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clusters variedade de recursos de conhecimento que levam a níveis mais altos de inovação da empresa-mãe.

3.2.6 Orientação Empreendedora e Spin-Off

Originária da área de estratégia, a orientação empreendedora(OE) é entendida como o empreendedorismo no nível organizacional, retratando uma postura

empreendedora por parte da organização (Lee, Lee & Pennings, 2001).

Diversos pesquisadores têm dedicado seus esforços a estudar a relação entre orientação empreendedora e o desempenho organizacional. Seus resultados indicam que a orientação empreendedora pode influenciar positivamente o desempenho, destacando o fato que organizações com maior OE tendem a ser mais bem sucedidas que organizações com menor OE (Miller, 1983; Covin e Slevin, 1991; Zahra e Covin, 1995; Wiklund e Shepherd, 2003; Wiklund e Shepherd, 2005; De Clercq, Dimov & Thongpapanl, 2010), sinalizando a importância do empreendedorismo organizacional. Segundo Wiklund e Shepherd (2005), a OE contribui positivamente para o desempenho de pequenas empresas. Os referidos autores afirmam que a OE pode disponibilizar a habilidade de descobrir novas oportunidades, facilitando a diferenciação e a criação de vantagem competitiva. Para Covin e Slevin (1991), organizações com postura empreendedora promovem, de forma contínua, a inovação em seus produtos e tecnologias. Ainda, em estudo com pequenas empresas, Wiklund e Shepherd (2005) concluíram que uma OE pode ajudar a superar dificuldades decorrentes de ambientes pouco dinâmicos, onde novas oportunidades raramente aparecem, e com limitado acesso a recursos financeiros.

Segundo Lee, Lee e Pennings (2001), a Orientação Empreendedora está muito relacionada ao conceito de destruição criativa e empreendedorismo desenvolvidos por Schumpeter (1997). Para este último autor, os empresários geralmente criam e executam seu empreendimento para desenvolver um nicho de mercado com novos produtos/serviços ou substituir atoresestabelecidos. A orientação empreendedora é o conceito de empreendedorismo nonível organizacional ou da empresa, captando os processos, métodos e estilos organizacionais utilizados para implementar a estratégia de fundação de novos empreendimentos (Miller, 1983; Lumpkin & Dess,1996).

Conceitualmente, pode-se distinguir três dimensões de OE: capacidade de inovação, propensão à assunção de riscos, e proatividade (Lee, Lee & Pennings,2001). Segundo Miller (1983) e Lumpkin e Dess (1996), cada uma dessas dimensões são importantes para o estudo de OE e podem variar ou se comportar de forma independente, em determinados contextos. Nos trabalhos de Miller (1983) e Venkatraman (1989), as 3 dimensões foram investigadas por meio de dados primários, perguntando aos gestores das empresas sobre as suas percepções a respeito das mesmas.

uma empresa a se envolver em nova geração de ideias, experiências e atividades de P&D, resultando em novos produtos, serviços e processos (Lumpkin & Dess, 1996). A capacidade de inovação faz com que as novas organizações não se utilizem das formas tradicionais de fazer negócios e busquem se envolver em oportunidades de soluções inovadoras, dificultando a imitação por parte de seus concorrentes e diferenciando-se dos incumbents (Dess & Lumpkin, 2005). Existem diversas formas de identificar o grau de inovatividade de uma organização. Alguns elementos a considerar são recursos financeiros investidos em inovação, recursos humanos comprometidos com atividades inovadoras, número de novos produtos, serviços e processos e a diferenciação de seus produtos/serviços (Miller & Friesen, 1982; Covin & Slevin, 1991).

Na segunda dimensão, as empresas que possuem a orientação empreendedora geralmente apresentam comportamentos de propensão àassunção de risco, em que buscam investir recursos em atividades de alto risco e em negócios com alto retorno. As inovações envolvem incertezas antes de estarem disponíveis no mercado (Nelson & Winter, 2005). Esta dimensão não é facilmente aceita ou reconhecida pelos empresários ou fundadores de empresas, pois depende de sua capacidade de percepção a respeito de novos negócios ou da sua propensão a assumir riscos em empreendimentos incertos (Lee, Lee & Pennings,2001). O grau de risco pode estar refletido em decisões de alocação de recursos e na escolha de produtos e mercados, tornando-se, de certa forma, um critério ou um padrão de tomada de decisões nas organizações (Venkatraman, 1989).

Para Dess e Lumpkin (2005), existem três tipos de riscos em nível organizacional: riscos de negócios, que envolvem investimentos no desconhecido, que reconhecem a probabilidade de não haver retornos dentro do desejado, como entrar em mercados nunca antes testados; riscos financeiros, em que se toma empréstimos de grande volume de recursos e que resulta na relação risco e retorno; risco pessoal, que se refere aos riscos que um gestor assume nas suas decisões em favor de uma ação estratégica.

Segundo Lumpkin e Dess (1996), para identificar o comportamento de risco de uma organização, a literatura reconhece a abordagem de OE de Miller (1983) e Venkatraman (1989), que enfocam a tendência da organização de adotar projetos de risco, bem como a preferência dos gestores por agir de forma agressiva na busca para atingir os objetivos da organização.

A última dimensão da OE é a proatividade, que se refere à disposição da empresa para prospectar e perseguir oportunidades no mercado por meio de atitudes e de ser pioneira, tais como a introdução de novos produtos/serviços à frente dos concorrentes (Venkatraman,1989; Lumpkin & Dess, 1996). Proatividade é um processo organizacional que implica em perspectiva de futuro, pois, ao explorar as assimetrias no mercado, empreendimentos proativos podem capturar maiores retornos e obter vantagem inicial em estabelecer um negócio. O pioneirismo, por novas oportunidades e mercados emergentes é uma característica do empreendedorismo (Lee, Lee & Pennings,2001).

O empreendedorismo é responsável pela criação de novas empresas (Aldrich, 1999; Larson, 2000; Grandori & Giordani, 2011). O fenômeno de dar origem a outra empresa pode também ser da formação de um spin-off, ou seja, ele é uma forma de empreendedorismo. Se a empresa que deu origem a outra (empresa-mãe) tem uma orientação empreendedora, isso vai refletir em seu spin-off e, se existe uma relação entre eles, existe também a troca de recursos e conhecimento, o que pode refletir em desempenho para a empresa-mãe que pode se apropriar deles. Disso deriva a oitava hipótese deste trabalho: