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Capítulo II – Farmácia Hospitalar

3. Armazenamento dos Produtos Farmacêuticos

O stock imobilizado no armazém dos SF, tanto em termos de qualidade como em termos económicos, representa uma responsabilidade para os intervenientes no processo de armazenamento, uma vez que este irá influenciar a qualidade do sistema de distribuição e da gestão do medicamento [5]. Assim, os medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos devem ser acondicionados em locais que garantam as condições de espaço, luz, temperatura, humidade e segurança necessárias [2, 3]. De um modo geral a temperatura máxima deve ser de 25ºC, a humidade deve ser inferior a 60% e deve haver proteção dos produtos da luz solar direta. Os produtos refrigerados devem ser armazenados a uma temperatura entre 2-8 ºC, em local isento de humidade [2].

No CHCB, os medicamentos e produtos farmacêuticos são armazenados no Armazém Central (armazém 10) e distribuídos, posteriormente, para os armazéns periféricos dos SF, conforme as suas necessidades. Como armazéns periféricos é de referir, o armazém da dose unitária (armazém 12), o da farmacotecnia (armazém 13), o do ambulatório (armazém 20), o de quarentena (armazém 18), o da farmácia satélite do Hospital do Fundão (armazém 11) e os dos sistemas de distribuição semiautomática do medicamento (Pyxis), presentes em alguns serviços clínicos hospitalares. O armazenamento dos produtos e medicamentos nestes armazéns é feito por um Assistente Operacional (AO) sob orientação do TDT, exceto no caso dos estupefacientes/psicotrópicos em que é realizado pelo próprio TDT [6].

O Armazém Central está dotado de estantes deslizantes, subdivididas por diferentes áreas de armazenamento [6]:

 Medicação de uso geral,

 Antibióticos,

 Anestésicos,

 Medicação de Ambulatório,

 Formas para uso oftálmico (colírios),

 Material de penso,

 Leites para a Pediatria,

 Produtos para a Estomatologia,

 Anticoncecionais.

Os citotóxicos, a nutrição entérica e parentérica e os estupefacientes também são armazenados no mesmo armazém mas em locais separados dos restantes produtos. Sendo que

os estupefacientes e psicotrópicos impõem, por questões de segurança e acessibilidade, um armazenamento em cofre com dupla fechadura, com acesso restrito. E os citotóxicos determinam a necessidade de existir prateleiras com barreira, de forma a minimizar a possibilidade de acidentes por queda, e a presença de um estojo de emergência em caso de derrames [2, 3, 6]. Relativamente às matérias-primas e ao material de acondicionamento, estes são armazenados no Laboratório de Farmacotecnia, sendo as primeiras colocadas numa prateleira de quarentena até serem validadas pelo Farmacêutico.

Para além do espaço físico relativo ao armazém, propriamente dito, o Armazém Central também inclui a Sala dos Inflamáveis (com paredes interiores reforçadas e resistentes, chão impermeável, sistema de ventilação e deteção de fumos, extintor), a Sala dos Antisséticos e Desinfetantes, as duas Salas dos Injetáveis de Grande Volume e as duas Câmaras Frigoríficas (devidamente equipadas com um sistema de controlo e registo de temperatura e com um sistema de alarme automático acionado quando as temperaturas ultrapassam os 8ºC) [2, 3, 6]. Em todos estes locais, os produtos encontram-se dispostos por ordem alfabética da designação comum internacional (DCI) e num local identificado com um código de barras [6]. No local de armazenamento do produto, estes são organizados por ordem crescente de prazo de validade, para que o produto com o prazo mais curto seja o primeiro a sair, seguindo o princípio FEFO (”First expire First Out”) [6, 7]. No Armazém Central, ainda existem gavetas de suporte aos medicamentos com elevada rotatividade, como por exemplo, os comprimidos de Paracetamol 500mg, a solução injetável de Furosemida 20mg/2ml ou o pó para soluções injetáveis de Pantoprazol 40mg, facilitando assim o seu acesso.

Sempre que os medicamentos que chegam ao armazém não permitam que cada medicamento, individualizado, contenha a informação necessária para a distribuição em dose unitária (DCI, dosagem, lote e validade) é feita a sua rotulagem com essa informação antes do seu armazenamento nas prateleiras. A emissão, impressão e validação do rótulo são efetuados pelo TDT, sendo a rotulagem dos medicamentos da responsabilidade dos AO dos SF. Os medicamentos a rotular são registados em impresso próprio e devidamente conferidos. Não necessitam de ser rotulados artigos que saem em grande quantidade para o setor do Ambulatório, nem as formas orais que se destinam a serem reembaladas nos SF [8].

Com a finalidade de diminuir os erros no circuito do medicamento, os SF têm, ainda, uma sinalética interna integrada na metodologia de armazenamento. Por exemplo, para o mesmo medicamento disponível em dosagens diferentes e armazenado na mesma gaveta, utilizam-se cores indicativas de dosagem: vermelho (dosagem mais alta), amarelo (dosagem intermédia) e verde (dosagem mais baixa). Por sua vez, os medicamentos definidos como potencialmente perigosos e de elevado risco para o doente são sinalizados com o sinal de perigo. Já, os medicamentos com embalagens idênticas quando armazenados na mesma gaveta, ou lado a

com nomes idênticos (“look-alike, sound-alike”) a porção do nome que difere é enfatizada em letras maiúsculas (ex.: CefoTAXIMA e CefoTRIAXONA).

O controlo dos medicamentos tanto a nível da qualidade (validade, condições de armazenamento) como da quantidade (stocks) permite uma gestão minuciosa dos produtos e o despiste do maior número possível de erros [9]. A conferência de stock, no Armazém Central, é feita diariamente, estando estabelecido que à segunda-feira contam-se os medicamentos termolábeis e a nutrição entérica e parentérica, de terça a quinta-feira conferem-se os medicamentos gerais e os restantes produtos (colírios, material de penso, anestésicos, inflamáveis, antisséticos, desinfetantes, soros, pomadas e cremes) são conferidos à sexta-feira. Os resultados das contagens são depois comparados com o stock informático e, caso existam discrepâncias, estas são confrontadas entre armazéns e corrigidas [10].

Além destas auditorias quantitativas, todos os meses é emitida uma lista, informaticamente, com todos os produtos cuja validade expire num prazo de 4 meses. Depois é verificada a existência ou ausência desses produtos em armazém e a sua localização, caso ainda existam. O TDT responsável pelo armazém lista esses produtos e envia a lista ao Farmacêutico responsável pelo sector, que avalia a possibilidade de escoamento do produto. Se, de acordo com os dados de consumo, tal não for possível, o Farmacêutico pode optar por contactar os fornecedores e acordar uma possível troca ou crédito desses produtos ou contactar outros hospitais que possuam um consumo previsível dos mesmos. No caso de estas opções não serem possíveis e o produto ainda se encontrar armazenado, é feito, então, o abate, no início de cada mês, dos produtos cuja validade termine nesse mês [10].

Neste setor, durante o meu estágio, colaborei na rotulagem de diversos medicamentos e na arrumação dos diversos produtos nos respetivos locais de armazenamento. Tive oportunidade de participar na contagem diária dos stocks e listar os produtos cuja validade ia acabar em junho de 2015 para ser posteriormente avaliada pelo Farmacêutico, identificando-os com uma etiqueta de “Validade Reduzida”.