Entre a escola e o mundo do trabalho: as expectativas dos

Do quantitativo dos sujeitos entrevistados, somam-se ainda, mais dois aspectos destacados nos depoimentos. O primeiro deles refere-se à questão da experiência. Observou-se que 84,6% - o que equivale a 11 (onze) dos 13 (treze) entrevistados - destacaram a experiência como o primeiro fator motivador que os levaram a participar de um programa de estágio.

Os entrevistados, como se verificou pela análise das entrevistas, dizem ter procurado fazer um estágio não-obrigatório principalmente para adquirir experiência, o que segundo eles, facilitará a entrada no mercado de trabalho. Comprova-se este fato com os depoimentos abaixo:

Busquei fazer um estágio, principalmente pela experiência para conhecer as rotinas administrativas e os tramites legais dos processos de trabalho. Uma coisa é a teoria, outra coisa é aplicar a teoria na prática. (Relato 29, 2010). O estágio abre as portas para o mercado de trabalho, pois se conhece mais

a área profissional, a realidade. Esta primeira experiência profissional é importante para ingressar no mercado de trabalho. (Relato 30, 2010). A aprendizagem ocorre para ambas as partes, por isso o estágio influencia positivamente na formação acadêmica do aluno, tendo em vista que o acadêmico adquire experiência e já desponta para o mercado de trabalho com um diferencial, pois muitos são os conhecimentos adquiridos na prática. Além da questão técnica, desenvolve-se a capacidade de lidar com outras pessoas, fortalecendo a parte cognitiva do aluno e os relacionamentos interpessoais. O estágio é uma oportunidade singular na vida do acadêmico, que ajuda na formação de um profissional capacitado e seguro. (Relato 31, 2010).

Com certeza esse estágio irá contribuir tanto na formação como na inclusão no mercado de trabalho, pois um estágio na Funasa é sempre bem vindo por outras empresas. (Relato 32, 2010).

Além de ser um diferencial no currículo, serão importantes os conhecimentos práticos, uma vez que desenvolvo meu estágio diretamente como o setor jurídico, na Procuradoria Geral Federal (PGF) desta fundação. Aqui vejo uma oportunidade de concretizar toda uma gama de conhecimentos teóricos adquiridos na faculdade, o que certamente fará diferença para o meu futuro profissional. (Relato 33, 2010).

Essa perspectiva é compartilhada por Martins (2009), quando ratifica que o estágio é considerado um ato educativo escolar, sendo uma forma de integração entre o que a pessoa aprende na escola e aplica na prática na empresa.

Outro aspecto de extrema relevância que deve ser ressaltado é a questão financeira. Dessa forma, do quantitativo dos entrevistados, 2 (dois), o que corresponde a 15,4%, declararam que sua primeira motivação foi o valor da bolsa, que contribui em suas despesas pessoais e com os próprios gasto da formação; veio em segundo lugar a experiência profissional e interpessoal.

Pode-se inferir que os gastos com a educação fazem com que os estudantes procurem um estágio também para receber uma bolsa auxilio, que vem somar-se ao orçamento familiar. Os depoimentos dos estagiários mostram a contribuição do estágio nesse aspecto: “O estágio ajuda nas minhas despesas pessoais, principalmente na compra de livros.” (Relato 34, 2010). E também, “O

valor que recebo da bolsa é importante para ajudar nas minhas despesas pessoais e da minha formação.” (Relato 35, 2010).

Além da valorização da experiência e da questão financeira, destaca-se neste estudo que todos os estagiários consideraram o estágio um importante momento de aprimorar aspectos comportamentais e de personalidade, tais como: as relações humanas no trabalho; motivação; a responsabilidade; a iniciativa; a determinação e o compromisso com a formação.

Verificou-se ainda uma percepção positiva dos estagiários entrevistados com relação ao estágio ter a capacidade de articular a teoria e a prática no ambiente de trabalho.

Pois a articulação da teoria com a pratica profissional é uma grande ajuda em busca do conhecimento, sem falar no exercício da prática forense. Além disso, o estágio colabora diretamente para a experiência profissional, como por exemplo a postura no ambiente de trabalho e o reconhecimento de habilidades própria do profissional do direito. Pelo fato tanto da experiência profissional como interpessoal que se adquire através do relacionamento com os colegas da instituição. (Relato 36, 2010).

Uma vez que aprendemos com os nossos erros a termos responsabilidade, motivação, iniciativa, determinação e acima de tudo compromisso. Estes conhecimentos contribuirão muito, principalmente daqui para frente, ou em qualquer fase da minha vida, seja ela profissional ou pessoal, propiciando assim a finalidade do estágio que é o aprendizado. (Relato 37, 2010). Como se pode observar nos depoimentos acima, os jovens reconhecem a importância das competências e habilidades práticas, o que é bastante valorizado no mundo do trabalho. Conforme Niskier e Nathanael (2006) o estágio além de integrar o aluno aos procedimentos ligados ao mundo do trabalho, aprimora a disciplina, o senso de hierarquia, de cumprimento das normas, a convivência corporativa, o trabalho em grupo, a liderança e a criatividade. Para esse entrevistado,

Apesar de recebermos o conhecimento científico na academia o estágio é a fundamentação prática deste aprendizado. Através do estágio é possível intensificar, ou melhor, aprimorar o conhecimento recebido no primeiro momento, dentro da sala de aula. (Relato 38, 2010).

Sob esse ponto de vista, na concepção da fiscalização do programa de estágio, “a função deste é possibilitar ao estudante conhecimento prático das funções profissionais, preparando-o para a competitividade no mercado de trabalho”. (Relato 4/Fiscal, 2010). Para Gílio (2000, p. 97) o trabalhador que não estiver minimamente instrumentalizado estará, automaticamente, excluído do mercado de trabalho.

desenvolvimento das competências técnicas, como conhecimento da linguagem informática, domínio da área específica do conhecimento, hábito de organização no