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Esta investigação foi desenvolvida ao longo dos últimos doze meses e refletiu sobre vários aspetos do freeganismo e de como ele é representado pelos adeptos na sociedade contemporânea não só no âmbito da Ecologia Humana, mas também como um Problema Social que vem se intensificando a cada dia. Com o intuito de explorar esta problemática na sociedade portuguesa, este estudo procurou aproximar-se de alguns estudos já realizados em outros países sobre o mesmo tema. Porém, em outra vertente que incide sobre os riscos para a saúde humana causada eventualmente pela prática do “Mergulho no Lixo”. Ao longo deste trabalho, procurámos compreender a forma como o freeganismo é concebido pelos adeptos e pela sociedade relacionando num primeiro momento com a bibliografia que nos pareceu mais adequada e variada para dar sentido ao tema.

Neste capítulo sobre a Apresentação e Discussão dos Resultados obtidos após a análise do questionário aplicado, primeiramente serão apresentadas as articulações estabelecidas entre as questões de partida que delimitaram elementos essenciais para o planeamento e direcionamento da investigação com as hipóteses levantadas no princípio da investigação e seguidamente apresentaremos os resultados mais relevantes. Assim:  Respondendo à primeira Questão de Partida nº 1 formulada: “Identificar até que

ponto o freeganismo é conhecido no meio académico escolhido para representá- lo em Portugal” e onde a nossa hipótese era a Hipótese nº 1: “As informações que circulam no meio académico português são muito escassas acerca do freeganismo”. Esta hipótese pode ser confirmada uma vez que apenas (18%) dos

inquiridos no universo escolhido como amostra no meio académico alegam conhecerem “Alguns”, dos pressupostos do freeganismo o que supomos que alguns destes conhecimentos podem ter origem em outras vias de comunicação que não sejam as académicas (artigos, reportagens televisivas, jornais, revistas, Internet, etc.

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conforme algumas indicações nas Referências Bibliográficas desta investigação). As análises cruzadas das Dimensões 2, 12, e 15 proporcionaram este resultado.

Em resposta a Questão de Partida nº 2 formulada: “Quais são as diferenças entre

a representação do freeganismo em Portugal e a que podemos encontrar em

outros países”, a Hipótese nº 2: “As notícias que veiculam nos meios de

comunicação em massa em Portugal, não são suficientes para a informação sobre o freeganismo”. Esta hipótese foi parcialmente confirmada mediante a

verificação das respostas dos inquiridos não adeptos do freeganismo, pois vimos que (54%) nunca ouviram falar sobre o tema, embora alguns órgãos de comunicação social português já tivessem divulgado tal fato. Este resultado foi obtido através da Dimensão 2. Alguns inquiridos mencionam timidamente que já ouviram falar sobre o freeganismo nos meios de comunicação, entretanto, pelo que conseguimos analisar através dos seus discursos, os mesmos ainda associam o freeganismo com os atores sociais que se utilizam das mesmas práticas de recolha de alimentos para suprirem as suas necessidades de sobrevivência, o que nos leva a confirmar também a Hipótese nº 3, de que “Em Portugal não há informações suficientes sobre o freeganismo para uma representação e distinção dos outros atores sociais que praticam semelhante ato, mas em outro contexto social”. Ainda com relação ao conhecimento que os adeptos indicaram possuir sobre o freeganismo representado dentro e fora de Portugal, vimos através das Dimensões 12 e 15 que os adeptos estão bem informados sobre o freeganismo que é praticado fora de Portugal, no entanto, observa-se também que há uma falta de “comunicação” dentro do próprio circulo freegano português devido a falta de divulgação e informação sobre o freeganismo praticado também em Portugal.

 Assim, em articulação com a Hipótese nº 3, pretendia-se complementar a Hipótese nº 2 para solidificar estas duas questões de partida formuladas, uma vez que a Questão

de Partida nº 3 consiste em saber “Qual é a representação dos adeptos sobre a

prática do “mergulho no lixo” em Portugal? E de acordo com a Hipótese nº 3: “Em Portugal não há informações suficientes sobre o freeganismo para uma representação e distinção dos outros atores sociais que praticam semelhante ato, mas em outro contexto social”, verificámos através da análise de conteúdo das

respostas dos inquiridos, que a falta de informação relativamente sobre os pressupostos do freeganismo leva os atores sociais a ajuizarem sobre a prática do

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mergulho no lixo realizada pelos adeptos como algo inaceitável. Estes juízos confundem-se com o reconhecimento que os inquiridos não adeptos fazem sobre os “sem-abrigo”, mendigos, necessitados, desajustados sociais, etc. como já o dissemos.  Sobre as questões de partida formuladas que motivaram esta investigação vimos que na Questão de Partida nº 4: “Quais são as percepções dos adeptos que praticam o

mergulho no lixo, sobre os riscos a que estão expostos”. Para esta questão tínhamos a

Hipótese nº 4: “As perceções que os adeptos portugueses têm acerca do risco no

freeganismo não diferem das perceções dos adeptos dos outros países”. Esta

hipótese foi confirmada mediante a análise de que os adeptos portugueses utilizam as técnicas e os recursos sensoriais e a literacia para escolherem e consumirem os alimentos que recolhem no mergulho no lixo. Na Dimensão 8 os adeptos afirmam que a qualidade da comida que recolhem é boa, o que nos leva a articular esta dimensão com as Dimensões 9 e 14 que fomentam a questão da Segurança Alimentar, onde segundo os adeptos há todo um cuidado com os alimentos descartados que são encontrados e recolhidos para consumo próprio e na partilha com outras pessoas, conforme as Dimensão 5.

Para responder a Questão de Partida nº 5 sobre: “Quais são as consequências

reais para a saúde dos adeptos que praticam o mergulho no lixo”, tínhamos a

Hipótese nº 5 formulada: “Independentemente da literacia que possuem sobre a

segurança alimentar, os adeptos do freeganismo arriscam a sua saúde no mergulho no lixo”. Confirmamos esta hipótese através das Dimensões 9 e 14, que nos fizeram

refletir sobre a questão dos riscos relacionados a saúde dos adeptos. Ou seja, quais os riscos que correm no mergulho no lixo e quais os cuidados que tomam para mitigar estes riscos e concluímos através das dimensões mencionadas, que o risco existe tanto na recolha como no consumo dos alimentos, entretanto, os mesmos riscos não são razões suficientes para que os adeptos desistam do freeganismo. Como vimos no Capítulo 4 desta investigação o mergulho no lixo e os “ganhos” que ela proporciona aos adeptos, continua sendo vantajoso, em detrimento dos riscos que correm ou das opiniões que a sociedade faz acerca do freeganismo.

Relativamente a última Questão de Partida nº 6 formulada e que está relacionada com a questão nº 5, “Como se protegem os adeptos que praticam o mergulho no lixo ou como evitam correr riscos relacionados com a sua saúde. A Hipótese nº 6 que

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estão suficientemente informados sobre as proteções necessárias para a sua saúde na prática do mergulho no lixo”. De fato, podemos confirmar esta hipótese por um

conjunto de respostas fornecidas pelos adeptos através dos seus discursos sobre a segurança que tomam quando se dá o mergulho no lixo, inclusive pelas informações fornecidas através da Internet sobre estas precauções.