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No decorrer da pesquisa de mestrado encontramo-nos com o desafio de por em prática as ações planejadas para seu desenvolvimento junto a uma escola. O fato de o pesquisador não lecionar nos conduziu à busca de uma escola que aceitasse participar da proposta de investigação. Para isso a escola deveria disponibilizar o espaço físico para o desenvolvimento das tarefas, indicar um professor que aceitasse colaborar com a divulgação junto aos alunos e permitir as intervenções propostas.

No movimento de busca por essa escola nos demos conta de que o projeto de trabalho que apresentaríamos para a direção teria de ser proposto levando em conta algumas restrições, uma vez que pretendíamos nos aproximar de uma situação real de sala de aula. A questão que se punha diante de nós era como fazer intervenções usando um recurso que pode ser dito lúdico, segundo autores como Souza e Bernardino (2011), Sisto (2005) e Silva e Monteiro (2008), sem perder as características de um ambiente usual de sala de aula. Intervenções pontuais poderiam fazer com que os sujeitos participantes (os alunos) vissem o projeto como uma descontração para o dia-a-dia que não teria características relevantes para a sua aprendizagem. Já uma intervenção sequencial que se valesse de um longo período de aulas regulares do professor poderia ser um problema para o andamento do ano letivo e levar a escola a rejeitar nosso convite à colaboração.

Optamos, portanto, por desenvolver o projeto10 em contra turno escolar11 de forma

que fossem possíveis encontros semanais com os alunos. Entendemos que dessa maneira os alunos formariam uma nova turma, uma nova estrutura de sala de aula, do mesmo modo que, ao fazermos um curso de línguas, por exemplo, vivencia-se a experiência de estar em sala de aula. Nossa intenção era que os alunos constituíssem um grupo integrado.

Feita essa opção, buscamos uma escola que aceitasse realizar o projeto em contra turno. Nossa primeira escolha foi uma Escola Estadual localizada na cidade de Guaratinguetá- SP, que foi a escola parceira de um projeto do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (Pibid), desenvolvido em parceria entre o IGCE, Rio Claro e a Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá. O fato de a escola já ter participado de um projeto ligado à Universidade, poderia facilitar a disposição para colaborar com esta pesquisa.

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A palavra “projeto” está sendo empregada para nos referirmos as tarefas que foram desenvolvidas em colaboração com a escola, como parte desta pesquisa.

11 Entendemos por contra turno escolar o período oposto ao qual os alunos frequentam a escola para as aulas

regulares. Neste caso os alunos frequentam as aulas no período vespertino então o projeto ocorreu no período matutino.

Além dessa característica, levamos em conta que o pesquisador já atuou, enquanto bolsista Pibid, na referida escola. Essa familiaridade Escola-Pesquisador-Escola tem como lado positivo a confiança da equipe gestora, docentes e alunos. No entanto, não queríamos atuar com alunos que já houvessem participado de projetos anteriores com a regência do pesquisador, pois interessava-nos o modo pelo qual os alunos se envolviam com as situações propostas sem que sua participação fosse influenciada por conhecerem o pesquisador.

Levando em conta os fatores mencionados, elaboramos um projeto escrito que foi entregue à direção (Apêndice A) no qual descrevemos as intenções da pesquisa, os objetivos das intervenções, a dinâmica a ser desenvolvida nos encontros e o cronograma proposto.

Propusemos à escola dez encontros semanais com duração de uma hora cada um. Também solicitamos que eles fossem gravados, informando que as imagens não teriam outra finalidade senão subsidiar o movimento de análise. Os encontros seguiram a seguinte dinâmica: em um primeiro momento haveria a contação de uma história seguida da discussão do sentido que ela fez para os alunos e, posteriormente, haveria uma tarefa visando identificar se ocorria, por parte do aluno, uma percepção de conteúdos matemáticos ou de outra natureza presentes no enredo proposto pela história.

A equipe de gestão da escola citada acima aceitou participar do projeto, entendendo ser ele uma oportunidade para os alunos se envolverem com a matemática e favorecer a comunicação deles enquanto membros de uma comunidade escolar. Contudo, a quantidade de encontros necessários os preocupava. Com o cronograma escolar e do projeto em mãos, acordamos com o diretor uma alteração para oito semanas de modo que os encontros não coincidissem com provas e feriados escolares. Além disso, foi solicitado que iniciássemos na semana seguinte da conversa para que houvesse tempo hábil para sua realização.

As oito semanas acordadas constituíram-se em sete encontros, pois a segunda e terceira semanas foram destinadas à mesma tarefa de modo que entendemos que são faces de um mesmo encontro. As gravações que foram analisadas são relativas a cinco desses encontros uma vez que o primeiro foi aquele destinado a familiarização e conhecimento dos alunos, não sendo gravado12 e o último foi destinado a um encerramento do projeto e não conteve dados significativos para a pesquisa.

12 Além de o primeiro encontro ser de familiarização, inclusive com o equipamento de filmagem, devido à

necessidade de início imediato, o próprio diretor se encarregou de contatar os pais dos alunos interessados em participar do projeto, solicitando sua autorização. Como não dispúnhamos dessa autorização no primeiro encontro optamos por não gravá-lo, apenas deixamos a filmadora exposta.

Em virtude das alterações feitas no cronograma inicialmente apresentado à escola, elaboramos um novo cronograma que traz o que efetivamente foi realizado nos encontros, apresentado no Quadro 1:

Quadro 1 – Cronograma dos encontros realizados.

1ª Parte 2ª Parte

História I Autor Problemática História II Autor Problemática

Encontro Apresentação - -

O magico e o

camundongo Fábula Comunicação

Encontro O que os olhos não veem Ruth Rocha Participação na Sociedade Tarefa Bruno Missé Participação na Sociedade

Encontro A que distância Bruno Missé Unidade de Medida Tarefa Bruno Missé Mensuração de Grandezas

Encontro Crivo de Eratóstenes Hans M. Enzensberg Números Primos Tarefa Bruno

Missé Números Primos

Encontro

Sultão e os

Pássaros Malba Tahan Números Perfeitos Tarefa Bruno Missé Números Perfeitos

Encontro História para construir o tangram Desconhecido Construir o tangram Tarefa Ferreira, Missé e Paulo. Construção de figuras com tangram

Encontro Encerramento Entrega dos certificados Fonte: Dados organizados pelo autor.