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7   ESTUDO DE CASOS 81

7.3   Estudo de Caso Grupo C 95

7.3.2   Arranjo Organizacional de Suprimento de Cana 96

A usina trabalha conta com aproximadamente 36.000 ha de cana própria, plantada em terras da própria usina (21%), dos sócios familiares (12%) e em áreas sob regime de parceria (67%). Isso permite a entrega de 2,7 milhões de toneladas de cana própria para ser processada na usina. Já os fornecedores independentes contam com uma área aproximada de 17.000 ha, entregando cerca de 1,3 milhões de toneladas na safra 08/09. O período de moagem da cana tem o seu início no mês de maio e vai até novembro. O raio de fornecimento de cana-de- açúcar à usina chega a 26 km.

A Figura 14 apresenta visualmente como se dá a estrutura de governança praticada pelo Grupo C.

Fonte: o autor.

Figura 14 – Representação das principais transações de cana do Caso C.

Nas áreas onde a usina planta cana própria, toda a atividade agrícola é executada pelo próprio Grupo, do plantio ao CCT. No caso das parcerias, o valor pago aos proprietários da terra não são fixos como em um arrendamento comum. A Cia. Agrícola repassa parte do valor obtido com a entrega da cana, que foi produzida em uma determinada área, ao seu proprietário como forma de remuneração.

Nas plantações de cana própria, mais de 90% da colheita já é feita de maneira mecanizada. O fato de a Usina em questão estar localizada em uma região com reconhecida aptidão agrícola favorece a compra de parte da cana moída de fornecedores independentes. Soma-se a isso o alto valor da terra na região, o que dificulta sensivelmente o poder de aquisição de terras pelo Grupo, e também ao fato da existência de um relacionamento muito forte com os fornecedores antigos. Grande parte dos fornecedores independentes está ligado ao Grupo a mais de 30 anos, o que reduz consideravelmente o risco associado a este tipo de transação.

Como foi ressaltado pelo próprio gerente de suprimentos, o valor pago ao proprietário da terra, pela sua participação na parceria, fica muito próximo do valor fixo (X toneladas de

cana por hectare) que seria pago caso a terra fosse arrendada. No entanto, essa modalidade de arrendamento formal não é utilizada por motivos fiscais (imposto de renda da pessoa física).

Durante o período de moagem a Usina opera durante 24 horas por dia. Ou seja, o carregamento de cana na esteira é constante, o que acaba por demandar um planejamento rigoroso de entrega de cana na unidade produtiva. Isto é facilitado pelo fato de a maior parte da cana moída ser oriunda de produção própria.

No entanto, foi ressaltado que isso se torna mais difícil quando do planejamento de entrega da cana dos fornecedores independentes. Apesar de todos já iniciarem a safra com um planejamento detalhado do quanto e quando eles devem entregar a cana na unidade produtiva, nem sempre isto consegue ser cumprido. Por diversos motivos os fornecedores podem atrasar um pouco a entrega da cana. Isto se torna ainda mais problemático pelo fato de a Usina não dispor de um pátio para armazenamento de parte da cana em espera para ser moída, além de afetar seu teor de sacarose quanto maior a demora para sua moagem.

Esta é a principal desvantagem da estrutura adotada pelo Grupo C. Em face disto, sob o ponto de vista de planejamento agrícola, o responsável pela gestão dos suprimentos admite que a estrutura com melhor viabilidade seria ter 100% cana própria, principalmente em regime de parceria.

No entanto, em um cenário hipotético de pleno cumprimento do planejamento de entrega de cana na unidade produtiva, a estrutura ideal seria ter a maior parte da cana moída vinda de fornecedores independentes, ao contrário do que é praticado atualmente. Inclusive a Usina está sempre incentivando que os seus fornecedores expandam sua produção de cana. Com contratos bem definidos e com um plantel de fornecedores de confiança, a Usina poderia destinar mais esforços para sua atividade fim.

Conforme dito no início do caso C, o arranjo apresenta representa exatamente a maior e mais antiga unidade produtiva do Grupo. No entanto, em áreas de fronteira agrícola, a tendência é de se ter 100% da cana vindo da produção própria. As principais razões para isso são o fato de que nessas regiões normalmente os produtores locais não possuem aptidão e experiência agrícola com a cultura da cana, além do fato de a terra estar em um preço bem mais acessível comparativamente às regiões tradicionais produtoras de cana-de-açúcar, como Ribeirão Preto (SP).

No caso dos fornecedores independentes, todo o plantio, manejo, colheita, carregamento e transporte (CCT) estão sob a responsabilidade deles próprios, recaindo sobre eles os custos desta atividade. Alguns produtores chegam a fazer o próprio CCT enquanto outros subcontratam terceiros especializados para realizar este serviço. Existem casos de

pequenos produtores que não possuem escala e nem o capital necessário para adquirir o maquinário próprio para o CCT. Nesses casos, muitos acabam por formar consórcios para realizar o CCT, sendo isto incentivado pela Usina.

Toda a cana dos fornecedores independentes deve ser entregue diretamente à usina (conforme jargão do mercado, deve ser “posta na esteira”). Toda a estrutura agrícola do Grupo C para a realização do CCT é voltada exclusivamente às áreas sob o controle da própria Usina. Exceto em uma de suas quatro unidades, localizada em um município com menor aptidão para o cultivo da cana, que o Grupo realiza 100% do CCT.

O Quadro 18 sintetiza os principais pontos da estrutura de governança adotada pelo Grupo D.

Tipos de relacionamentos

existentes (contratos) Descrição dos relacionamentos

Escala (total de 7,1

milhões de toneladas)

Cana própria produzida em áreas próprias.

- A Usina é responsável por todo o plantio, tratos culturas e colheita.

1,04 milhões de toneladas Parceria Majoritária - A Usina é responsável por todo o plantio, tratos

culturais e colheita.

- A Usina firma contratos com os parceiros, que são os proprietários da terra, por 5 anos.

- A Usina recebe uma participação majoritária na receita da cana em parceria.

3,93 milhões de toneladas

Fornecedor independente . - Plantio e Tratos Culturais realizados pelos próprios fornecedores. CCT pode ser próprio, em consórcio ou terceirizado.

- Fornecedor entrega a cana-de-açúcar direto na Usina.

- A Usina firma contrato de compra e venda de três anos com renovação anual por mais dois anos.

2,13 milhões de toneladas

Fonte: O autor, com base em informações cedidas pelo Grupo C. Quadro 18 - Estrutura de Governança do Caso C