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2 A POLÍTICA PUBLÍCA E O SERVIÇO SOCIAL NO ATENDIMENTO ÀS

2.1 CARACTERÍSTICAS DO MUNICÍPIO DE IJUÍ

A Colônia de Ijuhy foi fundada em 19 de outubro de 1890, Ijuhy significa na língua guarany, "Rio das Águas Claras" ou "Rio das Águas Divinas". Recebeu imigrantes de várias nacionalidades e a partir de 1899, foi incentivado o assentamento de colonos com conhecimento de agricultura, principalmente de colônias mais antigas do Rio Grande do Sul (MUNICÍPIO DE IJUÍ – PODER EXECUTIVO, 2010).

Hoje, é conhecida por “Terra das Culturas Diversificadas”, possuindo vários grupos étnicos, podendo-se citar os afro-brasileiros, índios, portugueses, franceses, italianos, alemães, poloneses, austríacos, letos, holandeses, suecos, espanhóis, japoneses, russos, árabes, libaneses, lituanos, ucranianos dentre outros.

O município de Ijuí está localizado na região Noroeste/Missões, sua área territorial é de 689,124 km², e tem como municípios limítrofes Chiapetta, Cruz Alta, Nova Ramada, Ajuricaba, Bozano, Boa Vista do Cadeado, Panambi, Pejuçara, Augusto Pestana, Coronel Barros e Catuípe e está localizado a 395 km da capital, Porto Alegre. Sua população é de 76.739 habitantes, de acordo com o censo de 2007, assim ocupando o 24º lugar no Estado em população, sendo que é o maior centro populacional da região (IJUÍ VIRTUAL, 2010).

Possui um considerável parque industrial, um destacado comércio e um centro regional de prestação de serviços. Abriga uma das maiores cooperativas de grãos do cone Sul, possui uma agricultura diversificada, hospitais de alcance regional e um das mais ativas universidades comunitárias do País, além de faculdades e escolas técnicas profissionalizantes das mais diversas especialidades e significativas escolas secundárias (IJUÍ VIRTUAL, 2010).

O município conta com diversas secretarias, entre elas, Secretaria Municipal de Administração, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural, Secretaria Municipal de

Desenvolvimento Social, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Secretaria Municipal de Educação, Secretaria Municipal da Fazenda, Secretaria Municipal de Governo e Articulação Institucional, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Secretaria Municipal de Planejamento e Secretaria Municipal de Saúde (PREFEITURA DE IJUÍ – PODER EXECUTIVO, 2010).

Dando mais ênfase a Secretaria de Desenvolvimento Social – SMDS, que foi criada a partir da Lei Municipal nº 3.878 de 21/ 12 / 2001, e está localizada na Rua Álvaro Chaves, 254 – Centro, conta na sua composição com a Secretária Municipal, o Secretário Executivo, a Gestão de Projetos Burocráticos, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS que atende pessoas com Proteção Social Especial de média complexidade e alta complexidade.

No entanto, os serviços de média complexidade são

aqueles que oferecem atendimentos às famílias e indivíduos com seus direitos violados, mas cujos vínculos familiares e comunitário não foram rompidos. Neste sentido, requerem maior estruturação técnico-operacional e atenção especializada e mais individualizada, e, ou, acompanhamento sistemático e monitorado (POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – PNAS, 2004, P.32).

Já os serviços de proteção de alta complexidade,

são aqueles que garantem proteção integral – moradia, alimentação, higienização e trabalho protegido para famílias e indivíduos que se encontram sem referência e, ou, em situação de ameaça, necessitando ser retirados de seu núcleo familiar e, ou, comunitário (PNAS, 2004, p.32).

No entanto, o CREAS do município de Ijuí tem como projetos o Serviço de Enfrentamento à Violência, ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, Serviço de Orientação e Acompanhamento a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, e tem como extensão a casa de passagem para crianças e adolescentes e a casa lar, ou seja, o lar dos idosos.

Na composição da SMDS também esta os Centros de Referência da Assistência Social – CRAS, que atua com famílias e indivíduo em seu contexto comunitário, “executa serviços de proteção social básica, organiza e coordena a rede de serviços sócio-assistenciais locais da política de assistência social” (PNAS, 2004, p 29).

O CRAS de Ijuí dá suporte para o Conselho Tutelar, Administrativo/Financeiro e é responsável pelo Programa de Atenção Integral às Famílias – PAIF, tem como extensão a Oficina dos Sonhos, que constitui em oficinas de trabalho e geração de renda para pessoas com deficiência e integrantes do Bolsa Família.

Podendo então destacar que,

a Assistência Social no Brasil, como política pública, tem fundamento constitucional como parte do Sistema de Seguridade Social [...] a partir dos resultados que produz na sociedade – e tem potencial de produzir –, é política pública de direção universal e direito de cidadania, capaz de alargar a agenda dos direitos sociais a serem assegurados a todos os brasileiros, de acordo com suas necessidades e independentemente de sua renda, a partir de sua condição inerente de ser de direitos [...] é direito do cidadão, independe de sua contribuição prévia e deve ser provida pela contribuição de toda a sociedade. Ocupa-se de prover proteção à vida, reduzir danos, monitorar populações em risco e prevenir a incidência de agravos à vida em face das situações de vulnerabilidade (NOB/SUAS, 2005, p.17-18).

Assim a gestão da política de assistência social do município é descentralizada, participativa, com comando único, com funções de articulação intersetorial e gestão de serviços, benefícios, programas e projetos. Evitando a desarticulação e superposição de ações, desperdício de recursos, e potencializando a interlocução com a sociedade através da gestão pactuada que operacionaliza a política definida em conjunto com o poder público, a sociedade civil e instâncias de controle social (PNAS, 2004).

Para executar as suas funções, o Município teve que se adequar a princípios em que a Política Nacional de Assistência Social – PNAS (2004) que determina: coordenar a implantação e implementação do Sistema Único de Assistência Social – SUAS no município; co-financiar a Política de Assistência Social; organizar e gestão da rede de atendimento socioassistencial; definir a relação de parceria com as

entidades prestadoras de serviços socioassistenciais e dos instrumentos legais a serem utilizados; definir os padrões de qualidade e formas de monitoramento e avaliação, controle e supervisão das ações da assistência social; articular com as demais Políticas Sociais.

A PNAS surge como uma forma de assegurar aos cidadãos brasileiros as garantias de direito e acesso a serviços, programas e projetos sobre responsabilidade do Estado.

Em consenso com o disposto na Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS, capítulo II, seção I, artigo 4º, rege-se pelos seguintes princípios:

I – Supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica;

II - Universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas;

III - Respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade; IV - Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais;

V – Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão (PNAS, 2004, p.26).

A PNAS (2004, p.27) traz que a “a Política Pública de Assistência Social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, visando o enfrentamento das desigualdades socioterritoriais, à garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender contingências sociais e à universalização dos direitos sociais”.

Dentro do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, o Município tem plenitude de gestão das ações de Assistência Social, sejam elas financiadas pelos Fundos: Nacional, Estadual ou Municipal de Assistência Social. Sendo que o SUAS,

cujo modelo de gestão é descentralizado e participativo, constitui-se na regulação e organização em todo o território nacional das ações sócioassistenciais. Os serviços, programas, projetos e benefícios têm como foco prioritário a atenção às famílias, seus membros e indivíduos e o território como base de organização, que passam a ser definidos pelas funções que desempenham, pelo número de pessoas que deles necessitam e pela sua complexidade. Pressupõe, ainda, gestão compartilhada, co- financiamento da política pelas três esferas de governo e definição clara das competências técnico-políticas da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com a participação e mobilização da sociedade civil e estes têm o papel efetivo na sua implantação e implementação (PNAS, 2004, p.32- 33).

Definindo e organizando os elementos essenciais e imprescindiveis para sua execução, o SUAS possibilita “a normatização dos padrões nos serviços, qualidade no atendimento, indicadores de avaliação e resultado, nomenclatura dos serviços e da rede socioassistencial, e os eixos estruturantes e de subsistemas” (PNAS, 2004).

Dentre esses eixos, encontra-se a Matricialidade Sócio – Familiar, ou seja,

as reconfigurações dos espaços públicos, [...] determinaram transformações fundamentais na esfera privada, resignificando as formas de composição e o papel das famílias. Por reconhecer as fortes pressões que os processos de exclusão sócio-cultural geram sobre as famílias brasileiras, acentuando suas fragilidades e contradições, faz-se primordial sua centralidade no âmbito das ações da política de assistência social, como espaço privilegiado e insubstituível de proteção e socialização primárias, provedora de cuidados aos seus membros, mas que precisa também ser cuidada e protegida (PNAS, 2004, p.34).

Os benefícios, programas e projetos compõem a proteção social básica, sendo que eles devem ser articulados dentro do SUAS. Entretanto, dentro desses programas, encontra-se uma política pública destinas a essas crianças e adolescentes abusadas e exploradas sexualmente, o Serviço de Enfrentamento à Violência, ao Abuso e à Exploração Sexual, este que veremos a seguir.

2.2 A POLÍTICA PÚBLICA DESTINADA AO ATENDIMENTO DE CRIANÇAS E

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