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Após o despacho de processamento da recuperação judicial,odevedor tem o prazo de 60 dias, nos termos do artigo 53, LF, para apresentar o plano de recuperação, sob pena de não o fazendo ter a convolação em falência. Esse plano deve conter as medidas que irão auxiliar a empresa a libertar-se da crise econômico-financeira. A Lei de Falência estabelece no artigo 50, I a XVI, os meios de recuperação judicial, como seguem:

Art. 50 Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros:

I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas;

II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente;

III – alteração do controle societário;

IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos;

V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de veto em relação às matérias que o plano especificar;

VI – aumento de capital social;

VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados;

VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva;

IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou de terceiro;

X – constituição de sociedade de credores; XI – venda parcial dos bens;

XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica;

XIII – usufruto da empresa;

XIV – administração compartilhada; XV – emissão de valores mobiliários;

XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do devedor.

§ 1o Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua

substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia.

§ 2o Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será conservada como

parâmetro de indexação da correspondente obrigação e só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperação judicial (Art. 50, LF). (BRASIL, 2005).

Podem ser adotadas livremente outras medidas, desde que lícitas, ressalvadosos créditos trabalhistas e créditos oriundos de acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação, os quais deverão ser pagos dentro do prazo de um ano, e ainda os créditos trabalhistas de natureza salarial que não ultrapassem cinco salários mínimos devidos nos últimos três meses anteriores ao pedido de recuperação, que deverão ser pagos em até 30 dias (art. 54, caput, parágrafo único, LF). (BRASIL, 2005).

Uma vez apresentado o plano de recuperação, começa a correr o prazo de 30 dias para os credores, se assim tencionarem, apresentar objeções. Esgotado referido prazo sem objeção, o juiz homologará o plano, o qual constituirá título executivo judicial, podendo, em caso de descumprimento, ser executado pelos credores ou até mesmo dentro do prazo de dois anos ter a recuperação convolada em falência (arts. 55, 58 e 61, LF). (BRASIL, 2005).

Entretanto, se qualquer credor apresentar objeção ao plano, o juiz convocará a assembleia geral de credores para deliberar acerca do referido plano, o qual, se for rejeitado pelos credores, importará na decretação da falência da devedora, conforme prevê o artigo56, §4º, LF.Consigna-se que, para o plano ser homologado, necessita-se da aprovação das quatro classes de credores, quais sejam:

a) titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho; b) titulares de créditos com garantia real; c) titulares de créditos quirigrafários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados; d) titulares de créditos enquadrados como microempresa e empresa de pequeno porte (art. 41, LF). (BRASIL, 2005).

E, ainda, na forma do artigo 45, LF, que define o quórum necessário para deliberação em cada classe, como segue:

Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de credores referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta.

§ 1o Em cada uma das classes referidas nos incisos II e III do art. 41 desta Lei, a

proposta deverá ser aprovada por credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembléia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes.

§ 2o Na classe prevista no inciso I do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser

aprovada pela maioria simples dos credores presentes, independentemente do valor de seu crédito.

§ 2o Nas classes previstas nos incisos I e IV do art. 41 desta Lei, a proposta deverá

ser aprovada pela maioria simples dos credores presentes, independentemente do valor de seu crédito.

§ 3o O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de verificação

de quorum de deliberação se o plano de recuperação judicial não alterar o valor ou as condições originais de pagamento de seu crédito (BRASIL, 2005).

Desse modo, obtendo-se o quórum necessário de aprovação do plano em cada uma das classes, o juiz homologará o plano, conforme prevê o artigo 58, LF. No momento da deliberação acerca do plano, a assembleia geral de credores poderá sugerir alterações, desde que não reduza direitos dos credores ausentes e que o devedor concorde (§3º, art. 56, LF).

Por outro lado, se o plano não for aprovado pela maioria dos credores, mas se for alcançado determinado percentual de votação favorável, a lei confere ao juiz a possibilidade de conceder a recuperação judicial, desde que essa concessão não implique em tratamento diferenciado entre os credores da classe que houver sido rejeitado (§2º,art. 58, LF), e que na mesma assembleia, o plano tenha obtido, cumulativamente, a seguinte votação, conforme estabelece o artigo 58, §1º, LF:

I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os créditos presentes à assembléia, independentemente de classes;

II – a aprovação de 2 (duas) das classes de credores nos termos do art. 45 desta Lei ou, caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 1 (uma) delas;

III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos credores, computados na forma dos §§ 1o e 2o do art. 45 desta Lei (BRASIL, 2005). Homologado o plano, a devedora ficará em recuperação judicial por dois anos, havendo descumprimento do plano nesse prazo o devedor terá a recuperação convolada em falência (art. 62, LF). (BRASIL, 2005). Todavia, o plano poderá prever prazo superior ao citado, porém em caso de descumprimento, em vez de haver a convolação em falência, cada credor poderá executar individualmente o plano ou requerer ao juiz a decretação da falência. Importante referir que o plano de recuperação judicial implica em novação dos créditos anteriores ao pedido, obrigando todos a cumpri-lo, até mesmo o credor que não o aprovou (art. 59, LF). A decisão que concede a recuperação judicial possui força executiva, valendo como título judicial (§1º, art. 59, LF); contra a decisão que concede a recuperação judicial, cabe agravo, que poderá ser interposto pelo Minitério Público ou por qualquer credor (§2º, art. 59, LF). (BRASIL, 2005).