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Para o desenvolvimento desta pesquisa selecionei duas escolas da Rede Municipal de Betim que promovem, ao longo do ano letivo, diferentes atividades para os familiares dos/as alunos/as. As duas escolas pesquisadas foram escolhidas após uma conversa com coordenadoras das Regionais Pedagógicas da cidade. Por meio de uma sondagem preliminar, pude constatar que em todas as escolas municipais há um Colegiado Escolar, “reuniões de

pais” e eventos abertos, como as festas previstas no calendário escolar. O próximo passo foi

visitar quatro das escolas sugeridas pelas coordenadoras das Regionais. Selecionei, por fim, duas escolas, por atenderem aos critérios previamente estabelecidos, como: promover, ao longo do ano letivo, diferentes atividades para os familiares dos/as alunos/as e pertencer a diferentes regiões da cidade, que são até mesmo antagônicas quanto ao nível socioeconômico da população. Além das atividades oficializadas pelo calendário escolar, os/as profissionais dessas escolas promovem, também, gincanas bazares, mostras artísticas, oficinas e minicursos para os familiares dos/as alunos/as.

A primeira escola selecionada, que chamarei de Escola A, está localizada no bairro Cruzeiro de Sul, pertencente à Regional Alterosa, região periférica da cidade de Betim. Os bairros pertencentes a essa regional possuem características comuns: são bairros novos que começaram a ser habitados há aproximadamente 15 anos e possuem uma população jovem

oriunda de outras regiões de Minas Gerais e também de outros Estados brasileiros.44 É uma população pobre que sofre com problemas de infra-estrutura, tais como transporte público precário e insuficiente para uma comunidade que cresce rapidamente, ausência de posto de saúde e de áreas para lazer. A escola, as igrejas e a represa Várzea das Flores são os principais pontos de encontro para a população da região. Além disso, muitas ruas ainda não possue m rede de esgoto, iluminação pública e pavimentação.

A Escola A foi inaugurada em junho de 1996, após inúmeras reivindicações da comunidade. A maioria da população que freqüenta a escola é constituída de moradores do bairro Cruzeiro do Sul e de outros três bairros da região (Itacolomi, Várzea das Flores e Sítio Poções). Atualmente é a escola que possui maior número de alunos/as matriculados/as da Rede Municipal de ensino da cidade de Betim. Em 2006 a escola matriculou 1.269 alunos/as, que foram enturmados/as por idade e distribuídos/as em três turnos. O 1º turno possui 17 turmas constituídas por alunos/as de 6 a 11 anos. O 2º turno também conta com 17 turmas constituídas por alunos/as de 9 a 14 anos. O noturno conta com 9 turmas, sendo duas turmas de final do 3º ciclo (alunos/as de 14 a 16 anos), 7 turmas de Educação de Jovens e Adultos/as e uma do Programa Pré-Vestibular Popular. A escola possui 98 profissionais, sendo 56 professoras e 7 professores, 15 agentes de serviços gerais (mulheres), 5 auxiliares de biblioteca (4 mulheres e 1 homem), 4 pedagogas, uma secretária, uma tesoureira, 6 auxiliares de secretaria escolar (5 mulheres e 1 homem), duas vice-diretoras e a diretora.

No que diz respeito à participação das famílias, o projeto pedagógico da escola inclui como pontos cruciais a existência do Conselho Pedagógico, o Conselho de Pais, o

Colegiado Escolar e a “Escola de Pais”. Os/as profissionais da escola promovem também diferentes “eventos culturais” para a comunidade, tais como a festa de aniversário da escola, a

festa da família e a feira de cultura. Além disso, os/as professores/as e as pedagogas

promovem quatro “reuniões de pais” durante o ano letivo.45

A maior preocupação dos/as

profissionais é garantir aos familiares momentos de formação (como no “Projeto Escola de Pais”) ou possibilitar-lhes aprendizagem de atividades que, em futuro bem próximo, possa

garantir-lhes alguma renda (como propõe o “Programa Escola Aberta”, implementado na escola em outubro de 2005).

Essa escola prioriza práticas de participação que objetivam a formação dos

familiares dos/as alunos/as, na tentativa de “suprir a baixa escolaridade dos pais”, como

44

Segundo dados da pesquisa sobre a comunidade realizada pela escola no ano de 2003.

45

afirma a diretora. Possui também a preocupação em promover atividades que “contribuam

para que essas famílias muito pobres tenham como aumentar sua renda”, como afirma a coordenadora comunitária do Projeto Escola Aberta.

A segunda escola selecionada, que chamarei de Escola B, está localizada no bairro Ingá e pertence à Regional Norte. Os bairros pertencentes a essa regional possuem uma boa infra-estrutura. Além de estarem próximos à região central, esses bairros têm em seu entorno o Hospital Regional, um Shopping Center, o Poliesportivo da cidade e uma Universidade. Além disso, todas as ruas são pavimentadas e iluminadas e há inúmeras linhas de ônibus. A população dessa região é considerada, em sua maioria, pertencente à classe média, com renda média de 4 a 15 salários mínimos. (BETIM, 1998)

A escola foi inaugurada em maio de 1992. Em 2006 teve um total de 975 alunos/as matriculados/as. Os/as alunos/as são moradores/as, principalmente, do bairro Ingá, mas há também alunos/as de outros bairros (pertencentes à Regional Norte) tais como Angola, Nossa Senhora das Graças, Vila das Flores, dentre outros. A escola funciona em dois turnos com 17 turmas em cada um, sendo que o 1º turno é constituído por alunos/as de 11 a 14 anos e o 2º turno por alunos/as de 6 a 11 anos. Os/as profissionais da escola são moradores/as do bairro Ingá ou de bairros próximos, o que facilita muito o deslocamento deles/as. Isto contribui para que o quadro de funcionários/as tenha poucas alterações ao longo dos 14 anos de existência da escola. A escola possui 66 profissionais, distribuídos/as nos seguintes cargos: 40 professoras e 3 professores, 12 agentes de serviços gerais (mulheres), 4 auxiliares de biblioteca (3 mulheres e 1 homem), 4 auxiliares de secretaria (mulheres), 4 pedagogas, uma tesoureira, uma secretária, uma vice-diretora e a diretora.

A escola não possui um Projeto Político-Pedagógico, mas há práticas que fazem parte do calendário letivo desde a sua inauguração, tais como as reuniões de pais/mães, a festa junina, o festingá e a feira de cultura. A diretora da escola apontou o Colegiado Escolar como um espaço importante para os/as pais/mães participarem. Mas avalia que “o Colegiado precisa

de uma injeção de ânimo”, pois “os pais têm se omitido nas coisas da escola”. A diretora vê na revitalização do Projeto “Escola de Pais” uma importante iniciativa para formar