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1 REVISÃO DA LITERATURA

1.2 LONGEVIDADE E EDUCAÇÃO

1.3.2 As necessidades básicas

Maslow (1954) formula uma construção teórica articulando diferentes contribuições ligadas à tradição funcionalista de William James e Dewey, o dinamismo de Freud e Adler e o holismo de Wertheimer e de Goldstein. Como resultado desta síntese o autor classifica sua teoria como “holística dinâmica”. Em seus estudos faz distinção quanto ao que denomina de motivação baseada em deficiência (deficiency motivation) e a motivação para o crescimento (growth motivation). Para os motivos baseados em deficiência, a gratificação causa alívio, gerando a falta de motivação, visto que a pessoa atingiu o que faltava. Segundo Maslow, esses motivos estariam relacionados às necessidades fisiológicas e de segurança. A colocação do autor é que a satisfação da necessidade de segurança “produz, no máximo, um sentimento de alívio” (MASLOW, 1954, p. 153). Quando a motivação está voltada para o crescimento não existe um clímax, pois, quanto mais se tem, mais se deseja. Em pessoas motivadas para o crescimento, a satisfação gera uma excitação acentuada e não atenuada. “O apetite de crescimento é estimulado pela satisfação, não aliviado [...]. Em vez de querer cada vez menos, a pessoa quer cada vez mais, por exemplo, educação” (MASLOW, s.d., p. 57). Na motivação para crescimento, Maslow (s.d.) destaca que esta pode ter um caráter a longo prazo na qual a pessoa mantém sua atenção em objetivos distantes.

As denominadas Necessidades Básicas são assim classificadas por Maslow (1954):

1.3.2.1 Necessidades fisiológicas

São as mais primárias e primordiais de todas as necessidades, pois o ser humano que tenha carência de tudo tende a satisfazer às necessidades fisiológicas antes que as outras, dirigindo todas as suas capacidades para satisfazê-las. Fome, sede e sexo são os exemplos citados por Maslow, argumentando que estas necessidades são relativamente independentes de outras. Esta relatividade se dá porque quando o indivíduo está com todas as necessidades insatisfeitas, a maior motivação será a de suprir as necessidades fisiológicas. É certo que se vive em busca de alimento quando este não existe, mas no caso de haver em abundância e o homem estiver com seu estômago cheio, o que acontece? O autor argumenta que outra necessidade aparecerá dominando o organismo mais que a necessidade fisiológica e, quando esta é satisfeita, aparecerá outra e assim sucessivamente. As necessidades fisiológicas, quando satisfeitas, deixam de existir, permitindo o aparecimento de outras necessidades.

Nas palavras de Maslow (1954, p. 88) “as necessidades humanas básicas, estão organizadas em uma hierarquia de predomínio relativo”. A conseqüência dessa descoberta é que, na teoria da motivação, a satisfação é um conceito tão decisivo como a privação, pois libera o organismo do domínio das necessidades inferiores, permitindo o aparecimento de objetivos mais sociais.

1.3.2.2 Necessidades de segurança

Em sociedades pacíficas, as necessidades de segurança estão relacionadas com emprego estável; possuir condição financeira que proporcione segurança presente e futura; seguros de várias classes como: médico, desemprego, dentário. Assim, o conceito de segurança em adultos saudáveis compreende a preocupação

com estabilidade e controle, constituindo a busca por proteção física. As necessidades de segurança não são determinadas somente pela perspectiva do mundo atual, mas “também por uma visão de futuro” (MASLOW, 1954, p. 89).

1.3.2.3 Necessidades de pertencimento e amor

A palavra que mais se ajusta a esta necessidade é socialização. O ser humano tem necessidade de compartilhar afeto, de ser aceito por um grupo e fazer parte de um círculo de amizade e intimidade. A socialização é condição de sobrevivência da espécie humana, pois o homem já nasce como membro de um grupo, a família, e posteriormente passa a pertencer a outros grupos. Ressalta-se que Maslow não considera, nesta necessidade, amor como sinônimo de sexo. O sexo deve ser estudado nas necessidades fisiológicas, diferente do comportamento sexual, que pode ser determinado pela necessidade de afeto e amor.

1.3.2.4 Necessidades de estima

Estas necessidades podem ser classificadas em dois grupos. O primeiro grupo compreende a imagem que a pessoa tem de si, entendida como auto-estima, as quais Maslow (1954, p. 95) considera como desejo de “realização, de adequação, de maestria e de competência”, possibilitando a confiança com relação ao mundo, a independência ou autonomia e a liberdade. No segundo grupo encontra-se o desejo de obter a estima dos outros, na busca por “reputação ou prestígio, reconhecimento, status, atenção, importância ou apreciação”.

1.3.2.5 Necessidades de auto-realização

Maslow defende o entendimento de outros estudiosos, como Jung e Goldstein, segundo o qual as pessoas têm um potencial interno que precisa se

tornar ato para poder, por meio de habilidades, ser tudo aquilo de que é capaz. Muitas vezes, para se conseguir auto-realização, é necessário capacitar o potencial existente.

1.3.2.6 Desejos de conhecimento e compreensão1

As necessidades apresentadas anteriormente são as mais discutidas pela maioria dos estudiosos. No entanto, Maslow argumenta:

Devemos preservar-nos da fácil tendência a separar estes desejos (de conhecimento e de compreensão) das necessidades básicas que tratamos anteriormente, isto é, de fazer uma separação entre necessidades cognitivas e conativas. O desejo de saber e de entender é conativo em si, isto é, possui a característica de conduzir a um objetivo e é uma necessidade da personalidade assim como as necessidades básicas que já discutimos. (MASLOW, 1954, p. 101)

Essas necessidades estão vinculadas à forma “de compreender, de sistematizar, de organizar, de analisar, de encontrar significados [...]” (MASLOW, 1954, p. 101). Satisfazer a curiosidade, saber explicar e compreender são fundamentos para explicar a necessidade pelo conhecimento.

1.3.2.7 Necessidades estéticas

São entendidas como o impulso à beleza, simetria e ordem podendo ser encontradas em todas as culturas e em todas as idades. Maslow (1954, p. 102) exemplifica com a pessoa que sente forte impulso por arrumar um quadro que esteja torto em uma parede: “[...] Em alguns indivíduos existe uma verdadeira necessidade estética que exige ser classificada como básica”.

A classificação proposta por Maslow (1954) possibilita a orientação de investigação sobre a motivação humana em toda a sua complexidade.

1Nos trabalhos apresentados depois de 1954, Maslow emprega a expressão Necessidade de Aprender.

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