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Conforme explicado anteriormente, o presente trabalho busca analisar o desenvolvimento do conceito do direito ao esquecimento e seus fundamentos. Por este motivo, os casos analisados serão apresentados em ordem cronológica, com intuito de demonstrar sua evolução ao longo do tempo.

O primeiro caso a ser analisado, é o Recurso Especial nº 1.355.153 – RJ do STJ, julgado no dia 28 de maio de 2018, emblemático e de grande destaque na jurisprudência16. brasileira, trata-se do caso de Aída Curi. Por se tratar de crime que teve grande apelo social, importa aqui relatar os fatos ocorridos, antes de adentrar na análise do acórdão propriamente dito.

Conforme explicou o Ministro Marco Buzzi (STJ, 2013, online) em 14 de julho de 1958, Aída Curi com 18 anos de idade, estava no bairro de Copacabana no Rio de Janeiro quando foi levada à força para o topo do Edifício Rio Nobre por dois homens, Ronaldo Castro e Cássio Murilo ajudados pelo porteiro Antônio Souza abusaram sexualmente da jovem, tentaram estupra-la e a vítima lutou por pelo menos trinta minutos, sendo torturada pelos três

16 Encontra-se pendente de análise pelo STF, recurso referente a este caso, sendo que foi o que ensejou a

agressores, até desmaiar. Para encobrir o crime, tentaram simular suicídio, jogando a jovem do décimo segundo andar do edifício, motivo de sua morte.

Ainda, sobre as condenações, explicou o relator que Ronaldo Castro foi condenado por atentado violento ao puder e tentativa de estupro, Antônio de Souza, também condenado, desapareceu. Por fim, Cássio Murilo que era menor de idade, foi condenado por homicídio e encaminhado ao Sistema de Assistência ao Menor (SAM) e depois encaminhado a prestar serviço militar.

Neste contexto, litigam nos autos os irmãos de Aída Curi contra Globo Comunicações e Participações S/A, porquanto foi apresentado no programa televisivo “Linha Direta: Justiça” episódio relatando o crime, incluindo encenação sobre o que ocorreu com a vítima. Alegam os autores que tem o direito ao esquecimento, direito de não ter revivida contra sua vontade a dor experimentada pela morte de Aída (STJ, 2013, online). Afirmam que a apresentação do crime reabriu antigas feridas já superadas quanto à morte de sua irmã de maneira extemporânea (STJ, 2013, online). Ainda, sustentam que o crime foi esquecido com o passar do tempo, mas a nova transmissão, mesmo após a notificação para não o fazer, apontam enriquecimento ilícito por parte da ré (STJ, 2013, online).

O pedido dos autos consiste em indenização de danos morais por reviver a dor do passado, além de danos materiais e à imagem, relacionados a exploração comercial e proveito econômico obtido pela ré.

No recurso especial os recorrentes, irmãos de Aída Curi, sustentaram a nulidade dos acórdãos e da sentença por deficiência de fundamentação, omissão, má apreciação de provas, além de equivocada distribuição do ônus probatório e indeferimento de provas que entediam ser necessárias para o deslinde do caso. Como fundamento, no mérito da causa, sustentam o direito ao esquecimento pela tragédia familiar sofrida, tendo sido este violado pela emissora de televisão que veiculou reportagem sobre a morte da jovem, sem a sua autorização.

Os ministros, por maioria, negaram provimento ao recurso. Foi relator o ministro Luis Felipe Salomão e tiveram seus votos vencidos a Ministra Maria Isabel Gallotti e o Ministro Marco Buzzi. Em análise ao mérito, os fundamentos suscitados para negar provimento ao recurso em síntese dizem respeito a uma possibilidade de aplicação do direito ao esquecimento, pois se tem os condenados que cumpriram pena este direito, deveriam também ter as vítimas e suas famílias, desde que observada a historicidade do fato. Contudo, também

se coloca que o acontecimento dos autos entrou para domínio público e que não é possível contar a história de Aída Curi, sem de fato mencionar a pessoa principal (STJ, 2013, online).

Mais ainda, com o passar do tempo e consequentemente com o surgimento de um direito ao esquecimento, também o abalo sofrido e a dor vão diminuindo, de modo que a reportagem contra qual se insurgem os autores não teria o condão de gerar abalo moral suficiente que enseje uma responsabilização civil (STJ, 2013, online).

Quanto a imagem da vítima, afirma o relator que esta não foi utilizada de maneira desrespeitosa (STJ, 2013, online) e que os próprios autores afirmam que a reportagem utiliza- se de dramatização realizada por atores, sendo observada apenas uma imagem real, de modo que se pode concluir que o cerne do programa foi o crime e não a imagem de Aída Curi (STJ, 2013, online).

A análise da possibilidade de aplicação do direito ao esquecimento no caso, necessariamente passa por uma conceituação e uma caracterização do instituto. Neste sentido, discorreu o Ministro Relator, afirmando ser o direito ao esquecimento aquele consistente “em não se submeterem a desnecessárias lembranças de fatos passados que lhes causaram, por si, inesquecíveis feridas” (STJ, 2013, online).

Outrossim, diversos são os argumentos contrários a esse instituto, dentre os quais apontou o Ministro Relator (STJ, 2013, online)

i) o acolhimento do chamado direito ao esquecimento constitui atentado à liberdade de expressão e de imprensa; ii) o direito de fazer desaparecer as informações que retratam uma pessoa significa perda da própria história, o que vale dizer que o direito ao esquecimento afronta o direito à memória de toda a sociedade; iii) cogitar de um direito ao esquecimento é sinal de que a privacidade é a censura do nosso tempo; iv) o mencionado direito ao esquecimento colidiria com a própria ideia de direitos, porque estes têm aptidão de regular a relação entre o indivíduo e a sociedade, ao passo que aquele finge que essa relação não existe - um "delírio da modernidade"; v) o direito ao esquecimento teria o condão de fazer desaparecer registros sobre crimes e criminosos perversos, que entraram para a história social, policial e judiciária, informações de inegável interesse público; vi) ou uma coisa é, na sua essência, lícita ou é ilícita, não sendo possível que uma informação lícita transforme-se em ilícita pela simples passagem do tempo; vii) quando alguém se insere em um fato de interesse coletivo, mitiga-se a proteção à intimidade e privacidade em benefício do interesse público e, ademais, uma segunda publicação (a lembrança, que conflita com o esquecimento) nada mais faz do que reafirmar um fato que já é de conhecimento público; viii) e, finalmente, que programas policiais relatando acontecimentos passados, como crimes cruéis ou assassinos célebres, são e sempre foram absolutamente normais no Brasil e no exterior, sendo inerentes à própria atividade jornalística.

Aspecto também analisado no acórdão, quando se trata sobre o direito ao esquecimento, é a censura e a liberdade de imprensa. A atividade informativa tem proteção constitucional, contudo também recebe essa proteção a intimidade, a vida privada, a honra e

imagem, sendo que, conforme aponta o Ministro, haveria uma predileção pelas soluções protetivas da pessoa humana (STJ, 2013, online).

Outro ponto, brevemente mencionado anteriormente, é a historicidade, que nada mais é do que a história da sociedade nas qual se inserem os acontecimentos capazes de demonstrar os traços políticos, sociais e culturais de uma época (STJ, 2013, p. 26). Neste contexto, existem aqueles crimes e criminosos que, de fato, tornaram-se famosos e passaram a fazer parte da história de um povo. Porém, existem outros que, diante da exploração midiática exacerbada, tornam-se artificialmente históricos (STJ, 2013, online).

Por fim, menciona o Ministro quanto ao interesse público, este sempre estará presente, tendo em vista que é inerente ao delito, bem como a cobertura do processo penal (STJ, 2013,

online). Contudo com o passar do tempo esse interesse desaparece, perdura enquanto perdurar

a causa que a legitimava, é a vida útil da informação (STJ, 2013, online).

O segundo caso a ser tratado é o Recurso Especial 1.334.097 – RJ do STJ, julgado no dia 28 de maio de 2013, com grande repercussão nacional e internacional diante da sua gravidade, é conhecido como o caso da “Chacina da Candelária”. Assim, importa esclarecer o ocorrido antes de adentrar na análise do mérito da decisão.

No dia 23 de julho de 1993 um grupo de policiais efetuou uma séria de disparos matando oito meninos de rua que dormiam em frente à Igreja da Candelária no Rio da Janeira, motivados por vingança devido a apedrejamento da viatura policial no dia anterior. Houve um sobrevivente que se tornou a única testemunha do caso. Inicialmente foram preses três inocentes que só foram libertados três anos mais tarde, quando um dos verdadeiros assassinos confessou17.

Litigam nestes autos Jurandir Gomes de França e Globo Comunicações e Participações S/A. Assim explica o Relator Ministro Luis Felipe Salomão que o autor, foi indiciado como coautor/partícipe dos homicídios realizados, sendo absolvido por negativa de autoria.

A ré o procurou para entrevistá-lo para o programa televisivo “Linha Direta: Justiça”, manifestando desinteresse tanto na entrevista, quanto na veiculação de sua imagem em rede

17 O relato dos fatos e os vídeos veiculados no programa televisivo “Linha Direta: Justiça” estão disponíveis em:

< http://memoriaglobo.globo.com/programas/jornalismo/programas-jornalisticos/linha-direta-justica/a-chacina- da-candelaria.htm>.

nacional. Contudo, contra sua vontade o programa foi ao ar, em junho de 2006, o apresentando como um dos envolvidos, mas que fora absolvido.

Alega o autor que essa exposição reascendeu na comunidade onde reside a imagem de chacinador, ferindo seu direito “à paz, anonimato e privacidade pessoal”, acarretando prejuízo, inclusive não conseguindo mais emprego e tendo que abandonar o local onde residia para sua segurança e de seus familiares (STJ, 2013, online).

O autor requer indenização por danos morais, alegando violação ao direito à imagem, à privacidade e sustenta a ausência de contemporaneidade da notícia que reascendeu a desconfiança na sociedade quanto à sua índole, bem como o direito ao esquecimento, porquanto não quer ser lembrado contra sua vontade por fatos desabonadores pretéritos (STJ, 2013, online).

A Globo Comunicações e Participações S.A. em sede de recurso especial sustentou a ausência de ilicitude e do dever de indenizar, tendo em vista que a ideia do programa Linha Direta: Justiça é comum no Brasil e no exterior, sendo incontáveis as vezes que casos criminais célebres foram divulgados na mídia. Ainda, afirmam que não houve invasão à privacidade do autor, pois os fatos noticiados foram fartamente discutidos na sociedade, sendo públicos e integrantes do acervo histórico do povo. Por fim, apontam que os acontecimentos foram narrados tal como ocorreram e que se tratam de fatos de interesse público.

Os ministros por unanimidade negaram provimento ao recurso. Foi relator o Ministro Luis Felipe Salomão.

Observa-se que os fundamentos adotados para decisão deste caso são deveras semelhantes aos utilizados como razão de decidir no caso de Aída Curi. Por esse motivo, para que não fique repetitivo, importa aqui apenas apresentar o que este acórdão acrescenta quanto a fundamentação específica.

O Ministro aponta que se aqueles que cometeram crimes tem direito ao esquecimento, aqueles que foram absolvidos também o tem (STJ, 2013, online). Ainda, fundamentou o Ministro Relator no sentido de que a história de Chacina poderia ser contada de maneira fidedigna sem que fosse mencionado o nome do autor em rede nacional, sem que fosse tolhida a liberdade de imprensa e assim também sem que fosse maculada a honra do autor (STJ, 2013, p. 4-5).

Por fim, afirma que apesar de a reportagem ter se realizado de maneira fidedigna aos fatos, noticiários com essa temática acabam por reascender a desconfiança da sociedade, ainda mais quando o autor teve sua imagem reforçada como indiciado e não de inocentado

(STJ, 2013, online). Assim, gera-se uma percepção invertida, “antes de enxergar um inocente injustamente acusado, visualiza um culpado acidentalmente absolvido.” (STJ, 2013, online).

Quanto ao conceito de direito ao esquecimento aplicado neste caso concreto, seria “um direito de não ser lembrado contra sua vontade, especificamente a fatos desabonadores, de natureza criminal, nos quais se envolveu, mas que, posteriormente, fora inocentado.” (STJ, 2013, online).

Sua fundamentação e limitações quanto a liberdade de imprensa, historicidade e interesse público, repetem-se nos moldes do caso de Aída Curi exposto acima.

O terceiro caso a ser apresentado, em que pese não tem sido decidido com fundamento no direito ao esquecimento, inicialmente quando do voto da Relatora Ministra Nancy Andrighi, foram realizadas uma séria de considerações que não podem ser ignoradas.

Trata-se do Recurso Especial nº 1.434.498 -SP do STJ, julgado em 09 de dezembro de 2014. É ação de declaração de existência de relação jurídica nascida da prática de tortura, proposta por César Augusto Teles, Janaina de Almeida Teles, Edson Luis de Almeida Teles, Maria Amélia de Almeira Teles e Crimeia Alice Schmidt de Almeida em face de Carlos Alberto Brilhante Ustra.

O recurso especial, recorrente Carlos Alberto Brilhante Ustra, é fundamentado na violação da competência da Comissão Nacional da Verdade que visa esclarecer casos de violação de direitos humanos ocorridos durante o regime militar; na ausência de interesse de agir dos autores, diante da lei de anistia; na alegação de inadequação da ação declaratória para satisfazer a pretensão constitutiva dos autores; na prescrição do direito dos autores; e na alegação de que a sentença seria ultra petita.

Os Ministros por maioria negaram provimento. O voto da Relatora Ministra Nancy Andrighi foi vencido, sendo o Relator do Acórdão o Ministro Paulo de Tarso Sanseverino.

Como visto trata-se de uma ação declaratória, portanto não há pedido de indenização, mas sim, o requerimento de reconhecimento da ocorrência dos fatos narrados pelos autores, identificando como corresponsável o réu (STJ, 2014, online).

A resolução do presente, por versar sobre práticas de tortura no período da ditadura militar, se deu em favor da memória, mesmo que diante da Lei da Anistia se tenha a afastado a possibilidade da responsabilização criminal dos autores (STJ, 2014, online). Assim, discorre o Ministro Relator do acórdão (STJ, 2014, online)

Com apoio no direito à memória, à reconstrução histórica do período ditatorial com base na verdade dos fatos e direitos violados, ao aprendizado com os erros do passado (para prevenir violação de direitos humanos e assegurar sua não repetição), à co-responsabilidade que possui o Estado em face dos atos dos seus agentes, cumpre ao ente político explicitar tudo o quanto possível acerca dos nefastos acontecimentos do período ditatorial.

Contudo, interpretação diversa apresentou a Ministra Nancy Andrighi ao defender o reconhecimento do direito ao esquecimento aos anistiados políticos, tendo como fundamento a Lei da Anistia, que tinha condão a reconciliação e pacificação nacional (STJ, 2014, online). Assim, a Ministra conceitua o direito ao esquecimento como aquele que “se releva como o de não ser pessoalmente responsabilizado por fatos pretéritos e legitimamente perdoados pela sociedade, ainda que esses fatos sobrevivam como verdade histórica e, portanto, nunca se apaguem da memória do povo.” (STJ, 2014, online).

O quarto caso, é referente ao Recurso Especial nº 1.369.571 – PE do STJ, julgado em 22 de setembro de 2016. Litigam nos autos Ricardo Zarattini Filho e Diário de Pernambuco S/A, porquanto teria este veiculado matéria jornalística no jorna diário de Pernambuco sobre comunismo e regime da ditadura militar no Brasil, realizada com o advogado Wandekolk Wanderley que teria imputado ao autor, falsamente, a autoria de atentado à bomba ao Aeroporto dos Guararapes em 1996 (STJ, 2016, online). O autor requereu indenização por danos morais alegando lesão à sua honra.

Ricardo Zarattini Filho, em sede de recurso especial, sustentou que o jornal recorrido o apontou falsamente como autor do atentado realizado no Aeroporto de Guararapes/PE e ainda, que comprovou o intuito difamatório da entrevista publicada, sendo notório que a responsabilidade do atentado é de terceira pessoa. Por fim, requereu a procedência do pedido de indenização por danos morais realizado na petição inicial.

Os Ministros decidiram, após voto de desempate do voto do Ministro Marco Buzzi, dar parcial provimento ao recurso. Foi relator do caso o Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, tendo seu voto vencido e, portanto, foi relator do acórdão o Ministro Paulo de Tarso Sanseverino.

Fundamenta-se a decisão, pois o direito à informação e à livre manifestação do pensamento não são absolutos, devendo ser limitados por aqueles direitos e garantias constitucionais que visam proteger a dignidade da pessoa humana (STJ, 2016, online). Nesse viés, a empresa de comunicação ao desempenhar uma função jornalística deveria ter especial diligência ao publicar uma informação que possa macular a integridade moral de terceiros, sob pena de ser responsabilizada, independente de prova de má-fé (STJ, 2016, online).

Assim, discorre o Ministro relator do acórdão (STJ, 2016, online)

Dessa forma, inequívoco que, mesmo no desempenho da função jornalística, as empresas de comunicação não podem descurar de seu compromisso com a veracidade dos fatos ou assumir uma postura displicente ao divulgar fatos que possam macular a integridade moral de terceiros, especialmente em se tratando de fatos graves devidamente apurados na sua época. Consoante a sentença de piso, verifica-se que a empresa jornalística, ao publicar a entrevista do Sr. WW, deveria ter feito as ressalvas necessárias no sentido de preservar a integridade moral do recorrente ou, ao menos, conceder-lhe espaço para que pudesse exercitar o direito de resposta às imputações firmadas pelo entrevistado.

Outrossim, o controle pela empresa jornalística do conteúdo publicado seria possível e necessário no presente, pois deve zelar para que o direito a informação seja exercido sem que signifique um desrespeito ao limite legal da honra, privacidade e intimidade (STJ, 2016,

online). E ainda, menciona que não se pode deixar de lembrar que os fatos ocorridos durante

da Ditadura Militar foram anistiados pela legislação brasileira (STJ, 2016, online).

Neste caso, o conceito de direito ao esquecimento aplicado, conforme se extrai do acórdão é o de Bruno Miragem, no sentido de que significaria reconhecer a uma pessoa o “direito de restringir o conhecimento público de informações passadas, cuja divulgação presente pode dar causa a prejuízos ou constrangimentos.” (STJ, 2016, online).

O quinto acórdão a ser analisado é o Agravo Interno no Recurso Especial n. 1.593.873 – SP do STJ, julgado no dia 10 de novembro de 2016. S.M.S. ajuizou a presente ação em face de Google Brasil Internet Ltda, por meio da qual intenta obter o bloqueio do sistema de buscas de pesquisas realizadas pelo seu nome, evitando que levem a páginas que reproduzam imagens sua nua. Alega para tanto a violação do seu direito de privacidade e avoca do direito ao esquecimento.

Google Brasil Internet Ltda sustentou, no recurso especial, que passou a ser analisado diante do agravo interno, a impossibilidade do bloqueio das palavras-chave apontadas pela autora, tendo em vista que o Marco Civil da internet traz a necessidade da especificação do conteúdo de maneira que o provedor de busca possa localizar inequivocamente o material que não deve ser apresentado, não sendo possível o bloqueio por expressões. Aponta ainda, que o processo não estava pronto para julgamento, além de que por se tratar de obrigação inexequível (bloqueio por expressões) há incompatibilidade com a multa cominatória fixada. Requer, alternativamente a redução das astreintes.

Os ministros decidiram por unanimidade dar provimento ao recurso acompanhando o voto da Relatora Ministra Nancy Andrighi.

Dentre os fundamentos apontados para dar provimento ao recurso, encontra-se a Lei nº 12.965/2014, que institui o Marco Civil da Internet, porquanto não haveria no Brasil uma lei geral que disponha sobre a proteção dados pessoais (STJ, 2016, online).

A fundamentação sustentava no acórdão consiste na possibilidade de exclusão de dados pessoais da internet, sendo inclusive este um direito subjetivo a ser exercido, contudo, somente os dados fornecidos pelo próprio usuário seriam alcançados (SJT, 2016, p. 10). Mais ainda, ao ser falar nos provedores de busca, nada mais são do que instrumentos que realizam a indexação dos sites e conteúdos para auxiliar o usuário a encontrar o que procura, de modo que a sua responsabilização deve ser compatível com a natureza de sua atividade (STJ, 2016,

online).

Inclusive, afirma-se que realizar a filtragem do conteúdo das pesquisas feitas para cada usuário não seria uma atividade intrínseca ao serviço prestado (STJ, 2016, online). Outrossim, também os resultados que se observam quando de uma busca, em verdade, estão disponíveis em outros locais da internet e independente do provedor de busca, que não as armazena, portanto, não sendo possível responsabilizá-lo por essas informações (STJ, 2016, online).

Quanto a necessidade de não veiculação de uma informação, deve o usuário tomar as medidas pertinentes para supressão deste conteúdo da internet, de modo que estaria automaticamente excluído do resultado das buscas. Neste contexto apresenta a Relatora a síntese do entendimento do STJ firmado anteriormente (STJ, 2016, online)

Em razão das características dos provedores de aplicações de busca na Internet,

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