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CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL

2 CONDIÇÕES GERAIS DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL: CUSTEIO E AS REGRAS DE ACESSO ÀS APOSENTADORIAS DO REGIME GERAL DE

2.1 CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL

O financiamento da Seguridade Social é composto por dois sistemas, quais sejam: o de capitalização e o de repartição simples. Para o sistema de capitalização é observado às regras do mercado financeiro, onde as contribuições recolhidas são alocadas em um fundo. Quando o contribuinte deste fundo tiver saldo suficiente, poderá retirar quantias mensais, em períodos estipulados conforme os cálculos atuariais.

Sobre o assunto, Tsutiya dispõe (2013, p. 102): “Tal sistema parte da premissa de que a maioria dos cidadãos não consegue poupar o necessário para enfrentar as agruras da vida”. O autor segue afirmando que isso acontece, pois o cidadão ganha mal e não dá para poupar, ainda que não ganhasse mal não teria a preocupação de fazer uma programação de longo prazo. A intervenção do Estado é feita através da criação de fundos para que as pessoas possam viver sem grandes problemas nos momentos de dificuldade.

Esse modelo foi adotado pelo Chile em 1981, Peru em 1993, Argentina e Colômbia em 1994, Uruguai em 1995, México em 1997, Bolívia em 1997 e El Salvador em 1998.

Tal modelo foi preconizado pelo Banco Mundial, tomando como base a política econômica do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Para o sistema de repartição simples, o Estado é o grande financiador do fundo que deverá atender a qualquer segurado que preencha as condições impostas pela lei.

Ensina Soares e Farias (2017, p. 94), na ordem jurídica pátria a previdência social possui um sistema contributivo e de repartição simples. Repartição simples

174 significa um único fundo que atende as necessidades de qualquer segurado desde que estejam dentro requisitos legais, o Estado participa de forma intensa na constituição do orçamento, sendo obrigatória a participação dos trabalhadores.

No sistema de repartição simples, também chamado de solidariedade, todas as pessoas são responsáveis pelo custeio da Seguridade Social.

Tsutiya (2013, p. 102) ainda considera que

O sistema fundamenta-se na solidariedade entre gerações. A geração atual contribui para que os que se encontrem em inatividade possam usufruir dos benefícios. De forma que, no momento de sua inatividade, outra geração de contribuintes cumpra a mesma tarefa que exerce atualmente.

Esse modelo denominado solidariedade se subdivide em solidariedade profissional e solidariedade social, no primeiro modelo os cidadãos em atividade vertem uma parcela de seus ganhos, que serve para manter as aposentadorias dos inativos.

Já no modelo de solidariedade social, os benefícios são mantidos por recursos públicos, arrecadados através de impostos e outros tributos. É o modelo que se fundamenta na responsabilidade de toda a sociedade de forma coletiva, no qual dá poderes para que o Estado faça intervenções em favor do indivíduo.

Tsutiya (2013, p. 102) também acrescenta que: “Nesse caso, o cidadão será, quando aposentado, custeado pelo conjunto da população que paga esses tributos”.

Esse modelo, de solidariedade social, é adotado pela Dinamarca. No entanto, o Brasil adota um modelo híbrido, caracterizado pelo modelo de solidariedade profissional e social, levando em consideração que tanto o segurado e a sociedade, contribuem para o custeio dos benefícios.

2.1.1 Natureza Jurídica

A Carta Maior preceitua que a Seguridade Social será mantida por todos os brasileiros, direta ou indiretamente, através de recursos advindos dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além das contribuições sociais.

O caput do artigo 195, assim dispõe, in verbis:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos

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provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais.

Observa-se através da leitura do artigo acima referenciado que, o financiamento da Seguridade Social acontece de forma direta e indireta. O financiamento direto é feito através das contribuições sociais, do outro lado o indireto é feito através das dotações orçamentárias, as quais são fixadas no orçamento fiscal. As contribuições sociais são as principais fontes de custeio da Seguridade Social, porém, não são as únicas. Como fora determinado no caput do art. 195, da Constituição Federal de 1988, acima transcrito: o financiamento também virá de dotações orçamentárias de todos os entes da federação. Dessa forma, é patente que o financiamento direto, assim como o indireto, fica a cargo da sociedade.

Completa Santos (2016, p. 75) que as contribuições sociais carregam uma discordância em relação a sua natureza jurídica. Contudo, prevalece na doutrina e na jurisprudência o consenso de que as contribuições sociais são tributos, especificamente contribuições especiais. O autor segue afirmando que as contribuições para a manutenção da seguridade social é “gênero”, tendo as contribuições previdenciárias como “espécie”.

Essas contribuições sociais advêm das contribuições especiais, tida pela doutrina como um tributo. Tais contribuições especiais tem em sua natureza o financiamento estatal atrelado ao social, com o fim de se alcançar o bem-estar e a justiça social.

Sobre o assunto, dispõe Ibrahim (2015, p. 85): “De modo amplamente majoritário, tanto perante a doutrina como pela jurisprudência, as contribuições sociais são tratadas como tributos”. Segue o autor, concluindo que o enquadramento das contribuições sociais no conceito de tributos, está preceituado no artigo 3º, do Código Tributário Nacional e no artigo 149, da Constituição Federal de 1988.

As contribuições especiais ou sociais no seu sentido amplo, preceituadas pela Constituição em seu artigo 149, são divididas em contribuições sociais, contribuições de intervenção no domínio econômico e contribuições no interesse de categorias profissionais.

Ibrahim (2015, p. 86), tratando das contribuições sociais, esclarece que

Para alguns, as contribuições sociais teriam a natureza de imposto (contribuição de empregador) ou natureza de taxa (contribuição dos trabalhadores). Entretanto, a atual corrente majoritária trata as contribuições especiais como espécie autônoma de tributo, ao lado de

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impostos, taxas, contribuições de melhoria e empréstimos compulsórios.

Desta forma, se verifica que as contribuições diferem das taxas, mesmo que haja semelhança em seus conceitos, à diferença se encontra em uma ação direta por parte do Estado em relação às taxas e em uma ação indireta em relação às contribuições sociais. Na mesma linha de raciocínio, destaca-se que as contribuições diferem dos impostos, pois nesse a característica principal é a desvinculação específica de qualquer prestação por parte do Estado, naquela há uma ação efetiva por parte do Estado.

Sendo assim, temos os impostos como tributos não vinculados. Nesse sentido, Ibrahim (2015, p. 86): “A materialidade do imposto depende, tão somente, de situações que indiquem a capacidade econômica, ao contrário das contribuições, que demandam uma atuação concreta do Estado”.

É que, a cobrança dos impostos é feita baseada na capacidade contributiva, do outro lado, às contribuições sociais são baseadas levando em consideração o princípio da solidariedade do seguro social.

Segundo Castro e Lazzari (2014), são duas as espécies de relação jurídica que decorrem da norma previdenciária, quais sejam: a relação de custeio e a relação de prestação. Na relação de custeio o Estado determina a obrigação embasada pela norma previdenciária às pessoas que contribuam para a manutenção do sistema conforme as regras pré-estabelecidas. Já na relação de prestação, também obrigado por norma jurídica, é dever do Estado de dar, pagar benefício ou de fazer aos segurados e seus dependentes a prestação de serviço, desde que preenchido os requisitos legais. Ou seja, na primeira relação o Estado é credor e na segunda o Estado é devedor.

O modelo de previdência brasileiro tem um caráter contributivo, pois existe uma relação jurídica de financiamento própria em relação à Previdência Social. Conforme se verifica do caput do artigo 201, da Carta Magna, assim dispõe, in verbis: “Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:”

Do preceito Constitucional acima, se verifica que, no modelo de contribuição, a receita da Previdência Social, especialmente para a legislação pátria, à seguridade

177 social em sua totalidade, advém de contribuições feitas por pessoas com o fim de financiar as atuações da seguridade social.

Castro e Lazzari (2014, p. 131) destacam que “há países que adotam o modelo de financiamento por meio da destinação de uma parte da arrecadação tributária, sem que se caracterize a existência de um ou mais tributos cuja receita seja destinada especificamente para a área do seguro social”. Diferente do que ocorre no Brasil, onde o financiamento da seguridade social advém de toda a sociedade de forma direta ou indireta.

Verifica-se da leitura do artigo 195 da Constituição Federal que, a Seguridade Social será financiada pela sociedade, abrangendo a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, além dos empregadores, trabalhadores, os concursos de prognósticos, importador de bens e ou serviços do exterior, incluindo a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), a contribuição para o financiamento da seguridade (COFINS), devendo ser aplicadas no Fundo do Regime Geral da Previdência.

2.2 APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO E A APOSENTADORIA