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Encontro 1 - Apresentação. Data: 19/03 Duração: 08h50 - 9h30.

Este encontro foi pautado na apresentação dos alunos, do pesquisador e do projeto do qual participariam. Nessa oportunidade, solicitamos a autorização para a gravação dos encontros, e mostramos aos alunos como ela seria feita, destacando o fato de que as gravações garantiriam o anonimato dos alunos e que as imagens não seriam divulgadas em qualquer meio.

Nessa etapa da pesquisa, a máquina filmadora foi deixada exposta no lugar onde ficaria no decorrer das atividades, a fim de que os estudantes começassem a se familiarizar com o equipamento, com a intenção de minimizar uma possível inibição causada pelas filmagens. Porém, ressaltamos que, como ainda não tínhamos as autorizações, esse encontro não foi gravado, portanto não se tornou viável buscar cenas significativas à luz dos dados que (não) dispúnhamos em vídeo.

Encontro 2 - Educação Crítica. Data: 26/03 e 02/04 Duração: 08h50 - 9h30.

Este encontro teve como objetivo favorecer a discussão sobre assuntos cotidianos que envolvem situações sociais democráticas. Para esse encontro tomamos como solo a atividade proposta por Misse (2011) que inclui a história “O que os olhos não vêem” da autora Ruth Rocha para desenvolver uma tarefa na perspectiva da Educação Matemática Crítica14, adaptando-a para os objetivos do projeto.

Esse encontro não foi suficiente para o término da tarefa, por isso demos continuidade a ela na terceira semana, quando foi possível terminar o proposto. No que tange à pesquisa, essa tarefa, mesmo estando dividida em duas semanas se constituiu como um único encontro.

14

Tendência da Educação Matemática defendida por autores como Ole Skovsmose. Mais referências sobre o tema podem ser encontradas em Skovsmose (2001) e em nosso trabalho de TCC (Misse, 2011).

O segundo encontro está dividido em quatro cenas, descritas e interpretadas na sequência do texto. São elas: Cena 1 - Conversando sobre a história contada; Cena 2 - Os

significados das palavras; Cena 3 - A cegueira do rei; e Cena 4 - A atitude do povo.

Cena 1 - Conversando sobre a história contada.

O pesquisador conta a história para os alunos e conversa com eles sobre o que acharam da história.

Quadro 3 - Conversando sobre a história contada

Cena significativa - unidades de sentido Compreensões do pesquisador acerca do dito pelos alunos

Pesquisador: Pessoal, como começa toda boa

história? Professor inicia a contação.

Aluno 1: Era uma vez.

(O aluno estava deitado na mesa, demonstrando

cansaço ou desinteresse). Aluno 1 mostra que não quer estar ali. Pesquisador: Vamos lá pessoal. Ânimo!

Crianças (em coro): Era uma vez! Aluno 5: Essa é a outra história ainda?

Pesquisador: Não, eu quero começar uma história com vocês. Pessoal, vamos prestar atenção senão não vai dar certo isso daqui.

Aluno 2 (dirigindo-se à turma): Calem a boca, o professor quer contar uma história.

O aluno 2 ao chamar a atenção dos colegas demonstra interesse pelo tema do encontro,

querendo ouvir a história. Pesquisador: Pessoal, essa história é meio

comprida e vocês vão ter que prestar atenção em mim. Então como começa toda boa história? Crianças (em coro): Era uma vez.

Pesquisador inicia a história.

O grupo X conversou durante toda a contação.

O grupo X não está participando do encontro e demonstra estar alheio ao que esta sendo desenvolvido devido às conversas paralelas. O grupo I em alguns momentos mostra-se disperso,

mas os alunos estavam atentos à história contada.

O grupo I, apesar de conversar durante a contação, ouve a história que foi contada e

interage. O grupo A, apesar de estar em silêncio, se

dispersava muito facilmente.

É possível perceber que os alunos do grupo A estão atentos à movimentação que ocorre no pátio e, mesmo em silêncio, sua atenção está

Cena significativa - unidades de sentido Compreensões do pesquisador acerca do dito pelos alunos

O grupo D pode ser dividido em dois subgrupos: o DF, grupo em que os alunos ouviam a história, mas se distraiam com a conversa do grupo X; e o DI cujos alunos estavam bem atentos, com olhar fixo no pesquisador, e acompanhando a história.

O grupo D se mostra divido. Os alunos próximos do grupo X se distraem com as conversas, outros, porém, se mostram atentos à

história contada, mantendo o olhar fixo no contador e se movimentando de acordo com a

história. Apenas o grupo A completou corretamente a frase

solicitada no final da história. Mas o grupo I e o DI discutiram a resposta dada pelo grupo A.

Pesquisador: Pessoal, vocês gostaram da história? O pesquisador questiona os alunos sobre seu gosto pela história. Crianças (algumas): Sim - (outras): Não

Pesquisador: Essa história é de uma escritora chamada Ruth Rocha, ela é escritora de contos

infantis. Alguém já leu algum livro dela? Os alunos mostram, por meio da fala, um interesse em responder as perguntas do pesquisador e participar da contação. Mostram-

se estar interessados no tema do encontro Alunos 12 e 4: Eu já.

Pesquisador: E você sabe o nome dessa história? Aluno 2: O nome da história?

Pesquisador: É.

Aluno 2: A saída da corte?

Aluno 1: O rei... (fica pensativo e, pelo gesto da fala, indica que intenciona completar o nome da história).

Pesquisador: Essa história se chama: O que os olhos não veem... (pausa para que as crianças completem o restante do nome da história).

Crianças (em coro): O coração não sente.

(Tirando o grupo X, os demais alunos responderam).

Pesquisador: Pessoal, o que vocês acharam dessa

historia? Pesquisador incentiva o diálogo sobre a história. Aluno 9: Bonita.

Os alunos expressam o gosto pela história, demonstrando interesse.

Aluno 3: Eu gostei. Aluno 6: interessante.

Pesquisador: Interessante? Por que interessante? Embora os alunos tenham sido incentivados a participar eles se mantém em silêncio demonstrando não compreender a questão

proposta pelo pesquisador. Os alunos olhavam, em silêncio, para o

pesquisador demonstrando não entender o sentido da pergunta.

Fonte: Dados organizados pelo pesquisador

Nesta cena vemos a descrição do início dos trabalhos propostos, quando os alunos se mostram interessados ou desinteressados pelo que está acontecendo no encontro. O estar interessado mostra-se a nós pela expressão dos alunos sobre o tema do encontro. Ou seja,

interpretamos que eles estão interessados na história contada pela forma como se colocam na aula seja estando atentos para ouvir a história ou para dizer qual o sentido que a história fez para eles.

Assim como alguns alunos se sentem dispostos a participar vemos que outros não querem estar ali se mantendo de costas para o pesquisador, não se envolvendo com a situação proposta ou mesmo conversando paralelamente com os colegas de grupo. Nesse sentido, entendemos que os alunos estão alheados àquilo que está sendo proposto, pois, além de não estarem dispostos a participar, se mostram afastados. O termo alheado nos faz sentido uma vez que ao buscarmos a sua definição no léxico (HOUAISS, 2007) vimos que ele diz de tornar-se alheio ou indiferente a tudo, afastar a atenção de algo ou alguém; ou ainda que ou aquele que, voluntariamente ou não, se mantém distanciado das realidades que o cercam. Nesse sentido, entendemos que nossos alunos estão alheados, pois se mostram afastados ou se desviam do que ocorre naquele momento da situação de aula.

Esta cena encerra-se quando os alunos não se mostram dispostos a conversar com o pesquisador. Talvez dúvidas ocasionadas pelo questionamento feito possam ter inibido a participação dos alunos. No momento vivido percebemos que os alunos se dispersaram e encerramos a conversa demarcando um novo rumo para o encontro e uma nova cena.

Cena 2 - Os significados das palavras.

Os alunos iniciam a tarefa proposta pelo pesquisador que objetiva discutir o significado de algumas palavras da história.

Quadro 4 - Os significados das palavras

Cena significativa - unidades de sentido Compreensões do pesquisador acerca do dito pelos alunos

Pesquisador: Pessoal, vocês conseguiram entender a história? Teve alguma palavra que vocês não sabiam o que significava?

Pesquisador inicia a tarefa proposta para o encontro. Os alunos do grupo A e do DI, que estavam ao

alcance da câmera, mostravam, pelo movimento do olhar, que tentavam se lembrar das palavras que ouviram.

Os alunos mostram-se interessados em responder o que é perguntado.

Aluno 3: Não.

Embora o aluno 5 busque encerrar o diálogo, os demais, mediante uma interferência do pesquisador,

mostram-se interessados e continuam tentando responder a questão proposta.

Pesquisador: Nenhuma? Aluno 5: Nenhuma.

Pesquisador: Vocês sabem o que é aflito? Aluno 2: o quê? (O aluno faz cara de espanto). Pesquisador: Aflito.

Aluno 11: Eu, eu... é uma pessoa fraca. Aluno 6: É uma pessoa fraca, desnutrida...

Cena significativa - unidades de sentido Compreensões do pesquisador acerca do dito pelos alunos

Pesquisador: Pessoal, vou entregar uma folha para vocês e quero que vocês respondam.

O pesquisador entrega uma folha com questões para iniciar uma tarefa com os alunos.

Aluno 4: Sor, vamos sentar na mesa. Aluno 5: Sor, é pra responder? Pesquisador: É sim.

Aluno 5: Ah, sor... Pela fala do aluno 5 vemos que ele mostra-se desinteressado em realizar a tarefa proposta. Aluno 11: Sor, é pra fazer embaixo?

(Os alunos são orientados para responder as questões. Percebendo que os alunos começam a responder as questões sem se comunicarem, o pesquisador intervém em tentativa de reorganização do grupo).

Pesquisador: Pessoal, vamos facilitar as coisas?

O aluno 2 demonstra querer trabalhar em

colaboração.

Aluno 2: Pode fazer em grupo?

Pesquisador: Pode, mas no máximo três por grupo. Vocês se reúnem em três pessoas e me entregam uma folha só.

(Os alunos se agrupam por afinidade).

Aluno 13: Sor, olha, eles vão copiar tudo nosso. O aluno 13 demonstra estar preocupado com a possibilidade de os colegas copiarem as respostas e

isso nos mostra que ele está preocupado com a

realização da tarefa.

Pesquisador: É porque vocês estão sentados muito perto. Mas tem mesas vazias. Por que vocês não sentam lá?

Aluno 13: Bora lá?

Aluno 4: Sor, pode fazer junto? O aluno se mostra interessado no tema do encontro querendo fazer a tarefa proposta Pesquisador: Pode sim, eu vou pegar uma folha

por grupo. Mas eu quero que vocês discutam as respostas no grupo.

Aluno 14: Professor, eu não sei o que é pra escrever aqui.

O aluno se mostra preocupado com a realização da

tarefa. No diálogo estabelecido entre o pesquisador e o aluno 14 vemos que o aluno responde de forma

objetiva aquilo que lhe é questionado. Pesquisador: Bom, vamos lá. O que você acha

que é agregado nessa história? Aluno 14: Alguém perto do rei.

Pesquisador: Podemos dizer alguém que vivia junto com rei?

Aluno 14: Não sei.

(Pesquisador acena positivamente com a cabeça. Os alunos 2 e 5 começam a andar pelos grupos para coletarem respostas e distribuírem respostas).

Pesquisador: Pessoal, se vocês não sabem a resposta pulem para a próxima questão.

O pesquisador ao perceber a movimentação dos alunos aconselha a responderem apenas o que

sabem. (O aluno 11 faz graça para a câmera. É o mais

incomodado com a presença dela). Aluno 11: Sor, tá gravando? Pesquisador: Tá sim.

(Os alunos começam a prestar atenção na câmera e se distraem da atividade).

Aluno 5: Aluno 3, vem aqui. Alguns alunos buscam terminar a tarefa proposta pedindo auxílio. Na experiência vivida percebemos Aluno 6: Não vem! Temos que fazer sozinhos.

Cena significativa - unidades de sentido Compreensões do pesquisador acerca do dito pelos alunos

que o aluno 5 buscava uma resposta pronta para a tarefa proposta, nesse sentido entendemos que esse trecho da cena revela um desinteresse por parte do

aluno. (O aluno 6 parece estar disperso prestando

atenção na câmera e nos comentários do aluno 11. Quando o pesquisador se aproxima para ver como está o desenvolvimento da atividade, ele se pronuncia rapidamente).

O aluno 6, ao questionar o pesquisador sobre o desenvolvimento de sua resposta, mostra a

necessidade de aprovação para aquilo que está fazendo.

Aluno 6: Tá certo sor?

Pesquisador: Não tem resposta certa, não tem resposta errada. Vocês têm que por o que vocês acham que é cada palavra. Na frase, qual o sentido dessa palavra.

Aluno 6: Sor, então deixa eu ler a história pra eu ver.

Não posso deixar você ler, porque eu preciso dela para passar entre os grupos.

[...]

Grupo A: Sor, o que é patente?

O diálogo mostra que os alunos estão interessados em realizar a tarefa. Embora respondam de forma

objetiva aquilo que lhes é questionado, os alunos se mostram dispostos a compreender a tarefa proposta. Pesquisador: O que diz a frase?

Aluno 1: Pra ter patente de tenente ou capitão. Pesquisador: Então, patente tem a ver com? Aluno 4: Com exército?

Aluno 1: Deve ser isso. Acho que é a função. É a função sor?

Pesquisador: Muito bem. [...]

Pessoal, vamos lá. Se vocês não estão conseguindo responder as palavras, vamos pular para a segunda questão e tentar interpretar o texto.

Com o passar do tempo o pesquisador sugere que os alunos passem para a próxima questão.

Aluno 6 (insistindo): Sor, tá certo? aprovação, Novamente o aluno 6 mostra a necessidade de questionando o pesquisador sobre o modo como ele desenvolveu a tarefa. Pesquisador: Não tem resposta certa nem

errada.

Aluno 6: Como assim sor?

Pesquisador: Não tem resposta certa, tem a sua opinião.

Pesquisador (voltando-se para o aluno 14 que o solicitava): Já falei para você, se as palavras

não tão saindo pula pro dois. O aluno 14 já havia feito algumas questões, mas mesmo assim pede para que o pesquisador explique

o que deve ser feito em outros itens da mesma questão. Entendemos essa dificuldade em responder

o que se pede como falta de autonomia, pois embora saiba o que fazer, solicita a explicação do

pesquisador. Aluno 14: Sor, eu não estou entendendo o que é

pra fazer.

Pesquisador: Tá vendo essa palavra em negrito? Então, você tem que dizer o que ela significa, mas em sua opinião, você pode colocar com as suas palavras. O que você acha que é. Palavra igual, sinônimo. Mas daí se você não conseguir fazer, pula pra dois que é mais legal.

Cena significativa - unidades de sentido Compreensões do pesquisador acerca do dito pelos alunos

Pesquisador (voltando-se para outro grupo de alunos): E vocês? Já responderam a de baixo? Aluno 3: Não sor! A gente não sabe o que é

pelejaram.

Os alunos mostram-se interessado na realização da

tarefa. Como as respostas dos alunos são objetivas o pesquisador não consegue manter um diálogo com

eles. Pesquisador: Mas leia a frase. O que vocês

acham que significa a palavra no contexto? Aluno 9: Sor, não sei.

Aluno 12: Parece que é brigaram. Mas eu não conheço essa palavra.

(Professor concorda com um sinal de positivo). [...]

Aluno 1: Sor, só falta brados para responder a 1.

A entonação usada pelo aluno indica que ele está pedindo ajuda ao pesquisador, isso mostra um

interesse em realizar a tarefa. Pesquisador: O Hino Nacional fala de brados.

Aluno 1: Ah sor! Eu não sei.

(Procurando a entonação de voz, o pesquisador busca lembrar o grupo, dizendo: De brado forte e retumbante).

Fonte: Dados organizados pelo pesquisador

Nesta cena, com a história já em andamento mostra-se o interesse e desinteresse dos alunos. O interesse se mostra quando os alunos buscam compreender a tarefa, e respondem àquilo que é proposto. Vemos também momentos nos quais os alunos buscam encerrar o diálogo com o pesquisador e não querem fazer a tarefa.

Mostra-se, também, a necessidade de aprovação que os alunos têm uma vez que sempre solicitam ao pesquisador uma posição em relação à tarefa que estão realizando. Vimos que há, por parte dos alunos, uma necessidade de explicação. Apesar de já terem feito alguns itens semelhantes, os alunos solicitam ao pesquisador nova explicação da tarefa. Isso para nós revela que há uma falta de autonomia dos alunos que buscam pela confirmação do pesquisador.

Os alunos iniciam um novo exercício proposto na tarefa, com a mudança de foco nas discussões demarcando nova cena.

Cena 3 - A cegueira do rei.

Você já conheceu alguém com cegueira? A cegueira do rei é uma cegueira dessa natureza? Por quê?

Quadro 5 - A cegueira do rei

Cena significativa - unidades de sentido Compreensões do pesquisador acerca do dito pelos alunos Aluno 3: Sor, vou pular pra dois. Você conhece

alguém com cegueira? Conheço, minha irmã.

O pesquisador dá continuidade à tarefa prevista para o encontro.

[...]

Aluno 2: Sor, o que quer dizer cegueira dessa natureza?

Aluno 2 mostra estar disposto a compreender a

tarefa, questionando o pesquisador sobre o sentido da pergunta feita. Mesmo respondendo de modo

objetivo aquilo que lhe é questionado, sua disposição nos permite continuar o diálogo. Pesquisador: Você se lembra da história?

Aluno 2: Sim.

Pesquisador: Então, o que o rei não enxergava? Aluno 2: Não lembro sor.

Pesquisador: Se a pessoa fosse grande e forte? Aluno 2: Ele enxergava, mas se fosse pequeno não, né?

Pesquisador: Isso. E quem é cego, enxerga só pessoas grandes?

Aluno 2: Não sor, quem é cego não enxerga ninguém.

Pesquisador: Então a cegueira do rei era igual à cegueira normal?

O pesquisador busca articular o diálogo do aluno com a história contada.

(O aluno abaixou a cabeça e escreveu ‘não’ na folha).

(O Aluno 14 chamou o pesquisador com um aceno. Ao se aproximar do aluno 14, ele aponta para a questão dois).

Como a questão que foi apontada pelo aluno não estava respondida o pesquisador entende que o aluno solicita explicação para a questão. O diálogo estabelecido mostra que o aluno responde de forma

objetiva e segura as questões feitas, porém a necessidade de explicação nos mostra uma falta de

autonomia, por parte do aluno, uma vez que mesmo sabendo a resposta ele hesita em escrevê-la. Pesquisador: Vamos lá. Você conheceu alguém

cego?

Aluno 14: Sim.

Pesquisador: Então, responde que sim pra questão. E essa pessoa que você conhece, é cego igual ou diferente do rei?

Aluno 14: É diferente.

Pesquisador: E o que é diferente? Escreve a resposta aqui.

Aluno 14: Mas eu não sei sor.

Pesquisador: Por que é diferente? O que o rei não enxergava?

(Silêncio)

Pesquisador: Você se lembra da história? Se a pessoa fosse grande e forte...?

Aluno 14 (completando a ideia indicado pelo pesquisador): O rei enxergava.

Cena significativa - unidades de sentido Compreensões do pesquisador acerca do dito pelos alunos baixinho?

Aluno 14: O rei não enxergava?

Pesquisador: E a pessoa que você conhece, é assim?

Aluno 14: Não.

Pesquisador: Então, escreve o que é diferente aqui.

[...]

Aluno 4: Sor, chega aqui sor. A gente respondeu a um, porque a gente conhece um cego, mas daí a dois não entendi.

O aluno mostra estar disposto a compreender a

tarefa, questionando o pesquisador sobre o sentido da pergunta feita. Os alunos respondem de forma

objetiva às questões levantadas pelo pesquisador. E quando o pesquisador indica como deve ser feita a questão os alunos se olham sem saber exatamente o

que responder. Pesquisador: Bom, essa pessoa que você

conhece é cega igual o rei? Aluno 4: Não.

Pesquisador: Por quê? (Silêncio).

Pesquisador: Porque o rei enxerga de um jeito e a pessoa que você conhece enxerga de outro não é?

Alunos 4 e 1: É.

Pesquisador: Eu quero que vocês me digam qual é essa diferença.

[...]

Aluno 12: A cegueira do rei é dessa mesma natureza?

O diálogo entre os alunos 3, 9 e 12 mostra que eles estão dispostos a compreender a tarefa, questionando o pesquisador sobre o sentido da pergunta feita. Embora eles respondam de forma

objetiva, a disposição para compreender a tarefa favorece o diálogo, e o mantêm. Aluno 9: Não

Aluno 12: Não por quê?

Aluno 9: Né sor, que a cegueira não é da mesma natureza porque... (o aluno 9 leva a mão ao rosto parecendo ter esquecido o que ia falar.). Pesquisador: Bom, vocês se lembram da história?

Aluno 9: Sim.

Pesquisador: Então o rei era cego, mas era igual ou diferente da pessoa que vocês conhecem? Aluno 12: Diferente.

Pesquisador: Por quê?

(Os alunos 9, 12 e 3 se olham e riem sem saber o que responder).

Aluno 3: Porque ele não enxergava pessoas baixas e que falavam baixinho.

Aluno 12: Igual eu né sor, eu nunca seria vista nem ouvida.

Aluno 9: Sor, então... essa pessoa [que conhecemos] é diferente do rei.

Pesquisador: É? Então me diga por que é. [...]

Aluno 3: Olha aqui, alguém conhece alguém cego?

O aluno 3 se mostra disposto a colaborar com outros grupos, e por isso se movimenta entre eles, e

Cena significativa - unidades de sentido Compreensões do pesquisador acerca do dito pelos alunos Aluno 10: Eu conheço. tenta auxiliar os alunos 10 e 5.

Aluno 5: Só a sua irmã.

Aluno 3: É tem a minha irmã que é cega. [...]

Aluno 2: Menino! Não é pra responder aí (folha com o enunciado da tarefa). É pra responder aqui (folha de sulfite). Vai lá, coloca não aqui na primeira que eu sei que vocês não conhecem nenhum cego.

O diálogo entre o aluno 2 e 13 é síncrono ao diálogo anterior. Neste dialogo podemos perceber que se revela uma atenção ao que é para ser feito. Como o aluno 2 já havia respondido às perguntas em outro grupo, ele busca uma forma de simplificar

a tarefa dos amigos. Aluno 13: Oh aluno 2, é lógico que eu conheço.

Aluno 2: Mas é muita coisa pra responder, põe que não conhece e pronto.

[...]

(O aluno 5 chama o pesquisador para ver as respostas do seu grupo)

Pesquisador: Bom, vamos lá. O que vocês responderam na questão um.

Aluno 2: Deixa eu ver, na 1... (aluno procura na folha a resposta dada pelo grupo). Respondemos que sim. Porque o aluno 3 tem uma irmã cega.

Neste diálogo, os alunos mostram suas respostas ao pesquisador. Embora seja possível perceber que os alunos discutiram, no grupo, as respostas que foram

dadas, eles se expressam oralmente e de modo objetivo, ou seja, respondem exatamente o que lhes