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1 ENTRE QUINTAIS, O ARVOREDO: BRINCANDO COM PIRILAMPOS

1.3 Metodologia da Pesquisa

1.3.1 As Missionárias Entrevistadas

As missionárias da Igreja Batista foram escolhidas como objetos da pesquisa por motivos de ordem pragmática. Primeiro, por tratar-se de gravação com transcrição, houve

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Em associação ao conceito de arquivo como o sistema que rege o aparecimento dos enunciados como acontecimentos singulares, para Foucault (2005, p. 163), a arqueologia encarrega-se das homogeneidades enunciativas. Nos seus termos, a arqueologia está à procura de “revelar a regularidade de uma prática discursiva que é exercida, do mesmo modo, por todos os seus sucessores menos originais, ou por alguns de seus predecessores; prática que dá conta, na própria obra, não apenas das afirmações mais originais (e com as quais ninguém sonhara antes deles), mas das quais eles retomaram, até recopiaram de seus predecessores.”

necessidade de fazer um recorte no número de entrevistadas para que a pesquisa pudesse dar conta dos resultados no prazo determinado pelo Programa. Segundo, por se acreditar que este grupo de evangélicos (aliado ao pastor), devido à função que exerce na igreja, seja responsável, efetivamente, pela propagação da religião que professa. Terceiro, porque, além de fazer estudos regulares da Bíblia, como qualquer evangélico, este grupo necessita de preparação específica10 para exercer a função de missionária sem, contudo, ser obrigado a participar de qualquer curso de formação como o é o pastor, na maioria dos casos11. E, finalmente, porque não pertence, obrigatoriamente, à hierarquia da igreja12, ou seja, a missionária não faz parte dos quadros hierárquicos da igreja, apesar de ser-lhe membro13 e detentora do controle de diversas atividades internas e externas aos templos.

As missionárias das entrevistas totalizam doze. Elas responderam a um questionário não gravado, preliminar à entrevista gravada. Esse questionário foi dividido em duas partes, uma para identificação da entrevista e outra para estimular a sua conversa da e foi proposto com perguntas diretas. A pesquisadora realizava as perguntas, bem como anotava as respostas. QUESTIONÁRIO DE PESQUISA PARTE I – IDENTIFICAÇÃO 1. Nome: --- 2. Endereço: --- 3. Telefone: --- 4. Data de nascimento: --- 5. Estado civil: --- 6. Religião do cônjuge: --- 10

Esta afirmação é relativa, porque assim como o pastor, também existem missionário(a)s sem formação específica. Os depoimentos indicam que esta formação é uma contingência, não uma necessidade. O importante é o desejo que o membro da igreja tem de se tornar um(a) missionário(a).

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Segundo alguns depoimentos, existem pastores que não passam por formação específica devido à dificuldade que a Igreja tem para nomear um pastor para conduzir um dado templo, em um determinado lugar.

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O Pastor necessariamente faz parte da hierarquia da Igreja, sendo seu presidente.

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O membro é um crente já batizado. Os não-batizados são os interessados. Apesar do quadro social sinalizar para um hiato entre a conversão e o trabalho de missões, qualquer pessoa (membro ou interessada) poderá tornar-se um(a) missionário(a). Para outros cargos, como o de pastor, por exemplo, o fiel deverá ser batizado. (Informação verbal).

7. Formação: --- 8. Profissão/atividade: --- 9. É convertida? Sim ( ) Não ( )

10. Data da conversão: --- 11. É batizada? Sim ( ) Não ( )

12. Data de batismo: --- 13. Religião do pai: --- 14. Religião da mãe: --- 15. É missionária? Sim ( ) Não ( )

16. Data do início do trabalho como missionária? --- 17. Quais são seus melhores amigos? --- 18. De que religião eles são? --- 19. O que você gosta de fazer junto com essas pessoas? ---

Data da entrevista: ---/---/--- Horário: --- Duração da entrevista:

Observações: --- --- --- ---

De acordo com essa parte da entrevista, pode-se constatar que as missionárias possuem idade entre 25 e 60 anos e formação diversificada (fundamental, médio e superior), sendo que o nível superior geralmente é cursado nos seminários da própria Igreja, quando as missionárias concluem o curso de Psicanálise e/ou Bacharel em Educação Cristã. Essas missionárias, comumente, possuem cargos de liderança dentro do grupo de missionários, tais como direção do seminário, coordenação de grupos de trabalho. As participantes das entrevistas têm, geralmente, pais evangélicos e mais raramente católicos. As missionárias casadas quase sempre têm cônjuge da mesma denominação religiosa.

De acordo com a análise das informações colhidas na entrevista não gravada, o modo de identificação com a denominação batista segue uma regularidade que se inicia como participante14 nos cultos. Em seguida, ocorre a conversão e, depois, o batismo, o que lhe

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garante a qualidade de membro. Na sequência, esse processo de identificação com a denominação resulta no trabalho de missões. Ainda de acordo com essas informações, entre a condição de participante até a concretização do batismo decorre um tempo significativo como convertida, portanto, o trabalho com as missões só se efetiva alguns anos após o batismo. Então, do momento da conversão até o trabalho missionário demanda um tempo como evangélico na denominação, de acordo com o traçado cronológico de adesão à denominação.

A segunda parte das entrevistas serviu para alcançar os objetivos propostos por essa pesquisa de doutorado. Nessa parte, foram utilizadas as transcrições grafemáticas das gravações de entrevistas realizadas com as missionárias batistas. As missionárias, objetos desta pesquisa, freqüentam a Igreja Batista Metropolitana, localizada no bairro do Imbuí, em Salvador; a Igreja Batista de Ituberá, localizada na cidade de Ituberá, ou a Igreja Batista Missionária Independência, localizada no bairro da Mouraria, em Salvador. A Igreja Metropolitana e a de Ituberá são filiadas à Convenção Batista Baiana que agrega igrejas consideradas batistas tradicionais (históricas). A Igreja Batista Missionária Independência possui trabalhos voltados para as missões, por isso foi mantida no corpus.

A Igreja Metropolitana é uma das maiores de Salvador porque possui um quadro de membros superior a 2.000. Desenvolve trabalho de missões consistente e, acompanhando outros estados, especialmente desde 1991, o faz através da organização designada como MEAP15 - Missão Evangélica de Assistência aos Pescadores -, com trabalhos missionários voltados para pescadores artesanais que atingem populações de pescadores artesanais do litoral brasileiro.