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APROVADO POR MAIORIA DOS MEMBROS PRESENTES NA REUNIÃO DA CITE DE 29 DE JANEIRO DE 2007, COM OS VOTOS CONTRA

No documento Pareceres da CITE no ano de 2007 (páginas 72-87)

I II – ENQUADRAMENTO JURÍDICO Direito Comunitário

APROVADO POR MAIORIA DOS MEMBROS PRESENTES NA REUNIÃO DA CITE DE 29 DE JANEIRO DE 2007, COM OS VOTOS CONTRA

DAS REPRESENTANTES DA CGTP – CONFEDERAÇÃO GERAL DOS TRABALHADORES PORTUGUESES E DA UGT – UNIÃO GERAL DE TRABALHADORES, QUE APRESENTOU A SEGUINTE DECLARAÇÃO DE VOTO:

A UGT não pode votar sim este parecer, porque os critérios de selecção dos traba- lhadores a despedir indiciam discriminação em função do estado de gravidez, nomeadamente em três pontos: «desempenho profissional, produtividade e quali- dade de trabalho», «minimização das alterações na composição das equipas» e «disponibilidade». Assim, a avaliação de desempenho de uma trabalhadora grávida, puérpera ou lactante, é sempre penalizada.

PARECER N.o9/CITE/2007

Assunto: Parecer prévio nos termos do n.o1 do artigo 51.odo Código do Trabalho

e da alínea c) do n.o1 do artigo 98.o da Lei n.o35/2004, de 29 de Julho

Processo n.o16 – DG-E/2007

III – OBJECTO

1.1. Em 12 de Janeiro de 2007, a CITE recebeu da empresa … & …, L.da,

pedido de emissão de parecer prévio ao despedimento da trabalhadora grávida, …, a exercer funções de escriturária, no âmbito de um processo de despedimento por extinção de posto de trabalho.

1.2. A empresa …, L.da, tem como objecto social a execução de contabili- dade para outras sociedades.

1.3. Da carta de comunicação da extinção de posto de trabalho, de 20 de Novembro de 2006, consta sucintamente que:

– A redução da actividade, motivada pela diminuição significativa do número de clientes, conduziu a uma inevitável redução dos proveitos mensais e anuais para fazer face aos custos de funcionamento da empresa, não sendo previsível o aumento da carteira de clientes para o próximo ano, devido à conjuntura existente e a uma elevada e cres- cente concorrência;

– Para esta situação, em nada contribuiu a gerência da empresa, nem o desempenho da trabalhadora;

– A manutenção do posto de trabalho compromete o futuro da empresa e, a breve prazo, a existência de meios financeiros necessários e suficientes para o pagamento de salários e de outras despesas fixas mensais;

– Na empresa, não existe qualquer trabalhador com contrato a termo; – Não se aplica o regime do despedimento colectivo;

– A empresa emprega dois trabalhadores com funções idênticas, sendo a trabalhadora visada a que possui menor antiguidade;

– A empresa não dispõe de outro posto de trabalho;

– O termo do contrato ocorrerá sessenta dias após a recepção desta carta, após o qual será posta à disposição da trabalhadora a compen- sação devida.

1.4. Em 5 de Dezembro de 2006, e já para efeitos do disposto no artigo 425.odo Código do Trabalho, a empresa dirige nova carta à trabalhadora

na qual menciona os mesmos factos concretizando, porém, que está em causa a extinção de um único posto de trabalho, que a empresa tem uma

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única secção com duas funcionárias, não sendo possível a transferência da trabalhadora, e o valor da compensação devida à trabalhadora, no montante de € 3.799,17, atendendo a que tem oito anos e dezanove dias de antiguidade, cessando o contrato em 19 de Janeiro de 2007.

1.5. A pronúncia apresentada pela trabalhadora consta de três cartas datadas de 01/12/2006, 19/12/2006 e 29/12/2006, nas quais comprova o estado de gravidez e alega não estar à espera do despedimento.

1.6. A empresa comunica à Inspecção-Geral do Trabalho, em 09/01/2007, que foi dado cumprimento ao estipulado no n.o 2 do artigo 425.o do

Código do Trabalho, no passado dia 05/12/2006, através de envio de carta a esta entidade. No entanto, considerando que o processo reme- tido à CITE estava incompleto, a empresa solicitou à Comissão que o mesmo fosse dado sem efeito enviando, agora, nova carta com cópia da decisão datada de 05/12/2006 e enviada à trabalhadora.

1.7. São juntos ao processo os seguintes documentos:

– Quatro cartas da empresa, dirigidas à trabalhadora, nas seguintes datas: 20/11/2006, 05/12/2006 e 26/12/2206, com os respectivos registos e avisos de recepção;

– Três cartas da trabalhadora, dirigidas à empresa, nas seguintes datas: 01/12/2006, 19/12/2006 e 29/12/2006;

– Carta dirigida à Inspecção-Geral do Trabalho de 09/01/2007; – Quadro de pessoal da empresa, de Outubro de 2006.

III – ENQUADRAMENTO JURÍDICO

2.1. A Constituição da República Portuguesa reconhece às mulheres traba- lhadoras o direito a especial protecção durante a gravidez e após o parto, incluindo a dispensa do trabalho por período adequado, sem perda de retribuição ou de quaisquer regalias.1

Como corolário deste princípio, o artigo 51.o do Código do Trabalho

determina uma especial protecção no despedimento.

2.1.1. Nos termos da lei, o despedimento de trabalhadora grávida, puérpera ou lactante carece sempre de parecer prévio da enti- dade que tenha competência na área da igualdade de oportuni- dades entre homens e mulheres.

Cabe à CITE, por força da alínea e) do n.o1 do artigo 496.oda

Lei n.o35/2004, de 29 de Julho, emitir o parecer referido.

2.2. Nos termos do artigo 402.odo Código do Trabalho, a extinção do posto

de trabalho determina o despedimento justificado por motivos econó- micos, tanto de mercado como estruturais ou tecnológicos, relativos à empresa, nos termos previstos para o despedimento colectivo.

2.2.1. São considerados motivos de mercado a redução da actividade da empresa provocada pela diminuição previsível da procura de bens ou serviços ou impossibilidade superveniente, prática ou legal, de colocar esses bens ou serviços no mercado, conforme a alínea a) do n.o 2 do artigo 397.o do diploma supra-referido.

2.3. O presente processo de despedimento por extinção de posto de trabalho é, nos termos referidos pela empresa, motivado pela redução da activi- dade da empresa em virtude da significativa diminuição do número de clientes.

2.4. Para se efectivar um despedimento por extinção de posto de trabalho, é necessário o cumprimento do disposto sobre esta matéria nos artigos 402.o a 404.o do Código do Trabalho, assim como a observância do

procedimento previsto nos artigos 423.oa 425.odo mesmo diploma.

2.5. Para efeitos do artigo 403.odo Código do Trabalho, o despedimento por extinção do posto de trabalho só pode ter lugar desde que cumulativa- mente se verifiquem os seguintes requisitos:

– Os motivos indicados não sejam devidos a uma actuação culposa do empregador ou do trabalhador;

– Seja praticamente impossível a subsistência da relação de trabalho; – Não se verifique a existência de contratos a termo para as tarefas

correspondentes às do posto de trabalho extinto;

– Não se aplique o regime previsto para o despedimento colectivo; – Seja posta à disposição do trabalhador a compensação devida. 2.5.1. De acordo com a alínea c) do n.o1 do artigo 98.oda Lei n.o35/

/2004, de 29 de Julho, no caso de despedimento por extinção do posto de trabalho de trabalhadora grávida, o processo deve ser remetido à CITE, depois das consultas referidas nos n.os 1 e 2

do artigo 424.odo Código do Trabalho.

Nos termos constantes do processo remetido a esta Comissão, afigura-se que se encontram preenchidos os requisitos impostos para o despedimento por extinção do posto de trabalho (artigo 403.odo Código do Trabalho), não constando qualquer pronúncia

da trabalhadora que indicie o contrário.

2.6. Conforme resulta do quadro de pessoal, junto a este processo, foram respeitados os critérios estabelecidos no n.o2 do artigo 403.odo Código

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do Trabalho, relativamente à escolha do trabalhador com menor antigui- dade no posto de trabalho.

2.7. Verifica-se que foi realizada a comunicação prevista no n.o 2 do artigo

423.o do mesmo Código, cumprindo-se, assim, o princípio do contra-

ditório.

2.8. A Constituição e a lei proíbem qualquer discriminação com base no sexo.

O artigo 51.odo Código do Trabalho, ao concretizar este princípio, esta-

belece uma especial protecção às trabalhadoras grávidas de modo a prevenir qualquer discriminação com base no sexo em virtude da sua maternidade.

Ainda que, no caso de despedimento por extinção de posto de trabalho, a lei não determine a existência de uma presunção legal, apenas ilidível com apresentação de prova em contrário, a especial protecção consagra sim, na mesma lei, uma obrigação que impende sobre a entidade empre- gadora: a de fundamentar objectivamente as medidas adoptadas, com vista a afastar a possibilidade de estas se afigurarem como menos favo- ráveis a uma trabalhadora pelo facto de se encontrar grávida.

Uma vez que a entidade empregadora cumpre os requisitos legais para despedir a trabalhadora com base na extinção do posto de trabalho, considera-se que fundamenta objectivamente a medida adoptada, não se afigurando, por esse motivo, a existência de discriminação com base no sexo em virtude da maternidade.

III – CONCLUSÃO

3.1. Em face do exposto, a CITE emite parecer favorável ao despedimento, por extinção do posto de trabalho da trabalhadora grávida, …, promo- vido pela empresa …, L.da.

APROVADO POR UNANIMIDADE DOS MEMBROS PRESENTES NA REUNIÃO DA CITE DE 29 DE JANEIRO DE 2007

PARECER N.o10/CITE/2007

Assunto: Parecer prévio ao despedimento de trabalhadora puérpera, nos termos do

artigo 51.odo Código do Trabalho e da alínea c) do n.o1 do artigo 98.o

da Lei n.o35/2004, de 29 de Julho

Processo n.o2 – DP-E/2007

III – OBJECTO

1.1. Em 3 de Janeiro de 2007, a CITE recebeu carta registada da Senhora Presidente do Conselho de Administração … que … por motivos econó-

micos nos vimos forçados a extinguir alguns lugares de vendedoras do nosso estabelecimento de … , um dos quais ocupado por … , com a categoria profissional de 1.a Caixeira, na situação de trabalhadora puérpera.

1.2. Na referida carta, a administração justifica a sua posição em virtude da necessidade de a empresa de reduzir os seus efectivos e custos, por estar a crise de mercado a influenciar a viabilidade da empresa, atento o decréscimo de vendas.

1.3. Evoca ainda elevada redução de facturação.

1.4. Refere ainda o prejuízo resultante da concorrência chinesa no mercado nacional.

1.5. Em 11 de Janeiro de 2007, verificou-se que o processo não se encon- trava devidamente instruído, pelo que se contactou telefonicamente a empresa/recursos humanos, no sentido de solicitar os documentos instrutórios do mesmo. O referido pedido foi reiterado por fax, tendo sido concedido um prazo de 5 dias para o efeito.

1.6. Em 16 de Janeiro de 2007, a empresa enviou alguns documentos instru- tórios a saber:

– Ficha da trabalhadora;

– Contrato de trabalho a termo certo; – Aditamento ao contrato de trabalho;

– Carta dirigida à trabalhadora comunicando a extinção do posto de trabalho.

1.7. Foi levado a efeito novo contacto com a empresa solicitando, nomeada- mente, documentos relativos à sua situação económica e financeira, os quais foram enviados no dia 22 de Janeiro p.p.

1.8. Constatou-se, mais uma vez, falta de documentos de suporte relativos à sustentabilidade da situação económica e financeira da empresa.

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Solicitou-se, via e-mail, o balancete analítico e respectivas contas de gerência relativas aos anos constantes do documento de justificação elaborado, parecer do Conselho Fiscal ou revisor oficial de contas e acta do Conselho de Administração a atestar e sustentar a situação econó- mica difícil da empresa.

1.9. Em 24 de Janeiro de 2007, a CITE recebeu a documentação solicitada. 1.10. Em 22 de Janeiro de 2007, foi enviada carta à trabalhadora, dando conhe-

cimento do pedido de parecer solicitado a esta Comissão.

1.11. Enviou-se carta à empresa, também em 22 de Janeiro de 2007, no sentido de saber se a trabalhadora tinha ou não respondido à carta que lhe fora dirigida pela empresa em 22 de Dezembro de 2006.

III – ENQUADRAMENTO JURÍDICO

Compulsado todo o processo e não obstante todas as diligências no sentido de a empresa enviar os elementos instrutórios deste processo, a verdade é que, até agora, com os documentos disponíveis enviados, podemos sustentar que, efectivamente, os requisitos cumulativos previstos no artigo 403.o do Código

do Trabalho não estão todos cumpridos. Ora, vejamos:

2.1. A empresa alega dificuldades económicas e, efectivamente, essa situação vem plasmada no último dossier financeiro enviado em 23 de Janeiro de 2007 e ainda na acta n.o 1 do Conselho de Administração de 2006, onde

se refere o … resultado líquido negativo de um milhão seiscentos e trinta

e sete mil quinhentos e um euros e trinta e nove cêntimos.

2.2. A empresa afirma na carta que dirigiu à CITE em 22 de Dezembro p.p. …

trata-se de funcionária de menor antiguidade naquele estabelecimento,

mas nada demonstra quanto a este facto.

2.3. Por outro lado, o n.o 2 do artigo 403.odo Código do Trabalho determina

que, na concretização de postos de trabalho a extinguir, devem ser obser- vados, por referência aos respectivos titulares, os critérios, pela ordem referida:

– Menor antiguidade no posto de trabalho; – Menor antiguidade na categoria profissional; – Categoria profissional de classe inferior; – Menor antiguidade na empresa.

Porque a verificação de todos os requisitos tem de ser cumulativa, a falta de qualquer deles acarreta a nulidade da cessação do contrato.

Salienta-se ainda que a expressão usada no n.o1 do artigo 403.odo Código do

Trabalho só pode ter lugar acentua, de forma inequívoca, a natureza tipifica- dora taxativa do preceito legal enunciado.

A extinção do posto de trabalho por motivos económicos ou de mercado só se justifica se existir uma comprovada redução da actividade resultante da procura ou impossibilidade da colocação dos produtos no mercado.

Mesmo que se verifiquem os motivos económicos ou de mercado (como é o

caso objecto deste pedido de parecer prévio), a extinção do posto de trabalho

só é possível se se verificarem cumulativamente os requisitos enunciados no artigo 403.odo Código do Trabalho.

III – CONCLUSÃO

Face ao que antecede

– Pese embora a empresa afirme que se trata da funcionária de menor antigui- dade no estabelecimento, não foi enviada documentação que sustente essa afirmação.

– E, mesmo admitindo que assim seja, é necessário que a funcionária seja a de menor antiguidade no posto de trabalho, na categoria, na classe profis- sional e na empresa, observando a ordem estabelecida.

– A empresa enviou documentação, que pode atestar a sua difícil situação económica, mas isso, por si só, não sustenta a extinção do posto de trabalho da puérpera … Assim, entende-se que não ficou provado que o requisito do n.o2 do artigo 403.odo Código do Trabalho tivesse sido observado.

– Em face do exposto, e por não se demonstrarem observados, cumulativa- mente, os requisitos previstos no disposto do artigo 403.o do Código do

Trabalho, não estão reunidas as condições para promover o despedimento por extinção do posto de trabalho, pelo que a CITE – Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, não é favorável ao despedimento da trabalhadora puérpera …

APROVADO POR UNANIMIDADE DOS MEMBROS PRESENTES NA REUNIÃO DA CITE DE 29 DE JANEIRO DE 2007

RESPOSTA À RECLAMAÇÃO DO PARECER N.o10/CITE/2007

Assunto: Parecer prévio nos termos do n.o1 do artigo 51.odo Código do Trabalho

e da alínea c) do n.o1 do artigo 98.o da Lei n.o35/2004, de 29 de Julho

Processo n.o2 – DP-E/2007

III – OBJECTO

1.1. Em 3 de Janeiro de 2006, a CITE recebeu da Senhora Presidente do Conselho de Administração do … reclamação do Parecer n.o 10/CITE/

/2007, sucintamente, com os seguintes fundamentos:

a) … se se observar com atenção, o mapa do Quadro de Pessoal que

enviamos, pode verificar esse facto real. E não temos outra forma de o demonstrar, além do Quadro de Pessoal que pode ser presente a qualquer inspecção do Estado ou mesmo de accionistas.

b) Referem ainda não concordar que a falta dos requisitos cumulativos previstos no n.o 2 do artigo 403.o do Código do Trabalho acarrete

a nulidade de cessação do contrato, dado que a interpretação da empresa é a de que … havendo na Secção ou estrutura equiva-

lente uma pluralidade de postos de trabalho de conteúdo idêntico, o empregador, na concretização de postos de trabalho a extinguir, deve observar, por referência aos respectivos titulares, os critérios a seguir indicados, pela ordem estabelecida. Foi aquilo que fizemos com as três funcionárias, cujos postos de trabalho se pretende extinguir.

c) Reiteram ainda razões financeiras que impossibilitam a integração da trabalhadora noutro lugar.

III – ENQUADRAMENTO JURÍDICO

2.1. A CITE é uma entidade que tem por objectivo promover a igualdade e não discriminação entre homens e mulheres no trabalho, no emprego e na formação profissional, a protecção da maternidade e da paternidade e a conciliação da actividade profissional com a vida familiar, no sector privado e no sector público.

Obedece a uma composição tripartida, constituída por representantes do Estado, representantes das associações sindicais e representantes das associações empregadoras.

Esta Comissão, sua composição e respectivas competências encontram- -se previstas na Lei n.o 35/2004, de 29 de Julho, diploma que regula-

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2.2. Uma das competências afectas a esta comissão é a emissão de pareceres prévios ao despedimento de trabalhadora grávida, puérpera ou lactante, nos termos da alínea e) do artigo 496.o da Lei n.o 35/2004, de 29 de

Julho, aplicando-se na sua emissão a lei que a prevê e regula a sua elaboração.

2.3. No caso de parecer desfavorável ao despedimento, e após a alteração legislativa operada pela Lei n.o 142/99, de 31 de Agosto, encontra-se

prevista a possibilidade da confirmação judicial da decisão de despedi- mento, por recurso ao Tribunal do Trabalho para reconhecimento da causa justificativa do despedimento, independentemente da natureza jurídica dos actos praticados por esta Comissão.

2.4. Não obstante tratar-se de um procedimento previsto em sede laboral, a CITE tem aceite a possibilidade das partes apresentarem reclamação das suas deliberações, concedendo a possibilidade de alegarem qualquer incorrecção ou ilegalidade, que, por hipótese, possa ter ocorrido no exercício das competências que lhe estão atribuídas.

2.5. Em face da reclamação apresentada pela empresa, a CITE analisou a carta/reclamação e, neste contexto, considera que:

A – Quanto aos requisitos, previstos no n.o2 do artigo 403.odo Código

do Trabalho:

2.6. Conforme ficou referido, a CITE, quando exerce a competência que vem determinada na e) do n.o 1 do artigo 496.o da Lei n.o 35/2004, de

29 de Julho, referente à emissão de parecer prévio ao despedimento de trabalhadora grávida, puérpera ou lactante, rege-se pelas normas do Código do Trabalho e respectiva regulamentação.

2.7. Assim, os critérios previstos no artigo 403.o, nos seus n.os 2 e 4, foram

fixados de forma imperativa, razão pela qual são estes os critérios a que deve obedecer a selecção dos postos de trabalho a extinguir.

2.8. Neste sentido, vai o acórdão da Relação de Lisboa de 14/01/1998 …

I – A extinção de posto de trabalho por motivos económicos ou de mercado, tecnológicos relativos à empresa só determina a cessação do contrato de trabalho se se verificarem cumulativamente os seguintes requisitos: os motivos indicados não sejam imputáveis a culpa do empregador ou do trabalhador; seja praticamente impossível a subsis- tência da relação de trabalho; não existência na empresa de trabalha- dores contratados a termo para a realização de tarefas correspondentes à do posto extinto; não se aplique o regime do despedimento colectivo; seja aposta à disposição do trabalhador cujo posto de trabalho seja extinto a compensação devida. II – A falta de qualquer um destes requi-

sitos implica a ilicitude da cessação do contrato. III – O ónus da prova da verificação daqueles requisitos cabe à entidade patronal.

B – Quanto à possibilidade de junção dos documentos instrutórios e verificação dos pressupostos de cessação do contrato por extinção do posto de trabalho:

2.9. Quando o artigo 51.o do Código do Trabalho prevê uma especial

protecção das trabalhadoras grávidas, puérperas ou lactantes distingue entre o despedimento por facto imputável à trabalhadora e as restantes modalidades de despedimento contempladas no artigo 98.o da Lei

n.o 35/2004, de 29 de Julho, no qual se encontra referido o despedi-

mento por extinção do posto de trabalho.

Para qualquer uma das modalidades de despedimento previstas nesse artigo 98.o, o pedido de emissão de parecer prévio à CITE é obrigatório,

sob pena de invalidade desse mesmo despedimento.

E para qualquer uma das modalidades de despedimento aí designadas, a CITE terá de averiguar da existência de indícios de discriminação com base no sexo, em virtude da maternidade, uma vez que são essas as atri- buições e competências que lhe estão atribuídas por lei nos artigos 494.o

e alínea e) do artigo 496.oda Lei n.o35/2004, de 29 de Julho.

2.10. Quando a lei estabelece uma presunção, como é o caso do despedimento por facto imputável à trabalhadora grávida, puérpera ou lactante, resulta, como bem esclarece o artigo 350.o do Código Civil, que as presunções

legais podem, todavia, ser ilididas mediante prova em contrário.

Assim, no caso do despedimento por facto imputável à trabalhadora, a entidade empregadora tem de apresentar prova em contrário, ou seja, prova em como aquela trabalhadora não está a ser despedida sem justa causa.

Quando está em causa a análise de um processo de despedimento numa das outras modalidades, previstas no aludido artigo 98.o, não é exigível

prova de factos que conduzam à ilação de uma presunção que não existe. O que se exige é a fundamentação e demonstração objectiva das medidas adoptadas pela empresa que afastem qualquer possibilidade de as mesmas poderem ser, ou poderem parecer, menos favoráveis a uma trabalhadora por motivos da sua maternidade.

Se assim não fosse, não se entenderia a razão pela qual o legislador determinou uma especial protecção a estas trabalhadoras, mesmo no caso de virem a ser incluídas num processo de despedimento por extinção do posto de trabalho.

2.11. Quando o processo de despedimento é enviado à CITE, deve conter todos os elementos determinados no artigo 98.o da lei que regula-

No documento Pareceres da CITE no ano de 2007 (páginas 72-87)

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