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Aproximações entre arquivos e educação: sujeitos e discursos

No manual para professores publicado no site do Archivo Nacional de Chile (2009) lemos que seu projeto educativo visa aproximá-lo das escolas, para assim difundir entre as comunidades escolares a função arquivística e o patrimônio custodiado pelo Arquivo Nacional chileno, contribuindo dessa maneira para o fortalecimento da consciência patrimonial das novas gerações:

Figura 17. Página do Arquivo Nacional do Chile: Mision, sublink de Nuestra Institución/

Esta iniciativa se funda en las necesidades que surgen en la sociedad chilena actual en torno al patrimonio y la educación. En primer lugar, responde a la tendencia social de revalorización de los bienes patrimoniales y, luego, a las visiones de sociedad educativa, las cuales proponen e impulsan que otros actores y no solo la escuela asuman responsabilidades en la función de enseñar. En ese marco, todos los agentes sociales, particularmente las instituciones culturales públicas, adquieren un compromiso educativo que se relaciona con el acceso a la cultura y al patrimonio. Estas visiones están en coherencia con los lineamientos estratégicos del Archivo Nacional, que apuntan, por una parte, hacia el fortalecimiento de su misión en el quehacer cultural del país y, por otra, hacia la valoración del patrimonio documental público y privado, a fi n de proteger los derechos de la ciudadanía, guardar la memoria e impregnar en la comunidad nacional el valor social que involucra la conservación, organización y uso de los documentos de archivo; materia especialmente relevante para una sociedad que perfecciona su sistema democrático. 1 (2009, p.3)

Na leitura desse manual docente podemos perceber, em poucos parágrafos, os principais argumentos presentes na aproximação entre escolas e arquivos na atualidade, em relação à educação patrimonial, e, também, quanto à educação para a cidadania. Em seguida, vêm publicados os argumentos relativos às suas conexões com o ensino de História:

Por otra parte, la utilización de los bienes patrimoniales como recurso educativo, se relaciona con los nuevos enfoques que orientan las herramientas curriculares del área de Historia y Ciencias Sociales (Marco Curricular, Mapas de Progreso y 1 Esta iniciativa está fundada nas necessidades que surgem na sociedade chilena atual, relativas ao patrimônio e à educação. Em primeiro lugar, responde à tendência social de revalorização dos bens patrimoniais e, portanto, às visões de sociedade educativa, que propõem e impulsionam outros atores, e não só a escola, a assumirem responsabilidades sobre a função de ensinar. Neste quadro, todos os agentes sociais, particularmente as instituições culturais públicas, assumem um compromisso com a educação, relacionado ao acesso à cultura e ao patrimônio.

Estes pontos de vista são consistentes com as diretrizes estratégicas do Arquivo Nacional, visando, em primeiro lugar, reforçar a sua missão nas atividades culturais do país e, por outro, valorizar o patrimônio documental público e privado, a fi m de proteger os direitos dos cidadãos, preservar a memória e inculcar na comunidade nacional o valor social que envolve a organização, conservação e uso de documentos de arquivo; matéria particularmente relevante para uma sociedade que aperfeiçoa seu sistema democrático.

Ajuste Curricular) y con las concepciones más innovadoras y progresistas acerca de cómo se enseña / aprende el contenido social, cultural e histórico. Los y las estudiantes aprenden la historia en la medida que son capaces de comprender algunas categorías centrales de la disciplina (dimensión temporal, dimensión espacial, continuidad / cambio, multicausalidad). La comprensión de estos elementos disciplinares requiere, en el nuevo contexto educativo, que sean los propios estudiantes quienes elaboren el conocimiento, para lo que el manejo de fuentes resulta ser una habilidad elemental de subsector de aprendizaje.

El manejo y análisis de fuentes permite a los y las estudiantes poner en práctica la reconstrucción del pasado y potenciar su capacidad crítica frente al conocimiento histórico que están aprendiendo. En este proceso de aprendizaje, las fuentes históricas (primarias y secundarias) se transforman en un elemento didáctico central, ya que constituyen la base para desarrollar algunas de las habilidades que resultan capitales para la reconstrucción histórica, como la indagación, la contrastación y la reelaboración de interpretaciones históricas, las cuales, fi nalmente, apuntan a un aprendizaje signifi cativo y de calidad.2 (2009, p.3)

A preocupação de integração entre arquivos e ensino não é recente: segundo Calzada i Olivella (2007), o serviço educativo nos arquivos franceses é resultado de uma criação de longo termo, desde a concepção de patrimônio advinda com a Revolução Francesa. Essa visão coincide com as pesquisas de Françoise Choay (2006) sobre patrimônio e, também,

2 Por outro lado, a utilização dos bens patrimoniais como recursos educativos relaciona-se com os novos enfoques que orientam as ferramentas curriculares da área de História e Ciências Sociais ( Marco Curricular, Mapas de Progresso e Ajuste Curricular) e com as concepções mais inovadoras e progressistas sobre como se ensina/aprende os conteúdos sociais, culturais e históricos. Os estudantes aprendem a história na medida em que são capazes de compreender algumas categorias centrais da disciplina (dimensão temporal, dimensão espacial, continuidade/ mudança, multicausalidade). A compreensão desses elementos disciplinares requer, no novo contexto educativo, que os próprios estudantes elaborem o conhecimento, e para isso, o manejo de fontes tornou-se uma habilidade fundamental dessa esfera de aprendizagem. O manejo e análise de fontes permite aos estudantes colocar em prática a reconstrução do passado e potencializar sua capacidade crítica frente ao conhecimento histórico que estão aprendendo. Nesse processo de aprendizagem, as fontes históricas (primárias y secundárias) se transformam em um elemento didático central, já que constituem a base para o desenvolvimento de algumas das habilidades fundamentais para a reconstrução histórica, como a interrogação, o cotejo e a reelaboração de interpretações históricas, as quais, por sua vez, estimulam uma aprendizagem signifi cativa e de qualidade.

com as referências apontadas pelos arquivistas franceses em L’action éducative et culturelle

des Archives (Direction des Archives de France, 2007). Em 1890 o Ministério de Educação

francês já mencionava o uso de documentos no ensino de História. A partir da década de 1950, o uso de documentos no ensino formal passou a ser indicado nos documentos do Ministério da Educação francês como parte de uma metodologia “ativa”, em que os estudantes deveriam fazer experiências de pesquisa histórica.

Conforme apontam Bellotto (1991) e Calzada i Olivella (2007), as primeiras experiências de educação em arquivos na França ocorreram na década de 1950, quando foram criados os serviços educativos nos arquivos franceses, “que oferecem aos professores e seus alunos ofi cinas e visitas pedagógicas destinadas a proporcionar a descoberta dos arquivos e dos grandes períodos históricos” (PEGEON, 2012, p. 89). Também na Inglaterra as primeiras experiências de educação nos arquivos iniciam-se na década de 1950 (TAYLOR, 1972, p. 322).Em 1970, o Manuel d’Archivistique, do Arquivo Nacional francês, incluiu o serviço educativo-cultural como parte das funções sociais dos arquivos.

No entanto, o campo de diálogo e ação conjunta entre arquivos e educação vem delineando- se, efetivamente, há apenas algumas décadas. Um estudo abrangente das atividades didáticas desenvolvidas em arquivos, feito por Susanna Vela, foi publicado há cerca de dez anos. Segundo Vela, as ações educativas nos arquivos espanhóis vêm sendo feitas, fundamentalmente, a partir da metade dos anos 80, e concentram-se nos arquivos de âmbito municipal (ALBERCH et al., 2001, p.60).

Segundo a pesquisadora italiana Francesca Cavazzana Romanelli (2000), do Archivo Storico del Patriarcato di Venezia, na Itália os debates sobre a ação educativa nos arquivos iniciaram- se nos anos 70, e em 1985, uma pesquisa revelou que a grande maioria dos arquivos italianos já tinha alguma proposta educativa em curso (ROMANELLI, 2000, p. 268).

No Arquivo Nacional francês (PEGEON, 2012, p.90),

Figura 18. Página inicial do serviço educativo no site do Archives Nationales, França.

que a abordagem se aproximava à de uma aula inaugural – mesmo se o contato com a fonte documental fosse privilegiado–, sucederam, no começo dos anos de 1980, as ofi cinas, nas quais o aluno é colocado mais diretamente em contato com o documento original. Ofi cinas de caligrafi a, sigilografi a ou heráldica, para não citar aquelas que se encontram em todos os serviços educativos de arquivos na França, propõem, após a apresentação do local e da função dos arquivos, uma abordagem teórica da questão escolhida, depois uma reapropriação dos conhecimentos adquiridos pelos alunos na forma de um trabalho técnico ou artístico, apresentado oralmente. O Archives Nacionales dispõe, até o momento, de mais de trinta ofi cinas que compreendem o conjunto dos períodos medieval, moderno e contemporâneo.

Nos países de língua inglesa, há referências ao uso de coletâneas de documentos para fi ns didáticos, nos EUA e na Inglaterra, desde o início do século vinte:

the “source method,” and one of the fi rst leafl ets published by the Historical Association in 1906 dealt with source books. The source method derived from an American development. The 1903 report of the Committee of Seven to the American Historical Association, The Study of History in Schools, called sources “adjuncts to good textbook work.” Source books for schools have continued to roll from the presses ever since.3 (TAYLOR, 1972, p. 318)

Algumas experiências bem sucedidas feitas nos anos 1950 na Inglaterra, em Lancashire e em Essex, são citadas no artigo Clio in the Raw: Archival Materials and the Teaching of

History, de 1972 (p. 322), escrito para a revista The American Archivist por Hugh Taylor,

na época historiador do Arquivo Nacional do Canadá. Taylor, que antes de viver no Canadá havia sido arquivista dos arquivos municipais de Leeds e Liverpool, e do arquivo regional de Northumberland, na Inglaterra, aponta nesse artigo pioneiro os perigos do uso de kits educativos muito estruturados, sob o risco de levar os alunos a leituras e conclusões pré-estabelecidas.

Taylor também aponta, em seu texto, a experiência de aproximação da educação dos documentos de arquivo através de reproduções inseridas nos livros didáticos: nesse contato, o sentido visual restringe-se à página impressa, e os documentos são percebidos como mais uma dessas páginas, de forma confusa, por não poderem ser lidos como textos didáticos. Assim, os estudantes de ensino básico "become the victims of an industrialized and segmented society, consuming so-called knowledge in the form of so-called facts”. Os materiais didáticos, nessa perspectiva, oferecem para consumo, de forma fragmentada e industrializada, um pretenso conhecimento, na forma de “fatos”.

Em contraposição a essas práticas institucionalizadas, o autor descreve de maneira expressiva as possibilidades da experiência do contato de estudantes com os documentos arquivísticos

3 Nas escolas inglesas, o uso de reproduções de fragmentos de documentos, impressos, fi cou conhecido como "metodologia das fontes", e uma das primeiras publicações da Historical Association, em 1906, dizia respeito à publicação de fontes documentais. A metodologia das fontes derivou de uma ação americana. O Relatório de 1903, do "Committee of Seven" para a American Historical Association, The Study of History in Schools, apontou as fontes documentais como complementos do bom trabalho com os livros texto de História. Desde então, têm sido publicados, de forma continuada, livros com seleções de documentos para uso escolar.

reais, percebendo-a em suas dimensões intelectuais e sensíveis:

Let us then consider for a moment the document as a form.

First of all, a document is an artifact—a unique creation brought into being for a specifi c purpose and dependent for its effect upon the arrangement of ink on paper. Handwriting may share space with printer’s type, and the shapes are often irregular. The information it contains will be limited. The reader will be challenged to complete the picture. The texture, size, and shape may have added signifi cance. Even the smell may excite. All the senses will become involved, and we become momentarily whole men as we let the document enter into a dialogue with us at every level of our awareness. No printed text can give this total involvement, and when the document is placed with a thousand of its fellows of the same series, but all in some way different, or is examined within the context of a bound letterbook, the effect can be overwhelming. The meeting is also a personal confrontation with the original, which, for the moment, no one shares with the reader. If this awareness is heightened by content which is relevant and interesting, the relation of history to its principal source and vice versa can readily be perceived and, perhaps, enjoyed.4

(TAYLOR: 1972, p. 319)

Como aponta Taylor, a experiência sensível de leitura de documentos de arquivo implica serem percebidos em seu contexto de produção, imersos em suas séries e correlacionados a outros documentos e séries do mesmo produtor. Também implica serem apreendidos em

4 Consideremos, por um momento, o documento como forma.

Antes de mais nada, o documento é um artefato - uma criação única produzida para um propósito específi co, e dependente, para seu efeito, do arranjo da tinta sobre o papel. A escrita manuscrita pode dividir espaço com a impressa, e suas formas são, frequentemente, irregulares. A informação que ele contém será limitada. O leitor vai ser desafi ado a completar o quadro. A textura, tamanho e forma podem agregar signifi cados. Até o cheiro pode estimular-nos. Todos os nossos sentidos serão envolvidos, e estaremos plenamente presentes, por um momento, na medida em que deixarmos o documento entrar em diálogo conosco em todos os níveis de nossa consciência. Nenhum texto impresso pode dar-nos esse envolvimento total, e quando o documento é colocado com seus mil outros parceiros, das mesmas séries documentais, cada qual deles diferente, de certo modo, ou é examinado a partir do contexto de um livro de registro, o efeito pode ser arrebatador. O encontro é também um confronto singular com o original, que, naquele instante, o leitor não compartilha com mais ninguém. Se essa experiência for ampliada por um conteúdo relevante e interessante, a relação da história com sua principal fonte, e vice versa, pode ser rapidamente percebida, e, talvez, experimentada com prazer

sua materialidade, cheiros, toque, cores e tintas, e no enfrentamento das difi culdades de sua compreensão, sem limpezas, transcrições e outras pontes “facilitadoras” de sua leitura. Essa experiência sensível só é possível na pesquisa real, feita nos arquivos, e foge dos tempos e restrições das experiências didáticas prevalecentes. A interrogação sobre as possibilidades de realização de experiências assim concebidas, nas ações educativas em arquivos é, por si só, um núcleo de pesquisas extraordinário.

Muitos dos artigos mais recentes vêm explorando as relações entre arquivos e escolas num viés que tem como ponto de partida as práticas escolares e os currículos propostos nas reformas da década de 1990. O pesquisador canadense Michel Eamon (2006), historiador e arquivista do Arquivo Nacional do Canadá, descreve como os arquivistas vêm tentando criar aproximações com o campo do ensino de História através da reprodução de documentos em diferentes mídias: The desire for archivists to be active supporters of the diffusion and interpretation of documentary knowledge is long standing. From the creation of lantern slides and the publishing of document transcriptions to the reproduction of documents on microfi lm and the development of traveling exhibitions, archivists have searched for popular and robust ways to show the public primary sources.5 (p. 302)

Nesse artigo lemos também que os arquivistas recebem, descrevem e preservam os “vestígios históricos” para acesso futuro. A concepção de patrimônio documental arquivístico como o lugar de preservação dos “vestígios históricos” é recorrente nos artigos estudados sobre ações educativas em arquivos, e encontra-se presente, também, em muitos sites de arquivos, no Brasil e internacionalmente.

Se o crescente uso de documentos no ensino de História tem atraído grande interesse por parte dos arquivistas, recentemente esses esforços têm se voltado para ações mais específi cas, de integração com práticas escolares de aprendizagem baseadas em aquisição de competências

5 O desejo dos arquivistas de apoiar ativamente a difusão e interpretação do conhecimento documental é antigo. Desde a criação de slides e da publicação de transcrições de documentos , à reprodução de documentos em microfi lme e ao desenvolvimento de exposições itinerantes, os arquivistas têm buscado formas populares e vigorosas de divulgar o acervo documental público.

e habilidades, práticas essas consagradas pelos novos parâmetros curriculares. Na visão de Eamon, a estrutura desses currículos permite aos arquivos criarem exercícios voltados para a aprendizagem de habilidades especifi cas e transversais:

There is some evidence of recent trends for them to move from merely facilitating the use of primary sources to teach general historical and analytical skills to the mapping and integration of primary sources into history lessons which support various curricula.6 (p. 302)

Também Francesca Cavazzana Romanelli faz considerações sobre a convergência de forças que tem aproximado escolas e arquivos. Em um seminário de 2002 na Universidade de Firenze, “Archivi, didattica e nuove tecnologie”, a pesquisadora e arquivista apresentou um workshop com o nome de “La didattica della storia. Archivi, reti, strumenti digitali: esperienze

in corso”, em que afi rma que "la promozione didattica degli archivi non è stata il frutto di

azioni unilaterali, ma l’esito della convergenza di movimenti e realtà 'di base' del mondo della scuola e degli archivi"7

.

Em seu artigo para a Archivum (XLV, 2000, pp. 267-284), revista

do International Council on Archives (ICA), Romanelli descreve essa aproximação, que vem ocorrendo desde o fi nal da década de 1970.

Ivo Mattozzi (2002) escreve sobre essa convergência entre arquivos e escolas, em seu artigo

Archivi simulati e didattica della ricerca storica: per un sistema formativo integrato tra archivi e scuole. Para o pesquisador da Universidade de Bologna, na escola está presente uma tensão

entre a formação histórica, que se aprende graças ao uso das fontes documentais, de um lado, e a pedagogia, a didática, e as indicações do programa curricular, de outro. Ao mesmo tempo, nos arquivos, há uma tentação de absorver algumas das práticas escolares, com a produção de materiais didáticos de vários gêneros, por iniciativa própria. Na avaliação do pesquisador italiano, as relações entre arquivos e escolas permanecem episódicas: “non si sono prodotte le

6 Há evidências de tendências recentes [por parte dos arquivos] de se deslocarem, de simples facilitadores do uso de fontes primárias no ensino de habilidades históricas e analíticas, para o mapeamento e integração de fontes primárias em sequências didáticas de história, que podem dar suporte a vários conteúdos curriculares.

7 a ampliação das ações educativas dos arquivos é fruto da convergência de movimentos e realidades fundadas no mundo da escola e no dos arquivos

condizioni per realizzare un nesso sistematico tra mondo degli archivi e mondo della scuola”. No mundo da escola essas experiências têm produzido modelos e materiais, mas ainda não conseguiram criar uma rotina profi ssional que inclua a pesquisa histórica e os arquivos como instrumentos cotidianos no ensino de História.

Também no Brasil percebemos uma convergência de ações e refl exões sobre as possibilidades de relação entre arquivos e escolas, nas últimas décadas. O ensino de História com documentos, sua conexão com os arquivos públicos e com o patrimônio histórico é parte das propostas de ensino que emergiram nas discussões dos pesquisadores-professores da década de 1980. No bojo dessas refl exões, houve uma valorização do ensino de metodologias e procedimentos de pesquisa histórica na educação, inclusive com a publicação de várias coletâneas de documentos para uso em sala de aula. Como aponta Bueno (2003, p. 68), a “Proposta Curricular de História”, elaborada pela CENP-São Paulo, em 1986, já descrevia o contato com a documentação textual e iconográfi ca como fundamental para que o aluno possa construir o conhecimento histórico. Segundo a pesquisadora Eliane Mimesse Prado (2008), nas refl exões publicadas em São Paulo neste período sobre ensino de História,

Esses professores-autores, vinculados às universidades ou que participaram das equipes técnicas que haviam elaborado as propostas curriculares, começaram a publicar livros nos quais comentavam experiências. Descreviam passos de suas pesquisas, as atitudes e as reações dos alunos perante uma aula de história sem