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Tout musée, tout dépôt d’archives ne peuvent se réduire brusquement au simple culte fétichiste, bien que cela y ressemble fortement.1 (MELOT, 1986)

1 Os museus e os arquivos não podem se reduzir, de repente, a simples adoração fetichista, embora a isso se assemelhem vivamente.

No Annual Report and Resource Accounts de 2009-2010, do Arquivo Nacional inglês, publicado em seu site, está registrada sua auto avaliação sobre as atividades educativas desse período (p. 22):

Our Education and Outreach services provide award-winning services to schools and communities, locally and nationally, through taught sessions and online resources. We were one of the fi rst organisations [sic] to receive the Quality Mark Award for Learning Outside the Classroom and we are also the fi rst archive to receive a Sandford Award from the Heritage Education Trust. Innovative use of new technologies allows us to signifi cantly extend our reach, with around 2.3 million visitors to our Education website in 2009-10. We taught over 14,000 students on

site and online through videoconferencing and our ‘virtual classroom’, ensuring

that we meet the needs of a socially inclusive and ethnically diverse audience. A quarter of these students were from schools with above-average intakes of pupils from ethnic minority backgrounds, and nearly a fi fth were from schools with above-average proportions of students eligible to receive free school meals.2

Vemos, na avaliação do Arquivo Nacional inglês, a indicação resumida de suas ações relativas ao ensino de História e à educação patrimonial, ambas premiadas, e o levantamento quantitativo de seus acessos à área de Educação do site, que alcançou a marca impressionante de 2 milhões e 300 mil acessos naquele ano. Desses mais de dois milhões de acessos, estão destacados os de 14 mil estudantes que participaram de atividades educativas online. Entre eles, o Arquivo assinala sua abrangência relativamente à diversidade étnica, bem como seu papel nas ações de inclusão social.

2 Nossa seção educativa e de difusão oferece atividades premiadas para escolas e comunidades, local e nacionalmente, através de sessões explicativas e de recursos online. Fomos uma das primeiras organizações a receber o Quality Mark Award para a Aprendizagem fora de Sala de Aula, e somos também o primeiro arquivo a receber um Sandford Award do Heritage Education Trust. O uso inovador de novas tecnologias permite-nos estender signifi cativamente nossa abrangência, com cerca de 2.3 milhões de visitas a nosso site em 2009-10. Nós ensinamos mais de 14000 estudantes presencialmente e online, através de videoconferências e de nossa “sala de aula virtual”, assegurando-nos de que viemos ao encontro das necessidades de um público socialmente inclusivo e etnicamente diverso. Um quarto desses estudantes são de escolas com presença acima da média de alunos de minorias étnicas, e quase um quinto são de escolas com proporções acima da média de alunos elegíveis para receber refeições escolares gratuitas

Na medida em que fi cou claro, no decorrer dessa pesquisa, pela leitura de artigos de arquivistas voltados para a educação e nas publicações dos sites de arquivos online, que as atividades educativas nos arquivos têm, simultaneamente, vínculos com o ensino de História e com a educação patrimonial, e que essas duas perspectivas, intimamente articuladas, encontram-se fortemente presentes nos sites de arquivos, bem como nos textos de arquivistas, pareceu-nos fundamental refl etirmos sobre as concepções de ensino de História e de educação patrimonial que emergiram dessas leituras. Nesse capítulo enfocaremos as concepções prevalecentes relativas à educação patrimonial nos arquivos, tanto nos sites estudados como nas refl exões publicadas por arquivistas em teses e periódicos de referência.

Pilar Reverté-Vidal (2007, p. 122), trabalhando em um projeto educativo do arquivo da Catalunha (Archivo Nacional de Cataluña - ANC), vincula educação patrimonial, cidadania, patrimônio documental e memória coletiva:

Como institución de la memoria de relevancia en Catalunya, y asumiendo su responsabilidad social, el ANC se propone trabajar por una sociedad democrática, formada por ciudadanos críticos, que conozcan sus derechos y se responsabilicen de sus deberes, que respeten el patrimonio y valoren el conocimiento. Para conseguirlo, ha implementado el SDANC (Servei Didàctic de l’Arxiu Nacional de Catalunya) que, concebido como instrumento de comunicación del patrimonio al público escolar, pretende potenciar la didáctica de la historia a través del método de la investigación y enseñar a los jóvenes –futuros ciudadanos- que los archivos dan servicio a la comunidad y representan uno de los pilares fundamentales de la memoria colectiva.3

Conforme Reverté-Vidal, que em sua concepção se aproxima do texto do documento do arquivo nacional chileno, a que nos referimos no início do capítulo 1, e de uma série de outros

3 Como instituição da memória de relevância na Catalunha, e assumindo sua responsabilidade social, o ANC propõe-se a trabalhar por uma sociedade democrática, formada por cidadãos críticos, que conheçam seus direitos e se responsabilizem por seus deveres, que respeitem o patrimônio e valorizem seu conhecimento. Para tal, implantou o SDANC (Serviço Didático do Arquivo Nacional da Catalunha) que, concebido como instrumento de difusão do patrimônio para o público escolar, pretende potencializar a didática da história, através do método da investigação, e ensinar aos jovens -futuros cidadãos- que os arquivos prestam serviço à comunidade e representam um dos pilares fundamentais da memória coletiva.

textos que estudaremos nesse trabalho, a educação patrimonial nos arquivos deve incentivar a valorização do patrimônio documental coletivo, que se encontraria nos registros de um passado comum preservado pelos arquivos. A abertura dos arquivos para atividades de educação, formal e não formal, em consequência, seria uma forma privilegiada de contato com “a memória” e com “a história” de uma comunidade. Talvez na tentativa de valorizar seu papel social, e a necessidade de preservação dos acervos arquivísticos, muitos arquivos têm colaborado para a ampliação dessa imagem, como se guardassem em seus depósitos os segredos do passado coletivo. Mas o que é o patrimônio documental custodiado pelos arquivos públicos, objeto dessas ações de educação patrimonial? Para responder a essa pergunta, precisamos trazer para a discussão algumas defi nições fundamentais sobre os arquivos e seus conjuntos documentais.