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4 AS EMPRESAS CONCEDENTES DE ESTÁGIO ENQUANTO ESPAÇO

4.6 As Instituições de Ensino nos programas de estágio e sua

Em consonância com o apresentado anteriormente, este trabalho enfoca prioritariamente a articulação entre o estágio curricular não-obrigatório e o mundo do trabalho. Leva em consideração a importância da formação, do ponto de vista da correlação teoria e prática.

Reconhece ainda as instituições de ensino superior como o lócus privilegiado, em que ocorre a formação de recursos humanos especializado para atender aos mais diversos segmentos sociais. Nesse sentido, Carneiro (2010) afirma que a universidade moderna desempenha quatro funções essenciais:

a) formar profissionais;

b) oferecer educação em nível avançado;

c) realizar estudos, pesquisas e investigação científica, voltadas para o desenvolvimento;

d) funcionar como Instituição Social.

O autor esclarece ainda que, com base nessas funções, a Universidade procura construir respostas alternativas aos grandes desafios da sociedade contemporânea, marcada por profundas dessimetrias sociais. Ainda para Carneiro (2010, p. 330-331) o conjunto dessas funções encontra respaldo no Artigo 43 da Lei 9.394/96, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nos incisos I a VI, nos quais estão demarcadas as finalidades da educação superior:

I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo;

II – formar diplomados nas diferentes áreas do conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;

III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando a desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive;

IV – promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações e de outras formas de comunicação; V – suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração;

VI – estimular os conhecimentos dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à

comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade.

Tem-se claro, então, a importância das instituições de ensino superior, públicas e privadas, na formação das gerações, no sentido que lhe dá Luckesi et al. (2005, p. 41):

[...] formando profissionais de alto nível tecnológico e fazendo ciência, a Universidade deve ser o lugar por excelência do cultivo do espírito, do saber, e onde se desenvolvem as mais altas formas de cultura e da reflexão [...]. Isto quer dizer que a Universidade é, por excelência, razão concretizada, inteligência institucionalizada, daí ser, por natureza, crítica, porque a razão é eminentemente critica.

Nesse contexto, a função de formar profissionais articula diretamente as Universidades com os programas de estágio não-obrigatórios. Estes se compõem de estudantes das mais diversas áreas do conhecimento, que na condição de aprendizes, ligados às Instituições de Ensino, ultrapassam suas fronteiras e vão à busca da complementação do saber, pela riqueza de possibilidades da prática nos mais diversos ambientes de trabalho.

Para a representante da Cogest/UFMA, na relação entre a formação e o mundo do trabalho: “O estágio é a ferramenta mais positiva e mais adequada porque confronta e articula a teoria e a prática em situações reais de trabalho.” (Relato 4/Cogest/UFMA, 2010).

De acordo com Oliveira (2009, p. 21) o estágio “[...] deve visar o aprendizado de competências próprias da atividade profissional ou a contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento para a vida cidadã e para o trabalho em geral.”

Para a Coordenação de Estágio da Universidade Federal do Maranhão, todo estágio agora é curricular, sendo um obrigatório e outro não-obrigatório. Segundo a Cogest/UFMA, o estágio obrigatório é um requisito para diplomação do aluno, além de ter uma carga horária definida de 10 a 20% da grade curricular de cada curso. A outra modalidade de estágio curricular, o estágio não-obrigatório “[...] é aquele definido como tal no projeto pedagógico do curso.“ (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, 2010).

A regulamentação dos estágios curriculares nos cursos de graduação da Universidade Federal do Maranhão deu-se através da Resolução 684-CONSEPE, de 07 de maio de 2009. A referida regulamentação em seu art. 1º, diz que “[...] estágio é um componente curricular integrante do projeto pedagógico dos cursos de graduação e constitui um eixo articulador entre teoria e prática que possibilita ao

estudante a interação entre formação acadêmica e o mundo do trabalho.” E em seu parágrafo único, estabelece que “[...] o estágio é atividade acadêmica específica e supervisionada desenvolvida no ambiente de trabalho, e visa preparar o estudante para a vida cidadã e para o trabalho.” (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, 2009, p. 2).

São objetivos específicos do estágio, estabelecidos no art. 2º da Resolução 684/2009:

a) possibilitar ao estudante a ampliação de conhecimentos teóricos e práticos em situações reais de trabalho;

b) proporcionar ao estudante o desenvolvimento de competências e habilidades práticas e os aperfeiçoamentos técnicos, científicos e culturais, por meio da contextualização de conteúdos curriculares e do desenvolvimento de atividades relacionadas, de modo específico ou conexo, com sua área de formação;

c) desenvolver atividades e comportamentos adequados ao relacionamento sócio profissional (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, 2009).

O Art. 3º delimita a natureza do estágio de estudantes em obrigatório ou não-obrigatório, sendo ambos os casos registrados no histórico escolar do estudante. De acordo com a resolução em epígrafe:

§ 1º Estágio Obrigatório é aquele definido como tal no projeto pedagógico do curso, com carga horária específica indispensável à integralização curricular, constituindo requisito para colação de grau e obtenção de diploma.

§ 2º Estágio Não-Obrigatório é aquele previsto no projeto pedagógico do curso sem carga horária pré-fixada, desenvolvido como atividade opcional e complementar à formação profissional do estudante. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, 2009, p. 2).

Para a Cogest, a UFMA já vinha revendo a prática de estágio, pois “[...] era visto apenas como uma necessidade para colação de grau dos alunos. Outro formato era para atender a situação socioeconômica dos alunos considerados carentes dentro da Universidade.” (Relato 5/Cogest/UFMA, 2010). E ainda, destacou que:

Com o advento da Lei 11.788/08 houve uma mudança de concepção a partir da resolução nº 684-CONSEPE, que regulamenta a prática de estágio nos cursos de graduação. Essa resolução foi resultado do trabalho de um grupo de profissionais, que também contribuiu, através dos Fóruns, na elaboração da própria Lei junto ao Ministério do Trabalho e da Educação (Relato 6/Cogest/UFMA, 2010).

A UFMA instituiu, em 2009, a regulamentação de estágio e a Coordenação Geral de Estágios (Cogest), “que tem como atribuição definir as políticas de estágio da Universidade, no sentido de deliberar suas práticas. Nesse sentido, vem trabalhando nas mudanças de ordem operacionais do estágio.” (Relato 7/Cogest/UFMA, 2010).

A realização deste estudo permitiu transitar pelos segmentos que compõem o programa de estágio não-obrigatório, ou seja, os estudantes, os agentes de integração, as instituições concedentes e as instituições de ensino, que são em última instância, as provedoras da matéria-prima para a execução desse ato educativo.

Entende-se que é de fundamental importância para se compreender a organização dos programas de estágio não-obrigatório conhecer o papel dos atores sociais, incluindo suas obrigações, deveres e área de atuação, para que fomente aos estagiários sua adequada inserção no mundo do trabalho. Nesse sentido, tentou-se apresentar a perspectiva de cada uma das partes que constitui esse ato educativo.