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Aprendizado interprofissional na prática: a educação baseada no trabalho

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 1 A Opção pedagógica da RIS-ESP/CE

5.1.2 Aprendizado interprofissional na prática: a educação baseada no trabalho

Tanto a adoção de um currículo por competências, quanto os princípios da EIP pressupõem a atuação como espaço privilegiado de aprendizagem (BARR, LOW, 2013; ALBUQUERQUE et al, 2007). Em um currículo baseado em competências, desde o início do curso, os estudantes já passam a frequentar os cenários de práticas com o intuito de compreender as nuances da atuação profissional e estreitar a relação entre a academia e os serviços de saúde (ALBUQUERQUE et al, 2007). Em uma estratégia de EIP acontece também, segundo Barr e Low (2011), a tomada da prática como ponto de partida para a participação, para a reflexão crítica e para o intercâmbio de conhecimentos. É também a partir de uma efetiva inserção na realidade cotidiana dos serviços que os estudantes podem, de acordo os resultados esperados para a EIP, promover a maior qualidade dos serviços de saúde (BAR, LOW, 2011).

Ao mesmo tempo, a legislação das residências multiprofissionais também prioriza o trabalho enquanto ferramenta de aprendizado. A formação em caráter de residência, considerada padrão-ouro para a formação em saúde, preconiza o desenvolvimento de competências para atuação no cenário de prática como eixo estruturante da aprendizagem e expõe os estudantes ao mundo do trabalho, proporcionando formação em contextos reais. Nessa inserção no campo de prática, os residentes vivenciam os serviços de saúde, ampliam suas competências profissionais e desenvolvem habilidades profissionais que dialogam diretamente com as reais e complexas situações de saúde que se apresentam no cotidiano da prática profissional. Nas RMS, a formação profissional acontece a partir do processo de reflexão crítica constante sobre o processo de trabalho para que, assim, essa experiência de educação permanente possa contribuir com o aperfeiçoamento do desenho tecnoassistencial do SUS (BRASIL, 2006). Ou seja, “o processo de trabalho é visto como princípio e fim

orientador dos processos de formação” (MARTINS JUNIOR et al., 2008, p. 24).

Nesse processo de aprendizado em serviço, ainda nas palavras de Martins Junior e colaboradores (2008, p. 28),

conhecer passa a ser um processo integral, onde as possibilidades encontram-se descentralizadas e são constantes no interior do território, ao contrário do que se observa no modelo tradicional, no qual aprender tem hora, local e, principalmente, alguém específico para ensinar. Toda a rede de saúde disponível é uma grande escola. Desta feita, na RIS-ESP/CE, todos os fatores instituintes concorrem para que o trabalho seja a matéria prima do aprendizado: o currículo por competências, o ideal da educação interprofissional e a legislação das residências. Esta, por sua vez, preconiza a educação pelo trabalho e para o trabalho no SUS, ou seja, assume o trabalho em saúde como matéria-prima para o processo de educação na saúde (BRASIL, 2006).

No entanto, nesse exercício de analisar o cotidiano do programa de residência em SFC, percebe-se que é a organização do próprio trabalho cotidiano dos residentes e preceptores que favorecerá ou não a operacionalização de uma EIP no território. Algumas iniciativas promotoras do aprendizado interprofissional já estão dadas pela própria concepção da RIS-ESP/CE, outras ainda estão a mercê da configuração de cada cenário.

Abaixo discutiremos um pouco sobre como a organização do trabalho dos residentes e a presença do preceptor colaboram com o aprendizado interprofissional.

5.1.2.1 Lotação dos residentes em equipes multiprofissionais

Como afirmam C1 e C2, a busca por uma prática interprofissional promotora de aprendizagem significativa começa com a lotação dos residentes em equipes multiprofissionais:

Dentre as nossas estratégias formativas, era compor equipes de residentes, porque a gente achava que compondo a equipe e não dispondo os residentes isoladamente, colocando de forma pipocada em vários lugares a gente não ia favorecer o encontro (C1).

As montagens das equipes da residência especificamente que eu coordeno, necessariamente se faz por uma atuação interprofissional (C2).

Como está expresso na fala de C2 a organização e distribuição dos residentes em equipes multiprofissionais de atuação é uma opção embasada nos pressupostos da EIP. Ao mesmo tempo, também se apresenta como uma via de garantia do estímulo à colaboração interprofissional entre os residentes e, consequentemente do processo de aprendizado interprofissional. No entanto, acredita-se que não é o simples fato de lotar os residentes em equipe que garantirá a interação, pois

cada profissão tem uma forma de ver. A fisioterapia olha o movimento. A medicina, de certa forma, olha muito mais pra doença. O odontólogo olha pra questão da saúde bucal. O enfermeiro já tem uma visão mais integral do todo, não é porque sou enfermeira, mas enfim [risos]. O farmacêutico olha o medicamento. O terapeuta ocupacional, o cotidiano. Cada um tem um olhar, então, se juntos já existem arestas de um abrir mão do outro e não entender o olhar do outro, imagine se a gente os deixasse separados! (C1).

Juntos em um mesmo cenário de prática, facilita-se que os profissionais residentes possam interagir e construir a interprofissionalidade. Esse movimento de integração é incentivado desde a chegada deles aos territórios com a proposição de atividades que exigem essa interação e complementariedade, como descreve a fala abaixo:

O processo de imersão na residência já é interprofissional, porque os residentes entram, ficam um mês e pouco no processo de territorialização [...] tudo feito junto, eles têm que fazer a territorialização da cidade, das questões culturais, epidemiológicas, históricas, políticas, das relações de poder daquela cidade, enfim, são ativados pra fazer esse percurso durante um mês, constroem um instrumento de coletividade e territorialização. [...] Aquilo que talvez eu como nutricionista olhasse só pras questões da nutrição, eu vejo também o que o farmacêutico, o fisioterapeuta, o profissional de odontologia está vendo. Um vai vendo o ‘ver’ do outro e se fazendo,

refazendo o olhar. Então, já começa a residência nesse primeiro momento, na dimensão prática que eu falava. Daí, eles passam pra um processo de planejamento, trabalho que a gente sistematiza, inclusive, ao final, em um cronograma, o que aquela equipe vai fazer ao longo daqueles dois anos (C1).

O processo de territorialização descrito brevemente por C1 corresponde às primeiras semanas de residência nos cenários de prática. Quando chegam aos municípios/unidades de saúde da família, os profissionais-residentes não assumem de início a demanda assistencial. Eles tem, como tarefa direcionada pela ESP-CE, um período dedicado ao reconhecimento daquele território em suas dimensões histórica, cultural, social, econômica, epidemiológica, política, etc. (SANTOS, RIGOTTO, 2010). Esse processo denominado de territorialização, que é, como falado por C1, o ponto de partida para a organização das agendas de trabalho, é orientado para que seja realizado integralmente de forma compartilhada. Ou seja, há um tensionamento para o desenvolvimento de uma prática interprofissional nesse período inicial.

Este período foi inclusive citado por alguns residentes e preceptores ao longo das entrevistas como uma estratégia efetiva na garantia da interprofissionalidade, conforme exemplificado abaixo:

Eu acho que no começo a gente fez a territorialização todo mundo muito junto. A gente se encontrava todos os dias e eu acho que pelo fato de a gente se concentrar mais aqui facilitava. Agora não... agora tá... dificilmente a gente se encontra todo mundo aqui (RM1).

A questão da territorialização que pra gente foi fundamental (RA3). quando as meninas fizeram a territorialização eu achei que foi um ganho muito grande. Todo mundo junto, separamos quarteirões e cada uma fazia... Menina foi tão bom quando esses residentes conheceram mesmo a realidade da área! Porque realmente eles fizeram e a gente só supervisionou, eu fiquei bem quietinha. Cada residente juntava com ACS e nós dividimos os quarteirões, mas foi muito legal (PN3). Essas estratégias de troca de experiências e saberes fomentadas pelo processo pedagógico conduzido pelo corpo docente da RIS-ESP/CE podem ser elencadas como parte daquilo que C1 denominou em seu discurso de tecnologia do encontro e do diálogo:

A gente fala muito que a principal tecnologia da residência é a do encontro, do diálogo, porque se juntos já é um grande desafio um abrir mão do seu saber... é muita ciência junta (C1).

Tem uma questão, também, que [está] entre as dimensões da [atuação da] coordenação da residência, na dimensão política e administrativa, é a comissão de residência multiprofissional que eu coordeno. [...] A comissão de residência, por exemplo, tem um quórum, os integrantes,

preceptores, tutores, coordenadores, gestores e residentes, as decisões no espaço consultivo e deliberativo devem ser por voto. Na condução a gente sempre tem feito por consenso e não por voto. Pra chegar ao consenso, é preciso saber ouvir, entender por que o sujeito está dizendo aquilo, abrir mão de algumas coisas. Por que a gente quer o consenso? [...] Se a gente tenta chegar nesse consenso, a gente chega à residência. Isso, de certa forma, mexe com essa questão afetiva e relacional, não é a minha opinião somada à sua que decide. Uma somada a outra que ganhou? Não, vamos sentar aqui, negociar, conversar. Estaríamos sendo contraditórios se em todo momento a gente dissesse que os residentes estão dispostos em equipes, rodas, reuniões que têm a tecnologia do diálogo, se na instância deliberativa da residência COREMU a gente fizesse por votação (C1).

O encontro e, consequentemente o diálogo que ele provoca, são tecnologias leves1 extremamente importantes para o trabalho em saúde. Principalmente quando esse trabalho precisa ser executado de forma compartilhada (PEDUZZI, 2007). Pelas falas de C1 fica evidente que o diálogo é um princípio instituinte da RIS-ESP/CE. O diálogo enquanto tecnologia de encontro, negociação e consenso é adotado como via prioritária de deliberação tanto no que diz respeito às questões interpessoais e interprofissionais, quanto no que tange à gestão pedagógica e administrativa dos programas integrados.

5.1.2.2 Espaços na agenda para o encontro e a construção compartilhada do cuidado Essa busca do encontro também é percebida no incentivo à existência de espaços de troca, diálogo e reflexão crítica dentro da agenda de trabalho cotidiana dos residentes, como o são as reuniões de equipe:

Outra atividade que a gente faz é o fomento às reuniões de equipe... aquela que deve acontecer no serviço, que também favorece esse encontro, essa tecnologia do encontro que a gente tanto fala. Não só a roda de campo, à noite, uma vez na semana. Ela tem mais uma questão teórico-prática... Então, assim, faleceu uma criança no território e que referências teóricas fortalecem ou são derrubadas a partir dessa prática que a gente viveu. A roda de equipe é muito mais da prática do que está acontecendo no serviço, não necessariamente

1 O conceito de tecnologia, nesse contexto, não está restrito ao conjunto de instrumentos e materiais de trabalho. Na concepção de tecnologia em saúde deve-se ir além dos recursos materiais e abranger também “os saberes e seus desdobramentos materiais e não materiais na produção de serviços de saúde, afirmando que as tecnologias carregam a expressão das relações entre os homens e entre os objetos sob os quais trabalham” (FERRI et al, 2007, p. 518). Mehry (2002) sistematiza as tecnologias em três tipos: duras, leve-duras e leves. Como tecnologias duras entende-se os equipamentos, as máquinas. Essa tecnologia produz o trabalho morto. As tecnologias leve-duras são as normas, os protocolos, o conhecimento produzido em áreas específicas do saber, como a clínica, a epidemiologia, etc. Elas podem gerar tanto trabalho vivo, quanto trabalho morto. Já as tecnologias leves são as produzidas e produzem o trabalho vivo em ato. No rol desse tipo de tecnologia encontram-se as relações interpessoais, a subjetividade, as atitudes profissionais em relação ao trabalho e aos outros sujeitos.

uma vez por semana, pode ser de quinze em quinze dias, mês a mês, enfim, dependendo da necessidade da equipe (C1).

As próprias reuniões de equipe poderiam ser utilizadas pra isso né, as discussões de casos que a gente tava comentando. Eu também acho que quando você vê um caso você acaba lembrando de outros casos que você vê no seu território e acaba aplicando né, descobrindo que pode ser feito isso também pra esses outros casos. E eu acho que mesmo através do diálogo, você se interessar em saber um pouco da atuação do outro, entendeu? E de como isso pode te ajudar pra tua atuação também visando sempre o melhor para o paciente (PN2). O outro elemento são as próprias estratégias lá da equipe lidar com ela mesma, de nossa parte aqui enquanto condutor pedagógico fomentar as rodas de equipe integradas e a discussão de ferramentas clínicas que favoreçam a construção de equipe, como projeto terapêutico singular, como, digamos a construção da lógica da clínica ampliada, que não se faz com o todo né se faz com a metodologia de processos de trabalho. C2

A partir do momento também que você estimula atividades como, por exemplo, o PTS [Projeto Terapêutico Singular], o apoio matricial essas atividades você também consegue tá dando um incentivo pra colaboração interprofissional. Eu acho que são várias ferramentas que a RIS usa pra isso (PN2)

C2 e PN2, além de citarem a roda de equipe como uma dessas estratégias de promoção do encontro e fomento ao diálogo dentro da equipe de residentes, abordam também o potencial de outras ferramentas clínicas no favorecimento do trabalho colaborativo, como o Projeto Terapêutico Singular – PTS2. Tomando como base a fala

da preceptora, o PTS, na verdade, configura-se como uma das ferramentas para concretização da clínica ampliada e do apoio matricial. Por ser uma ferramenta de atuação clínica interprofissional exemplificada e solicitada enquanto produto da atuação prática na RIS-ESP/CE ênfase SFC, o PTS é bastante citado pelos residentes como uma estratégia de promover a colaboração interprofissional - CIP:

2 Projeto terapêutico singular é um "instrumento de organização do cuidado em saúde construído entre equipe e usuário, considerando as singularidades do sujeito e a complexidade de cada caso" (BRASIL, 2014, p. 69). O PTS é composto por quatro etapas: 1 - diagnóstico e análise, onde devem ser compreendidos todos os fatores clínicos, sociais, culturais e relacionais que interferem naquele caso; 2 - definição de ações e metas, a equipe, de forma compartilhada, propõe ações de curto, médio e longo prazo que posteriormente devem ser negociadas com o usuário em questão e/ou com sua família/cuidador; 3 - divisão de responsabilidades, onde devem ser definidas as tarefas de cada membro da equipe, bem como elege-se quem será o profissional de referência para o caso; 4 - reavaliação, momento em que a equipe, de forma colaborativa, discute a evolução do caso e os próximos passos a serem tomados (BRASIL, 2014). Todas essas etapas são realizadas por toda a equipe, tornando a proposta terapêutica articulada e interprofissional. É, pois uma variação da discussão de caso clínico. "A utilização do PTS como dispositivo de intervenção desafia a organização tradicional do processo de trabalho em saúde, pois pressupõe a necessidade de maior articulação entre profissionais e a utilização das reuniões de equipe como espaço coletivo sistemático de encontro, reflexão, discussão, compartilhamento e corresponsabilização das ações, com a horizontalização dos poderes e conhecimentos" (BRASIL, 2014, p. 69).

o PTS eu acho que favorece [a CIP], por que você vai ter sempre assim, aquele... tô esquecendo a palavra (risos), como tem a responsabilidade de cada um, é como se fosse, se torna uma coisa o- bri-ga-tória né, pra você voltar pra reavaliar o paciente. Então acho PTS, pelo menos quando a gente fez a atividade aqui, foi bem proveitoso. (RA4)

PTS? E aquilo ali hoje, meu Deus!!! Como aquilo é produtivo, cada um vinha e fazia aquele momento de fazer, nem que seja pela atividade. Então, assim, não... a gente não ta mais fazendo. Aqui e acolá é que a gente se senta pra realmente fazer um caso mais complexo. Mas foi assim durante a atividade que a gente viu a importância... (RA9)

O PTS também acaba sendo uma via de o preceptor de núcleo estar participando das atividades interprofissionais, uma vez que ele, enquanto categoria profissional pode orientar e acompanhar as intervenções que o seu residente está fazendo. Nesse acompanhamento, o estímulo à busca do colega, ao compromisso com a atividade assumida enquanto responsabilidade naquele PTS e o constante convite à integração dos saberes e práticas podem também partir do preceptor de núcleo:

Teve alguns casos que precisou, e aí como é que tá aquele caso quando elas começaram o PTS né, como é que tá e não dá não, ficou só no papel, pois a gente precisa tirar do papel e não adianta fazer bem bonito, aí se não for lá, se não articular... (PN5)

A riqueza dessa atividade é tão perceptível para os residentes que, nos dois cenários observados, pelo menos um residente sugeriu que essa atividade acontecesse com mais frequência e até de forma mais obrigatória, enquanto exigência pedagógica da ESP/CE, como falaram RA1: “eu acho que precisava ter espaços mais de roda mesmo,

em campo, que proporcionasse construção de PTS. A gente só construiu quando era atividade da escola. Pra mim, esse é um espaço muito forte de troca, que não acontece por uma série de questões”; e RM5:

[para aperfeiçoar] eu acho que... [silêncio]... o estudo de caso. Eu senti falta na residência em si. A gente fez um PTS obvio, mas eu acho que estar inserido isso era uma forma... porque no estudo de caso o profissional pode ir vendo como pode ajudar... então seria uma das. RM5

Muitas vezes é a obrigatoriedade de elaborar e dar continuidade ao PTS que tensiona a prática interprofissional e consequentemente pode garantir os momentos de troca. No entanto, o PTS é uma ferramenta de trabalho própria do trabalho em saúde e mais especificamente citada enquanto diretriz para a atuação do NASF (BRASIL, 2014). Dessa forma, o PTS deve integrar a prática cotidiana na ESF e não apresentar-se apenas enquanto tarefa extraordinária proposta pela RIS-ESP/CE enquanto processo

formativo. Percebe-se aí uma dificuldade em superar a lógica tradicional dos serviços. A menção dos residentes sobre o fato de que se não for uma tarefa obrigatória não acontece determinada integração traz à tona a reflexão sobre a real transformação das práticas no cotidiano dos serviços: até que ponto ela acontece?

5.1.2.3 Preceptor de campo e de núcleo: necessidade, contribuição e desafio diante de um modelo interiorizado

Conceber um processo formativo pautado no território em uma realidade interiorizada como é a RIS-ESP/CE não é simples. Os cenários são diversos e, por conseguinte, as nuances da condução pedagógica do programa também:

Nós temos uma saúde da família implantada de modo extremamente heterogêneo no estado do Ceará [...] Por outro lado há grande combinação dos preceptores. Preceptores que ganham para o processo de educação interprofissional, preceptores que não ganham, a falta de preceptores em alguns cenários ou instabilidade dos preceptores em alguns cenários tem influenciado sobremaneira assim na condução da residência. [...] E a condição estrutural da saúde da família, [...] a infra pra saúde da família acontecer, e nós temos os cenários mais diversos. Boa parte dos cenários da residência escolhido são os serviços que teriam uma condição mínima né pra de fato implantar (inclusive unidades novas que nossos residentes são locados e outras nem tanto), mas mesmo quando não falo só da infraestrutura predial, mas logística como transporte, como pequenos insumos pras atividades superaram o centrado no procedimento, então de um material pra uma atividade mais lúdica, [...] e nós não temos esses materiais em nenhuma das cidades, nenhuma, aí é cem por cento, então isso faz com que a condição de atuação ela padeça né de melhoria ou de implantação de estratégias porque a logística e a infraestrutura não permite. Então, eu sistematizaria a condição da política, a condução do preceptor e a infra como o grande determinante da nossa capacidade de fazer uma boa ação e educação interprofissional (C2).

Percebe-se, com a importante sistematização realizada por C2, que a amplitude do programa e a interiorização representam um desafio nesse sentido, uma vez que os cenários de lotação-atuação-aprendizado se tornam extremamente diversificados. Ao mesmo tempo a diversidade de experiências e negociações realizadas enriquece o processo de ensino-aprendizagem, possibilitando a troca de experiências intermunicipais entre residentes e preceptores durante as formações, e reafirma o papel imprescindível do preceptor. C2 aponta três aspectos fundamentais para o sucesso da RIS Saúde da Família: 1) A condução da estratégia saúde da família no município onde ocorre a residência, se ela está coerente ou não com as características propostas para a organização de serviços de atenção primária à saúde; 2) A infraestrutura para o trabalho

das equipes de saúde da família; e, 3) A condução do processo de educação pelo trabalho por parte dos preceptores.

O preceptor é o docente em serviço. Em uma formação pelo trabalho, ele é