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APROVADA POR MAIORIA DOS MEMBROS PRESENTES NA REUNIÃO DA CITE DE 11 DE ABRIL DE 2007, COM O VOTO CONTRA DA REPRE-

No documento Pareceres da CITE no ano de 2007 (páginas 168-190)

I II – ENQUADRAMENTO JURÍDICO Direito Comunitário

APROVADA POR MAIORIA DOS MEMBROS PRESENTES NA REUNIÃO DA CITE DE 11 DE ABRIL DE 2007, COM O VOTO CONTRA DA REPRE-

SENTANTE DA CIP – CONFEDERAÇÃO DA INDÚSTRIA PORTUGUESA, QUE APRESENTOU A SEGUINTE DECLARAÇÃO DE VOTO:

A CIP vota contra a presente resposta de reclamação reiterando a posição assu- mida no parecer que lhe deu origem.

De facto, não se vislumbram, no presente caso, quaisquer indícios de discriminação em razão da maternidade, desde logo, e não necessitando de apurar outras razões, pelo facto de a entidade patronal ter iniciado o processo disciplinar antes de ter conhecimento da gravidez da trabalhadora.

PARECER N.o22/CITE/2007

Assunto: Parecer prévio ao despedimento de trabalhadora grávida, nos termos do

n.o 1 do artigo 51.o do Código do Trabalho, conjugado com a alínea a)

do n.o1 do artigo 98.oda Lei n.o35/2004, de 29 de Julho

Processo n.o47 – DG/2007

III – OBJECTO

1.1. Em 2 de Fevereiro de 2007, a CITE recebeu um pedido de parecer nos termos da legislação mencionada em epígrafe, formulado pela …, L.da,

quanto à sua trabalhadora grávida …

1.2. O pedido de parecer prévio ao despedimento chegou acompanhado de cópia do processo disciplinar instaurado à arguida.

1.3. Em 13 de Fevereiro de 2007, a empresa informou que os dias de faltas injustificadas foram objecto de desconto aquando do pagamento do vencimento.

1.4. Dado não constarem do processo disciplinar os mapas de assiduidade relativos aos meses em que ocorreram as faltas dadas pela trabalhadora, foi solicitado o seu envio à direcção de recursos humanos da empresa. 1.5. A mencionada documentação foi recebida na CITE, em 21 de Fevereiro

de 2007.

1.6. A trabalhadora, que exerce as funções inerentes à categoria profissional de operadora fabril, foi admitida ao serviço da arguente para praticar um horário de trabalho de oito horas diárias, em regime de turnos rota- tivos, no horário compreendido entre as 7:00 horas e as 15:30 horas, e as 15:30 horas e as 24 horas, com direito a descanso ao sábado e ao domingo.

1.7. A acusação feita à trabalhadora e constante da nota de culpa, refere-se a faltas injustificadas dadas pela mesma no período compreendido entre 23 de Junho e 27 de Novembro de 2006 (23/06, 12/07, 13/07, 14/07, 25/07, 16/08, 22/08, 09/10, 9/11, 13/11 e 27/11), totalizando 11 dias de trabalho.

1.8. Da mencionada acusação consta ainda que a trabalhadora não apre- sentou ao seu superior hierárquico qualquer justificação prévia ou poste- rior para as faltas, de acordo com o previsto no artigo 228.odo Código

do Trabalho, sendo as faltas consideradas injustificadas, nos termos do disposto no n.o3 do artigo 225.odo Código do Trabalho.

1.9. Mais consta da acusação que a trabalhadora arguida, ao não justificar as faltas dadas, violou o dever de assiduidade, previsto na alínea b) do n.o1 do artigo 121.odo Código do Trabalho.

1.10. Acresce ainda que, … segundo o disposto na alínea g) do n.o 2 do artigo 396.o do Código do Trabalho, constituem justa causa de despe- dimento, nomeadamente as faltas injustificadas ao trabalho quando o seu número atinja, em casa ano civil, independente de qualquer prejuízo ou risco, mais de cinco dias seguidos ou dez interpolados – o que se verifica no presente caso.

1.11. Por outro lado, a entidade patronal exerce a actividade de produção de componentes e acessórios para automóveis destinados à …, e tem de proceder à entrega de componentes e acessórios, nos termos previstos de serem colocados nas respectivas cadeias, acarretando as faltas injus- tificadas prejuízos graves para toda a organização da empresa, e para a cliente.

1.12. Face ao que antecede, o comportamento da trabalhadora, atenta a sua gravidade e consequências, quebrou a relação de confiança subjacente ao contrato de trabalho e impossibilitou a subsistência do vínculo laboral, o que constitui justa causa de despedimento, nos termos dos n.os1, 2, e 3, alínea g), do artigo 396.odo Código do Trabalho.

1.13. A entidade patronal fixou à trabalhadora um prazo de 10 dias úteis, para, querendo, responder por escrito, requerer quaisquer diligências probatórias e consultar o processo na secção de recursos humanos da arguente.

1.14. Na resposta à nota de culpa, a trabalhadora pugna pelo arquivamento do processo e refere, sucintamente, que:

a) Os factos constantes da nota de culpa são verdadeiros;

b) Nos dias em que faltou ao serviço avisou o seu superior hierárquico (…), mas não procedeu à justificação das faltas dentro do prazo previsto para tal, devido a ter considerado não ser necessário; c) Sempre desempenhou as suas funções com a maior correcção; d) O facto de continuar ao serviço da empresa é demonstrativo que …

não se justifica a aplicação de uma sanção que coloque em causa a continuação da relação laboral;

e) Nunca foi alvo de qualquer processo disciplinar, sendo uma trabalha- dora zelosa e competente.

1.15. No dia 15 de Janeiro de 2007, a trabalhadora apresentou documento comprovativo do seu estado de gravidez (segundo alega a arguente) para os efeitos previsto na alínea a) do artigo 34.o do Código do Trabalho,

e com o objectivo de a entidade patronal vir a solicitar à CITE a emissão do parecer a que o artigo 51.odo Código do Trabalho faz referência.

III – ENQUADRAMENTO JURÍDICO

2.1. Dos dados do processo resulta que, durante o período referido em 1.7. do parecer, a trabalhadora faltou ao serviço nos dias 23/06, 12/07, 13/07, 14/07, 25/07, 16/08, 22/08, 09/10, 9/11, 13/11 e 27/11, ou seja, deu 11 faltas interpoladas.

No entanto, e no que se refere ao que é alegado pela arguente – que a trabalhadora não apresentou ao seu superior hierárquico qualquer justifi-

cação prévia ou posterior para as referidas faltas, tal não se poderá dar

por provado, na medida em que do depoimento prestado por … se retira que a trabalhadora terá previamente comunicado e apresentado motivos para algumas das faltas dadas, conforme declarações do mesmo que se transcrevem: No caso da … , normalmente, de manhã costumava receber

uma mensagem escrita dela no seu telemóvel ou mesmo um telefonema a comunicar … a ausência e seus motivos. Houve muitos dias, em que a trabalhadora não falou, nem disse nada e foi complicado ligar-lhe, pois o telefone da trabalhadora estava desligado ou ela não atendia … Isto, tanto quanto se recorda, relativamente às faltas não justificadas e refe- ridas na nota de culpa. (Cfr. pág. 3, parágrafos 1.o e 2.o do doc. n.o 6

junto aos autos).

2.2. Cabe ainda referir que o artigo 228.o(n.os1 e 2) do Código do Trabalho,

sob a epígrafe, Comunicação da falta justificada, estabelece que, quando imprevistas, as faltas justificadas serão obrigatoriamente comu- nicadas à entidade patronal, logo que possível. Quando previstas, são comunicadas ao empregador com a antecedência mínima de cinco dias. Dos elementos constantes dos autos não é possível aferir se as faltas dadas pela trabalhadora eram previsíveis ou imprevisíveis.

No entanto, as referidas faltas, para serem consideradas justificadas, tinham que estar cobertas por uma das situações previstas nas alíneas do n.o2 do artigo 225.odo Código do Trabalho. Ora, dos autos não resulta

qualquer elemento indicador de tal.

Assim sendo, as mencionadas faltas terão que ser consideradas injustifi- cadas, conforme estabelece o n.o3 do mencionado artigo, sendo irrele-

vante o alegado pela trabalhadora quando refere que não justificou as faltas dentro do prazo, devido a ter considerado não ser necessário. Admite-se que o comportamento da trabalhadora tenha acarretado para a empresa prejuízos e alguma desorganização. No entanto, os alegados prejuízos invocados pela arguente na nota de culpa não estão suficiente- mente concretizados.

2.3. Quanto ao alegado pela arguente – que o comportamento da trabalha- dora se encontra enquadrado na segunda parte da alínea g) do n.o3 do

artigo 396.o do Código do Trabalho: ainda que a trabalhadora tenha

faltado três dias seguidos e oito interpolados, o que perfaz 11 faltas interpoladas, não se encontram reunidos os requisitos previstos nos n.os 1 e 2 do mencionado preceito legal, devido às razões apontadas

em 2.2. do presente parecer, e conforme tem sido entendimento da juris- prudência, designadamente a colhida no acórdão do STJ de 15/02/2006, proferido no processo n.o 0552844, que refere: O comportamento

previsto no artigo 9.o, n.o 2, al. g) da LCCT («faltas não justificadas ao trabalho que determinem directamente prejuízos ou, independente- mente de qualquer prejuízo ou risco, quando o número de faltas injus- tificadas atingir, em cada ano, cinco seguidas ou dez interpoladas») não implica a verificação automática da justa causa de despedimento, impondo-se averiguar do preenchimento da cláusula geral contida no n.o 1 do mesmo preceito (actualmente n.o 1 do artigo 396.o do Código

do Trabalho).

2.4. Assim, embora o comportamento da trabalhadora se tenha revelado desadequado na situação sub judice, a pena proposta pelo empregador (despedimento) é excessiva, tendo em conta que a sanção deve ser proporcional à infracção, de acordo com o disposto no artigo 367.o do

Código do Trabalho, podendo o empregador aplicar uma outra sanção, conforme dispõe o artigo 366.odo Código do Trabalho.

III – CONCLUSÃO

3.1. A trabalhadora terá previamente comunicado e apresentado motivos para algumas das faltas dadas, conforme resulta do depoimento prestado por …;

3.2. Dos elementos constantes dos autos não é possível aferir se as faltas dadas pela arguida eram previsíveis ou imprevisíveis;

3.3. A trabalhadora deu 11 faltas interpoladas, mas a empresa não concre- tizou suficientemente os prejuízos invocados na nota de culpa, pelo que, assim sendo, não estão reunidos os requisitos previstos nos n.os 1 e 2

do artigo 396.odo Código do Trabalho;

3.4. Embora o comportamento da trabalhadora se tenha revelado desade- quado na situação sub judice, a pena de despedimento é excessiva, tendo em conta que a sanção deve ser proporcional à infracção, conforme dispõe o n.o 1 do artigo 367.o do Código do Trabalho,

podendo o empregador aplicar outra sanção das previstas no artigo 366.o

do Código do Trabalho;

3.5. Face ao que antecede, considera-se que a empresa …, L.da, não ilidiu

a presunção constante do n.o 2 do artigo 51.o do Código do Trabalho,

e nestes termos o parecer é desfavorável ao despedimento da traba- lhadora …

APROVADO POR MAIORIA DOS MEMBROS PRESENTES NA REUNIÃO DA CITE DE 2 DE MARÇO DE 2007, COM O VOTO CONTRA DA REPRE- SENTANTE DA CIP – CONFEDERAÇÃO DA INDÚSTRIA PORTUGUESA

PARECER N.o23/CITE/2007

Assunto: Parecer prévio ao despedimento colectivo de uma trabalhadora grávida

e de uma trabalhadora puérpera, nos termos do artigo 51.odo Código do

Trabalho e da alínea c) do n.o1 do artigo 98.oda Lei n.o35/2004, de 29

de Julho

Processo n.o43 – DGP-C/2007

III – OBJECTO

1.1. Em 30 de Janeiro de 2007, a CIDM recebeu carta registada do Senhor Presidente da Direcção da …, C.R.L., remetendo documentação rela- tiva ao pedido de parecer prévio, nos termos do n.o1 do artigo 51.odo

Código do Trabalho respeitante à extinção de 4 postos de trabalho de:

… , … , … , trabalhadora grávida, e … , trabalhadora puérpera.

1.2. Por não ser a entidade competente para a emissão do aludido parecer, a Senhora Vice-Presidente remeteu à CITE a documentação indevida- mente endereçada, a qual foi recebida em 1 de Fevereiro de 2007. 1.3. Na carta justificativa do despedimento dos 4 trabalhadores, o Presidente

da Direcção fundamenta a sua posição na alteração de critérios levada a efeito pelo … na concessão das ajudas por via do novo enquadramento legal decorrente da aplicação da Portaria n.o52/2006, de 12 de Janeiro,

que define as novas regras para as candidaturas ao Programa RURIS, no quadro da programação 2000-2006.

1.4. A …, C.R.L. com sede em …, pessoa colectiva n.o…, matriculada na

Conservatória do Registo Comercial de …, além de outras actividades, dedica-se à prestação de serviços aos seus cooperadores no domínio da protecção integrada e da produção integrada, na cultura de oliveira, nos termos do regime jurídico estabelecido pelo Decreto-Lei n.o180/95, de

26 de Julho.

1.5. Evoca, por isso, um decréscimo de área de protecção integrada/ /produção integrada, sob orientação técnica, dispondo apenas de uma área de 2.848,75 Hectares, a que correspondem 3 técnicos, nos termos da Portaria n.o1341/2003, de 5 de Dezembro (cfr. quadro b), respeitante

à cultura de oliveira na citada portaria.

1.6. Por isso, citamos … a Direcção da … deliberou levar a efeito um

processo de extinção de 3 postos de trabalho determinante do respectivo despedimento. A Cooperativa utilizou os critérios e pressupostos estabe-

lecidos no artigo 403.o do Código do Trabalho, classificando o despedi-

1.7. Em virtude de o processo não apresentar todos os elementos justifica- tivos, concedeu-se a possibilidade de suprir a falta, pelo que se solicitou à Cooperativa o envio do restante processo instrutório objecto deste pedido de parecer prévio, incluindo mapa de pessoal.

1.8. Foi ainda solicitada informação sobre alguma manifestação de vontade apresentada pelas trabalhadoras, na sequência da comunicação da intenção de despedimento.

1.9. As trabalhadoras foram contactadas por escrito, concedendo a possi- bilidade de se manifestarem junto da CITE sobre a comunicação de despedimento por parte da entidade empregadora.

1.10. No dia 23 de Fevereiro de 2006, pelas 17.53h, a Direcção da … enviou via fax a comunicação da não intenção de extinção do posto de trabalho de …, uma vez que, por lapso, tinha sido remetida uma carta à trabalha- dora, como integrando o grupo de trabalhadores a despedir.

III – ENQUADRAMENTO JURÍDICO

2.1. O acesso ao emprego em condições de igualdade é um direito consa- grado na Constituição da República Portuguesa e assegurado através de legislação específica. Também o direito a especial protecção durante a gravidez e após o parto, incluindo a dispensa do trabalho por período adequado, sem perda de retribuição ou de quaisquer regalias, nos termos do disposto no n.o 3 do artigo 68.oda Constituição da República Portu-

guesa, encontra especial acolhimento no ordenamento jurídico nacional, nomeadamente no Código do Trabalho e na Lei regulamentadora. 2.2. Porque houve dúvidas quanto à qualificação do despedimento como

colectivo ou por extinção de posto de trabalho, atribuída pela …, procedeu-se à do pedido sob esse duplo sentido.

2.3. Como consequência do princípio constitucional indicado, sempre que se mostre necessário promover um despedimento colectivo, a entidade empregadora tem de proceder sempre à comunicação escrita, promo- vendo de seguida a fase das informações e negociações com vista à obtenção de um acordo sobre a dimensão e efeitos da medida a aplicar e, bem assim, sobre a aplicação de outras medidas que reduzam o número de trabalhadores a despedir, designadamente:

a) Suspensão da prestação de trabalho. b) Redução da prestação de trabalho.

c) Reconversão e reclassificação profissional. d) Reformas antecipadas e pré-reformas.

Tudo sempre na estrita observância pelas disposições legais, previstas nos artigos 419.oe 420.odo Código do Trabalho.

2.4. A regulamentação da protecção no despedimento encontra-se prevista no n.o 1 do artigo 51.o do Código do Trabalho e o não respeito pelas

regras estabelecidas pode indiciar a existência de discriminação.

2.5. O recurso ao despedimento colectivo é um processo complexo, promo- vido pela empresa, sujeito a controlo das estruturas dos trabalhadores e da Administração Pública, visando a verificação da existência dos seus pressupostos e fundamentos, promovido pela empresa, e está depen- dente de um apertado conjunto de requisitos substanciais e processuais, que obriga o empregador a ter especiais cautelas no cumprimento das diversas regras subjacentes a este procedimento.

2.6. Assim, compulsado todo o processo e não obstante todas as diligên- cias no sentido da … enviar os elementos por forma a esclarecer as dúvidas suscitadas no decurso da apreciação instrutória deste processo, a verdade é que, com os documentos disponíveis, podemos sustentar que, efectivamente, os requisitos previstos no artigo 419.o do Código

do Trabalho não estão todos cumpridos, sendo muito frágil e insufi- ciente a base instrutória para promover o despedimento colectivo, de uma trabalhadora grávida e de uma trabalhadora puérpera com contratos sem termo, celebrados em 2002 e 2003 respectivamente.

Senão vejamos:

2.7. A … alega dificuldades económicas, devidamente fundamentadas na carta dirigida à Comissão e também na acta da Direcção. Mas, efectiva- mente, não prova documentalmente esses mesmos factos.

Não se sabe qual o saldo negativo decorrente deste decréscimo e ajudas. Não se sabe também o decréscimo de produção por via desses cortes. Não se sabe ainda a data da aprovação da candidatura, a sua abran- gência e eventuais condições.

2.8. Sabe-se que os contratos celebrados com as duas trabalhadoras objecto de despedimento são sem termo e não têm nenhuma cláusula clara espe- cífica que sustente a vinculação exclusiva destas trabalhadoras aos programas de ajuda agro-ambiental.

2.9. Também não se conhecem as outras secções da cooperativa, as restantes actividades a que se dedica, de forma a avaliar se seria eventualmente possível que estas trabalhadoras pudessem ou não exercer a sua activi- dade noutra secção da empresa.

Ora, invocando a entidade patronal motivos económicos para justificar a extinção do posto de trabalho destas trabalhadoras, cabe-lhe o ónus da

prova desses motivos, bem como do cumprimento de todos os trâmites legais, que, com fundamento nela, determinam a cessação do contrato. Da apreciação dos documentos, resulta que não foi feita demonstração cabal dos factos alegados.

2.10. Analisando o processo na perspectiva do despedimento por extinção de posto de trabalho, conforme pretende a Cooperativa, o n.o 2 do

artigo 403.o do Código do Trabalho determina que, na concretização

de postos de trabalho a extinguir, devem ser observados, por referência aos respectivos titulares, os critérios, pela ordem referida:

– Menor antiguidade no posto de trabalho, – Menor antiguidade na categoria profissional, – Categoria profissional de classe inferior. – Menor antiguidade na empresa.

Porque a verificação de todos os requisitos tem de ser cumulativa, a falta de qualquer deles acarreta a nulidade da cessação do contrato. Salienta-se ainda que a expressão usada no n.o 1 do artigo 403.o do

Código do Trabalho só pode ter lugar acentua, de forma inequívoca, a natureza tipificadora taxativa do preceito legal enunciado. A extinção do posto de trabalho por motivos económicos ou de mercado só se justi- fica se existir uma comprovada redução da actividade resultante da procura ou impossibilidade da colocação dos produtos no mercado. Mesmo que se verifiquem os motivos económicos ou de mercado, a extinção do posto de trabalho só é possível se se verificarem cumu- lativamente os requisitos enunciados no artigo 403.o do Código do

Trabalho.

Efectivamente, estes requisitos não se encontram suficientemente demonstrados através dos meios de prova postos à disposição desta Comissão carreados no respectivo processo.

III – CONCLUSÃO

3.1. Os elementos do processo não são manifestamente suficientes para clarificarmos se se trata de um despedimento colectivo.

Dos elementos disponíveis, verifica-se que não estão preenchidos os requisitos cumulativos previstos no disposto no artigo 397.o do Código

do Trabalho para o caso de se entender tratar-se de um despedimento colectivo.

Não estão igualmente preenchidos os requisitos cumulativos do artigo 402.odo Código do Trabalho para o caso do despedimento por extinção

do posto de trabalho, conforme defende o empregador.

Face ao que antecede, a Comissão entende haver razão para não emitir parecer favorável ao despedimento das trabalhadora grávida, …, e da trabalhadora puérpera, …, dado que os motivos invocados pela … são manifestamente insuficientes para sustentar o despedimento.

APROVADO POR MAIORIA DOS MEMBROS PRESENTES NA REUNIÃO DA CITE DE 2 DE MARÇO DE 2007, COM O VOTO CONTRA DA REPRE- SENTANTE DA CIP – CONFEDERAÇÃO DA INDÚSTRIA PORTUGUESA, QUE APRESENTOU A SEGUINTE DECLARAÇÃO DE VOTO:

A CIP vota contra o parecer da CITE, uma vez que entende não haver qualquer indício de discriminação em função do sexo na medida em que o despedimento em causa abrange dois trabalhadores do sexo masculino e duas trabalhadoras do sexo feminino, tendo, inclusivamente, uma trabalhadora grávida ficado excluída do refe- rido processo de despedimento.

PARECER N.o24/CITE/2007

Assunto: Parecer prévio ao despedimento colectivo de uma trabalhadora grávida

e de uma trabalhadora puérpera, nos termos do artigo 51.odo Código do

Trabalho e da alínea c) do n.o1 do artigo 98.oda Lei n.o35/2004, de 29

de Julho

Processo n.o80 – DGP-C/2007

III – OBJECTO

1.1. Em 1 de Março de 2007, a CITE recebeu carta registada da Adminis- tração da …, S.A., com sede em …, remetendo documentação relativa ao pedido de parecer prévio, nos termos do n.o 1 do artigo 51.o do

Código do Trabalho respeitante a um despedimento colectivo, abran- gendo 7 trabalhadoras, entre as quais 2 postos de trabalho de …, traba-

lhadora puérpera, … , trabalhadora grávida.

1.2. Na carta justificativa do despedimento das 7 trabalhadoras, a Adminis- tração fundamenta, informando que … a empresa, que até 2003 explo-

rava directamente supermercados, franqueou a insígnia e passou a exploração dos mesmos para as outras entidades, tendo ainda encer- rado alguns supermercados próprios. Desde 2006 que apenas possuía um supermercado próprio, pelo que, tal como consta da fundamentação e da acta de negociação, não possui qualquer estabelecimento comer- cial onde possa integrar as trabalhadoras envolvidas no despedimento colectivo.

1.3. A …, S.A, com sede em …, pessoa colectiva n.o …, matriculada na

Conservatória do Registo Comercial de …, além de outras actividades, dedica-se à gestão de franquias e supermercados.

1.4. Evoca, por isso, um decréscimo de vendas do estabelecimento a encerrar, decorrente da crise do comércio retalhista alimentar.

1.5. As trabalhadoras foram contactadas por escrito, concedendo-lhes a possibilidade de se manifestarem e nada disseram.

1.6. O despedimento abrange a totalidade das trabalhadoras.

1.7. Ocorreu a reunião de negociação nos termos legais, com a representante do Ministério do Trabalho, e as trabalhadoras não manifestaram qual- quer oposição, nem formularam qualquer questão. A acta encontra-se devidamente certificada e dá-se por integralmente reproduzida para

No documento Pareceres da CITE no ano de 2007 (páginas 168-190)

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