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As Interações das Redes Sociais em Torno do Consumo do Livro

1. O LIVRO, O COMÉRCIO ELETRÔNICO E A MOBILIDADE NA PRÁTICA DA LEITURA

1.5 As Interações das Redes Sociais em Torno do Consumo do Livro

No âmbito do consumo do livro, as redes sociais desempenham um papel fundamental na comunicação e na interação entre usuários-leitores. O Google Books e o

Goodreads atuam como redes sociais digitais e são utilizados para o armazenamento de livros para usuários/leitores que buscam e trocam informações sobre textos lidos ou que desejam ler. Na estrutura de navegação do Google Books, há links para empresas que comercializam livros, direcionando o usuário a uma loja on-line. Ao ter acesso às informações publicadas por outros usuários a respeito de um livro, o discurso comunicacional das redes sociais pode influenciar o leitor atuante em grupos e listas no processo de decisão de aquisição de livros assim como o consumo de conteúdo também sugerido por ferramentas de software. Estas ferramentas de software foram desenvolvidas a fim de fomentar o consumo em determinados grupos de leitores e as dinâmicas de comunicação que ocorrem nas redes sociais.

Em seu estudo sobre formação de grupos Michel Maffesoli34 (1987, p. 194) discute a constituição das tribos, o que ele chama de microgrupos que pontuam a espacialidade que se faz a partir do sentimento de pertença nas redes de comunicação. O autor utiliza a metáfora “aldeia” para definir territórios de uma cidade ou rede onde pessoas se juntam, se ajudam, se opõem e se entrecruzam na busca de abrigo e segurança. As redes sociais digitais não deixam de ser aldeias formadas pelos grupos de interesses comuns. Como Maffesoli aponta, “grupos que não deixam de lembrar as estruturas arcaicas das tribos e dos clãs das aldeias. A única diferença notável, característica da galáxia eletrônica, e a temporalidade própria dessas tribos”. Nas redes sociais digitais é possível encontrar tribos/grupos com diferentes características, tais como: leitores interessados apenas em livros em inglês, grupos com interesse específico em fanfics35, mitologia ou ficção, estudantes, pesquisadores e assim por diante. Maffesoli trata da pluralidade de valores presentes nas tribos e discute o relativismo, que é a junção de valores, crenças e culturas diferentes. As diferenças ideológicas são presente entre indivíduos, cuja relação entre as mídias e as “tribos” humanas, relaciona-se com o desenvolvimento tecnológico.

Neste mesmo livro, Maffesoli mostra todo um processo das mudanças culturais e sociais. Relata também o declínio do individualismo. Hoje em dia, pode-se observar diversas de pessoas adotando o mesmo estilo de roupa e corte de cabelo, demonstrando as mesmas ideias, porém o individualismo, o ato de pensar por si só, se perdeu nos meios de comunicação.

Será mesmo que, por fazer parte de um grupo, a individualidade se perde? Voltando às redes sociais digitais, o fato de tornar-se membro de um determinado grupo na rede, por exemplo, de um grupo que lê e coleciona história em quadrinhos, não fará com que a individualidade seja eliminada.

34 Michel Maffesoli é um sociólogo francês conhecido sobretudo pela popularização do conceito de tribo urbana. Antigo aluno de Gilbert Durand é professor da Université de Paris-Descartes. É autor do livro O tempo das Tribos (1987).

35 Fanfic é a abreviação do termo em inglês fan fiction, ou seja, "ficção criada por fãs", mas que também pode ser chamada do Fic. Trata-se de contos ou romances escritos por terceiros, não fazendo parte do enredo oficial dos animes, séries, mangás, livros, filmes ou história em quadrinhos a que faz referência, ou uma história inventada por eles. Os autores dessas Fics são chamados de Ficwriters.

Comprar um livro pela razão de que outra pessoa da rede de relacionamento o comprou ou por ter sido recomendado por algum membro do grupo, pode gerar a sensação do laço: eu também li esse livro, portanto temos alguma ligação de interesse.

O intercâmbio de informações pessoais nas redes sociais sugere certo interesse em obter notoriedade. E, ao serem vistos, esses usuários estão em evidência tornando-se ao mesmo tempo consumidor e produtor. Para adeptos desse comportamento, publicar fotografias ou informações do cotidiano proporciona uma sensação agradável ao saber que outras pessoas viram seu conteúdo, compartilharam e fizeram algum comentário a respeito. Maffesoli, no mesmo livro anteriormente citado, discute a socialidade de indivíduos em grupos:

A temática da vida quotidiana ou da socialidade, em compensação, destaca que o problema essencial do dado social é o relacionismo, que pode traduzir-se de forma mais trivial, pelo ombro-a-ombro de indivíduos em grupos. Fica entendido que a “realiança” é mais importante do que os elementos que são ligados. (MAFFESOLI, 1987, p. 121)

A participação em grupos e a relação do consumo do livro com as dinâmicas comunicacionais das redes sociais colaboram com o leitor no contato com a obra, sugerindo o interesse em conhecer o texto, direcionando a decisão e escolha do livro. No

Goodreads, por exemplo, o usuário da rede pode comentar e classificar um livro publicando sua opinião. Essa atividade em rede é vista por outros membros do grupo e pode influenciar no consumo ou não daquele livro comentado.

Redes sociais digitais informacionais ampliam as possibilidades de troca de informações, pois este ambiente favorece os interesses a respeito de livros, autores e principalmente experiências com outros temas semelhantes. As pessoas interagem buscando esclarecer suas dúvidas e compartilhar ideias do que já consumiram anteriormente. Esse processo pode anteceder as compras que possam ou não ser realizadas pela internet. O consumidor percebeu os benefícios desta interação propiciados pela comunicação em rede, tais como: economia de tempo, troca de experiências e opiniões, troca de informações o objeto de desejo, aqui, em questão, o livro.

Unindo o tema com o contexto da cibercultura, as tecnologias aplicadas no comércio eletrônico podem ser compreendidas como a forma de conectar consumidores a outros consumidores e alavancar essas conexões com propósitos comerciais, motivando as pessoas a falarem dos livros lidos ou desejados por meio de listas ou grupos de leitores nas redes.

As redes sociais são compreendidas como plataformas compostas por pessoas e não somente o software que as suporta. Os indivíduos é que fazem uma rede social ser interativa ou ser uma rede de disseminação de informação. Sites expressam as redes, uma rede social não é uma ferramenta, mas apropria-se das ferramentas existentes para construir redes. Para compreender melhor como se dá as construções sociais, é necessário entender os elementos necessários e componentes da rede social.

Um termo já conhecido nas redes sociais digitais é o de Comunidade. Rogério da Costa36, Professor e pesquisador de temas como inteligência coletiva, redes sociais, cibercultura, comunidades virtuais e produção de conhecimentos, em seu artigo intitulado

Por um novo conceito de comunidade: redes sociais, comunidades pessoais, inteligência coletiva (2005), traz as reflexões de teóricos como Bauman e Barry Wellman & Stephen Berkowitz sobre esse termo. No caso do Bauman (Apud. 2003, p.59), existe um conflito entre comunidade e liberdade se considerarmos, no pensamento do autor, o termo implica numa “obrigação fraterna de partilhar as vantagens entre seus membros, independente do talento ou importância deles”. Viver em comunidade, de certa forma, confere alguma segurança, pois do contrário, a vida individual está envolta em riscos. Ou seja, viver em liberdade significa viver sem segurança. Neste sentido que o autor coloca o conflito entre comunidade e liberdade.

Já Barry Wellman & Stephen Berkowitz (Apud, 1988), pensam o conceito de comunidade como a associação que se faz em rede por meio de comunidades pessoais. São os laços fortes (família, amigos mais próximos) e os laços fracos (pessoas que nos relacionamos de forma temporária). Sabemos a que rede pertencemos, mas não sabemos a que rede pertencem aqueles que não conhecemos (COSTA, 2005. p. 237).

36 Rogério da Costa é doutor em História da Filosofia pela Université de Paris IV. É professor do Programa de Pós Graduação em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Coordena atualmente o Laboratório de Inteligência Coletiva - LInC (www.linc.org.br).

Pierre Lèvy37 (1999, p. 85), em seu livro Cibercultura, define o ciberespaço como o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores. Para ele, inclui o conjunto dos sistemas de comunicação eletrônicos na medida em que transmitem informações provenientes de fontes digitais ou destinadas à digitalização. Este meio permite colocar em sinergia e interfacear todos os dispositivos de criação de informação, gravação e simulação. Para Lèvy, o ciberespaço se tornará o principal ambiente de comunicação e suporte de memória da humanidade.

Ciberespaço é um tema muito estudado, sendo compreendido e definido em diferentes olhares. Lucia Leão38 (2004, p. 165), em seu livro Derivas: Cartografias do

Ciberespaço define o ciberespaço como território em constante ebulição que não se reduz a definições rápidas. Para ela, o ciberespaço engloba as redes de computadores interligados no planeta, as pessoas, grupos e instituições que participam desta interconectividade e espaço que emerge das inter-relações homens-documentos-software.

Como discute Pierre Lèvy (1999, p. 85), entende-se por ciberespaço a geografia ou espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial de computadores e de suas memórias, tendo como principal função o acesso à distância aos diversos recursos de um computador podendo oferecer uma infinidade de potências em tempo real, como processamentos, cálculos, informações, imagens e simulações. Esta definição difere-se do que se entende por cibercultura que, por sua vez, está relacionada à forma de utilização e ao comportamento dos usuários no ciberespaço. Cibercultura, por sua vez, parte do desenvolvimento do sistema digital universal, como também da progressão de todos os elementos do ciberespaço, devido à integração, à interconexão, ao estabelecimento de sistemas cada vez mais interdependentes, universais e transparentes.

Partindo para a definição de cibercultura, podemos entendê-la como sendo uma forma sociocultural espelhada na relação de trocas entre a sociedade, englobando a cultura e as novas tecnologias, cujas comunidades atuam como propulsoras da popularização da

37 Pierre Lévy - filósofo francês da cultura virtual contemporânea. Vive em Paris e leciona no Departamento de Hipermídia da Universidade de Paris-VIII. É autor do livro Cibercultura (1999), entre outros.

38 Lucia Leão é artista interdisciplinar, doutora em comunicação e semiótica pela PUC-SP e Pós Doutora em Artes pela UNICAMP. Autora de dezenas de artigos sobre arte e novas mídias e dos livros O labirinto da hipermídia: arquitetura e navegação no ciberespaço (Iluminuras, 1999) e A estética do labirinto (Anhembi Morumbi, 2002).

internet e de outras tecnologias. O conceito de cibercultura também se relaciona com uma comunicação mais flexível e fluídica de cooperação e compartilhamento que permite emitir e receber informações produzindo conteúdo.

Lev Manovich39, artista e teórico das novas mídias, elucida a diferença entre novas mídias e Cibercultura. Para Manovich, esses são dois campos de estudos distintos se pensarmos que a Cibercultura é um campo de estudo de diversos fenômenos sociais associados à internet e outras formas de comunicação em rede. Para o autor, cibercultura está relacionada aos fenômenos sociais e não lida com objetos culturais. Em suma: cibercultura concentra-se no social e na rede enquanto as novas mídias concentram-se no cultural e na computação (MANIVICH, 2005. p. 27).

Como ponto principal e determinante de diferenciação das mídias convencionais, em que o sistema de produção e distribuição da informação segue o modelo de um para todos no qual apenas um ou poucos indivíduos são os responsáveis por produzir e enviar informações, no ciberespaço a relação com o outro é amplificada no contexto de todos para todos, onde todos podem emitir e receber informações de qualquer lugar do mundo.

Avançando neste conceito, pode-se dizer que as redes sociais digitais transformaram a maneira de compreender as relações tecnológicas que se estabelecem na sociedade. É um espaço de comunicação, uma migração do mundo real para o imaginário, que possibilita aos indivíduos a criação e recriação do seu próprio espaço social.

Algumas das redes digitais que emergem no ciberespaço adotam a regra computacional que seleciona perfis de usuários com maior volume de publicações na rede. O Facebook e o Twitter utilizam um algoritmo próprio que funciona desta forma, ou seja, quanto mais o usuário postar conteúdo, mais visibilidade ele terá para outras pessoas da rede. Esta dinâmica é utilizada por autores ou indivíduos como ferramenta para estar cada vez mais em evidência e assim acaba por surgir uma competição não declarada entre estes indivíduos. Uma publicação pessoal considerada relevante aos demais integrantes da rede é aquela que gera maior número de compartilhamento e comentários, aumentando assim a

39 Lev Manovich é artista, teórico das novas mídias e professor associado no Departamento de Artes Visuais da Universidade da Califórnia, em San Diego. Sua definição de Cibercultura pode ser consultada no texto: Novas Mídias como tecnologia e Ideia: dez definições. IN: O Chip e o Caleidospócio. Reflexões sobre Novas Mídias (LEAO, 2005. p. 25-50).

exposição e abrangência deste conteúdo. Os padrões de interação entre indivíduos presentes nas redes sociais mediadas por computador é claramente definido por Raquel Recuero40:

As pessoas adaptaram-se aos novos tempos, utilizando a rede para formar novos padrões de interação e criando novas formas de sociabilidade e novas organizações sociais. Como essas formas de adaptação e auto- organização são baseadas em interação e comunicação, é preciso que exista circularidade nestas informações, para que os processos sociais coletivos possam manter a estrutura social e as interações possam continuar acontecendo. (RECUERO, 2009, p. 89)

A comunicação mediada por computador permite diferentes interações entre membros de grupos. O uso de redes sociais digitais vem aumentando em todo o mundo com a adesão de novos adeptos e com isso a comunicação acompanha esse aumento em importância nas relações intersociais. A forma com que as pessoas se organizam em uma rede social e o modo com que interagem entre si têm sofrido mudanças contínuas trazendo à tona transformações devido à penetração das tecnologias digitais na sociedade. Estar conectado significa que parte de você está na rede (GABRIEL, 2011, p. 74).

Um contraponto em relação ao pensamento de Martha Gabriel onde estar conectado significa que parte de você está na rede, é o conceito de rizoma de Deleuze e Guattari que colocam que o sujeito é a rede e não um estado parcial no momento em que está conectado. Os autores trazem a reflexão da diferença entre um mapa e um decalque no sentido em que o mapa pode ser recortado, alterado contribuindo para a construção de campos, para a reconfiguração. No mapa, “a orquídea não reproduz o decalque da vespa, ela compõe um mapa com a vespa no seio de um rizoma. Se o mapa se opõe ao decalque é por estar inteiramente voltado para uma experimentação ancorada no real. O mapa não reproduz um inconsciente fechado sobre ele mesmo, ele o constrói” (DELEUZE, GUATTARI, 1995. p. 21).

No conceito de rizoma, o mapa contribui para a conexão dos campos, para o desbloqueio dos corpos sem órgãos, para sua abertura máxima sobre um plano de

40 Raquel Recuero é professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Letras, doutora em Comunicação e Informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e autora dos livros: Redes Sociais na Internet (2009) e Blogs.com: estudos sobre blogs e comunicação (2009).

consistência. Ele faz parte do rizoma. O mapa é aberto, é conectável em todas as suas dimensões, desmontável, reversível, suscetível de receber modificações constantemente. Ele pode ser rasgado, revertido, adaptar-se a montagens de qualquer natureza, ser preparado por um indivíduo, um grupo, uma formação social (DELEUZE, GUATTARI, 1995. p. 22).

Uma das características das redes sociais são os fenômenos que ocorrem nestes ambientes. Para Recuero (2009. p. 12-13), “todas as tecnologias de que dispomos as de comunicação digital inclusive, são produtos de nossas próprias intenções e propósitos. Por outro, os modos como nos apropriamos delas, os usos que fazemos, reinventam constantemente suas características” (RECUERO, 2009. p. 12-13).

Clay Shirky, professor americano e pensador da revolução da internet, discute sobre os usos que fazemos das mídias sociais. Para o autor do livro A Cultura da

Participação, uma geração inteira cresceu com tecnologias como o rádio (de ouvido) e o PC, que permitiam o uso tanto individual quanto coletivo. O uso da tecnologia pessoal é muito menos determinado pelo instrumento e sim pelas possibilidades de encontro com outras pessoas que ela proporciona (SHIRKY, 2010, p. 18). Cooperação, composição e adaptação, por exemplo, contribuem para reforçar a estrutura da rede. A adaptação dos indivíduos inseridos na rede está relacionada às mudanças que ocorrem e ao que emerge delas.

Podemos questionar a reflexão dos usos, no caso do rádio ou da TV como tecnologias de uso pessoal. Tanto o rádio quanto a TV podem ser usados em ambientes coletivos como consultórios, bares entre diversos outros. O uso das tecnologias é aplicado tanto para as possibilidades de encontro quanto de isolamento. Podemos citar alguns exemplos: o celular pode ser utilizando tanto para isolamento (quando concentramos nossa atenção para ler e-mails, jogar, ouvir música, ler, acessar a internet) quanto para as possibilidades coletivas como chats, conversas em grupos, jogos em rede e conferências. A TV, ainda que esteja instalada em ambiente social, pode ser usada para fins de isolamento.

A condição de participante é diferente da condição exclusiva de consumidor. No caso da TV, apenas sentamos e consumimos o conteúdo que é transmitido. Em ambientes midiáticos que oferecem a possibilidade de responder, discutir, argumentar e criar, a participação significa agir, dar retorno daquilo que acontece (SHIRKY, 2010, p. 25).

Como ações características das redes sociais com comunicação mediada pela internet, podemos apontar as conexões dos integrantes ponto a ponto, o surgimento de comunidades por afinidade, como os clusters (conjunto de computadores, que utiliza um tipo especial de sistema operacional classificado como sistema distribuído. Muitas vezes é construído a partir de computadores convencionais (PCs), os quais são ligados em rede e comunicam-se através do sistema, trabalhando como se fossem uma única máquina de grande porte), fluxo livre da comunicação entre os integrantes, comunicação multidirecional, a reedição autônoma e voluntária da informação, audiências ativas, o fenômeno da emergência e as relações laterais.

Frederico Casalegno (2004, p. 55), cientista social e pesquisador no Media Lab do MIT, discute as diferentes características entre a comunicação real e a que ocorre no ambiente das novas mídias. A comunicação real é complexa, pois envolve um intercâmbio de diferentes tipos de mensagens como as não verbais que transmitem informações complementares por meio da postura, gestos, expressões faciais e entonações, dentre várias outras. Neste caso, o ambiente é um influenciador na comunicação, pois possui e interage com informações socioculturais. É preciso que os interlocutores concordem com um elemento denominador comum para que a comunicação seja efetiva, ou seja, a pessoa é parte integrante do processo de comunicação.

Já a comunicação que ocorre nas redes sociais necessita que todos os elementos não verbais e do ambiente sejam construídos, se considerarmos a comunicação sem os recursos de áudio e vídeo como proporcionada pelo Skipe, por exemplo. Ela também permite a comunicação escrita entre pessoas, mas é preciso levar em conta as complexidades e os desafios em termos do design das tecnologias da informação. Os emoticons surgiram com o objetivo de “suavizar” ou “humanizar” a comunicação por mensagem instantânea.

Segundo Casalegno (2004. p. 56), a comunicação no ambiente das novas mídias enfrenta alguns desafios. O autor faz uma analogia da memória humana com as pinturas dos relógios derretidos de Salvador Dali para representar a memória com a passagem do tempo. Isso para mostrar que a memória precisa do tempo, e em tempos de novas tecnologias da informação, memória e tempo seguem seus caminhos independentes.

A memória do tempo presente é a que não desaparece, mas se dilata. Como se usássemos uma lente ampliadora de tempo a exemplo de um telescópio que nos permite

ver um espaço distante. A tecnologia funciona como o telescópio onde não existe o aqui e agora e sim o tudo e agora. Um exemplo citado é o segurança de um shopping que acompanha todos os movimentos por várias telas e interage com elas sem estar fisicamente na situação.

As novas tecnologias nos dão a oportunidade de ver e interagir com coisas e situações sem estarmos de fato experimentando a situação. Norval Baitello Junior41 apresenta suas reflexões sobre esta questão em seu livro O Pensamento Sentado: Sobre

Glúteos, Cadeiras e Imagens (2012 p. 45), em que coloca que na sociedade midiática passamos a ver o mundo por janelas/telas sintéticas como um recorte da realidade. Por