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NÚMERO DE ALUNOS MATRICULADOS

4 IDENTIFICAÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO ESTADO DE SANTA CATARINA

4.3.2 Serviço de Atendimento Educacional Especializado

governo. Ferreira (2011) afiança que ele foi implantado, até 2010, em 54 municípios catarinenses, atendendo a 2.018 alunos com deficiência. Segundo o Programa Pedagógico (SANTA CATARINA, 2009), o serviço foi criado para que substituísse as salas de recursos e os serviços de apoio pedagógico.

[…] com a instituição da Política, as Salas de Recursos e os Serviços de Apoio Pedagógico foram redimensionados e renomeados, passando a ser denominados de Serviço de Atendimento Educacional Especializado – SAEDE, em sua especificação pela área de atendimento (SANTA CATARINA, 2009, p. 24).

A transformação das salas de recursos e os serviços de apoio pedagógico no chamado SAEDE, apresentado no Programa Pedagógico, tem a prerrogativa de novo serviço: ―Serviços de Atendimento Educacional Especializados – SAEDEs, designados por área de deficiência, com caráter complementar ou suplementar, implantados na rede regular de ensino ou em centros de atendimento especializados mantidos pelas APAEs‖ (SANTA CATARINA, 2009, p. 6). O SAEDE foi implantado no estado de Santa Catarina com respaldo da Resolução n. 112 (SANTA CATARINA, 2006b).

Ferreira (2011) coloca em discussão as diferenças entre as definições presentes na Resolução n. 112 e no Programa Pedagógico. No primeiro documento, o SAEDE aparece como um serviço e no segundo como uma atividade,

Essa diferença pode significar um status diferente dentro da política, ocasionando encaminhamentos distintos. No caso do serviço pode-se compreendê-lo como espaço organizado, com objetivos e encaminhamentos comuns a todos os SAEDEs. Já a atividade parece indicar conduções individuais, quando estão centrados no professor os encaminhamentos a serem feitos. Desta maneira, não parece ser somente uma questão de semântica (FERREIRA, 2011, p. 138).

Ao abordar as caracterizações do SAEDE, Ferreira (2011) toma como base a Política de Educação Especial no Estado de Santa Catarina e o Programa Pedagógico. O primeiro documento apresenta a mesma indicação referente à organização do SAEDE no sistema estadual de ensino constante no segundo. Trabalha ainda com os critérios para

instalação dos SAEDEs, afirmando que esses devem seguir o que está pontuado em documentos de âmbito estadual e federal. Ferreira (2011) enfatiza a ideia de que o SAEDE segue a definição feita a respeito da educação especial nos documentos de âmbito estadual, como sendo de caráter complementar e suplementar, voltada ao atendimento dos alunos elegíveis para a frequência.

Apesar de o SAEDE não ter correspondência na denominação com algum serviço da esfera nacional, destacamos que é perceptível uma semelhança na caracterização da função do SAEDE com o Atendimento Educacional Especializado (AEE) proposto em documentos de âmbito federal (FERREIRA, 2011). Comprovamos tal aproximação quando buscamos na Resolução n. 04/2009 (BRASIL, 2009b), em seu artigo 2º, a função do AEE:

O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem (BRASIL, 2009b, p. 5).

A análise de Ferreira (2011) é significativa para nossa pesquisa, pois percebemos que o estado possui em sua estrutura um serviço correspondente de atendimento educacional especializado, entretanto, utiliza-se de uma nomenclatura diferenciada.

O SAEDE mantém quatro atendimentos específicos: SAEDE/deficiência auditiva, SAEDE/deficiência visual, SAEDE/deficiência mental e SAEDE/ transtorno global do desenvolvimento. Nas descrições de Ferreira (2011) é mencionada a pretensão da SED de instalar novas especificidades de SAEDE — paralisia cerebral, surdocegueira, altas habilidades e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e impulsividade — que não estão contemplados na legislação analisada. Pereira (2010, p. 100) aponta que ―em relação às condutas típicas referentes ao transtorno hipercinético, o atendimento deverá ser feito na educação infantil, entre três e cinco anos de idade, e no ensino fundamental, sendo que ambos serão disponibilizados pelo poder público enquanto a criança permanecer matriculada‖.

Quanto ao transtorno invasivo do desenvolvimento, a autora afirma que as indicações para o atendimento dado pela Associação

Amigos dos Autistas (AMA)55 e pela APAE direcionam para que ele possa ocorrer desde o nascimento até os anos finais do ensino fundamental, principalmente por meio das escolas especializadas, a exemplo da AMA e da APAE, instituições privadas a serviço do governo. ―Em relação ao atendimento especializado às altas habilidades, o documento determina que deva ser oferecido no SAEDE/AH [altas habilidades], estruturado com a parceria entre o Ministério da Educação, a Secretaria de Educação Especial e a SED/FCEE‖ (PEREIRA, 2010, p. 100).

O SAEDE é uma das estruturas mais presentes na legislação catarinense ligada à educação especial, encontrando proposições de aplicação em diferentes áreas de conhecimento e supostamente promovendo a execução dos serviços de educação especial. O mesmo serviço abre possibilidades para a realização do atendimento por meio das instituições especializadas de cunho privado. A relação com essas instituições evidencia uma característica construída historicamente na área de educação especial que é o estabelecimento das parcerias público- privadas, principalmente por intermédio da sociedade civil. Entendemos que a supervalorização do SAEDE ressalta um aspecto marcante, como em outros serviços, que é a execução do serviço ser pareada à da proposta nacional. Todavia, há uma disposição em apresentá-lo como algo particular, algo próprio do estado, principalmente na nomenclatura. 4.3.3 Serviço de atendimento em classe

O serviço de atendimento em classe (AC) trabalha em paralelo ao SAEDE, sendo caracterizado no Programa Pedagógico como:

Atuação de um professor da área de Educação Especial em sala de aula ou profissional da área da saúde na escola, para atender os alunos de que trata o Programa Pedagógico matriculados nas etapas e modalidades da educação básica, conforme estas Diretrizes (SANTA CATARINA, 2009).

Ferreira (2011) afirma que esse serviço foi definido pela Política de Educação Especial do Estado de Santa Catarina e regulamentado pela

55

A AMA foi a primeira associação de pais e amigos da pessoa com autismo no Brasil, fundada em 8 de agosto de 1983. Pode oferecer atendimento 100% gratuito por meio de convênios com as secretarias de estado de Educação e da Saúde de São Paulo.

Resolução Estadual n. 112. Segundo a autora, a realização desse serviço passa pelas gerências regionais de educação, que têm um profissional responsável pela educação especial, denominado integrador de educação especial e diversidade. ―O atendimento acontece mediante o acompanhamento de um profissional em sala de aula, quais sejam, o segundo professor, o professor guia-intérprete, professor bilíngue, professor intérprete e instrutor de Libras‖ (PEREIRA, 2010, p. 103).

Inferimos que esse serviço é bastante abrangente, principalmente por estar atendendo grupos diferenciados, mesmo mantendo a especificidade de ser um serviço destinado às escolas chamadas regulares, já que se torna um apoio à sala de aula. Percebemos que esse serviço vem ao encontro do serviço em âmbito nacional proposto no Decreto 7.611 (BRASIL, 2011a), quando prevê apoio aos alunos devidamente matriculados no ensino regular. Segundo Schreiber (2012), a execução dos serviços acabam sendo o único atendimento que a ―criança inclusa‖ recebe, e que, apesar do objetivo ser de apoio e suporte, torna-se a própria educação, assumindo a função do professor regente.56