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As Ações Públicas Municipais para Jovens em Florianópolis e o Recorte da

4. MÉTODO

4.1 As Ações Públicas Municipais para Jovens em Florianópolis e o Recorte da

Assim como em outras capitais de estados brasileiros, em Florianópolis são desenvolvidas várias ações públicas voltadas para as juventudes. Em novembro de 2006 realizou-se um breve levantamento junto à Secretaria da Criança, Adolescente, Idoso, Família e Desenvolvimento Social da Prefeitura Municipal de Florianópolis das principais ações realizadas. O objetivo principal foi verificar os projetos ou ações especificamente desenvolvidos com mediação artística para o público jovem. Este levantamento foi realizado em uma conversa com a gerente da Gerência da Criança e do Adolescente da referida secretaria. Nesta, foram obtidas informações gerais sobre as ações desenvolvidas, objetivos, público alvo, número de participantes, entre outros e também um documento de divulgação de todas as atividades da gerência.

Vale ressaltar, de acordo com Carvalho (2002) e Durand et al (2005), que outras secretarias, como a Secretaria Municipal da Educação, por exemplo, também desenvolvem ações e projetos com este público. Nesta pesquisa, no entanto, optou-se por enfocar apenas os projetos da Gerência da Criança e do Adolescente da Secretaria, por concentrar suas atividades especificamente na população alvo da pesquisa.

Conforme documento fornecido pela gerente, referido por ela como documento de divulgação, a Gerência da Criança e do Adolescente desenvolve política de assistência social com foco na ampliação da cidadania, atuando em três frentes: diagnóstico, programas de prevenção e proteção, e defesa de direitos sociais. Dentre os projetos de proteção social básica

executados pela Gerência, entre os anos de 2004 a 2006, na Gestão do prefeito Dário Elias Berguer, podem-se citar:

- Centros de Educação Complementar (CECs) – atendimento de crianças e adolescentes (com idades entre 6 e 14 anos) em período extra-escolar com atividades sócio-educativas em seus bairros. Número de participantes: 730 (diariamente).

- Guias Mirins - adolescentes entre 16 e 18 anos trabalhavam como orientadores no Terminal Rodoviário Rita Maria, recebiam apoio social e pedagógico e auxílio financeiro de meio salário mínimo. Número de participantes: 23 (diariamente).

- Agente Jovem – capacitação de adolescentes entre 15 e 17 anos para o protagonismo juvenil. Recebiam capacitação em cidadania, saúde, meio ambiente e outros e auxílio financeiro mensal de R$65,00. Número de participantes: 250 (diariamente).

- Orquestra Sinfônica – aulas de música nas comunidades para crianças e adolescentes de 10 a 18 anos. Número de participantes: 199 (anualmente).

- Pró-Jovem – programa voltado à escolarização de jovens com idades entre 18 e 24 anos para a conclusão do ensino fundamental. Os participantes recebiam auxílio financeiro mensal de R$100,00. Número de participantes: não especificado.

- Crianças Fazendo Arte – desenvolvimento de atividades com crianças e adolescentes, como educação complementar, oficinas de arte, educação física e ambiental. Número de participantes: 150 (diariamente).

- Brinquedoteca – atendia mensalmente cerca de 450 crianças e adolescentes.

Estes programas, segundo a Gerente da Criança e da Família, estariam voltados para a prevenção da situação de risco. Outros programas da Gerência teriam como objetivo a promoção de atenção a indivíduos que já se encontravam em situação de risco pessoal e social, de acordo com a Gerência, programas esses que eram classificados como proteção social especial, a saber:

- Casa Lar Santa Rita de Cássia – atendia 20 crianças e jovens do sexo masculino com idades entre 7 e 18 anos.

- Programa Sentinela – atendia cerca de 440 crianças e adolescentes vítimas de violência física, sexual, psicológica e negligência.

- Programa de Orientação e Apoio Sócio-familiar – atendimento psico-social de 100 famílias em situação de vulnerabilidade social.

- Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – retirada de crianças e adolescentes, entre 7 e 15 anos, do mercado de trabalho, estimulando a escolarização. Os participantes recebiam bolsa mensal de R$40,00. Número de participantes: 710.

- Medidas Sócio-educativas de Liberdade Assistida e Prestação de Serviços à Comunidade – atendia aproximadamente 502 adolescentes entre 12 e 18 anos encaminhados pelo Juizado da Infância e da Juventude, autores de ato infracional.

Além desses, a prefeitura desenvolvia também o Projeto Rede Pró-Criança que tinha por objetivo a implantação e construção de uma política pública para o atendimento da criança e do adolescente, que visava assegurar os seus direitos, por meio da articulação de parcerias com diversos setores da sociedade.

Observou-se na fala da Gerente e no documento de divulgação uma distinção entre adolescentes e jovens. Os adolescentes estariam na faixa-etária dos 12 aos 18 anos, enquanto os jovens teriam de 18 a 24 anos. O próprio nome da Gerência pressupõe esta distinção, tendo responsabilidade pela infância e adolescência. Assim também, a concentração dos programas para o público entre 7 e 18 anos demonstra este fato. Apenas o Programa Pró-Jovem estava voltado aos jovens propriamente ditos, o qual, para a gerente, não deveria estar sob a responsabilidade da Gerência da Criança e do Adolescente. No entanto, não existia outro setor ou gerência na Prefeitura Municipal com foco específico nos jovens. Apesar desta distinção entre adolescentes e jovens presentes no desenvolvimento das ações municipais, aqui utilizar-se-á a terminologia jovens, entendida em uma faixa-etária mais ampla, englobando tanto a adolescência quanto a juventude propriamente dita.

Outra questão observada nas ações da Gerência é que a maioria dos programas era voltada tanto para crianças, quanto para jovens. Aqueles que atendiam (palavra utilizada no documento de divulgação para fazer referência aos usuários ou participantes dos programas) exclusivamente jovens tinham como eixos: a escolarização (visando somente a conclusão do ensino fundamental), a preparação para o trabalho, a cidadania/protagonismo e o ato infracional.

A arte, de acordo com informações fornecidas pela gerente da Criança e do Adolescente, figurava em praticamente todos os projetos, tanto em oficinas específicas ou como ferramenta para o trabalho com outras temáticas, como a violência, por exemplo. Escolheu-se para foco da pesquisa um dos projetos em que a arte era trabalhada como finalidade em si mesma e que também estava voltado para o público juvenil. Para tanto, obteve-se autorização junto à Gerência da Criança e do Adolescente. Durante a coleta de dados, contudo, decidiu-se manter em sigilo o nome do projeto investigado para evitar a fácil identificação dos jovens, sujeitos da pesquisa.

Importante registrar que o projeto de pesquisa foi submetido ao Conselho de Ética em Pesquisa com Seres Humanas da UFSC e aprovado (Parecer Projeto 128/2007).