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A reinserção na sociedade de crianças e adolescentes abusadas e exploradas sexualmente no município de Ijuí/RS

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS SERVIÇO SOCIAL

FLAVIA KREUTZ BERRES

A REINSERÇÃO NA SOCIEDADE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ABUSADAS E EXPLORADAS SEXUALMENTE NO MUNICÍPIO DE IJUÍ/RS

Ijuí (RS) 2011

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FLAVIA KREUTZ BERRES

A REINSERÇÃO NA SOCIEDADE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ABUSADAS E EXPLORADAS SEXUALMENTE NO MUNICÍPIO DE IJUÍ/RS

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado ao Curso de Serviço Social do Departamento de Ciências Sociais – da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social.

Professor Orientador: Ms. Jocenir de Oliveira Silva

Ijuí (RS) 2011

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FLAVIA KREUTZ BERRES

A REINSERÇÃO NA SOCIEDADE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ABUSADAS E EXPLORADAS SEXUALMENTE NO MUNICÍPIO DE IJUÍ/RS

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado ao Curso de Serviço Social do Departamento de Ciências Sociais – da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI como requisito parcial para obtenção de grau de Bacharel em Serviço Social.

Comissão Organizadora:

______________________________________________

Professor Orientador: Ms. Jocenir de Oliveira Silva

___________________________________ Professor: Dr. Enio Waldir da Silva

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DEDICATÓRIA:

Dedico este trabalho a minha mãe Irenita, que onde estiver sei está olhando e cuidando de mim, ao meu pai Rodolfo, pelo apoio e confiança que me depositaste nesta trajetória e aos meus padrinhos Francisco e Mirtes pelo carinho e incentivo.

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AGRADECIMENTOS:

Agradeço primeiramente a Deus por ter me concedido o dom da vida, por ter-me colocado neste curso maravilhoso e por iluminar a minha trajetória.

A minha mãe por me ensinar os valores e o real sentido da vida, por abraçar-me nos momentos de angústia e falta de estímulo, pois aonde quer que esteja, sei que está do meu lado me protegendo e abençoando.

A meu pai por terem me dado princípios e conselhos, por acreditar sempre nos meus sonhos, sem me julgar, somente me apoiar.

A meus irmãos Felipe, Gabriel e Milena, pelos momentos de descontração e risadas.

Aos meus padrinhos Mirtes e Francisco e minhas primas Marcela e Rosana, pelo apoio e por me amar como a filha e irmã do meio.

As minhas colegas e amigas Alana e Daniela, por compartilharmos os momentos de alegrias, agonias e indecisões, por estarem ao meu lado em toda esta caminhada, e por saber que nossa amizade não é passageira, mas para sempre.

A família Michael, pelo acolhimento, carinho e amizade, a minha família de Ijuí.

Aos meus amigos, pelo carinho e apoio, pelos incentivos, risadas e muitos momentos compartilhados.

A meu professor orientador Jocenir, por ter acreditado no meu potencial, por me ensinar e por poder contar com sua amizade.

A minha supervisora de campo Angela Marchionatti, pelo apoio, ensinamentos, dedicação, amizade, e pela demonstração de como ser uma grande profissional.

As minhas colegas e meus professores, pelos ensinamentos, trocas de experiências e por ter me proporcionado mais do que colegas, amigos.

Enfim, a todos aqueles que de alguma forma estiveram do meu lado, me apoiando, incentivando e torcendo pela realização desta conquista.

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“Há um país chamado infância, cuja localização ninguém conhece ao certo. Pode ficar lá onde mora o Papai Noel, no Pólo Norte; ou ao Sul do Equador, onde não existe pecado; ou nas florestas da Amazônia ou na

África misteriosa, ou mesmo na velha Europa. Os habitantes deste país deslocam-se no espaço em naves siderais, mergulham nas profundezas do oceano, caçam leões, aprisionam dragões. E depois, exaustos,

tombam na cama. No dia seguinte, mais aventuras. Não há tédio.

Nem todas as crianças, contudo, podem viver no país da infância. Existem aquelas que, nascidas e criadas nos cinturões de miséria que hoje rodeiam as grandes cidades, descobrem muito cedo que seu chão é o asfalto hostil, onde são caçadas pelos automóveis e onde se iniciam na rotina da criminalidade. Para estas

crianças, a infância é um lugar mítico, que podem apenas imaginar quando olham as vitrinas das lojas de brinquedos quando vêem TV ou quando olham passar, nos carros dos pais, os garotos de classe média.

Quando pedem, num tom súplice tem um trocadinho aí, tio? – não é só o dinheiro que querem; é uma oportunidade para visitar, por momentos que seja, o país com que sonham”.

Moacyr Scliar. Um país chamado Infância

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...8

1 A VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SUAS VÁRIAS EXPRESSÕES...10

1.1SURGIMENTO DA VIOLÊNCIA...10

1.1.1 As crianças e adolescentes no processo histórico da violência...13

1.2 FORMAS DE VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES...16

1.2.1 Violência Doméstica...17

1.2.2 Violência nas Escolas...19

1.2.3 Violência na Mídia...21

1.2.4 Violência Urbana...23

1.2.5 Violência Institucional...24

1.2.6 Violência nas Áreas Rurais...26

1.2.7 Violência Indígena...27

1.2.8 Violência Racial...28

1.2.9 Violência no Trabalho...29

2 A POLÍTICA PUBLÍCA E O SERVIÇO SOCIAL NO ATENDIMENTO ÀS CRAINÇAS E ADOLESCENTES ABUSADAS E EXPLORADAS SEXUALMENTE NO CREAS – ÍJUÍ...32

2.1 CARACTERÍSTICAS DO MUNICÍPIO DE IJUÍ ...33

2.2 A POLÍTICA PÚBLICA DESTINADA AO ATENDIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ABUSADOS E EXPLORADOS SEXUALMENTE NO CREAS DE IJUÍ...38

2.3 AS CONTRIBUIÇÕES DO SERVIÇO SOCIAL NO COMBATE AO ABUSO E EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO CREAS IJUÍ...40

3 A REINSERÇÃO NA SOCIEDADE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ABUSADOS E EXPLORADOS SEXUALMENTE...45

3.1 A EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO...45

3.2 COMO SE DÁ A REINSERÇÃO SOCIAL DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES ABUSADOS E EXPLORADOS SEXUALMENTE NO MUNICÍPIO DE IJUÍ: UM RELATO A PARTIR DO GRUPO EXPRESSÃO JOVEM...50

CONSIDERAÇÕES FINAIS...54

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INTRODUÇÃO

Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo demonstrar como ocorre a reinserção na sociedade de crianças e adolescentes abusados e explorados sexualmente. Para isto buscamos fazer uma pesquisa bibliográfica, bem como relato a partir das experiências de estágio vivenciadas nos Estágios Supervisionados em Serviço Social I, II e III, no Centro de Referencia Especializado em Assistência Social – CREAS, durante o período de março de 2009 a julho de 2010.

A violência contra a criança e o adolescente sempre existiu, tanto dentro do ambiente familiar quanto fora deste ambiente. Porém foi a partir dos códigos de menores e principalmente após o Estatuto da Criança e do Adolescente que se obteve maior visibilidade, uma vez que surgem para abolir estas violências e para assegurar o bem estar destes seres em transformação e desenvolvimento.

Sendo que duas das expressões de violência que no meu ver traz mais seqüelas, maltratando e humilhando tanto meninas quanto meninos, o abuso e exploração sexual. Estas formas de violência foram mais visualizadas no estágio, assim surge a idéia de pesquisar como ocorreu e como ocorre a reinserção social das meninas atendidas neste espaço de trabalho do assistente social.

Para que esta reinserção fosse possível e não somente isto, mas também para assegurar alguns de seus direitos, foi construído um grupo de meninas adolescentes, e em menos de 6 meses muitas coisas se tornaram concretas, podendo citar a volta ao ambiente escolar até a permanência destas meninas no âmbito familiar. Deste modo, pode-se perceber que com a intervenção do profissional se torna possível a reinserção social das crianças e dos adolescentes que foram abusados ou explorados sexualmente.

Para que se possa analisar a reinserção na sociedade das crianças e adolescentes que sofreram abuso e exploração sexual, no Capitulo 1 serão trabalhados o histórico da violência a partir de 1920, uma vez que surge o primeiro

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Código de Menores (1927), assim consecutivamente dando maior ênfase com as violências sofridas por crianças e adolescentes.

Também se faz necessário visualizar o ambiente em que elas estão inseridas, no caso, o município de Ijuí, então no Capítulo 2 apresentaremos estas características, já que nelas está inserida a política publica de atendimento à estas crianças e adolescentes abusados e explorados sexualmente, bem como o CREAS, onde ocorre a efetivação desta política.

Já no Capítulo 3, trago a reinserção na sociedade das crianças e adolescentes abusados e explorados socialmente, dando ênfase na experiência de estágio e no grupo Expressão Jovem, o qual surge para dar um suporte às meninas atendidas. E demonstrando que esta reinserção social se torna possível, uma vez que depende de cada uma delas querer que isto ocorra.

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1 A VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SUAS VÁRIAS EXPRESSÕES

Neste capítulo serão abordadas duas etapas, primeiramente irá consistir no surgimento da violência, desde o seu significado até os dias atuais, ressaltando a violência contra crianças e adolescentes a partir de 1920.

Na segunda parte serão trazidas de uma forma sucinta as diversas formas de violência contra as crianças e adolescentes.

1.1 SURGIMENTO DA VIOLÊNCIA

A palavra violência surge do latim violentia, que significa violência, caráter violento ou bravio, força. Já o verbo violare tem como significado tratar com violência, profanar, transgredir. E a palavra vis significa a força em ação, o recurso de um corpo para exercer sua força e por tanto a potência, o valor, a força vital (MICHAUD, 2001).

Pode-se notar que para onde quer que se voltem os seus significados, a violência tem a mesma informação, uma idéia de força, “uma potência natural cujo exercício contra alguma coisa ou contra alguém torna o caráter violento. (...) Ela se torna violência quando passa da medida ou perturba uma ordem” (MICHAUD, 2001, p.8).

A cidadania foi constituída em meados do século XVII, sendo que,

a cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social. Por extensão, a cidadania pode designar o conjunto das pessoas que gozam daqueles direitos (DALLARI, 1998, p1).

Assim, a partir da cidadania, inicia-se uma nova era, a era dos direitos, e com isto a sociedade passam a visualizar a violência, a repudiá-la.

Com a era dos direitos,

tornou-se comum desdobrar a cidadania em direitos civis, políticos e sociais. O cidadão pleno seria aquele que fosse titular dos três direitos. Cidadãos incompletos seriam os que possuíssem apenas alguns dos direitos. Os que não se beneficiassem de nenhum dos direitos não eram cidadãos (CARVALHO, 2010, p. 9).

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Porém, pode-se perceber que a violência também tem seus pontos positivos, pois sem ela a garantida de vários direitos como o direito à vida, à liberdade e a igualdade, não teriam de constituído. Tendo como exemplo as lutas de França que no século XIX, esta que obteve as conquistas sociais das classes trabalhadoras, asseguram amparo e proteção social cuja situação não lhes permite trabalhar (maternidade, infância, adolescência, velhice, deficiência) (SALES, 2007).

Assim, após várias Declarações de Direitos, tais como, a Declaração dos Direitos do Homem e Cidadão, de 1789, iniciaram-se movimentos sociais que irão influenciar nas Constituições de vários países. Entretanto, no Brasil o processo da democracia é mais lento, pois não passa por nenhuma revolução como, por exemplo, a Inglaterra. Assim o tratamento dos direitos humanos era por vezes despolitizado e por outros politizado, já a questão da cidadania e consecutivamente a luta pela liberdade, principalmente quando se tratava dos escravos, em busca de suas necessidades, o direito ao trabalho e à terra, seguiu de certa maneira o fluxo mundial (SALES, 2007).

Após o surgimento da cidadania acreditava-se em um país mais justo, com menores desigualdades, avançando no século XX, pode-se notar que ocorre ao contrário, assim sendo, a desigualdade surge como a principal fonte de denúncia contemporânea das opções sócio-econômicas que se fizeram no passado em detrimento dos interesses e necessidades da maioria da população (SALES, 2007).

A desigualdade é um fator importantíssimo para o agravo de vários problemas, e consecutivamente o da violência, pois no momento em que a pessoa que não possui um emprego, escola, saúde e saneamento, a sociedade já se integra no que se pode chamar de injustiça social, este que é o destino de milhões de cidadãos sem sobrenome, sem propriedade, sem estudo, sem dignidade (SAFIOTI, 2007).

Como a violência está de fato nesta sociedade, muitas crianças e adolescentes crescem vendo pessoas agredir umas as outras e até mesmo matar, deste modo se constitui um novo ciclo de violência, e consecutivamente existirão adolescentes infratores, estes que vivem sobre dramas e dilemas da sua vida regada de miséria, pois muitas vezes receberam repressão e punição pelos seus atos, e não educação para que seus atos fossem modificados.

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E igualmente como o adulto que procura ter o melhor para sua família, o adolescente muitas vezes vai à busca de algo melhor para si, o tênis de marca, a roupa da moda, e como é

menor de 18 anos não poderia trabalhar pelas regras legais, seria considerado menor aprendiz com salário inferior ao salário mínimo. Para obter uma renda maior teria que procurar o mercado informal. Contudo, a saída através do crime faz com que o adolescente sinta-se economicamente independente, visto que muitos destes adolescentes infratores ganham até mais que seus pais (MUNIZ, 2008, p.1).

Assim partir da década de 90 surge um desafio sócio-educativo para esses adolescentes infratores, ou seja, aqueles que matam, furtam, dirigem sem habilitação, fazem uso de substâncias químicas, como as drogas e o álcool, ou seja, aquele que de alguma maneiram infligem as leis decretas pela sociedade, retirando assim o que se tinha como um problema penal, ou seja, adolescentes junto com presos políticos, presos comuns e loucos.

Dentro das expressões da questão social, se torna capaz de notar que: os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões cotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na assistência social pública etc. Questão social que, sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a ela resistem e se opões (IAMAMOTO, 2007, p.28).

Pode-se assim dizer que a infância e a adolescência representam uma face ironizada, pois desde o inicio estas são tratadas por muitas vezes como mini-adultos e são subordinadas a vários tipos de trabalho, deste modo:

até o fim do século XIII, não existem crianças caracterizadas por uma expressão particular, e sim homens de tamanho reduzido. Essa recusa em aceitar na arte a morfologia infantil é encontrada, aliás, na maioria das civilizações arcaicas [...] a infância era um período de transição, logo ultrapassado, e cuja lembrança também era logo perdida (ARIÈS, 1973, p.51-52).

Dando ênfase ao trabalho escravo e negro, este no qual era repleto de preconceito e racismo, gerado pela classe burguesa, onde eles não tinham direito a nada, eram diferenciados socialmente, até a religião oficial do Brasil, a católica, os excluía.

No período da colonização, as crianças recebiam um trabalho educativo, religioso e moral, vindo da Igreja Católica, mas regado de disciplinas, punições e

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castigos. Já a fase da adolescência era vistas como a “idade perigosa e ingrata na

qual as raízes falam mais alto”. Sendo que “ela participou do processo de montagem

e consolidação da sociedade colonial, de caráter patriarcal, autoritário e sem compromisso com a cidadania de todos” (SALES, 2007, p. 53).

Na República Velha, neste período não existia mais a escravidão, o marco foi o coronelismo, sendo que o direito do cidadão não era visto, e sim o domínio da política local, e com isso existiram lutas intensas e violentas.

A era Vargas foi marcada por uma

violência real e simbólica [...] era patrocinada pelo Estado e pelas elites, assumiu as variações políticas e ideológicas: populismo, mandonismo e paternalismo. Mesmo durante a ordem democrática limitada entre 1945 e 1964, a arquitetura institucional da cidadania foi marcada melo corporativismo, [...] criando entre os trabalhadores uma cultura de disputa por concessões e privilégios, especialmente no âmbito da previdência social, à revelia dos interesses comuns de classe e de suas condições objetivas de vida (SALES, 2007, p.55).

O Brasil torna-se um país industrial, urbano e complexo após o golpe de 1964, portanto sua economia torna-se competitiva na periferia do capitalismo. Consecutivamente, o grau de desigualdade social aumenta, visto que a uma forte resistência em assegurar os direitos legais, impedindo então, a democracia.

A violência atravessa a sociedade de várias maneiras, e pode-se ressaltar nos dias atuais mais um significado, o de “manifestação do poder, expressão de como as relações sociais estão aqui organizadas, de como o capitalismo se engendrou e se perpetua no país. É exploração, opressão e dominação, mas não somente força pura, mas também ideologia e sutileza” (SALES, 2007, p. 59).

Hoje já se tem estipulado uma cultura de violência, essa qual tem o seu processo histórico, que muitas vezes vê-se como uma solução de conflitos, porém, esta mantém redes anti-sociais que se configuram com a morte de muitos, assim ficando cada vez mais distante o sonho de tranqüilidade desejado pela maioria das pessoas.

1.1.1 As crianças e adolescentes no processo histórico da violência

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi fruto de várias lutas da sociedade, iniciando no ano de 1948 com a Declaração dos Direitos do Homem,

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após a Declaração dos Direitos das Crianças em 1959, consecutivamente no ano de 1979 o qual se denominou como o Ano Internacional da Criança, pelo motivo da Convenção Internacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes da Organização das Nações Unidas (ONU). E após a Constituição Federal de 1988 (CF88), ocorreu a Convenção de 1989 e com isso foi elaborado o ECA (SALES, 2007).

A justiça brasileira via que os pobres em condições de trabalhar eram afastados pelas ações sociais, entre eles, homens, mulheres adultas, e adolescentes. Na década de 20 se procurou adequar o trabalho do “menor”, hoje denominada criança e adolescente, proibindo-lhe o trabalho noturno, logo se reforçou que o seu destino era o trabalho.

Assim, em 1927 surge o primeiro Código de Menores, este que,

consolidou toda a legislação sobre crianças até então emanada de Portugal, pelo Império e pela República, consagrou um sistema dual no atendimento à criança, atuando especificamente sobre os chamados efeitos da ausência, que atribui ao Estado a tutela sobre o órfão, o abandonado e os pais presumidos como ausentes, tornando disponível seus direitos de pátrio poder. Os chamados direitos civis, entendidos como os direitos pertinentes à criança inserida em uma família padrão, em moldes socialmente aceitáveis, continuaram merecendo a proteção do Código Civil Brasileiro, sem alterações substanciais (SILVA, 2005, p.291).

Antes deste Código de Menores a criança era vista como o problema social, e também se constatou que cada vez mais aumentava a mortalidade infantil. No entanto, quando a sociedade passou a visualizar que eram os que se denominavam “menores” o futuro da nação. E com lutas de diversos médicos, juristas, filantropos, ocorreu a aprovação desde grande avanço para a sociedade brasileira (SILVA, 2010).

Já o Código de Menores de 1979 trazia que os podres e mendigos eram vistos como vagabundos (incapazes de exercer um trabalho, igual a, “maus podres”) e as crianças e adolescentes eram vistas como “menores”, “delinquentes”, “marginais”, ”infratores”, e sua família era taxada como “situação irregular” (SALES, 2007).

A partir da década de 90, passa-se a se desvendar a situação da infância no país, onde a família se destaca, visto que a maioria das crianças de rua possuía vínculos familiares. “As famílias pobres deixam de ser consideradas como indiferentes à sorte de sua prole, impondo-se como instituição social a ser decifrada em suas profundas transformações e necessidades” (SALES, 2007, p. 69).

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As famílias das classes trabalhadoras tiveram uma grande importância para visualização das condições de vida e de trabalho da população, tendo assim rupturas dos velhos padrões de estruturas familiares, onde agora se inserem modificações nos papeis de gênero e nas obrigações para com jovens e idosos.

Historicamente a responsabilidade de cuidar dos dependentes e de promover a interdependência era somente papel da família, nos dias atuais, isto é também responsabilidade da sociedade e do Estado, devido ao precário padrão de proteção social, no qual a família tem de ir à busca de trabalho para garantir as necessidades básicas, podendo se afirmar que:

a família pode desenvolver pelo menos satisfatoriamente seu conjunto de tarefas. Isto porque pertenceria ao universo de expectativa sócio-institucionais que a família deveria preencher a capacidade de promover garantias materiais, morais e afetivas aos seus filhos. [...] Nos últimos 30 anos [...] na ausência de outros suportes sócio-institucional e de renda suficiente com capacidade de gerar a autonomia financeira do núcleo familiar, constata-se a participação ativa das esposas e filhos no mercado de trabalho e na renda domestica, dividindo com o chefe as exigências de reprodução da família, o que conduz a uma redefinição dos padrões de hierarquia e sociabilidade (SALES, 2007, p.70-71).

No ano de 1990, foi elaborado o ECA sendo esse um grande avanço da legislação brasileira. O ECA veio para garantir a todas as crianças e adolescentes um tratamento com maior atenção, tendo em vista a “proteção e cuidados especiais para se desenvolverem e se tornarem adultos conscientes e participativos do processo inclusivo” (ECA, 2008, p.7).

Com a demora de se ter constituído os direitos das crianças e adolescentes, fruto de todo esse cadinho de mobilizações, questionamentos e redefinições, inscrevem-se na Constituição de 1988 aos artigos 227 e 228, cuja regulamentação dará vida ao Estatuto da Criança e Adolescente (lei 8.069/90), uma legislação que institui, no Brasil, a cidadania da infância e as suas bases ético-políticas de uma profunda transformação cultural (SALES, 2007, p.88).

Assim o ECA começou a ser visualizado com um novo paradigma, no qual não era mais o Estado que definia a sociedade, mas a sociedade que definia o Estado, inicia-se a expansão da democracia (SALES, 2007).

Com a mortalidade infantil, trabalho infantil, exploração sexual, mortes violentas e conflitos com a lei, se tornaram necessário compreender a situação da criança e do adolescente no país, sendo que eles fazem parte da questão social,

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tornando-se um desafio para ser resolvido, e esta expressão da questão social está ligada principalmente ao aumento da violência (SALES, 2007).

A CF88 prevê a proteção integral e prioridade absoluta, sendo responsabilidade do Estado, da família e da sociedade. E como já dito anteriormente, é no ECA que isto se aplica de uma forma mais concreta, mas apesar disto já estar estabelecido, as crianças e adolescente continuam sendo alvos da violência social, à falta de projetos de vida, as dificuldades de acesso a escola, saúde cultura, esporte, lazer. São pessoas em desenvolvimento que não possuem autonomia e capacidade de se auto-sustentar, por isso precisam de apoio e proteção de todos que estão ao seu redor, tanto da família como de órgãos que dão essas seguranças.

1.2 FORMAS DE VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Sabendo então que a “violência nada mais é do que a mais flagrante manifestação do poder” (ARENDT, 1985, p. 19), ela é manifestada de várias formas, independente de sua classe social e idade, assim sendo, as crianças, adolescentes, idosos e mulheres são as que mais sofrem violência.

Dando ênfase nas violências sofridas contra crianças e adolescentes, pode-se perceber que estas sofrem por estarem em fapode-se de crescimento, por muitas vezes não entenderem diversas situações a elas expostas, e como são pessoas mais fragilizadas e ainda não tem força para se defender, os adultos ou apenas mais velhos e mais fortes descontam seu sentimento de raiva, assim tornando algo insustentável e degradante na medida de como agridem estas crianças e adolescentes (ARENDT, 1985).

Podem-se citar diversas violências atribuídas às crianças e adolescentes, entre elas: violência doméstica, violência nas escolas, violência na mídia, violência urbana, violência institucional, violência nas áreas rurais, violência a criança e adolescente indígena, violência racial, violência no trabalho (ARENDT, 1985), iremos agora abordar sistematicamente cada uma destas formas de violência para que se possa demonstrar entender melhor como as crianças e adolescentes sobrevivem ao caos do cotidiano, onde nem sempre é a sociedade que infringe seus direitos, mas também os pais e familiares.

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1.2.1 Violência Doméstica

A violência doméstica é uma forma de violência que ocorre no âmbito familiar, neste caso, quando adultos, tanto pai quanto mãe e demais parentes, agridem de alguma forma a criança ou o adolescente. Podendo ressaltar que a violência domestica não ocorre somente com as crianças ou adolescentes, mas com todos os membros da família.

Pode-se evidenciar então que muitas das violências ocorridas na sociedade iniciam-se em casa, por xingamentos ou agressões, assim expandindo para o próximo. Com essa “expansão” inicia-se um ciclo de violência, onde, por exemplo, o pai agride o filho, e o filho vai até a escola, e lá um coleguinha grita com ele, assim ele já irritado parte para a agressão (dentro da escola, denominado como violência nas escolas), sendo o pai chamado pela diretoria, então o pai volta pra casa com seu filho e o agride novamente.

Pode-se então perceber que entre uma violência e outra, existe um elo, e como dito anteriormente, muitas partem da violência doméstica, esta na qual se houvesse carinho e amor, o qual o ECA traz como a base para a formação de uma criança e adolescente, não existiria este ciclo.

Assim, a violência doméstica contra crianças e adolescentes:

- é uma violência interpessoal;

- é um abuso do poder disciplinador e coercitivo dos pais ou responsáveis; - é um processo de vitimização que às vezes se prolonga por vários meses e até anos;

- é um processo de imposição de maus-tratos à vitima, de sua completa objetalização e sujeição;

- é uma forma de violação dos direitos essenciais da criança e do adolescente como pessoa e, portanto, uma negação de valores humanos fundamentais como a vida, a liberdade, a segurança;

- tem na família sua ecologia privilegiada. Como esta pertence à esfera do privado, a violência doméstica acaba se revestindo da tradicional característica de sigilo (GUERRA, 2005, p.32).

A violência doméstica está dividida em quatro tipos: violência física, violência sexual, violência psicológica e negligência.

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A violência doméstica tanto de caráter físico ou sexual só passa a ser considerada na

legislação brasileira a partir da Constituição Federal de 1988 e, em particular, do Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990. Isso deveu-se a uma mudança doutrinária no impropriamente denominado Direito do Menor: a doutrina da situação irregular, fundamento do código de menores de 1979, foi substituída por uma doutrina muito mais avançada: a doutrina da proteção integral (AZEVEDO; GUERRA, 2005, p.316).

A violência física é um ato em que pode causar algum dano visível no corpo de uma pessoa, no caso de crianças e adolescente ela ocorre através de “surras”, “palmadas”, “cintadas”, entre outros, é um ato realizado com a intenção de machucar, geralmente realizada pelos pais ou responsáveis.

No entanto, violência física nada mais é que

maltrato físico através do qual a criança ou adolescente são objetos de agressão por parte daqueles que lhes estão próximos, tendo conseqüências física (como lesões cutâneas, oculares, vicerais, fraturas, queimaduras, lesões permanentes, morte) (CIRILLO; DI BLASIO apud GUERRA, 2005, p.35).

Já a violência sexual ocorre entre criança versus adulto, ou até mesmo entre criança versus adolescente, para ser considerada violência sexual deve ocorrer ou não a penetração, podendo dividi-la em: estupro, abuso sexual, exploração sexual (esta com fins lucrativos) e incesto.

A violência sexual deixa marcas para toda a vida, tendo agravos psicológicos e algumas vezes físicos. Por se tratar de algo relacionado com a sexualidade, o físico e mental, está é a violência mais grave de todas.

A violência psicológica acontece,

quando um adulto constantemente deprecia a criança, bloqueia seus esforços de auto-aceitação, causando-lhe grande sofrimento mental. Ameaças de abandono também podem tornar uma criança medrosa e ansiosa, representando formas de sofrimento psicológico (GUERRA, 2005, p.33).

Porém percebe-se que a sociedade em si ainda não vê a violência psicológica com um agravo na saúde da criança e do adolescente, sendo esta uma das violências em que a criança ou adolescente pode ficar traumatizada para o resto da vida. E dentro desta violência pode ser salientada a violência em que a mãe

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coloca o filho contra o pai, ou vice-versa, denominando assim, síndrome da alienação parental, esta ocorre

quando da ruptura da vida conjugal, se um dos cônjuges não

consegue “trabalhar psicologica, emocional adequadamente” o

luto da separação, o sentimento de rejeição ou a raiva pela traição, surge um enorme desejo de vingança. Desencadeia um processo de destruição, de desmoralização, de descrédito do ex-parceiro perante os filhos. Promove verdadeira "lavagem cerebral" para comprometer a imagem do outro

genitor, narrando maliciosamente fatos que não ocorreram

ou não aconteceram da forma descrita. O filho acaba sendo programado para odiar e termina por aceitar como verdadeiras as falsas memórias que lhe são implantadas (DUARTE, 2010, p.1).

E também na violência psicológica pode-se citar o bullying, o qual será visto mais adiante.

Na violência doméstica também existe a negligência, esta ocorre no momento em que seus pais ou o responsável legal abandonam a criança ou adolescente, até mesmo não lhe oferece as condições mínimas para viver em sociedade. Quando falta atenção, amor, afeto e carinho, quando a criança se apresenta com roupas sujas, sem higiene. Também é denominada assim quando a criança é deixada sozinha em casa ou trancada o dia inteiro, ou quando os pais fazem uso de drogas ou álcool.

Ferrari (2002, p. 83) define negligência como “abandono psicológico, emocional [...] tanto pela ausência de uma atenção positiva, de uma disponibilidade emocional, de interesse dos pais responsáveis pela criança ou adolescente”.

A violência com visto anteriormente, não acontece somente nos dias atuais, mas ela faz parte de um processo histórico regado de transformações porém com a era capitalista, a mulher começa a trabalhar para ajudar nos gastos da casa, por vezes não tendo como deixar seus filhos, muitas vezes por ter uma condição sócio-econômica mais baixa e assim não disponibilizando de tempo para os seus cuidados, sendo que o filho mais velho passa a cuidar do mais novo, isso tudo contribuindo para o desleixo nas famílias.

1.2.2 Violência nas Escolas

A violência no âmbito escolar tem tido visualidade somente nos dias atuais, no qual a mídia está dando maior ênfase a este assunto, esta que relata casos de

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bullying, de mortes, de violência aluno contra professores, professores contra alunos e de depredação das escolas (ABRAMOVAY; AVANCINI; OLIVEIRA, 2006).

Entretanto na década de 1950 já haviam estudos sobre o assunto, nos Estados Unidos, porém mais tarde se transformou em agravos e consecutivamente em um problema social. Ao relacionar as escolas com a violência, pode-se dizer que:

a disseminação do uso de drogas, o movimento de formação de gangues – eventualmente ligadas ao narcotráfico – e com a facilidade de portar armas, inclusive as de fogo. Tudo isso tendo como pano de fundo o fato de que as escolas perderam o vinculo com a comunidade e acabaram incorporadas à violência cotidiana do espaço urbano. Enfim, deixaram de ser o porto seguro para os jovens estudantes (ABRAMOVAY; AVANCINI; OLIVEIRA, 2006, p.29).

A violência nas escolas acontece porque o aluno mudou, a sociedade em que ele vive também mudou e consecutivamente os arredores da escola mudaram, essa transformação ocorre principalmente pelo mundo capitalista assim estabelecido, muita dessas violências se dá através disto. Por diversas vezes esse ambiente escolar não acompanha a mudança que a sociedade impõe, assim não conseguindo estabelecer os limites necessários para conseguir a educação dessas crianças e adolescentes. Assim,

das diversas problemáticas que o universo educativo enfrenta atualmente [...] é uma das mais preocupantes tanto o lado de “dentro” da escola – o corpo docente e alunos – como do lado de “fora” – pais e comunidades – é a violência verba/moral no dia-a-dia nas salas de aula, nos jogos, nos recreios, onde houver interação entre sujeitos diferentes. [...] a fratura das ideologias, a falta de autoridade de muitos professores, o desencanto com a profissão tão desassistida [...], a descontinuidade de planos lançados e não seguidos na área educacional, a invasão dos traficantes no entorno da escola, a proteção do ECA [...], a epidemia do crack que ronda a sociedade e o abandono de valores morais em detrimento dos valores econômicos, onde o “ser”é abandonado e o “ter” passa a ser mais valorizado (PIRES, 2010, p. 49-50).

Essas discussões acontecem devido às diferenças, tanto de classe, como étnica, física, religiosa, política, esportiva, sexual, social, rendimentos escolar, entre outros. E isso se manifesta inicialmente através de apelidos sob disfarce de brincadeiras e assim o que é apelidado demonstra desejo de vingança com seu colega iniciando assim uma possível violência física, ou se a criança/adolescente for “menor” que o que lhe deu o apelido, tem a tendência de ficar em silêncio, assim ele

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iniciará um processo de depressão e consecutivamente a queda da auto-estima, seguido de queda de notas e um possível abandono escolar, por exemplo (PIRES, 2010).

Conforme os autores trazidos até aqui, podemos afirmar que a família por diversas vezes está ligada a esses fatos, em que muitas vezes as crianças ou adolescentes não recebem o amor, atenção e carinho desejado em casa, tenta se “aparecer” na escola para que ao menos seja conhecido e ganhe a tão sonhada “popularidade” entre os colegas e consecutivamente a atenção de todos, para quem sabe assim suprir o que está lhe faltando em casa.

1.2.3 Violência na Mídia

A mídia está cada vez mais com acesso facilitado para qualquer tipo de pessoa, independente de classe social. Na primeira vista isto é maravilhoso, pois deixa a população a par do que está acontecendo em todo o mundo, proporciona momentos de descontração e entretenimento. Porém para as crianças e adolescentes nem sempre isto é bom (CARLSSON; FEILITZEN, 1999).

A televisão em determinada hora pode passar cenas de violência (esta que está presente até mesmo em desenhos animados), cenas de sexo (que se faz presente nas novelas e filmes) e pornografia (que assim como as cenas de sexo, se faz presente em vários momentos do dia), isso que foi delimitado os horários e posto as barras de atenção para os menores de idade, na verdade estipulando quem deveria assistir determinados programas, mas ai vem às perguntas: quem tira o seu filho de 12 anos da sala quando a barra está indicada para maiores de 14 anos? Quem está “grudado” em seu filho para ver os canais que ele assiste diariamente?

E quando se fala em mídia não se pode citar somente a televisão, mas também os materiais via internet, jogos, cinema, jornais, revistas e rádios. Estes que também são de estremo acesso as crianças e adolescentes, os jogos, por exemplo, muitos são de luta em que para vencer um tem que matar o outro e quanto este jogo está na “cabeça” de uma criança ou adolescente, eles reproduzem a cena na escola, bairro ou até mesmo em casa, podendo se transformar em uma verdadeira briga. Rádios com suas músicas com letras falando em sexo, drogas; jornais e revistas

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com suas matérias muitas vezes instigantes e às vezes não só a matéria, mas a figura em si; internet com seus vários meios de mandar links de pornografia, enfim, vários meios de mídia em que se pode ter acesso.

Porém não se trata em tirar se circulação os meios de mídia, muito pelo contrário, está estipulado que a criança tem liberdade de expressão, e deve procurar, receber e compartilhar informações de todos os tipos, no entanto, observa-se que,

a realidade virtual da televisão e de seus problemas concomitantes não é exclusiva do mundo industrializado. A maioria das grandes cidades e áreas urbanas do mundo em desenvolvimento está no mesmo nível que a América do Norte e a Europa em termos de acesso e assistência à televisão. Contudo, muitas sociedades nos países em desenvolvimento podem ainda não ter alcançado estágios avançados de modernização. Nesse caso, o que os jovens vêem na televisão pode ainda não ter sido inteira e voluntariamente absorvido por seus pais, que foram criados sem a presença da televisão, ou pelo menos com uma presença muito menor, e de acordo com códigos estritos de comportamento moral (CARLSSON; FEILITZEN, 1999, p. 15-16).

Muitas coisas que são passadas na mídia são irreais, porém no momento em que passa a ser público, muitas pessoas passam a acreditar, ela passa a existir, “o que se quer dizer com isso é que a comunicação faz a realidade” (GUARESCHI, 1986, p. 99).

Assim pode-se afirmar que “quem detém a comunicação constrói uma realidade de acordo com seus interesses, justamente para poder garantir o poder. E esse poder se manifesta de muitas maneiras” (GUARESCHI, 1986, p. 101).

Então para que isso se resolva não se tem outro meio em que as instituições em que atendem essas crianças, adolescente e pais, encontrem uma maneira de expor e controlar positivamente a mídia. Não somente eles, mas o Estado em si, fazendo então leis para “que todos possam ter melhor acesso às oportunidades educacionais e sociais e, igualmente, se beneficiar das fontes intelectuais disponíveis” (CARLSSON; FEILITZEN, 1999, p. 16). Entretanto, a responsabilidade também está nos espaços da mídia, em que os criadores não tem ou não querem ter consciência do que expõem nesse universo tão amplo.

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1.2.4 Violência Urbana

Grades, portões, grandes muros, casa trancada, janela fechada, alarmes instalados, o medo da própria casa, o medo de sair de casa, o medo de andar nas ruas, essas são umas das conseqüências da violência urbana. Esta que nada mais é que os roubos, os assaltos, assassinatos, tanto em casa, como na rua, no trabalho ou até mesmo no carro.

A violência está em tudo o que vimos, e até mesmo no que sentimos, pois muitas vezes este medo lançado na sociedade não passa de uma violência passada ou aumentada pela mídia.

A violência urbana cria um

fenômeno social de comportamento deliberadamente transgressor e agressivo ocorrido em função do convívio urbano. A violência urbana tem algumas qualidades que a diferencia de outros tipos de violência; e se desencadeia em conseqüência das condições de vida e do convívio no espaço urbano. Sua manifestação mais evidente é o alto índice de criminalidade; e a mais constante é a infração dos códigos elementares de conduta civilizada [...] a violência urbana é determinada por valores sociais, culturais, econômicos, políticos e morais de uma sociedade. No entanto, ela incorpora modelos copiados dos países de maior influência na esfera internacional (DUTRA, 2010, p.1).

No entanto ela não está sozinha,

junto a esta violência urbana, caminham outras tantas violências: como aquela que se faz contra a mulher, a criança, o idoso, os homossexuais, os negros, os nordestinos. Todas elas tão ou mais graves que a violência urbana e que necessitam, igualmente, de combate. Porém, são todas formas de violências específicas que demandam medidas apropriadas para seu controle e erradicação (CALIL, 2000).

Na sociedade á dois distintos grupos designados a partir da violência urbana, os que “tentarão proteger sua carteira, sua casa, sua vida – e esta será sempre uma maneira de se afirmar, traçar sua identidade. Mas outros, em grande número, agredirão – para roubar ou subjugar – por estarem transidos de medo, temerosos da sua própria fragilidade” (MORAIS, 1985, p.16)

As crianças e adolescentes crescem com o medo dessa violência em que agride toda a população, e alguns deles são frutos de relacionamentos ocorridos através dessa violência. E outros ainda são filhos de pais que cometem a violência urbana, se tornando assim outro praticante desta.

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Hoje muitos pais levam e buscam seus filhos na escola, independente da idade, a sociedade vive com medo, os jornais estão sempre trazendo noticias de violências que às vezes aconteceu em sua própria cidade, a segurança pública não é mais suficiente para romper com esse ciclo, contratando assim uma segurança particular.

O capital se alimenta dos ciclos de violência, onde a mídia lança um sentimento de medo na população explorando casos pontuais e vende programas, sistemas de segurança, cria uma imagem negativa do serviço público. Assim a sociedade vive aterrorizada, e com isso o medo aumentando, pois agora “o medo é o pão cotidiano dos cidadãos” (MORAIS, 1985, p.12).

E aqui entra novamente um o motivo para que esta violência ocorra, o capital ou seria a falta de capital de determinadas famílias. E hoje em dia, não ocorre somente nas grandes cidades, nas cidades menores também, porém como a cidade é maior, ela tem maior visibilidade perante os olhos dos outros. E não existe classe social “x” ou “y”, está presente em toda, independente de quem a executa ou de quem é vitima.

1.2.5 Violência Institucional

A violência institucional ocorre quando órgãos de Estado agridem a criança ou o adolescente em seus variados espaços, tanto nas unidades de internação quanto em casas lares, conhecida como abrigo.

Nas casas lares o maior ato de violência é a negligência,

essa negligência consiste no descuido, desleixo por parte da instituição, má qualidade de suas instalações físicas, carência de pessoal e, entre outras características, ausência de processo educativo. Falamos, portanto, da ação ou omissão que deixa de atender as necessidades básicas da criança e adolescente e os direitos previstos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (INSTITUTO LATINO-AMERICANO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA PREVENÇÃO DO DELITO E TRATAMENTO DO DELINQUENTE, 2006, p.119).

Com a permanência das crianças e adolescentes na casa lar, ela se tornou uma moradia, ou invés de ser apenas um lugar de passagem para que pudessem depois voltar para sua família ou ser inserida em uma família substituta. Também ocorre como uma forma de controle/disciplina, batendo com a mão, pau, mangueira,

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deixá-la presa em algum lugar (tanto em móveis quanto em um quarto trancada). Também ocorre o bullying e a falta de cuidados com crianças ou adolescentes portadores de deficiência (INSTITUTO LATINO-AMERICANO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA PREVENÇÃO DO DELITO E TRATAMENTO DO DELINQUENTE, 2006).

Hoje com a nova diretriz para a adoção os abrigos têm a tendência de melhorar, visto que não é mais permitido que a criança ou adolescente permaneça mais de dois anos na instituição, salvo em alguns casos.

À também os adolescentes que estão detidas por decisão judicial, estas são as que mais correm riscos de violência, tanto pela instituição quanto pelos adolescentes que lá se encontram. Entre eles estão os castigos corporais, os espancamentos, as humilhações e até mesmo abuso sexual.

Além disso, têm-se os adolescentes que sofrem pressão e humilhação de policiais para obter confissões em interrogatórios, também tem aqueles que agridem por prazer, por apenas verem alguns adolescentes se divertindo e os julgarem como “marginais”.

Muitos dirigentes esquecem das obrigações que tem com as crianças e adolescentes, abusando assim do poder a eles dirigidos, porém o ECA traz que

as entidades que desenvolvem programas de internação têm as seguintes obrigações, entre outras: observar os direitos e garantias de que são titulares os adolescentes; [...]preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e dignidade ao adolescente; diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação dos vínculos familiares; [...] oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos necessários à higiene pessoal; oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos; oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e farmacêuticos; propiciar escolarização e profissionalização; [...] providenciar os documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles que não os tiverem; manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua formação, relação de seus pertences e demais dados que possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento (ECA, 2008, p. 30-31).

Visando o ECA, pode-se perceber que qualquer criança ou adolescente que faz uso de uma instituição está assegurado. Contudo, para esta forma de violência não ocorrer mais, tem que haver uma maior fiscalização e até mesmo denuncia da sociedade.

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1.2.6 Violência nas Áreas Rurais

“A violência sofrida pelas crianças e adolescentes nas áreas rurais do Brasil é a mesma que nas áreas urbanas. Não temos uma violência social e criminal rural e outra urbana, mas sim expressões rurais e urbanas da violência” (IULLIANELLI, 2006, p. 141).

Com esse trecho, pode-se perceber que as crianças e adolescentes estão expostos a violência semelhantes, porém não as mesmas, visto que as crianças das áreas rurais sofriam mais com a falta de escola e consecutivamente com o trabalho infantil, ou seja, o braçal, pesado e feito todos os dias, sem descanso.

Pode-se perceber que a violência nas áreas rurais não é muito comentada pelo simples motivo de que muitas dessas crianças e adolescente não tem acesso a área urbana, no qual o pai ou a mãe somente vai até a cidade trazer o que precisa, muitas vezes nem precisando, pois geralmente produzem o seu próprio alimento.

Essa violência é tida como uma violência invisível, e não só as crianças e os adolescentes sofrem dela, mas também as mulheres, pois muitas vezes o seu vizinho mais próximo está a quilômetros de distância, e quando vêem a tona, são casos já tidos como grave, como por exemplo, a exploração sexual de crianças e adolescentes nas vias de trânsito de mercadoria e nas rodovias para atendimento de caminhoneiros.

Tratando do trabalho infantil, a jovens que trabalham com plantação de drogas ilícitas, relacionado com a agricultura familiar, e essa participação se dá com um

outro ingrediente que se associa a essa dimensão tradicional do trabalho. Trata-se da compulsão do consumo. Os jovens, em geral, se integram à atividade de plantio para obter dinheiro [...] essas ambições são, também, frutos da exposição aos meios de comunicação e uma situação semelhante às dos jovens nas áreas urbanas (IULLIANELLI, 2006, p. 145).

É a partir dos pais, tios, primos ou algum familiar que as crianças e adolescentes ingressam nessa atividade ou em qualquer outra semelhante, sendo estas realizadas geralmente por pessoas do sexo masculino.

Hoje existe o PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, este que vem ajudando muito a diminuição do trabalho da criança e adolescente.

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1.2.7 Violência Indígena

A violência indígena é tão assustadora assim como a violência contra os negros, “é marcada pela negação dos direitos a uma cidadania que reconheça e garanta o pleno exercício das suas tradições culturais” e como são crianças, “carregam pelo resto da vida as seqüelas da violência, o que termina afetando o desenvolvimento de seus ideais, sonhos, aspirações e projetos de futuro individuais e coletivos” (BANIWA, 2006, p.151).

As práticas de violência são tidas de diferentes formas, atingindo meninos e meninas indígenas, sendo essas por,

discriminação, preconceito, racismo ou ainda em situações de enfrentamento direto como conflito de terras, [...]atropelamentos nas estradas – também ligados à questão da terra, uma vez que se trata de comunidades inteiras que estão acampadas ao longo das estradas à espera de uma terra para morar (BANIWA, 2006, p.151-152).

Com os indígenas, também ocorrem às violências sexuais, pois,

o acampamento das famílias indígenas nas estradas ou a migração para as periferias das cidades também deu visibilidade à violência sexual contra as crianças indígenas. Além disso, o agravamento dos conflitos fundiários e o esvaziamento de políticas sociais voltadas aos povos indígenas vêm gerando um outro tipo de violência, que tem crescido assustadoramente nos últimos anos: a morte de crianças por desnutrição. Estudos e levantamentos sobre a forma e a freqüência com que esses tipos de violência acontecem são escassos. O que há com certa abundância são dados relativos à morte de crianças por desnutrição, [...] apesar de não traçarem um panorama completo da violência, os números podem possibilitar uma visão do quadro crítico por que passam as crianças indígenas e os seus respectivos povos (BANIWA, 2006, p.151-152).

A pesar de o índio ter seus direitos iguais aos que não são indígenas, pois tanto na Constituição Federal quanto no Estatuto da Criança e do Adolescente não faz disseminação da raça, cor, procedência e sendo assim tem direito à vida, liberdade, saúde, educação, habitação, entre outros, a sociedade ainda o trata de uma maneira diferenciada, muitas vezes negando escola e saúde para essas pessoas que são iguais a todos.

Aí se encontra a discriminação, que como já citado anteriormente, é uma forma de violência, está que atinge e que dá mais impacto as crianças e

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adolescentes por estarem em processo de transformação, e muitas vezes negando a sua origem por medo de como a sociedade irá julgá-la.

1.2.8 Violência Racial

Sabe-se que há muitos anos os negros vem brigando por seus direitos perante a sociedade, pois desde o inicio da escravidão ele são desprezados, e não adiantou a lei Áurea para que tudo isso mudasse. O Brasil é um país em que os negros sofrem bastantes preconceitos, principalmente na região sul, em que foi colonizada pela maioria de italianos e alemães sendo que a sua cultura foi bastante marcada pela escravidão, onde foi passada de geração a geração histórias relacionadas com negros, e hoje se escuta constantemente frases relacionadas ao preconceito negro, como por exemplo, “Até parece negro, vê se trabalhe feito

branco!”.

Assim sendo, violência racial na maioria das vezes está ligada aos de pele negra e aos pobres, estes que já sofreram diversos ataques, até ataques suicidas, como por exemplo, a chacina da Candelária, nesta que se encontravam negros e pobres. Porém isso é apenas um fato que em que a sociedade brasileira se mobilizou, pois não foi somente um que morreu, mas vários. Mas será que alguém para pra pensar nas diversas mortes ocorridas em bairros e morro no em que uma (no mínimo) pessoa por dia é morta?

Aqui também entra novamente as questões indígenas, que da mesma forma sofrem por haver o preconceito, muitas crianças e adolescentes não tem expectativa de vida, pois não consegue arranjar emprego e não tem política pública que o defenda de tudo isso, então para eles viver mais um dia é muito, sendo que com essas falta, a grande parte entra no crime, as vezes ainda criança e ainda criança é assassinado. E ainda uma parte da população ainda diz que foi bom que isso aconteceu, pois é “menos um neguinho para incomodar”.

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A criança e o adolescente negro também tem perspectiva de melhora,

apesar de muito cedo serem expulsos da escola pelo racismo, quase todas as crianças e jovens negros mostram o desejo de pertencimento. Para eles, que passam a vida segregados e se tornam invisíveis para a sociedade, a escola pode ser o único lugar em que se sentem acolhidos, além da própria casa (REIS, 2006, p.162).

Outra contradição da violência letal é a violência simbólica,

enquanto muitos homens negros tentam esquecer os problemas nos bares, são muitas as mulheres negras que buscam ajuda nas igrejas evangélicas neopentecostais. Elas procuram refúgio para chorar a dor dos filhos, que tombam todos os dias com as balas tanto da policia como dos grupos de extermínio tolerados pelo Estado. [...] Vários jovens que se envolvem com a religião evangélica conseguem escapar da morte. [...] A maioria das mulheres negras, sob pressão cotidiana da TV, das revistas e da escola, aprende desde pequena a se autonegar, a se mutilar, a não gostar de si mesma – [...]morre-se assim pela negação estética. Socializar para naturalizar a violência simbólica, muitas vezes a população negra não consegue relacionar essa violência à ação letal da policia contra jovens-homens-negros. Os negros estão sendo preparados para não reagir e não lutar pelos seus direitos de cidadania, por meio de um processo que o desumaniza (REIS, 2006, p.173-174).

Para que a violência racial não mais aconteça, os negros e pobres devem correr atrás de seus direitos, principalmente naquele que diz respeito a violência racial, pois isso é crime.

1.2.9 Violência no Trabalho

A violência no trabalho assombra qualquer tipo de pessoa, pois geralmente é uma violência psicológica, na qual o chefe ou até mesmo os colegas de trabalho pressionam e chantageiam o trabalhador e a violência física, na qual empregados chegam a serem amputados por máquinas, exemplo, agrícolas, têxteis. Ou até mesmo levar a morte, como por exemplo, com empilhadeiras. Porém para o adulto acontecem em poucos casos.

Para a criança e o adolescente, o dano pode ser maior e mais frequente, sendo que o Estatuto da Criança e do Adolescente deixa claro que apenas com 14 anos se pode ingressar no mercado de trabalho, e antes dito somente como

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aprendiz, sendo que deve permanecer no âmbito escolar e deve ganhar bolsa aprendizagem e somente os maiores de quatorze anos que dispões de direitos previdenciários e trabalhistas, sem esquecer que o portador de deficiência é assegurado o trabalho protegido (2008, p.21-23).

Sendo assim, nenhuma criança ou adolescente pode trabalhar antes dos 14 anos, e somente a partir do 16 anos, porém muitos não respeitam tal decisão judicial, pois se tem registro de crianças com 6, 8 anos já trabalham pesados na lavoura ou até mesmo em casa.

Não se tem dados concretos sobre os impactos do trabalho infantil, porém, sabe-se que em geral as crianças são mais suscetíveis que os adultos às exposições ocupacionais e danos à saúde em adultos pode fundamentar a definição das atividades de mais alto risco para as crianças e adolescentes. É importante considerar que crianças e adolescentes apresentam características funcionais e estruturais dos adultos, em termos morfológicos, fisiológicos, bioquímicos e metabólicos. Eles também diferem nas características comportamentais e nos requerimentos nutricionais. [...] Uma vez que crianças e adolescentes estão em período de crescimento, existe grande preocupação que possam apresentar risco aumentado de adquirir doenças crônicas pela exposição a fatores de risco ergonômicos e carcinogênicos (MENDES; FASSA, 2006, p. 188-189).

Consecutivamente com o trabalho, a criança ou adolescente não tem vontade de ir à escola, encontra-se cansado (em algumas ocasiões dormem na sala) e por vezes irritado, podendo ocasionar brigas e discussões em sala, levando até a desistência escolar.

De acordo com o Ministério de Desenvolvimento Social, com a criação do PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, que é um programa que visa eliminar as piores formas de trabalho infantil, atende crianças e adolescentes na faixa etária dos 7 aos 14 anos, possibilitando o acesso e a permanência da criança na escola (jornada ampliada). Com a retirada da criança ou adolescente do trabalho, à uma diminuição do orçamento no âmbito familiar, tendo isto em vista, o governo concede a Bolsa Criança Cidadã, assim, proporcionando apoio e orientação às famílias beneficiadas, é importante salientar que com essas medidas ocorreu uma significativa redução do trabalho infantil.

Assim pode-se perceber que a violência tem como plano de fundo a Questão Social e o modelo de organização da sociedade que a produz e reproduz cotidianamente. É um produto de um modelo de organização do homem, este que

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vive em uma sociedade capitalista, onde tudo gira em torno do consumo. Percebe-se que a violência para a criança e para o adolescente machuca muito mais que para um adulto, pois

a criança é o elo mais fraco e exposto da cadeia social. Se um país é uma árvore, a criança é um fruto. E está para o progresso social e econômico como a semente para a plantação. Nenhuma nação conseguiu progredir sem investir na educação, o que significa investir na infância. Por um motivo bem simples: ninguém planta nada se não tiver uma semente (DIMENSTEIN, 2001, p. 17).

Tendo em vista as várias expressões de violência, no próximo capítulo iremos abordar de uma forma mais específica o abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes, estas que são violências que mais agridem o bem estar. Também será abordada a política pública elaborado para estas situações.

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2 A POLÍTICA PÚBLICA E O SERVIÇO SOCIAL NO ATENDIMENTO ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES ABUSADAS E EXPLORADAS SEXUALMENTE NO CREAS - ÍJUÍ

O município de Ijuí consta com as várias formas de expressão da violência citadas no capítulo 1, sendo que muitas delas são atendidas no Centro de Referência Especializado em Assistência Social – CREAS, o qual realizei meu estágio supervisionado. Nesse espaço de trabalho do Serviço Social pude visualizar duas formas de violência contra crianças e adolescentes, o abuso e a exploração sexual. A partir de então, surge à idéia de escrever sobre estas formar de violência neste trabalho de conclusão de curso, visto que foi a partir destas violências que surgiu o projeto de intervenção executado no estágio supervisionado em serviço social III.

Sendo que o abuso sexual é qualquer caráter de relação entre adulto e uma criança ou adolescente, ou um adolescente e uma criança, sendo que este pode ser praticado com algum parente (pai, mãe, tio (a), avô...) ou até mesmo sem nenhum vinculo familiar (vizinho, amigos...), podendo ser alguém muito conhecido e de confiança ou até mesmo com uma pessoa desconhecida (ALBERTON, 2005).

Também a duas diferenciações de abuso, sem contato físico, assédio sexual, abuso sexual verbal, telefonemas obscenos, exibicionismo, voyeurismo e pornografia ou exploração sexual comercial, ou com contato físico, manipulação dos órgãos genitais e carícias nas zonas sexuais, obrigar a criança/adolescente a participar da masturbação do adulto, estupro, atentado violento ao pudor (ALBERTON, 2005).

Já especificando a exploração sexual como “todo ato ou jogo sexual, relação heterossexual ou homossexual, entre um ou mais adultos e uma criança menor de 18 anos, tendo por finalidade estimular sexualmente a criança ou utilizá-la para obter uma estimulação sexual sobre sua esposa ou de outra pessoa” (WYRE apud AZEVEDO; GUERRA, 2007, p. 42)

Então neste capítulo será abordado o município de Ijuí, para que se possa visualizar a sociedade onde está inserida essas crianças e adolescentes vitimas de

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abuso e exploração sexual, as políticas públicas no CREAS e consecutivamente o serviço social nesse espaço de trabalho.

2.1 CARACTERÍSTICAS DO MUNICÍPIO DE IJUÍ

A Colônia de Ijuhy foi fundada em 19 de outubro de 1890, Ijuhy significa na língua guarany, "Rio das Águas Claras" ou "Rio das Águas Divinas". Recebeu imigrantes de várias nacionalidades e a partir de 1899, foi incentivado o assentamento de colonos com conhecimento de agricultura, principalmente de colônias mais antigas do Rio Grande do Sul (MUNICÍPIO DE IJUÍ – PODER EXECUTIVO, 2010).

Hoje, é conhecida por “Terra das Culturas Diversificadas”, possuindo vários grupos étnicos, podendo-se citar os afro-brasileiros, índios, portugueses, franceses, italianos, alemães, poloneses, austríacos, letos, holandeses, suecos, espanhóis, japoneses, russos, árabes, libaneses, lituanos, ucranianos dentre outros.

O município de Ijuí está localizado na região Noroeste/Missões, sua área territorial é de 689,124 km², e tem como municípios limítrofes Chiapetta, Cruz Alta, Nova Ramada, Ajuricaba, Bozano, Boa Vista do Cadeado, Panambi, Pejuçara, Augusto Pestana, Coronel Barros e Catuípe e está localizado a 395 km da capital, Porto Alegre. Sua população é de 76.739 habitantes, de acordo com o censo de 2007, assim ocupando o 24º lugar no Estado em população, sendo que é o maior centro populacional da região (IJUÍ VIRTUAL, 2010).

Possui um considerável parque industrial, um destacado comércio e um centro regional de prestação de serviços. Abriga uma das maiores cooperativas de grãos do cone Sul, possui uma agricultura diversificada, hospitais de alcance regional e um das mais ativas universidades comunitárias do País, além de faculdades e escolas técnicas profissionalizantes das mais diversas especialidades e significativas escolas secundárias (IJUÍ VIRTUAL, 2010).

O município conta com diversas secretarias, entre elas, Secretaria Municipal de Administração, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural, Secretaria Municipal de

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Desenvolvimento Social, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Secretaria Municipal de Educação, Secretaria Municipal da Fazenda, Secretaria Municipal de Governo e Articulação Institucional, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Secretaria Municipal de Planejamento e Secretaria Municipal de Saúde (PREFEITURA DE IJUÍ – PODER EXECUTIVO, 2010).

Dando mais ênfase a Secretaria de Desenvolvimento Social – SMDS, que foi criada a partir da Lei Municipal nº 3.878 de 21/ 12 / 2001, e está localizada na Rua Álvaro Chaves, 254 – Centro, conta na sua composição com a Secretária Municipal, o Secretário Executivo, a Gestão de Projetos Burocráticos, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS que atende pessoas com Proteção Social Especial de média complexidade e alta complexidade.

No entanto, os serviços de média complexidade são

aqueles que oferecem atendimentos às famílias e indivíduos com seus direitos violados, mas cujos vínculos familiares e comunitário não foram rompidos. Neste sentido, requerem maior estruturação técnico-operacional e atenção especializada e mais individualizada, e, ou, acompanhamento sistemático e monitorado (POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – PNAS, 2004, P.32).

Já os serviços de proteção de alta complexidade,

são aqueles que garantem proteção integral – moradia, alimentação, higienização e trabalho protegido para famílias e indivíduos que se encontram sem referência e, ou, em situação de ameaça, necessitando ser retirados de seu núcleo familiar e, ou, comunitário (PNAS, 2004, p.32).

No entanto, o CREAS do município de Ijuí tem como projetos o Serviço de Enfrentamento à Violência, ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, Serviço de Orientação e Acompanhamento a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, e tem como extensão a casa de passagem para crianças e adolescentes e a casa lar, ou seja, o lar dos idosos.

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