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Capítulo II – Farmácia Hospitalar

4. Distribuição

4.4. Distribuição em Regime de Ambulatório

A cedência de medicamentos em ambiente hospitalar para utilização em regime de ambulatório permite ao doente iniciar, ou continuar, o plano terapêutico fora do ambiente hospitalar [14]. No entanto deve existir sempre um acompanhamento/monitorização por

profissionais qualificados dado que, em muitos casos, estes medicamentos podem apresentar janelas terapêuticas estreitas ou efeitos secundários graves. Para além disso, estas terapêuticas normalmente são caras e deve-se assegurar o cumprimento do plano terapêutico prescrito [1, 2, 14, 15].

No CHCB os SF efetuam a dispensa gratuita de medicamentos aos doentes, em regime de ambulatório, provenientes das consultas externas, do hospital de dia, do internamento no momento da alta e, ainda, em casos excecionais, a doentes atendidos no serviço de urgência do CHCB. Também se podem dispensar medicamentos biológicos a doentes de outras instituições públicas ou privadas, ao abrigo do Despacho nº 18419/2010 de 2 de dezembro [15]. A dispensa seguir as normas da Circular Normativa nº 01/CD/2012 elaborada pelo INFARMED. E apenas os medicamentos cujo fornecimento se encontra abrangido pela legislação ou autorizado pelo conselho de administração podem ser cedidos em ambulatório. No CHCB consistem nos indicados por exemplo para as patologias do foro oncológico, do foro psiquiátrico, para a insuficiência renal crónica, Esclerose múltipla, Hepatite C, planeamento familiar e artrite reumatoide [15].

Fisicamente o ambulatório é uma sala individualizada da restante área da farmácia, constituída por uma área de atendimento que garante a privacidade do doente, uma zona de espera e uma zona de armazenamento com condições de temperatura e humidade adequadas para a conservação dos medicamentos. Esta última possui armários de armazenamento, um sistema robotizado de dispensa (Consis), duas câmaras frigoríficas e um cofre metálico com fechadura dupla para o armazenamento de medicamentos estupefacientes e psicotrópicos (MEP). Semanalmente, o farmacêutico efetua a contagem dos medicamentos existentes em armazém e depois compara com o que está indicado no programa informático. Estes dados devem coincidir, mas quando isso não acontece deve-se perceber o porquê da discrepância e fazer-se as correções necessárias. Sendo um objetivo de qualidade desta área que o número de regularizações efetuadas no armazém 20 seja inferior a 3% (Anexo 1). Após a contagem, o farmacêutico faz o balanço das faltas e envia uma listagem ao armazém central, permitindo a posterior reposição das mesmas.

À semelhança dos restantes tipos de distribuição, a dispensa é efetuada apenas mediante prescrição médica (online ou em papel), seguindo-se a validação farmacêutica (confirmação da dose, quantidade, terapêutica anterior). Na prescrição médica tem que constar os seguintes elementos: identificação do doente e nº de beneficiário; data de emissão; designação dos medicamentos por DCI, dose, posologia, forma farmacêutica e número de unidades a dispensar até à próxima consulta ou duração prevista da terapêutica [15].

residam a mais de 25km do CHCB e não tenham possibilidade de se deslocar para efetuar o levantamento da medicação, esta pode ser enviada por correio para um período de tratamento de 2 meses. Contudo, este fornecimento apenas está autorizado para um número restrito de medicamentos cujo valor económico é abaixo dos 50 euros (ex.: anastrozol, bicalutamida, ciproterona, letrozol e tamoxifeno) [15].

No primeiro ato da dispensa sempre que possível deve ser o utente a dirigir-se aos SF, podendo, nas vezes subsequentes haver a cedência dos medicamentos a um representante. Quando a dispensa é efetuada ao doente, este deve ser identificado através do seu bilhete de identidade/cartão do cidadão ou cartão do hospital. No caso do representante, este deve mostrar a sua identificação e a do doente [15]. De forma a promover uma utilização correta e fomentar a adesão à terapêutica, ao dispensar a medicação ao doente, o farmacêutico deve ceder informação verbal reforçada com informação escrita simples e compreensível (por ex. através de folhetos informativos) [1, 15].

Após a dispensa da medicação, é efetuado o registo informático da medicação dispensada, para que esta seja abatida no stock. No caso das prescrições eletrónicas, neste processo basta introduzir o número de unidades dispensadas e o lote correspondente ao medicamento cedido e registar, no campo das observações, a data da dispensa, o nome da pessoa que levantou a medicação e o seu respetivo número de identificação. Já, no caso da prescrição ser em papel, o farmacêutico, para além de ter que criar uma prescrição online e transcrever a prescrição, ainda tem de escrever na mesma os elementos referidos anteriormente e pedir a assinatura do doente [15].

Todas as cedências efetuadas em ambulatório são conferidas pelo farmacêutico no dia seguinte à dispensa, para detetarem possíveis erros de dispensa (principalmente ao nível do medicamento e da dosagem). Durante o meu estágio pude participar diariamente na conferência das dispensas, juntamente com o farmacêutico responsável. Após a conferência é necessário enviar para a faturação tudo o que for passível de ser faturado. A monitorização da correta imputação aos centros de custo constituiu outro indicador de qualidade desta área (Anexo 1).

Além da dispensa de medicamentos, o farmacêutico afeto a este setor exerce seguimento farmacoterapêutico dos doentes, avaliando desta forma a adesão à terapêutica do doente. Para isso faz o registo informatizado para cada patologia (esclerose múltipla, hepatite C, hepatite B, hipertensão pulmonar, esclerose lateral amiotrófica, e medicamentos biológicos) e de acordo com o medicamento dispensado, do nome e número do processo do doente, da posologia, da data da última cedência e da data prevista para a próxima dispensa. Sempre que se verifique que determinado doente não está a cumprir com a terapêutica instituída (não levanta a medicação na data prevista) é elaborada uma notificação de não adesão e enviada ao médico [15].

Durante o meu período de estágio pude colaborar na notificação de não adesão de dois doentes bem como no seguimento dos doentes em tratamento para a Esclerose Múltipla. Para além do que já mencionei, semanalmente efetuei a contagem do stock (tanto para os medicamentos gerais como para os estupefacientes, hemoderivados e manipulados), pude observar a elaboração do pedido de reposição de stock e colaborei no processo de receção do mesmo. Para além disto, tive também a oportunidade de fazer várias dispensas sob supervisão farmacêutica e auxiliar no envio de medicação por correio.