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2 A POLÍTICA PUBLÍCA E O SERVIÇO SOCIAL NO ATENDIMENTO ÀS

2.3 AS CONTRIBUIÇÕES DO SERVIÇO SOCIAL NO COMBATE AO ABUSO E

Ao tratar da questão da violência nas crianças e adolescentes, pode-se perceber que geralmente são as pessoas próximas que violentam essas crianças e adolescentes, sendo pais, mães, tios, avós ou responsáveis, e a sua autoridade ao invés de ser de caráter educativo, passa a ser agressivo. Sendo que a violência é tanto psicológica quanto física, ou até mesmo sexual.

Tendo como diversas bases de estudo, os profissionais do CREAS estão qualificados a atender essa demanda, pois se as crianças e adolescentes não obtiverem um acompanhamento especializado, futuramente poderá ocorrer à gravidez precoce e indesejada, terá dificuldades de relacionamento, dificuldades de manter uma relação sexual saudável, poderá entrar para a prostituição e outra conseqüência é o uso e tráfico de drogas. Visto que a criança e o adolescente levarão para toda a vida o que aconteceu com ela/ele o que se pode fazer é apenas tentar amenizas a dor que eles passam e que não fazem o que fizeram a eles.

No entanto, o assistente social com a busca de seu novo perfil, este

de um profissional afinado com a análise dos processos sociais, tanto em suas dimensões macroscópicas quanto em suas manifestações quotidianas; um profissional criativo e inventivo, capaz de entender o “tempo presente, os homens presentes, a vida presente” e nela atuar, contribuindo, também, para moldar os rumos de sua história (IAMAMOTO, 2007, p.49),

está apto para fazer de seu trabalho o melhor possível, juntamente com os instrumentos técnicos do serviço social, estes com diversas finalidades.

Porém no combate ao abuso e exploração sexual, e demais formas de intervenção profissional, sendo importante salientar que,

embora regulamentado como uma profissão liberal na sociedade, o Serviço Social não se realiza como tal. Isso significa que o assistente social não detém todos os meios necessários para a efetivação de seu trabalho: financeiros, técnicos e humanos necessários ao exercício autônomo. Depende de recursos previstos nos programas, projetos da instituição que o requisita e o contrata, por meio do qual é exercido o trabalho especializado [...] portanto, a condição de trabalhador assalariado não só enquadra o Assistente Social na relação de compra e venda da força de trabalho, mas molda a sua inserção socioinstitucional na sociedade brasileira (IAMAMOTO, 2007, p. 63).

Para que seu trabalho seja efetivado, destaca-se que “o assistente social não realiza seu trabalho isoladamente, mas como parte de um trabalho combinado ou de um trabalho coletivo que forma uma grande equipe de trabalho” (IAMAMOTO, 2007, p 63-64). E também usufrui de instrumentos técnicos como expostos a cima, que são: entrevista individual, entrevista coletiva, visita domiciliar, visita institucional, grupo e pareceres técnicos - relatórios sociais, estudos sociais, pareceres sociais, laudos e perícias sociais.

A entrevista individual ou coletiva acontece quando á um diálogo entre o Assistente Social e o(s) usuário(s), sendo que esta geralmente será realizada juntamente com a visita domiciliar, somente em alguns casos é realizada na instituição.

Sendo um instrumento que dá visibilidade para as demais formas de encaminhamentos e afins, a entrevista é

um dos instrumentos que possibilita a tomada de consciência pelos assistentes sociais das relações e interações que se estabelecem entre a realidade e os sujeitos, sendo eles individuais ou coletivos [...] se de fato vivida, e não apenas cumprida, pode se transformar em um intenso momento de proliferação de análises, reflexões e experiências de vida, do qual tanto entrevistado quanto entrevistador sairão transformados pelo intercâmbio, pelos embates e interfaces ocorridos [...] ela é capaz de produzir confrontos de conhecimentos e informações que,pouco depois, irão, de maneira sistematizada e inteligível, ganhar a arena pública e participar, em maior ou menor escala, da construção das sociedades e definição de seus rumos (LEWGOY; SILVEIRA, 2007, p. 3).

Lewgoy e Silveira (2007) escrevem que a entrevista é dividida em etapas, esta composta pelo planejamento, execução e o registro e são utilizadas técnicas

para ela, sendo, acolhimento, questionamento, reflexão, clarificação, exploração ou aprofundamento, silencio sensível, apropriação do conhecimento e finalizando com a síntese integradora.

A visita domiciliar tem como finalidade acompanhar, ou intermediar, ou apenas conhecer a vida do usuário, a sua realidade. Sendo

hoje o instrumento considerado mais polêmico, tendo em vista que o projeto ético-político da profissão estabelece princípios como: defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo; defesa do aprofundamento da democracia, entendida como socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida; posicionamento em favor da equidade e da justiça social; e empenho da eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade (NORONHA; SANTOS, 2010, p.53).

Por isso o assistente social e qualquer profissional que necessita desse instrumento de trabalho precisam ter cautela ao fazer uma abordagem na residência de seu usuário.

A visita institucional para o assistente social do CREAS, geralmente ocorre quando o profissional deseja fazer uma avaliação do usuário em uma instituição que ele mantém vinculo, por exemplo, escola, abrigo, Centro de Atenção Psicossocial – CAPS, entre outros.

O grupo acontece entre usuários dos serviços disponíveis no CREAS e com os pais desses usuários, como forma de orientar, de trocar vivencias, compreender uns aos outros e também,

deve ser enxergado em sua totalidade: a expressão subjetiva dos membros e a sua estrutura social; que está diretamente relacionada à estrutura maior de nossa cidade. Possui dimensão histórica, que é a concretude de cada grupo que se constitui no território ao qual pertence, ale de uma dimensão ideológica objetiva, criada por uma realidade social e que tem peso na organização da vida das pessoas. O grupo é um espaço contraditório por estar inserido numa sociedade capitalista, que lança determinações econômicas, institucionais e ideológicas, e por ao mesmo tempo, ter possibilidades de construir estratégias de resistência a estes determinantes sociais, numa ação contra-hegemônica (BRUNO apud NORORA;SANTOS, 2007, p.3)

Os pareceres técnicos são os estudos sociais, laudos, perícias sociais, pareceres sociais e relatórios. Sendo que Noronha e Santos (apud MIOTO; FÁVERO, 2001, 2004) “tratam tanto o estudo social quanto o laudo e o parecer técnico como etapas da perícia, isso porque a perícia se realiza por meio de um estudo social e implica a elaboração de um laudo e a emissão de um parecer”.

É importante que o profissional assistente social,

deve dispor de conhecimento sólido sobre a matéria a qual foi chamada a opinar, para que se possa emitir seu parecer de forma consciente e bem fundamentada. Assim, a realização do estudo social envolve outros instrumentos, tais como entrevista, observação, visitas domiciliares e documentação, que devem ser utilizados de acordo com a avaliação do profissional, com base nas necessidades de obtenção de dados, em conformidade com as diretrizes e princípios éticos da profissão, e não para comprovar informações fornecidas pelo usuário (Noronha e Santos,2010, p.58).

Importante salientar que se deve “garantir um compromisso com a população usuária, atendendo aos princípios e normas para o exercício profissional contido no código de ética dos assistentes sociais, tais como, informar os objetivos de seu trabalho e garantir os sujeitos informações sobre o ele e garantir a manutenção do sigilo” (NORONHA; SANTOS, 2010, p.58).

Com os instrumentos técnicos citados, então pode-se concluir que,

o Serviço Social é um trabalho especializado, expresso sob a forma de serviços, que tem produtos: interfere na produção material da força de trabalho e no processo de reprodução sociopolítica ou ídeo-política dos indivíduos sociais. O assistente social é, neste sentido, um intelectual que contribui, junto com inúmeros outros protagonistas, na criação de consensos na sociedade [...] é consenso em torno de interesses de classes fundamentais, sejam dominantes ou subalternas, contribuindo no reforço da hegemonia vigente ou criação de uma contra-hegemonia no cenário da vida social (IAMAMOTO, 2007, p. 69).

Portanto, o trabalho do assistente social na instituição CREAS principalmente voltado ao combate ao abuso e exploração sexual é eficaz, e muito contribui para a equipe multidisciplinar, pois da mesma maneira que o assistente social não atua sozinho, os demais profissionais necessitam deste profissional, visto que é uma violência complexa e difícil de trabalhar.

Assim, pode-se perceber que a demanda atendida na instituição são crianças, adolescentes, famílias, idosos, entre outros. O acompanhamento destes sujeitos algumas vezes, torna-se precarizado devido ao número restrito de técnicos que desempenham atividades na instituição. No entanto não podemos afirmar que a contratação de mais técnicos iria resolver todos os problemas de abuso e exploração sexual. Pois somente aliando a uma estrutura técnica adequada, somado os aparelhos sociais disponíveis com os meios e ajuda da sociedade em geral,

trabalhando com a denúncia, se poderá diminuir e quem sabe abolir esse ato de violência sexual tão humilhante e que deixa marcas para a vida toda.

Então, no próximo capítulo será abordado como se dá a reinserção das crianças e adolescentes que sofreram o abuso e a exploração sexual, através da experiência de estágio e da formação do grupo Expressão Jovem.

3 A REINSERÇÃO NA SOCIEDADE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

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