos diferentes serviços apresentados, colocados como executores dos serviços, mas também como o próprio serviço, identificado como serviço de profissional intérprete e instrutor surdo (área da surdez), professor itinerante, professor de apoio à comunicação alternativa. Entendemos ser esta uma forma de fazer com que o professor perca sua identidade como ser social, como construtor de sua história, e se torne um mecanismo a ser utilizado.