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APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO E A APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO DA PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA

2 CONDIÇÕES GERAIS DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL: CUSTEIO E AS REGRAS DE ACESSO ÀS APOSENTADORIAS DO REGIME GERAL DE

2.2 APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO E A APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO DA PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA

São quatro tipos de aposentadorias atualmente previstas pela legislação previdenciária: 1. Aposentadoria Por Invalidez; 2. Aposentadoria por Idade; 3. Aposentadoria por Tempo de Contribuição, nesse tipo aposentadoria temos a aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa portadora de deficiência e 4. Aposentadoria Especial.

Nos deteremos na análise das aposentadorias por tempo de contribuição e por tempo de contribuição da pessoa com deficiência, pois serão nelas que poderá incidir o fator previdenciário ou a nova fórmula progressiva, a chamada fórmula 85/95, ofertada pelo RGPS, tema central de nosso estudo.

A aposentadoria por tempo de contribuição encontra-se fundamentada no art. 201, § 7º, inciso I, da Constituição Federal, também nos artigos 52 a 56, da Lei 8.213/91 e nos artigos 56 a 63, do Decreto 3.048/99. Com a reforma da previdência social, trazida pela Emenda Constitucional nº 20/98, houve a extinção da aposentadoria por tempo de serviço e consequentemente criou-se a aposentadoria por tempo de contribuição.

178 Sobre o tema, Kertzman (2015, p. 377) afirma:

A aposentadoria por tempo de contribuição é o benefício devido a todos os segurados, exceto o especial que não contribua como contribuinte individual, que tiver contribuído durante 35 anos, se homem, ou 30 anos, se mulher. Essas idades serão reduzidas em cinco anos para o professor que comprove, exclusivamente, tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental ou no ensino médio, fazendo jus à aposentadoria após 30 anos de contribuição, se homem, ou 25 anos, se mulher.

Contudo a Súmula 726 do STF (DJ 09/12/2003) pacificou que “para efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o tempo de serviço prestado fora de aula”. Em contraposição a jurisprudência, a Lei 11.301, de 10/05/2006, determina que para fazer jus a aposentadoria por tempo de contribuição, serão consideradas as funções do magistério exercidas por professores e especialistas em educação no desempenho das atividades educativas, se exercidas em unidades de educação básica nos diversos níveis e modalidades, incluindo nesse rol as funções de direção de unidade escolar, além das de coordenação e assessoramento pedagógico.

Não concordando com a constitucionalidade da referenciada lei, a Procuradoria Geral da República ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade n º 3772/DF, com entendimento de que a Carta Maior não previu o direito de redução de cinco anos para as atividades de direção e de coordenação. Porém, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) foi por maioria dos votos julgada parcialmente procedente, ou seja, os diretores e coordenadores pedagógicos têm direito à redução de cinco anos, se esses cargos forem exercidos por professores. Afastando de uma vez a possibilidade dos diretores e coordenadores que nunca exerceram a docência.

A aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência está prevista no art. 201, § 1º, da Constituição de 1988, seu texto se deu pela Emenda Constitucional nº 47, de 5 de julho de 2005. Nesse sentido, discorre Soares e Farias (2017, p. 19), “cuja aplicabilidade ficou por um tempo prejudicada com relação à aposentadoria dos deficientes, uma vez que os seus critérios seriam definidos em lei complementar”.

Como não existia a aludida lei complementar, havia dificuldades na concessão do benefício, dificultando, assim, que a pessoa com deficiência fosse integrada à sociedade. Só em 08 de maio de 2013, foi regulamentado o § 1º, do art. 201 da Constituição Federal, através da Lei Complementar 142. Em 3 de dezembro do

179 mesmo ano foi alterado o regulamento da previdência social, com o Decreto nº 8.145, o qual tratou da aposentadoria por tempo de contribuição e aposentadoria por idade da pessoa portadora de deficiência.

A própria lei complementar supracitada, traz o conceito de pessoa portadora de deficiência no caput do art. 2º. Vejamos In verbis:

Para o reconhecimento do direito à aposentadoria de que trata esta Lei Complementar, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

Essa regra dá direito ao segurado da previdência social com alguma deficiência de longo prazo, à aposentadoria por idade e aposentadoria por tempo de contribuição, contudo, para aposentadoria por tempo de contribuição, esse tempo é variável, ele é medido conforme o grau de deficiência do segurado. Esse grau pode ser grave, moderado ou leve, de acordo com a avaliação da perícia médica realizada no INSS. Já para aposentadoria por idade basta que seja comprovado pela perícia médica do INSS alguma deficiência, seja ela leve, moderada ou grave, o segurado terá direito a uma aposentadoria por idade com critérios deferentes em relação ao segurado que não apresenta deficiência.

À vista disso, foi publicada a Portaria Interministerial AGU/MPS/MF/SEDH nº 1, em 27/01/2014, que trouxe a forma de avaliação do segurado, assim como a de identificar o grau de sua deficiência.

Sobre o assunto discorre Soares e Farias (2017, p. 22):

Assim, nas hipóteses de deficiência leve, o segurado homem deverá se aposentar com 33 (trinta e três) anos de tempo de contribuição, a mulher, por outro lado, se aposentará aos 28 (vinte oito) anos de tempo de contribuição. Nos casos de deficiência moderada, o segurado homem se aposentará aos 29 (vinte nove) anos de tempo de contribuição e, a mulher, aos 24 (vinte quatro) anos de tempo de contribuição.

Na situação em que for identificada a deficiência grave, os segurados homens e mulher serão aposentados nos respectivos tempos de contribuição, 25 (vinte cinco) e 20 (vinte) anos de tempo de contribuição.

Segue a autora afirmando que para à aposentadoria por idade, independe o grau de deficiência, sendo aos 60 (sessenta) anos de idade para os segurados homens e de 55 (cinquenta e cinco) anos de idade para as seguradas mulheres. Em ambos os casos, como na aposentadoria por idade comum, o tempo mínimo de

180 contribuição é de 15 (quinze) anos.

No intuito de fortalecer a questão previdenciária da pessoa com deficiência, o Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015, no seu art. 41, dispôs que o segurado do RGPS, portador de deficiência tem direito à aposentadoria de acordo com a Lei Complementar nº 142, de 08 de maio de 2013.

Outro benefício desta aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência é possibilidade da não aplicação do fator previdenciário. Contudo, no caso de elevação de renda, o fator previdenciário deverá ser aplicado. Conforme se verifica no caput do art. 9º, inciso I, da Lei Complementar 142, in verbis: “Art. 9º Aplicam-se à pessoa com deficiência de que trata esta Lei Complementar: I - o fator previdenciário nas aposentadorias, se resultar em renda mensal de valor mais elevado”.

Dessa forma, a referida lei trouxe uma vantagem à pessoa portadora de deficiência, levando em consideração a deficiência em qualquer de seu grau, leve, moderada ou grave. A lei complementar em comento regulamentou o parágrafo 1º da art. 201 da Constituição federal, trazida pela Emenda Constitucional nº 47 de 2005, que permitiu a inclusão social da pessoa portadora de deficiência, garantindo, assim seus direitos fundamentais, levando em conta o que preconiza o princípio da dignidade da pessoa humana.

Outro ponto importante, agora em relação à aposentadoria por tempo de contribuição, foi colocado pela Medida Provisória nº 676, publicada em 18 de junho de 2015 e posteriormente transformada na Lei 13.183, de 04/11/2015, com alterações em seu texto. Com a nova lei, é instituído a regra alternativa 85/95, sendo 85 pontos para mulheres e 95 pontos para homens. Tornando opcional a incidência do fator previdenciário na aposentadoria por tempo de contribuição.

Amado (2016, p. 421), tratando sobre requisitos, acrescenta:

O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de contribuição, poderá optar pela não incidência do fator previdenciário no cálculo de sua aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria for: 1 – igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo mínimo de contribuição de trinta e cinco anos; ou II – igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observado o tempo mínimo de contribuição de trinta anos.

Desta maneira, sem a revogação das regras da aposentadoria por tempo de contribuição, sem idade mínima e com a incidência opcional do fator previdenciário,

181 foi criada a regra progressiva 85/95 opcional ao fator previdenciário, observando, por óbvio, o tempo mínimo de contribuição de 30 anos para mulheres e 35 anos de contribuição para homens, tendo que a soma do tempo de contribuição com idade do segurado atinjam a regra abaixo:

Até 31/12/2018 85 – Pontos Mulher 95 – Pontos Homem

De 01/01/2019 até 31/12/2020 86 96

De 01/01/2021 até 31/12/2022 87 97

De 01/01/2023 até 31/12/2024 88 98

De 01/01/2025 até 31/12/2026 89 99

De 01/01/2027 em diante 90 100

Nota-se que a tabela foi esticada pela Lei 13.183/2015 em comparação ao texto originário da MP 676/2015, assim como houve a redução do tempo de contribuição em 5 anos em favor do professor exclusivo do ensino básico, o que não acontecia no texto da MP 676/2015.

Destaque-se que o tema fator previdenciário e a referida regra progressiva será objeto de estudo mais detalhado no próximo item.

3 REGRA OPCIONAL AO FATOR PREVIDENCIÁRIO – FÓRMULA PROGRESSIVA