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3 ABORDAGEM ERGONÔMICA PARA A CONCEPÇÃO DE

3.1 ERGONOMIA

Dentre as muitas áreas do conhecimento encontra-se a ergonomia, cujo termo tem origem nos radicais ergo que significa trabalho e monos que significa regras, leis naturais.

A ergonomia, segundo Iida (1990), é o estudo da adaptação do trabalho ao homem, desde o ambiente físico até os aspectos organizacionais de como esse trabalho é programado e controlado para produzir os resultados desejados como satisfação, segurança e bem estar dos trabalhadores.

Na definição de Chapanis (apud Mariné, 1998), a ergonomia é a tecnologia que aplica e descreve sobre a ciência humana, suas capacidades, limitações e outras características para o desenho e a melhoria de ferramentas, energias, sistemas, tarefas e trabalhos para conseguir que os ambientes de lavor sejam produtivos, seguros, confortáveis e eficazes.

Wisner (1987) define ergonomia como o conjunto dos conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para a concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, de segurança e de eficácia, dividindo-a em ergonomia de correção, ergonomia de concepção e de mudança.

A ergonomia de correção é utilizada para melhorar as condições de trabalho existentes, já a de concepção é utilizada desde o projeto inicial da máquina, posto de trabalho, da ferramenta ou sistema informatizado. A ergonomia de correção apresenta limitações quanto à sua eficácia, é mais cara e é mais lenta; a de concepção caracteriza- se por mais eficácia nos resultados, nos custos, reduzindo a taxa de erros, porém não evita que mais tarde se faça uma revisão para comprovar que o que se estabeleceu em teoria seja válido na prática; a de mudança reúne as vantagens das anteriores.

Segundo Dul e Weerdmeester (2000) “é melhor aplicar a ergonomia desde os estágios iniciais do projeto”, devendo participar de todas as fases.

Bunge (apud Moraes, 2001) propõe ergonomia como atuação da teoria tecnológica e define tecnologia como “um corpo de conhecimentos que é compatível com a ciência contemporânea e controlável pelo método científico, e é empregado para controlar, transformar ou criar coisas ou processos naturais ou sociais.”

Segundo Moraes (2001), a singularidade da ergonomia está em sua práxis, a qual “integra o estudo das características físicas e psíquicas do homem, as avaliações tecnológicas do sistema produtivo, a análise da tarefa com a apreciação, o diagnóstico, a projetação, a avaliação e a implantação de sistemas homens-máquinas.”

Considerada por alguns como ciência, por outros como tecnologia, não deixa a mesma de ser de cunho interdisciplinar porque envolve fatores humanos, além de sociais, econômicos e técnicos, estudando o homem e a sua relação com o ambiente de trabalho, assim como o projeto de máquinas, ferramentas e computadores, incluindo usuários e tarefas, com a finalidade de tornar os sistemas mais fáceis de usar.

Segundo Fialho e Santos (1995), “as situações de trabalho não são determinadas unicamente por critérios ergonômicos”, pois a organização do trabalho, a concepção de ferramentas e máquinas, a implantação de sistemas de produção são, também, determinados por outros fatores, tanto técnicos como econômicos e sociais.

Dentro dessa visão ergonômica pode-se inserir o desenvolvimento de software educacional, porque da mesma forma que qualquer sistema, esse compreende o diálogo entre usuário e máquina.

A origem oficial da ergonomia data de 1949, quando um grupo de cientistas e pesquisadores se reuniram na Inglaterra para discutir e formalizar a existência dessa nova ciência, que já se disseminava em vários âmbitos da sociedade.

Com a evolução tecnológica, houve a necessidade de uma revisão nos critérios ergonômicos. Por volta dos anos cinqüenta, o professor Fitts já dizia que as pessoas deveriam fazer aquelas funções em que são superiores às máquinas e estas realizarem as funções em que são superiores àquelas, quando propôs uma lista de tarefas em que homens são melhores e em que máquinas são melhores, em 1951, conhecida como lista MABA-MABA, apontada como a primeira base conhecida para a alocação de tarefas.

Hoje, com sua difusão atual, apresentam-se e discutem-se as pesquisas realizadas em eventos anuais que ocorrem nacional e internacionalmente.

Segundo Moraes (2001), o desenvolvimento da ergonomia aponta para novas áreas de atuação:

a) em termos de expansão vertical, do sistema homem-tarefa-máquina ao sistema homens-tarefas-máquinas, da estação de trabalho à fábrica, à organização de trabalho e à organização como um todo;

b) quanto às formas de atuação, quando se busca uma participação mais efetiva do usuário/operador/trabalhador/consumidor;

c) no que se refere ao objeto de trabalho o estudo das comunicações dos homens com computadores, em termos de diálogo entre o homem e a máquina, através de hipertextos e software.

Moraes (2001) aponta, a partir de Hendrick (1987), três fases para a ergonomia sendo que a atual é a macroergonomia, a qual se diferencia das primeiras por considerar o sistema como um todo e como resultante do desenvolvimento da automação de sistemas e do surgimento da robótica.

Um dos métodos, segundo Imada (apud Moraes, 2001), na macroergonomia, é a prática participativa, que envolve aspectos humanos, além de técnicos, a contribuição de muitos níveis da organização para identificar, analisar e resolver problemas ergonômicos, ouvindo antes de tomar as decisões, desenvolvendo a capacidade de as pessoas participarem na mudança do desempenho em seu trabalho e nos resultados dos mesmos tentando melhorar a performance da organização.

A tecnologia, então, foi a causa da transformação da ergonomia de simples processo de adaptação física do posto de trabalho ao homem para um conjunto de medidas que a empresa tem que adotar para que o trabalhador encontre em seu posto de trabalho um bom ambiente e a segurança do perfeito funcionamento de todas suas ferramentas, sejam de que natureza forem.

Após o surgimento da intervenção ergonômica na área das novas tecnologias, aumentaram os trabalhos que se beneficiam dessa área, assim como se tornaram mais fáceis os mesmos. Porque ao se distinguirem as dimensões físicas, cognitivas e psíquicas na carga de trabalho, é possível dimensionar melhor as funcionalidades de um sistema, por exemplo.

Como as atividades humanas estão relacionadas a um componente físico e a um mental, a ergonomia pode ser classificada em física e cognitiva, esta envolvendo princípios de psicologia, ciências cognitivas e design.