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Capítulo II – Farmácia Hospitalar

4. Distribuição

4.5. Distribuição de Circuitos Especiais

No CHCB fazem parte dos circuitos especiais os MEP e os hemoderivados. Estes circuitos também são da responsabilidade do farmacêutico do ambulatório. Os SF do CHCB efetuam a distribuição destes medicamentos para os serviços clínicos e no caso dos hemoderivados também para os doentes em regime de ambulatório.

4.5.1. Circuito dos Hemoderivados

Os medicamentos hemoderivados consistem nos produtos que derivam do sangue ou plasma humano. Segundo a OMS, estes medicamentos são “constituídos por proteínas plasmáticas de

interesse terapêutico que não se podem sintetizar por métodos convencionais, pelo que são obtidos de plasma de dadores humanos saudáveis, através de um processo tecnológico adequado de fracionamento e purificação, sendo os principais: albumina, imunoglobulinas e fatores da coagulação (Fator VII, Fator VIII, Fator IX, além dos complexos protrombínicos)”

[16].

Os medicamentos derivados do plasma que podem ser dispensados em regime de ambulatório encontram-se devidamente legislados ou aprovados pelo Conselho de Administração e todo o processo de requisição, distribuição e administração encontra-se regulamentado pelo Despacho nº 1051/2000 de 14 de setembro [17].

Os SF do CHCB efetuam a distribuição de medicamentos hemoderivados para os SC à exceção do plasma fresco congelado, o qual é distribuído pelo serviço de Imunohemoterapia. A dispensa destes medicamentos é feita mediante a apresentação da prescrição médica efetuada em impresso próprio para o efeito (Anexo 3) [18]. Este impresso é constituído por duas vias, a “Via Serviço” e a “Via Farmácia”. O farmacêutico que recebe a requisição do hemoderivado confirma o correto preenchimento dos quadros A (Identificação do médico prescritor e do doente) e B (requisição/justificação clínica), valida a prescrição (verifica a dose e quantidade) e em caso de dúvida ou não conformidade contata o médico prescritor. Depois procede à dispensa do medicamento hemoderivado e preenche o quadro C (Registo de Distribuição) do referido impresso, no qual regista o hemoderivado fornecido, lote, laboratório de origem/fornecedor e número de certificado de aprovação de lote emitido pelo

medicação. É importante referir que cada embalagem pertence apenas ao doente para o qual se requereu o medicamento, pelo que é imperativo que todas as embalagens que saem dos SF sejam etiquetadas com os dados do doente e do serviço requisitante [17].

A “Via Serviço” é enviada conjuntamente com o medicamento hemoderivado para a enfermaria do serviço requisitante e a “Via Farmácia” fica arquivada nos SF. O farmacêutico responsável pela dispensa procede, no final, à imputação informática do medicamento, ou seja dá saída do medicamento com o lote fornecido ao serviço clínico requisitante, anotando na “Via Farmácia” o número de registo dessa imputação. Cabe aos enfermeiros administrar o hemoderivado ao doente e preencher o quadro D (Registo de Administração). Quando o medicamento não é administrado por algum motivo, a medicação é devolvida aos SF num prazo de 24h. Esta devolução também é devidamente registada e assinada no quadro D [17].

Após o tratamento, a “Via Serviço” é arquivada no processo do doente e, posteriormente, o farmacêutico responsável por esta distribuição dirige-se ao serviço onde houve a administração do fármaco para avaliar a conformidade do registo de administração, permitindo garantir que o fármaco foi, efetivamente, administrado ao doente em questão, ou corretamente devolvido, encerrando o circuito de hemoderivados. Isto permite que, existindo um problema com um dos lotes, como uma doença infeciosa do dador desconhecida à data da administração, sejam facilmente identificados todos os doentes que receberam tratamento farmacológico com o lote em questão [17]. Dado a sua importância, um dos objetivos de qualidade relacionado com a distribuição destes medicamentos passa pelo encerramento do circuito de pelo menos 10 hemoderivados (Anexo 1).

No estágio neste setor, presenciei a distribuição de medicamentos hemoderivados para os SC do CHCB, realizei dispensa, preenchi o impresso da requisição, fiz imputação e ainda a reposição de stocks dos mesmos.

4.5.2. Circuito dos Hemoderivados

Consideram-se MEP, todos aqueles que contém como princípio ativo uma substância presente nas tabelas I-A, II-C e IV em anexo do Decreto-Lei n.º 15/93 de 22 de janeiro, que estabelece o regime jurídico do tráfico e consumo de estupefacientes e psicotrópicos [19, 20]. Estes medicamentos estão sujeitos a um circuito especial devido ao rigoroso controlo previsto por lei. Todos os movimentos efetuados nos serviços clínicos são efetuados num livro de requisições, correspondente ao anexo X da Portaria n.º 981/98, de 8 de junho, cujas folhas são constituídas por original e duplicado (Anexo 4) [21]. No caso dos SC onde os estupefacientes se encontram no Pyxis, o livro de registos é substituído por listagens impressas do sistema automático, conforme autorização do INFARMED [20].

Em cada SC, existe um pequeno stock destes medicamentos num cofre de dupla fechadura ou em gavetas próprias do Pyxis. Sempre que se faz um consumo de um MEP mediante prescrição

médica, é preenchido o livro de requisição (onde cada folha do livro apenas pode conter uma substância ativa), indicando para além do princípio ativo, a forma farmacêutica, dose e em cada administração, nome e processo do doente, quantidade administrada, data e Enfermeiro que administra. De seguida, um Enfermeiro ou Auxiliar dirige-se à farmácia com a requisição, corretamente preenchida e assinada pelo diretor do serviço ou por um substituto legal. Após validação, o Farmacêutico preenche, na requisição, a quantidade que forneceu, os lotes e a data em que o fez. Depois, a requisição deve ser assinada em local próprio por quem cede os MEP e por quem os recebe e são entregues os MEP em falta, por forma a perfazer o stock inicial. A requisição original permanece na farmácia e o duplicado acompanha os MEP para o serviço requerente. No caso dos SC cujos estupefacientes se encontrem no PyxisTM, a

reposição é efetuada pelo Farmacêutico no próprio SC consoante o consumo efetuado [20].

No dia seguinte à cedência, as requisições do anexo X são todas conferidas pelo Farmacêutico, sendo entregues à assistente administrativa dos SF que envia ao INFARMED, trimestralmente, uma relação dos estupefacientes utilizados em tratamento médico e de todos os movimentos de MEP [20].

Os SF do CHCB possuem dois armazéns para armazenamento dos MEP (armazém geral e o armazém do ambulatório) e em cada um destes, os MEP encontram-se armazenados em armário metálico de dupla fechadura específico para o efeito. E semanalmente é efetuada a conferência dos stocks dos MEP existentes nos dois armazéns. Sempre que é detetada uma não conformidade procede-se a uma análise detalhada, para o medicamento em causa, tendo em vista a deteção da causa e posterior correção. Mensalmente, o Farmacêutico responsável por este circuito dirige-se às enfermarias para proceder à contagem de todos os MEP presentes e verificar as respetivas validades. Caso haja medicamentos com validade curta, devem trocar-se por outros com validade superior e os primeiros devem ser encaminhados para serviços onde sejam consumidos com maior quantidade, evitando o desperdício [20].

Durante o meu período de estágio tive a oportunidade de colaborar na contagem dos stocks dos SF, na conferência das requisições de MEP e efetuar a sua imputação informática.