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Je me demande comment se souviennent les gens qui ne fi lment pas, qui ne photographient pas, qui ne magnétoscopent pas, comment faisait l’humanité pour se souvenir...32

Chris Marker, 1982.

32 Eu me pergunto como se recordam aqueles que não fi lmam, que não fotografam, que não gravam vídeos, como fazia a humanidade para se lembrar...

Percebemos que as iniciativas de preservação do patrimônio documental têm se multiplicado, em especial desde a década de 1980, muitas vezes ligadas à afi rmação de identidades: as tensões entre preservar o que temos e somos e consumir, descartando o velho e os resíduos do novo, entre a crescente expansão urbana e a vontade de conservação, estão presentes nos movimentos daqueles que procuram valorizar as narrativas da memória e da história local hoje. Entre os pesquisadores que refl etem sobre o tema estão Pierre Nora e Andreas Huyssen.

Pierre Nora (2003) refl etiu sobre as conexões entre o alargamento do campo da memória e os arquivos, descrevendo como os arquivos passaram, nas últimas décadas, de lixo a santuário das sociedades contemporâneas, e se alçaram a atores sociais plenos. Para ele, o arquivo está se colocando no coração da memória contemporânea e representa sua imagem material e visível. E com a memória ele compartilha suas características de tornar-se imperativo, hipertrófi co e passional.

Imperativo, pois vivemos uma ansiedade da perda, em razão do que tem sido chamado

de aceleração da história, da obsolescência cada vez mais rápida de todas as coisas. Nas palavras de Nora,

Aujourd'hui, dans un monde d'évolution de plus en plus rapide, où tout va si vite que chaque phénomène se double d'un caractère historique et déjà obsolète, il est évident que l'impératif de mémoire - loin de ne désigner qu'une dette morale du souvenir - conceme bien plus fondamentalement une anxiété de la perte.33 (NORA, 2003, p.47)

Nesse mundo em que as perdas não cessam de se alargar, de se aprofundar e de se generalizar, o arquivo muda de estatuto, descentraliza-se e dilata-se para receber “tudo o que pareça merecer ser lembrado”, num movimento de hipertrofi a. Multiplicam-se os lugares da memória

33 Atualmente, em um mundo de evolução cada vez mais rápida, onde tudo passa tão depressa que cada acontecimento se reveste de um caráter histórico e já obsoleto, é evidente que o imperativo da memória – longe de designar apenas a dívida moral da lembrança – diz respeito mais fundamentalmente à ansiedade da perda.

e as demandas pela preservação documental (NORA, 2003).

Como descreve Andréas Huyssen (2000) em Seduzidos pela Memória, vivemos o paradoxo de tudo destruir, de tornarmos obsoleto o próprio presente, e, face à obssessão pela memória, as mídias da informação que se projetam através da comercialização do passado são grandes consumidores da “novidade” histórica, constantemente em busca da nova imagem, de uma “descoberta” pontual para a comemoração do passado. O conteúdo de suas publicações, muitas vezes, lembra os das antigas revistas dos Institutos Históricos e Geográfi cos, em versões midiatizadas e com sua linguagem atualizada: apologias do “progresso” e da guerra, de suas glórias passadas e presentes, abusando de documentos monumentalizados, com uma aura de novidade e descoberta, atração e intelectualidade.

Bárbara Craig, professora da Faculty of Information da Universidade de Toronto, descreveu esse movimento de aproximação entre as mídias e os arquivos em 2002:

The attentive reader and viewer will detect a role for archives in national memorial events, documentary fi lms and books, and, ubiquitously, on the Biography and History television channels. Notes in texts and credits as trailers to fi lms are terse recognition of the profound role of archival materials in history products. As the providers of images, text, language, and voices from the past, archives have a palpable quality of authenticity. This has a powerful infl uence on popular public memories of events in the recent past and, more generally, on the public’s perceptions of history in general. The archives’ role in shaping a public’s memory can only become stronger.34 (p. 279)

Como assinala Craig, muitos arquivos têm participado, nessa “economia da memória”, como

34 O leitor e espectador atento vai detectar o papel dos arquivos nos eventos memorialísticos nacionais, nos fi lmes e livros documentários, e, ubiquamente, nos canais de TV de História e Biografi a. Notas nos textos e créditos nos fi lmes são reconhecimentos sucintos do importante papel que têm as peças de arquivo nos produtos históricos. Como fornecedores de imagens, texto, linguagem e vozes do passado, os arquivos têm uma característica tangível de autenticidade. Isso tem uma infl uência poderosa nas memórias públicas de eventos do passado recente, e, mais amplamente, nas percepções do público relativas à história em geral. O papel dos arquivos na formação de uma memória pública virá a se tornar cada vez mais forte.

coprodutores de imagens do passado, que circulam nas mídias como “memórias” para consumo. As demandas por documentos digitalizados dos arquivos, hoje, vêm em parte dessa circulação midiática de imagens do passado para consumo e fruição. Mas seria esse o lugar

social dos arquivos? Craig analisa esse movimento em suas relações com a história pública desenhada pelas mídias em livros, fi lmes e programas de televisão:

All of these venues sell views of the past: some are offered as history, some as experience, and some as the truth. All of these commercial products will draw, in some way, upon archival materials. No archives will be untouched by the reuse of its materials for public consumption and performances beyond its control.35

35 Todos esses espaços vendem visões sobre o passado: alguns são oferecidos como história, alguns como experiência e alguns como a verdade. Todos esses produtos comerciais são desenhados, de alguma forma, a partir de materiais de arquivo. Nenhum arquivo sairá ileso pelo reuso de seus materiais para consumo público e apresentações que estão além de seu controle.

A observação atenta de Craig alerta-nos sobre uma questão sensível na relação entre arquivos e mídias, ao apontar que os discursos midiáticos sobre o passado apoiam-se, sempre, em alguma medida, em leituras de documentos de arquivo. E ao pontuar que nenhum arquivo deixará de ser envolvido pelo reuso de imagens de seus registros para consumo público, e em performances que estão além de seu controle. Num verdadeiro pesadelo para estas instituições, que se prezam por poder garantir a autenticidade de seus registros.

Poucos arquivos têm relações tão estreitas com a mídia como o NARA, que dialoga constantemente com os discursos dos meios de comunicação, comentando “atualidades” midiáticas no Facebook, participando de quizz shows, e até mesmo publicando em seu site notas sobre criações da mídia que envolvem a instituição e documentos do seu acervo, como no caso do fi lme National Treasure, em que a Declaração da Independência aparece, imaginariamente, com um mapa de tesouro escrito secretamente em seu verso (http://www.

archives.gov/exhibits/charters/treasure/index.html.)

Figura 69. Página do NARA sobre o filme National Treasure (2004) e suas relações com a Declaração da Independência americana.

Pierre Nora (2003), descreveu essa febre arquivística e sua visibilidade na mídia, ao mesmo tempo em que apontou, também, para o aparente paradoxo de que a pesquisa documental nos arquivos continua escassa, o que é bastante compreensível. O tempo do arquivo e da pesquisa documental não é o mesmo tempo da “economia da memória” midiatizada. Talvez como parte do efeito das leituras rápidas de documentos feitas na educação e nas mídias. No entanto, os arquivos recebem, cotidianamente, consulentes apressados em busca de resultados rápidos, de pesquisas curtas, e claro, superfi ciais. Mas recebem, também, muitas pesquisas de gente em busca de seus antepassados, e mesmo de episódios sua história pessoal, na construção de memórias singulares. Podemos refl etir, com Huyssen, sobre as razões da expansão dessas culturas da memória. Segundo ele (2000, p.34-35),

No cenário mais favorável, as culturas de memória estão intimamente ligadas, em muitas partes do mundo, a processos de democratização e lutas por direitos humanos e à expansão e fortalecimento das esferas públicas da sociedade civil. Desacelerar em vez de acelerar, expandir a natureza do debate público, tentando curar as feridas provocadas pelo passado, alimentar e expandir o espaço habitável em vez de destruí-lo em função de alguma promessa futura, garantindo o “tempo de qualidade” _ estas parecem ser necessidades culturais ainda não alcançadas num mundo globalizado, e as memórias locais estão intimamente ligadas às suas articulações.

Ainda segundo Huyssen,

mesmo onde as práticas de memória cultural não têm um foco explicitamente político, elas expressam o fato de que a sociedade precisa de ancoragem temporal, numa época em que, no despertar da revolução da informação e numa sempre crescente compressão do espaço-tempo, a relação entre passado presente e futuro está sendo transformada para além do reconhecimento. Neste sentido, práticas de memória nacionais e locais contestam os mitos do capitalismo e da globalização com sua negação de tempo, espaço e lugar.

As tensões entre preservar o que temos e somos e consumir, descartando o velho e os resíduos do novo, entre a crescente expansão urbana e a vontade de conservação, estão presentes nos movimentos daqueles que procuram o arquivo hoje, como, também, está a busca de suportes documentais para a elaboração de narrativas da memória e representações sobre história local. Que se multiplicam, talvez na busca de sentimento de pertencimento, mas que têm também apelo como mercadoria singular e local.

A historiadora Marly Rodrigues (2000, p. 128) analisando as ações do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT) do Estado de São Paulo, na década de 1980, descreve esse processo de valorização da memória:

Tomando contato com o pensamento de Walter Benjamin e participando de diversas discussões [...] os técnicos [do CONDEPHAAT] passaram a perceber mais claramente as relações entre preservação e memória. [...] O clima de refl exão entre os técnicos coincidiu com a crescente valorização da memória e da preservação pela sociedade, movimento este expresso, entre outras formas, pela busca das raízes culturais de grupos étnicos que, reivindicando o direito ao passado, procuravam fi rmar sua cidadania; pela expansão de grupos voltados à preservação do meio ambiente; pelo interesse de empresas privadas em divulgar sua história e pela organização de arquivos históricos particulares.

Espaço de embates simbólicos importantes, o patrimônio tem sido palco de acirradas disputas políticas locais nas últimas décadas. Feldman-Bianco (1984, p. 146), ao estudar uma pequena

cidade próxima a São Paulo, em rápido crescimento nos anos setenta e oitenta, aponta relações entre a especulação imobiliária, que transforma rapidamente a paisagem urbana de muitas pequenas cidades paulistas, e a emergência de um anseio pela preservação de uma dada memória pelas elites locais:

Ao mesmo tempo em que esses líderes [políticos locais] começaram a enriquecer com o boom [imobiliário], começaram a perder também cada vez mais o seu poder de decisões e o seu controle sobre o município. Foi nesse período, também, que passaram a resgatar mais acentuadamente a história local para se legitimarem no poder.

A progressiva abertura dos arquivos para as atividades de difusão cultural e educativa guarda relações com esses anseios e disputas, que fazem parte de sua crescente visibilidade. Na Itália, segundo Romanelli, a partir do fi nal dos anos setenta há uma crescente pressão social para que os arquivos se abram à população. Em um seminário de 2002, ela nos leva ao clima do debate na época, através de um de seus protagonistas: “Si sono aperte le porte di un tempio sacro

fi nora riservato ad eletti. Non sarà facile richiuderle” (Zanni Rosiello, 1981, 57-73). A partir

de então, conta Romanelli, os arquivos passaram a atuar para corresponder às expectativas do público não especialista propondo, com uma intensidade sem precedentes, atividades educativas, exposições, visitas guiadas.

Fausto Colombo pesquisou as técnicas de registro de memória em seu livro Os Arquivos

Imperfeitos, publicado em 1986. Nele aponta nossa obsessão pela memória, “espécie de

mania arquivística que permeia conjuntamente a cultura e a evolução tecnológica”. Entre as formas dessa obsessão ele destaca: a gravação, defi nida pelo pesquisador como a memorização de um fato em um suporte por meio de uma imagem (visual, acústica, acústico-visual); o arquivamento, i.e., a tradução do evento em informação cifrada e localizável dentro de um sistema; o arquivamento da gravação, tradução de uma imagem-recordação, de um ícone mnemônico em um signo arquivístico e localizável no sistema; a gravação do arquivamento, i.e., a produção de cópias dos signos já arquivados a fi m de evitar-se um possível esquecimento.

e armazenamento do presente que tem por efeito a paradoxal transformação de objetos do hoje em ontem e do ontem em hoje. Atualização do passado, como a defi ne Benjamin? Tentativa de lidar com a ansiedade da perda, como aponta Nora (2003)? Com o fi m da história linear, do tempo do progresso que projeta seu futuro? Vale a pena retomar o historiador francês, Nora, no texto original (p. 48 et seq.):

il est évident aujourd'hui que l'obscurcissement et l'incertitude qui pèsent sur l'avenir nous rendent très dubitatifs sur ce qu'il faut conserver pour le préparer. De ce fait, par une sorte d'impératif intériorisé très puissant, nous sommes comme frappés d'un scrupule à détruire, d'un doute sur ce qui dira de nous à nos descendants ce que nous sommes ou aurons été. C'est là, je crois, la source de cette hypertrophie que nous vivons de la mémoire, dans la fi n d'une histoire fi nie. Elle porte en elle l'hypertrophie de toutes les institutions de mémoire: musées, bibliothèques, dépôts, centres de documentation, bannques de données. Là est la source de la révolution quantitative et de l'augmentation exponentielle de l'archive. Là est la révolution du métier d'archiviste, dont l'essentiel est moins de conserver que de savoir quoi détruire. Là est la raison du changement même du statut de l'archive dans l'imaginaire des sociétés contemporaines.36

Pour la première fois, nous vivons à la fois l'idéologie du tout mémoire avec les moyens de la conservation intégrale. D'où cet entassement quasi religieux de toutes ces traces, ce culte du vestige, cette vénération du témoignage, cette accumulation légèrement maniaque d'un stock dont on ne sait pas très bien à quoi et à qui il servira, ni même s'il sera jamais consulté ou consultable, mais qui se trouve aujourd'hui investi par nous d'une charge presque magique, parce qu'il est censé détenir quelque chose comme le secret de notre identité.

36 atualmente é evidente que a obscuridade e a incerteza que pesam sobre o futuro nos trazem muitas dúvidas sobre o que é preciso conservar para prepará-lo. De fato, por uma espécie de imperativo interiorizado muito poderoso, somos como que tocados por um escrúpulo de destruir, de uma dúvida sobre o que dirá de nós aos nossos descendentes sobre aquilo que nós somos ou houvemos sido. É essa, me parece, a fonte dessa hipertrofi a da memória que nós vivemos, no fi m de uma história fi nita [ou o fi m do “fi m da história”]. Ela traz consigo a hipertrofi a de todas as instituições da memória: museus, bibliotecas, depósitos de arquivo, centros de documentação, bancos de dados. Essa é a fonte da revolução quantitativa e do aumento exponencial dos arquivos. Lá está a revolução da profi ssão do arquivista, na qual o essencial é menos conservar do que saber o que destruir. Lá está a razão da mudança do próprio estatuto do arquivo no imaginário das sociedades contemporâneas.

Le grand mot est lâché. Nous avons fait de l'archive le dépositaire de notre identité. D'où sa charge affective et émotionnelle qui n'a sans doute jamais été aussi forte. 37

Na aguda observação de Nora, "nós fi zemos do arquivo o depositário de nossa identidade. Daí sua carga afetiva e emocional, que nunca foi tão forte”. O arquivo tornou-se um lugar apaixonante, socialmente, e foco de disputas apaixonadas. Mas não o arquivo real, talvez, que continua com seus poucos consulentes. Andréas Huyssen, em seu ensaio “Passados Presentes: Mídia, Política, Amnésia” (2000), levanta questões muito pertinentes para pensarmos as relações entre as mídias e os “lugares da memória”, entre eles os arquivos. Em sua leitura (p. 28 et seq.),

A pesquisa sobre memória histórica alcançou escopo internacional. A minha hipótese é que, também nesta proeminência da mnemo-história, precisa-se da memória e da musealização, juntas, para construir uma proteção contra a obsolescência e o desaparecimento, para combater a nossa profunda ansiedade com a velocidade de mudança e o continuo encolhimento dos horizontes de tempo e de espaço.

O argumento de Lübbe sobre a contração da extensão do presente aponta para um grande paradoxo: quanto mais o capitalismo de consumo avançado prevalece sobre o passado e o futuro, sugando-os num espaço sincrônico em expansão, mais fraca a sua autocoesão, menor a estabilidade ou a identidade que proporciona aos assuntos contemporâneos. O cineasta e escritor Alexander Kluge já comentou o ataque do presente sobre o resto do tempo. Há, simultaneamente, tanto excesso quanto escassez de presença, uma situação historicamente nova que cria tensões insuportáveis na nossa "estrutura de sentimento", como a chamaria Raymond

37 Pela primeira vez, nós vivemos simultaneamente a ideologia da memória total com os meios de sua conservação integral. Daí essa acumulação quase religiosa de todos os traços, esse culto do vestígio, essa veneração do testemunho, essa acumulação ligeiramente maníaca de um estoque que não sabemos muito bem a quem e a que servirá, nem mesmo se será consultado ou consultável, mas que se encontra hoje investido por nós de uma carga quase mágica, porque supõe-se que detém qualquer coisa como o segredo de nossa identidade.

A grande palavra foi lançada. Nós fi zemos do arquivo o depositário de nossa identidade. Daí vem sua carga afetiva e emocional, que nunca foi, sem dúvida, tão forte.

Williams. Na teoria de Lübbe, o museu compensa esta perda de estabilidade. Ele oferece formas tradicionais de identidade cultural a um sujeito moderno desestabilizado, mas a teoria não consegue reconhecer que estas tradições culturais têm sido, elas mesmas, afetadas pela modernização, através da reciclagem digital mercadorizada.

De acordo com essa perspectiva, somos levados a consumir imagens de um passado que é sugado para o presente, imagens que são fantasmagorias da memória reciclada digitalmente e transformada em mercadoria. Mas Huyssen tem uma outra leitura desse movimento:

Este argumento conservador sobre deslocamentos em sensibilidades temporais precisa ser retirado de seu marco de referencia binário (lugar versus meio em Nora e entropia do passado versus musealização compensatória em Liibbe) e empurrado para uma outra direção, que não esteja ligada a um discurso de perda e que aceite o deslocamento fundamental nas estruturas do sentimento, experiência e percepção, na medida em que elas caracterizam o nosso presente que se expande e contrai simultaneamente.

Para Huyssen, essa relação midiatizada com o passado, cujo centro gira em torno da indústria cultural e da mídia, é, também, uma educação das sensibilidades, que transforma nossos sentimentos, experiência e percepção, na ampliação do tempo presente “em um mundo de fl uxo crescente em redes cada vez mais densas de espaço e tempos comprimidos”. Nesse sentido, os lugares da memória não nos podem trazer conforto:

A crença conservadora de que a musealização cultural pode proporcionar uma compensação pelas destruições da modernização no mundo social é demasiadamente simples e ideológica. Ela não consegue reconhecer que qualquer senso seguro do próprio passado está sendo desestabilizado pela nossa indústria cultural musealizante e pela mídia, as quais funcionam como atores centrais no