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APROVADO POR MAIORIA DOS MEMBROS PRESENTES NA REUNIÃO DA CITE DE 14 DE FEVEREIRO DE 2007, COM OS VOTOS CONTRA

No documento Pareceres da CITE no ano de 2007 (páginas 109-117)

I II – ENQUADRAMENTO JURÍDICO Direito Comunitário

APROVADO POR MAIORIA DOS MEMBROS PRESENTES NA REUNIÃO DA CITE DE 14 DE FEVEREIRO DE 2007, COM OS VOTOS CONTRA

DAS REPRESENTANTES DA CGTP – CONFEDERAÇÃO GERAL DOS TRABALHADORES PORTUGUESES E DA UGT – UNIÃO GERAL DE TRABALHADORES, QUE APRESENTOU A SEGUINTE DECLARAÇÃO DE VOTO:

A UGT vota desfavoravelmente este projecto de parecer, pois considera que na situação em apreço a trabalhadora estava afectada física e psicologicamente, em virtude de um descolamento da placenta. Mais, entendemos que, nesta situação, a sanção disciplinar a aplicar poderia ser menos gravosa e proporcional ao facto praticado.

PARECER N.o15/CITE/2007

Assunto: Parecer prévio ao despedimento de trabalhadora lactante, nos termos do

artigo 51.odo Código do Trabalho e da alínea c) do n.o1 do artigo 98.o

da Lei n.o35/2004, de 29 de Julho

Processo n.o19 – DL-E/2007

III – OBJECTO

1.1. Em 16 de Janeiro de 2007, a CITE recebeu carta registada do Senhor Presidente da Direcção do …, dizendo que … por força das circuns-

tâncias vem-nos na necessidade de proceder a extinção de posto de trabalho que no caso concreto atinge, pelos critérios a Senhora … , actualmente lactante.

1.2. A instituição … é definida pelo seu presidente como Associação Social – IPSS n.o …, que desenvolve as suas actividades na área social, sem

alojamento.

1.3. Na referida carta, o Presidente da Direcção justifica a sua posição …

em virtude dos valores/receitas de Novembro seguirem as tendências de Outubro de 2006.

1.4. Evoca ainda o decréscimo de utentes, não o quantificando e desconhe- cendo-se o rácio de que partiu a Instituição.

1.5. Refere ainda a fls. 2 da informação de 2 de Janeiro de 2007, que está a

agir de boa fé e que em face dos resultados financeiros se torna impos- sível a subsistência da relação de trabalho …

1.6. Em 1 de Fevereiro de 2007, encetaram-se vários contactos telefónicos com o espaço … sem sucesso, dado que o telefone se encontra fora de

serviço (à data da elaboração do parecer).

1.7. Ainda nesse dia foi expedida carta urgente solicitando informações complementares, a saber:

– Número de utentes no ano lectivo de 2005/2006 e 2006/2007; – Plano de actividades dos anos lectivos 2005/2006 e 2006/2007; – Relatório financeiro relativo ao ano de 2005 e 2006, donde conste o

parecer do técnico oficial de contas e a aprovação da trabalhadora; – Morada da trabalhadora.

1.8. Até à data da elaboração deste projecto de parecer, não obtivemos qual- quer resposta por parte da Direcção nem foi recebida qualquer outra documentação ou justificação adicional, já solicitada.

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1.9. Também não foi possível contactar a trabalhadora porque não nos foi fornecido o seu contacto pela entidade empregadora, pese embora a nossa solicitação nesse sentido.

1.10. Constatando inúmeras fragilidades procedimentais neste processo ao nível instrutório, foram solicitados esclarecimentos ao Centro Distrital da Segurança Social de …

1.11. Do e-mail, recebido em 9 de Fevereiro de 2007, resulta que Relativa-

mente aos dados solicitados, somos a informar que a Instituição a que se refere é IPSS estando registada com o n.o … de … a funcionar na Av. … , em … , desenvolve actividade de Creche, não possuindo acordos de Cooperação. Desconhece-se o n.ode utentes que frequentam a IPSS. Tratando-se de uma actividade lucrativa, esta deve reger-se pelo Dec.- -Lei n.o133-A/97de, 30 de Maio, Despacho Normativo 99/89, de 27 de Outubro – Actividades de Creche e Despacho Normativo 96/89 – Activi- dades de ATL.

III – ENQUADRAMENTO JURÍDICO

2.1. O acesso ao emprego em condições de igualdade é um direito consa- grado na Constituição da República Portuguesa e assegurado através de legislação específica. Também o direito a especial protecção durante a gravidez e após o parto, incluindo a dispensa do trabalho por período adequado, sem perda de retribuição ou de quaisquer regalias, nos termos do disposto no n.o 3 do artigo 68.oda Constituição da República Portu-

guesa, encontra especial acolhimento no ordenamento jurídico nacional, nomeadamente no Código do Trabalho e na Lei regulamentadora. 2.2. Como consequência do princípio constitucional indicado, sempre que

se mostre necessário promover um despedimento individual, a entidade empregadora tem sempre que formalizar por escrito, com a invocação individualizadora das infracções praticadas.

2.3. O despedimento de uma trabalhadora grávida, puérpera ou lactante presume-se feito sem justa causa, e só pode ser concretizado, após ter sido dado o prévio parecer da CITE, e se este for desfavorável, o despe- dimento só pode ocorrer após decisão judicial que reconheça a exis- tência do motivo justificativo.

2.4. A regulamentação da protecção no despedimento encontra-se prevista no n.o 1 do artigo 51.o do Código do Trabalho, e o não respeito pelas

regras estabelecidas pode indiciar a existência de discriminação.

2.5. O recurso ao despedimento por extinção do posto de trabalho continua dependente de um apertado conjunto de requisitos substanciais e proces-

suais, que obriga o empregador a ter especiais cautelas no cumprimento das diversas regras subjacentes a este procedimento.

2.6. Assim, compulsado todo o processo e não obstante todas as diligên- cias pela Comissão no sentido de a Associação enviar os elementos documentais por forma a esclarecer as dúvidas suscitadas no decurso da apreciação instrutória deste processo, a verdade é que, até agora, com os documentos disponíveis, podemos sustentar que, efectivamente, os requisitos cumulativos previstos no artigo 403.o do Código do Trabalho

não estão todos cumpridos. Senão vejamos:

A empresa alega dificuldades económicas e, efectivamente, essa situação vem de alguma forma plasmada no sintético relatório de contas. Refere um saldo negativo de € 320,18 no mês de Setembro de 2006 e igual saldo negativo em Outubro de 2006 (curiosamente menor), de € 149,11, apresentando uma previsão negativa de € 344,50.

Ora, invocando a entidade patronal motivos económicos para justificar a extinção do posto de trabalho desta trabalhadora, cabe-lhe o ónus da prova desses motivos, bem como do cumprimento de todos os trâmites legais, que, com fundamento nela, determinam a cessação do contrato. Da apreciação do documento, resulta que as receitas médias mensais são sensivelmente de € 5.000 e as despesas, igualmente, de € 5.000. Não sabemos de que rácio de utentes parte a instituição, nem tão pouco nos é apresentado um relatório financeiro consistente que prove inequi- vocamente um deficit financeiro sustentado que legitime tal despedi- mento, invocando extinção de posto de trabalho.

2.7. Por outro lado, o n.o2 do artigo 403.odo Código do Trabalho determina

que, na concretização de postos de trabalho a extinguir, devem ser observados, por referência aos respectivos titulares, os critérios, pela ordem referida:

– Menor antiguidade no posto de trabalho; – Menor antiguidade na categoria profissional; – Categoria profissional de classe inferior; – Menor antiguidade na empresa.

Efectivamente, este requisito encontra-se cumprido dado que a traba- lhadora … é a de menor antiguidade no posto de trabalho, na categoria profissional, de classe inferior e de menor antiguidade na empresa. Mas, tratando-se de um ATL, do qual desconhecemos as idades das crianças, variável determinante no sentido de apurar o número de auxiliares de acção de educativa necessárias para o cumprimento do Despacho Normativo 99/89, de 27 de Outubro, e dado relevante no

sentido de apurar eventual discriminação na extinção do posto de trabalho desta trabalhadora lactante, fica em aberto o modo como vai esta Associação dar cabal continuidade à sua acção educativa, dado que afirma pretender continuar a sua actividade.

2.8. Por último, sabemos que esta instituição, embora invoque a condição de IPSS, efectivamente não levou por diante o processo que lhe permitiria beneficiar de acordos de cooperação com a Segurança Social, que natu- ralmente a ajudariam a minimizar eventuais prejuízos.

2.9. Efectivamente, a comprovada redução da actividade da empresa pres- supõe uma substancial redução de rendimentos, não se verificando este fundamento, dado que só se provou um deficit que, no cômputo de € 5000, não passa de uma minudência …, de € 344,50, que são apenas um ligeiro decréscimo na actividade lucrativa

Para a extinção do posto de trabalho, não basta apenas uma decisão da entidade patronal, sendo necessário que esta cumpra o formalismo legal previsto para a extinção, o qual, no caso sub judice, claramente não se encontra cumprido.

III – CONCLUSÃO

3.1. Na sequência de todo o exposto, concluiu-se que não se encontram preenchidos os requisitos cumulativos previstos no disposto no artigo 403.odo Código do Trabalho, para a extinção do posto de trabalho por

motivos económicos.

3.2. Concluindo-se, assim, que o despedimento, a ocorrer, constituirá uma prática discriminatória em função do sexo, a Comissão entende haver razão para emitir parecer desfavorável ao despedimento da trabalhadora, …, dado que os motivos invocados pela Associação são manifestamente insuficientes, para sustentar a extinção do posto de trabalho por motivos económicos.

APROVADO POR UNANIMIDADE DOS MEMBROS PRESENTES NA REUNIÃO DA CITE DE 14 DE FEVEREIRO DE 2007

PARECER N.o16/CITE/2007

Assunto: Parecer prévio ao despedimento de trabalhadora puérpera, nos termos do

n.o 1 do artigo 51.o do Código do Trabalho, conjugado com a alínea a)

do n.o1 do artigo 98.oda Lei n.o35/2004, de 29 de Julho

Processo n.o86 – DP/2007

III – OBJECTO

1.1. Em 5 de Março de 2007, a CITE recebeu um pedido de parecer nos termos da legislação mencionada em epígrafe, formulado pela …, S.A., quanto à sua trabalhadora puérpera …

1.2. O pedido de parecer prévio ao despedimento chegou acompanhado de cópia do processo disciplinar instaurado à arguida.

1.3. Dado não constar do processo disciplinar informação sobre o estado da trabalhadora, foi solicitado o seu envio à direcção da empresa.

1.4. A referida informação foi recebida na CITE, em 13 de Março de 2007. 1.5. A trabalhadora, que exerce as funções inerentes à categoria profissional de preparadora de roupa, foi admitida ao serviço da arguente, em 1 de Abril de 2005, para praticar … um horário de trabalho compreendido

entre as 17:00 horas e as 02:00 horas de domingo a quinta-feira.

1.6. A acusação feita à trabalhadora e constante da nota de culpa refere-se a faltas injustificadas, dadas pela mesma, no período compreendido entre 5 de Janeiro de 2006 e 1 de Novembro de 2006 (05/01, 12/07, 14/03, 25/05, 12/06, 27/06, 28/06, 06/08, 16/08, 05/09, 21/10 e 01/11), totali- zando 11 dias de trabalho.

1.7. Da mencionada acusação, consta ainda que a trabalhadora não comu- nicou previamente ou posteriormente as faltas dadas, nem apresentou qualquer justificação para tal, o que levou a entidade patronal a consi- derar as faltas injustificadas, atendendo a que as faltas justificadas, quando previsíveis, serão obrigatoriamente comunicadas ao empregador com a antecedência mínima de 5 dias, e quando imprevisíveis, serão comunicadas ao empregador, logo que possível (Cfr. n.os1 e 2 do artigo

228.odo Código do Trabalho).

1.8. O não cumprimento do constante nas normas citadas torna as faltas injustificadas, nos termos do disposto no n.o6 do artigo 229.odo Código

1.9. Mais consta da acusação que a trabalhadora arguida, ao não justificar as faltas dadas, violou o dever de assiduidade, previsto na alínea b) do n.o1 do artigo 121.odo Código do Trabalho.

1.10. Acresce ainda que, segundo o disposto nos n.os 1, 2 e 3, alínea g), do

artigo 396.o do Código do Trabalho, … constitui justa causa de despe-

dimento o comportamento culposo do trabalhador que, pela sua gravi- dade e consequências, torne imediata e praticamente impossível a subsistência da relação de trabalho, designadamente quando o número de faltas injustificadas atinge, em cada ano, 10 faltas interpoladas, independentemente de qualquer prejuízo ou risco …

1.11. Face ao que antecede, o comportamento da trabalhadora quebrou a relação de confiança subjacente ao contrato de trabalho e impossibilitou a subsistência do vínculo laboral, o que constitui justa causa de despedi- mento, nos termos dos n.os1, 2, e 3, alínea g), do artigo 396.odo Código

do Trabalho.

1.12. A entidade patronal fixou à trabalhadora um prazo de 10 dias úteis, para, querendo, responder por escrito e requerer quaisquer diligências probatórias.

1.13. A trabalhadora não respondeu à nota de culpa, apesar de ter sido devida- mente notificada para o fazer.

III – ENQUADRAMENTO JURÍDICO

2.1. No que se refere a matéria sobre protecção no despedimento de uma trabalhadora grávida, puérpera ou lactante, em conformidade com a legislação comunitária, nomeadamente com a Directiva 76/207, na redacção dada pela Directiva 2002/73/CE, e com a Directiva 92/85/CEE do Conselho, de 19 de Outubro de 1992, a legislação nacional prevê uma protecção especial no despedimento de estas trabalhadoras, ao consagrar a obrigatoriedade de o empregador (e não da trabalhadora) solicitar parecer prévio da CITE, sempre que pretenda despedir uma trabalhadora neste estado.

O despedimento por facto imputável àquelas trabalhadoras presume-se feito sem justa causa, devendo o empregador apresentar prova em contrário, ou seja, prova em como aquela trabalhadora não está a ser despedida sem justa causa (Cfr. n.o 2 do artigo 51.o do Código do

Trabalho).

É neste enquadramento que importa verificar se foi comprovada alguma acusação contra a trabalhadora que justifique a aplicação da sanção de despedimento.

Com efeito:

2.2. O empregador não apresentou depoimentos de testemunhas ou documentos que comprovem as acusações que imputa à trabalhadora, constantes dos pontos n.os4 a 7 da nota de culpa.

2.3. Cabe ainda referir que o artigo 228.o(n.os1 e 2) do Código do Trabalho,

sob a epígrafe Comunicação da falta justificada, estabelece que, quando imprevistas, as faltas justificadas serão obrigatoriamente comunicadas à entidade patronal, logo que possível. Quando previstas, são comuni- cadas ao empregador com a antecedência mínima de cinco dias.

Em caso de incumprimento das obrigações previstas nos n.os 1 e 2 do

artigo 228.odo Código do Trabalho, as faltas são consideradas injusti-

ficadas, de acordo com o disposto no n.o 6 do artigo 229.o do referido

código.

2.4. Quanto ao alegado pela arguente – que o comportamento da trabalha- dora se encontra enquadrado nos termos conjugados dos n.os 1, 2 e 3,

alínea g), do artigo 396.o do Código do Trabalho – ainda que a traba-

lhadora tivesse eventualmente faltado nos dias indicados nos autos, o comportamento da trabalhadora não constituiria justa causa de despe- dimento, uma vez que não se encontram reunidos os requisitos previstos nos n.os 1 e 2 do mencionado preceito legal, devido ao facto de a

arguente não ter demonstrado que o comportamento da arguida impossi- bilitou a relação laboral, conforme tem sido entendimento da jurispru- dência, designadamente a colhida no Acórdão do STJ de 15/02/2006, proferido no processo n.o 0552844, que refere: O comportamento

previsto no artigo 9.o, n.o 2, al. g) da LCCT (faltas não justificadas ao trabalho que determinem directamente prejuízos ou, independentemente de qualquer prejuízo ou risco, quando o número de faltas injustificadas atingir, em cada ano, cinco seguidas ou dez interpoladas) não implica a verificação automática da justa causa de despedimento, impondo-se averiguar do preenchimento da cláusula geral contida no n.o1 do mesmo preceito (actualmente n.o1 do artigo 396.odo Código do Trabalho).

III – CONCLUSÃO

3.1. O empregador não apresentou depoimentos de testemunhas ou documentos que comprovem as acusações que imputa à trabalhadora, constantes dos pontos n.os4 a 7 da nota de culpa.

3.2. Ainda que os factos constantes da nota de culpa se encontrassem comprovados, para haver justa causa de despedimento teriam que estar reunidos os requisitos previstos nos n.os1 e 2 do artigo 396.odo Código

3.3. Face ao que antecede, considera-se que a empresa …, S.A., não ilidiu a presunção constante do n.o2 do artigo 51.odo Código do Trabalho, e,

nestes termos, o parecer é desfavorável ao despedimento da trabalhadora puérpera …

APROVADO POR UNANIMIDADE DOS MEMBROS PRESENTES NA

No documento Pareceres da CITE no ano de 2007 (páginas 109-117)

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