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6 RESULTADOS

6.1 Diagnóstico da pesca artesanal na bacia do rio Buba

6.1.3 Artes de pesca

Na área de estudo existe pouca variedade de petrechos de pesca. Dentre as artes de pesca tradicionalmente mais utilizadas na atividade pesqueira destaca- se a armadilha ou palangre (espinhel) de anzóis; a rede de becuda (Sphyraena afra); a rede de taínha e djafal (Mugil cephalus e Ethmalosa fimbriata), também considerada como rede de emalhe; linha e anzol.

A nomenclatura das artes de pesca é comumente associada a espécie- alvo mais explorada pelos pescadores locais, embora as mesmas também são utilizadas para a captura de outras espécies. Alguns desses petrechos são fabricados pelos próprios pescadores locais (FIGURA 18), sendo a maior parte dos materiais de pesca provenientes dos países vizinhos. Os apetrechos de pesca são confeccionados de material artificial com as seguintes características: a) resistência ao manuseio da pesca; b) durabilidade; c) suportar constantes imersões na água; e d) suportar constantes exposições ao sol. Nos últimos anos a aquisição desses materiais tem sido mais acessível devido a execução do “Projeto Rias do Sul20”, que

vem dando assistências aos pescadores, por meio da implantação de uma loja física onde estes geralmente recorrem para compra dos seus utensílios de pesca, quando necessário.

Figura 18 – Pescadores confeccionando suas redes de pesca durante o período de defeso.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da pesquisa, 2017.

20 Projeto “Cogestão das pescarias nas rias da Guiné-Bissau”, financiado pela União Econômica e Monetária Oeste Africana (UEMOA), coordenado pela UICN em parceria com a Direção Geral da Pesca Artesal (DGPA).

6.1.3.1 Espinhel (palangre ou armadilha)

O espinhel (FIGURA 19) consiste em um aparelho de pesca que funciona de forma passiva, com a utilização de iscas para a atração dos peixes. O espinhel é formado pela linha principal (linha madre), linhas secundárias (alças) e anzóis. O comprimento da linha principal é em consequência do número de anzóis. Nas duas extremidades do aparelho são colocados os flutuadores (boias) de isopor para facilitar sua localização, uma vez que tanto o barco como o aparelho ficam à deriva durante toda a operação de pesca sujeita a correntes marítimas e ventos. Esta arte de pesca, via de regra, é utilizada nos ambientes com fundos arenosos ou lodosos.

Este petrecho apresenta as seguintes características: • Linha madre: poliamida 200 a 300 ou nylon 3 a 6. • Linha secundária: poliamida 100 a 180.

• Tipo de embarcação utilizada: Canoa a remo ou motorizada. • Tamanho do espinhel: entre 100 a 700 metros.

• Anzol: tipo Jota n.º 3,4,5,6,8 e 10.

• Espécies-alvo: Liza falcipinnis, Plectorhinchus macrolepis, Pagrus caeruleostictus, Scomberomorus tritor e Sphyraena afra.

Figura 19 – Representação esquemática de uma armadilha disposta no substrato.

Fonte: Projeto Rias do Sul (2014b).

6.1.3.2 Rede de becuda (Sphyraena afra)

Rede de emalhar derivante cujo comprimento pode variar entre 200 a 500 metros, e a altura chegando a casa de 4 a 5 metros. As dimensões das malhas variam entre 5,5 a 7,5 centímetros (FIGURA 20). Na parte superior existem os

flutuadores, já na parte inferior são colocadas as chumbadas que dão sustentação à rede.

Este petrecho é bastante difundido na área de estudo e conforme sugere o próprio nome, o aparelho é utilizado principalmente na pesca de becuda ou baracuda, uma das espécies de maior valor comercial nas pescarias do rio Buba.

As principais características deste petrecho são:

• Comprimento: em média 200 a 600 metros; altura: 1 a 2 metros; com algumas exceções que podem variar entre 500 a 1000 metros e altura variando entre 1 a 5 metros;

• Tamanho da malha: 2,5 a 7,5 centímetros;

• Tipo de embarcação: Canoa a remo e motorizada • Espécies-alvo: Sphyraena afra.

Figura 20 – Rede utilizada na pesca de becuda.

Fonte: Projeto Rias do Sul (2014b).

6.1.3.3 Rede de tainha (Mugil cephalus)

De um modo geral, esta é a arte de pesca mais utilizada pelos pescadores nacionais (GUINÉ-BISSAU, 2011). A referida rede possui um comprimento variando entre 400 e 450 metros; altura 2,5 a 4,0 metros e o tamanho das malhas, variando em média, de 2,5 a 3,5 centímetros. É também utilizada nas pescarias como rede de emalhar (FIGURA 21).

As principais espécies capturadas por este tipo de petrecho são: Scomberomorus tritor; Ethmolosa fimbriata; Rhizoprionodon acutus; Caranx senegallus; Sardinella maderensis; Mugil cephalus; Sphyraena afra; (PROJETO RIAS DO SUL/CIPA, 2014c).

Figura 21 – Rede utilizada na pesca de tainha.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da pesquisa, 2017.

6.1.3.4 Rede de fundo

Uma rede semelhante a rede de emalhar derivante, porém fixa ao fundo por duas âncoras. Pode capturar indivíduos de várias espécies e de grandes dimensões. Possui suas malhas com dimensões entre 5 e 7 centímetros (FIGURA 22).

Em baixo estão descritas as principais características desta arte de pesca:

• Comprimento: em média, varia de 30 a 60 metros, com algumas exceções de redes que podem chegar a variar entre 50 a 100 metros de comprimento;

• Altura: entre 1,0 a 2,5 metros;

• Material: a maior parte dessas redes é confeccionada com fios de poliamida de número 25 a 35;

• Tipo de embarcação utilizada: canoas motorizadas e não motorizadas; • Espécies-alvo: principalmente espécies com características bentônicas, como as raias.

Figura 22 – Desenho esquemático de uma rede de fundo.

Fonte: Projeto Rias do Sul (2014b).

6.1.3.5 Rede de lance (Tarrafa)

Utilizada esporadicamente pelos pescadores para subsistência. O aparelho (FIGURA 23) é caracterizado como uma das primeiras técnicas de pesca que existiram em todo o País. O manejo deste petrecho, a técnica de captura e o tipo de espécie-alvo remontam à forma como os primeiros pescadores realizavam a pesca no início do povoamento da região.

A operacionalização desse tipo de instrumento pelos pescadores, via de regra, ocorre nos locais de poucas profundidades, sendo a tarrafa arremessada com as mãos de tal maneira que a mesma atinge o máximo possível de raio de ação antes de cair na água. Ao entrar em contato com a água, a rede afunda imediatamente.

• Comprimento: de 3 a 20 metros e altura variando entre 2,5 a 4 metros; • Tamanho da malha: 2,5 a 5 centímetros;

• Número de nylon utilizado na confecção: 30;

• Profundidade: pesca realizada entre 1,0 a 6 metros; • Espécies-alvo: tainha, camarão e pequenos pelágicos.

Figura 23 – Rede de lance (tarrafa).

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da pesquisa, 2017.

6.1.3.6 Linha e anzol

Conjunto de linhas constituídas essencialmente de poliamida, com comprimento e diâmetro variáveis na qual são fixados vários anzóis unidos a diversos dispositivos e que atraem os peixes por meio de iscas colocadas nos anzóis. A linha de mão é um instrumento desta classe e está constituída por um fio ao qual se une um ou vários anzóis iscados.

Esta arte é utilizada pelos pescadores ao longo do ano no rio Buba sobretudo para capturar espécies que vivem nos fundos rochosos (FIGURA 24). O tamanho de linha varia de acordo com o tamanho de anzol, dependendo da espécie-alvo que se pretende capturar. Os principais recursos capturados por esta arte de pesca são: Becuda (Sphyraena afra), Bentana (Tilapia guineensis) e Sinapa (Pagrus caeruleostictus) (PROJETO RIAS DO SUL/CIPA, 2014a).

A pesca com linha no rio Buba aumenta consideravelmente nos meses de julho a setembro, período que coincide com o defeso da espécie Sphyraena afra, um dos mais importantes recursos explorados pela pesca naquele ecossistema, devido seu alto valor econômico.

Com esse petrecho, pesca-se principalmente as seguintes espécies: Pagrus caeruleostictus, Sphyraena afra e Lethrinus atlanticus (PROJETO RIAS DO SUL/CIPA, 2014c).

Figura 24 – Linha utilizada na pesca artesanal do rio Buba.

Fonte: Projeto Rias do Sul/CIPA (2014c).