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2 EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA: FUNDAMENTOS

2.1 CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS: REVENDO ALGUMAS ABORDAGENS

2.2.3 As competências para ensinar em ambiente informatizado

Profissionais da educação se sentem pouco preparados para utilizarem ferramentas computacionais para atender às necessidades que se instauram no meio acadêmico quanto à utilização da informática, e são muitas as propostas metodológicas, o que requer competência para adotá-las, embora haja muitos pesquisando e trabalhando com capacitação de professores na integração da informática na educação de forma colaborativa e significativa e que possibilitam disseminação dessa capacitação. Isso tem contribuído muito para sensibilizar os professores nesse sentido e desmistificar o uso do computador.

O agir pedagógico, na educação contemporânea, como abordado anteriormente, só faz sentido se estiver voltado para a construção do conhecimento, o qual se torna um saber adquirido, e este efetivado pela competência, ou seja, saber fazer. Há que se considerar, nesse caso, a bagagem hereditária e as experiências, ou seja, o contexto do aluno. Para que isso se efetive é imprescindível que o professor ouça o seu aluno e observe o seu fazer, num diálogo incansável. Maria Oly Pey (1987), em sua análise do

discurso pedagógico, afirma que “os alunos são seres concretos inseridos numa realidade concreta, capazes de tematizar as suas preocupações como indicadores da exploração do saber.”

É assim que se sai da pura transmissão dos conhecimentos para a sua construção. A informação por si só tornou-se dispensável no contexto escolar, com as novas tecnologias, tendo em vista que o aluno a obtém a sua volta, sem sair de casa. Agora, como encontrá-la, como selecioná-la, como pensá-la, como crescer com ela, sob o ponto de vista ético e cidadão é que é o grande desafio do educador, e para isso ele deve estar muito bem preparado, pois de transmissor do conhecimento passou a ser um mediador, estimulador, orientador no processo ensino/aprendizagem.

Independentemente da predisposição da escola em encontrar caminhos para superar os desafios impostos pelo mundo da comunicação e informação, há que se dispor de uma equipe de educadores engajados nisso, que assuma o papel crítico de quem indaga e busca, e preocupada em dar sentido para a vida e para a humanidade e com a formação de uma sociedade justa e produtiva, para a qual, numa visão emancipadora, forma as pessoas.

Como principal recurso o professor precisa dispor de uma postura reflexiva, com capacidade de observar, de regular, de inovar, de aprender com os alunos e com a experiência, avaliando a sua prática a todo instante, a qual deve ser coerente com o seu discurso democrático.

O principal papel do educador diante dessa perspectiva de educação tecnológica é possibilitar oportunidades de crescimento ao seu aluno, intrigando-o quanto a sua submissão, desenvolvendo a sua capacidade crítica, instigando a sua curiosidade, de modo que nele se estabeleça uma cultura de aprendizagem continuada, o que o levará a sua independência e conseqüente autonomia, num “reconhecimento autogerido, móvel e contextual das competências”(Lévy, 2000).

Ao educador, naturalmente, nesse agir pedagógico, devem-lhe ser atribuídas características que explicitem a sua postura também como ser intrigante, criativo, “instigador, inquieto, curioso, contextualizador, empolgado e persistente”, como afirma Freire (2000), porque sempre deixa marcas de sua passagem. Deve deixar aflorar essas características que em muitos encontram-se tácitas e adotar a práxis libertadora. Paulo Freire (2000), em seu discurso, afirma que o professor quando entra em sala de aula

deve estar “aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, a suas inibições” ajudando-o a reconhecer-se como “arquiteto de sua própria prática cognosciva”

É sob essa perspectiva que Jacques Delors (1996), presidente da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, indica a aprendizagem continuada como o cerne da sociedade do conhecimento porque é da educação que a evolução da humanidade depende, é ela uma das mais poderosas armas de que se dispõe para definir o futuro. E os alicerces da educação, segundo essa comissão, seria aprender a conhecer, muito mais amplo do que aprender a aprender, em que se despertaria o gosto para a aprendizagem durante toda a vida; aprender a fazer, de modo que se possa enfrentar situações novas e que o trabalho em equipe seja facilitado; aprender a viver junto, colaborativamente, desenvolvendo o conhecimento mútuo, realizando projetos comuns, e aprender a ser, o que implica maior autonomia e julgamento. Isso corresponderia ao novo paradigma da educação diante das tecnologias de informação e comunicação.

E é incorporando essas “quatro premissas apontadas pela UNESCO como eixos estruturais da educação na sociedade contemporânea” que o Ministério de Educação propõe a reforma de ensino. (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1999)

Essa concepção de educação não requer atitudes ingênuas, superficiais em relação à aprendizagem, mas atitudes que venham do âmago do ser educador, da sua sensibilidade, pois esta é que define o que está diante dele. Ele desenvolverá competências a partir do momento em que se perceber como desencadeador de ações pedagógicas que tenham sentido para os alunos, seduzindo-os e simultaneamente produzindo aprendizagens significativas.

Sob essa perspectiva educacional, torna-se imprescindível utilizar propostas que envolvam resolução de problemas, tarefas complexas, desafios, projetos interdisciplinares bem definidos, dinâmicos, os quais sejam resultado das contribuições de toda a comunidade escolar, das necessidades dessa comunidade, das discussões dessas necessidades e também das críticas, enfim, que sejam contextualizados na vida do aluno e humildemente buscados nos saberes socialmente construídos por ele em sua comunidade e que os provoquem a ativar e ampliar seus conhecimentos.

É sob essa ótica que a tecnologia deve ser inserida na prática pedagógica, tanto na utilização dos recursos computacionais quanto no desenvolvimento deles. E um dos

princípios é ter clareza quanto aos objetivos pedagógicos adequando-os ao produto, e a sua utilização só fará sentido se o educador o considerar uma ferramenta de auxílio a sua prática pedagógica. A combinação de computadores, programas bem selecionados ou desenvolvidos e professores com competência para trabalhar nesses ambientes poderá ser um fator decisivo na melhora da educação.

O educador, então, dispõe de rescursos que a indústria cultural e informacional contemporânea oferece, mas isso não é suficiente, precisa envolver o educando com a sua participação no processo, interagindo com ele e compartilhando saberes, embora nem sempre seja possível efetivar uma ação sob essa perspectiva, como se verá no item a seguir.