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4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 NECESSIDADES BÁSICAS

4.1.3 Pertencimento e Amor

Os resultados apontaram a necessidade básica de pertencimento e amor como terceira colocada. Os indivíduos têm necessidade de compartilhar afeto, de fazer parte de círculos de amizade e de serem aceitos, ou seja, de se socializarem (MASLOW, 1954). Foram investigados motivos relacionados com a socialização: entender melhor as pessoas; ter oportunidade de compartilhar conhecimento; melhorar o status social; conviver com pessoas de outras gerações; melhor compreender as diferenças culturais (religiosas, políticas etc.); contribuir para uma nova visão em relação a pessoas com mais idade.

Nenhum dos idosos classificou como não tem importância o motivo 11, conviver com pessoas de outras gerações. Os dados apurados revelaram que entre os homens a questão apresenta maior relevância do que entre as mulheres. A opção muito importante foi escolhida por 15 representantes do gênero masculino e 7 do gênero feminino. Os idosos que atingiram o ensino médio revelam ser muito importante essa convivência e, para os que já possuam curso superior, esse motivo foi importante. Goldman (1999) observou variáveis, apresentando dados similares em relação ao grau de instrução. Esta autora também situa a importância da heterogeneidade de idade de alunos, pois fortalece os laços estabelecidos entre eles. Conforme contextualizam França e Soares (1997, p. 151), “as trocas geracionais não devem se limitar à família e aos programas e políticas governamentais, mas serem expandidas às instituições privadas e a outras representações da sociedade”. As instituições de ensino, ao receberem alunos com idade mais avançada, favorecem o contato entre pessoas de várias gerações,

proporcionando ao idoso a oportunidade de se sentir integrado, integrador e participante da sociedade. Essas relações intergeracionais, segundo Magalhães (2000), trazem trocas benéficas tanto para o jovem quanto para o idoso. O idoso contribui para o futuro que o jovem viverá e o jovem integra o idoso no meio em que vive.

É importante expor a fala de um dos idosos:

Eu me sinto como peixe fora d’água aqui na faculdade. Não acho que os colegas não se aproximam de mim por eu ser mais velho, mas por eu ser limitado. Fiz colégio (referência ao ensino médio) naqueles cursos pagos a jato só pra poder entrar na faculdade. Não consigo entender muita coisa do que os professores falam e quando tem trabalho em grupo, os colegas não me chamam. Na hora do intervalo eles conversam comigo e isso é muito bom. Me sinto bem. Me sinto mais moço com eles, mas na aula eles me preferem longe. (Idoso 10)

Para esse idoso, a convivência com pessoas de outras gerações é agradável e faz bem ao ponto de se sentir mais moço, mas está na contramão da argumentação de Silveira (2002):

A ideia de formar grupos intergeracionais não é a de fomentar relações de amizade por semelhanças ou identificações, de tal forma que os amigos participem de programas sociais e de lazer juntos, mas a de utilizar as diferenças em favor dos membros do grupo e de toda a sociedade (SIQUEIRA, 2002).

Talvez esteja faltando a oportunidade dos colegas e do idoso perceberem que as relações entre eles pode ser benéfica por meio de trocas. Neste sentido, a intervenção dos educadores seria imprescindível, pois um dos papéis do verdadeiro educador é integrar seus alunos.

O Gráfico 7 apresenta a frequência relativa para o motivo 11.

0,00% 13,46%

32,69% 42,31%

11,54% Não tem impo rtância Po uco importante Importante M uito impo rtante Essencial

Gráfico 7 – Conviver com pessoas de outras gerações

No motivo 22, Contribuir para uma nova visão em relação a pessoas com mais idade, 10 dos idosos que tinham educação superior prévia assinalaram

Ao analisarmos esse motivo pelo gênero dos idosos encontramos o resultado em muito importante para 9 mulheres e 13 homens. Para Cachioni (2003) o velho não se vê como velho pelas transformações físicas ou pelos anos vividos, mas pela discriminação e negação que a sociedade lhe faz. Percebe-se que os respondentes dessa pesquisa estão fazendo a sua parte. Espera-se que a sociedade também faça.

Uma das idosas enviou, no mesmo dia em que respondeu ao questionário pessoalmente, o seguinte e-mail:

Fico contente em ter colaborado, esperando que seu trabalho contribua para erradicar a noção equivocada de que as pessoas de mais de 60 anos não podem ou não devem trabalhar, estudar etc. Se, o indivíduo está cerebral e culturalmente ativo, desfrutando saúde, porque não estudar? (Idoso 09)

O desabafo feito por essa participante está coerente com uma conclusão de França e Soares (1997, p. 161). O envelhecer é percebido, segundo as autoras, como ocasião de realizar projetos que propiciem fonte de crescimento e conquistas das suas potencialidades como pessoa, pois “sentem-se possuidoras de boa qualidade de vida, gozam de bem-estar e reconhecem a possibilidade do envelhecimento bem-sucedido”.

Para Dornelles e Grossi (2002, p. 52), nos dias atuais “o idoso é discriminado por uma sociedade que não produz papéis e padrões comportamentais apoiados no valor da respeitabilidade decorrente da experiência acumulada”. A este propósito, um participantes fez a seguinte observação:

Não faço questão nenhuma que as pessoas me respeitem por causa dos meus cabelos brancos ou porque tenho mais experiência. Quero ser respeitada pelo que sou: uma pessoa que pode e que faz as coisas acontecerem (idoso 47).

Observa-se nesta argumentação, a necessidade do idoso ser respeitado pelo que é e não pela representação de experiência acumulada. Segundo Zuben (2001), o envelhecimento bem-sucedido pode ser promovido por novos contatos sociais, mas, antes de tudo, deve ser defendido pelo próprio idoso. A importância de contribuir para uma nova visão das pessoas com mais idade, aparentemente, está sendo perseguida pelos idosos participantes desta pesquisa. Eles buscam o seu espaço, pensando no presente. Olhar as pessoas idosas com visão mais positiva é um processo de reconstrução onde o idoso faz a sua parte e a sociedade também. O

estar envolvido no processo educacional traz consigo a representação da capacidade de continuar e de não aceitar os paradigmas negativos existentes.

O Gráfico 8 apresenta a frequência relativa para o motivo 22.

1,92%

13,46%

28,85% 42,31%

13,46% Não tem impo rtância Po uco importante Importante M uito impo rtante Essencial

Gráfico 8 – Contribuir para uma nova visão da pessoa com mais idade.

Como foi colocado na revisão da literatura, não seria possível esperar por outra postura desta geração. Lutaram pelo seu espaço em outras épocas e continuam fazendo o mesmo, independente da idade que tenham.

4.1.4 Estima

Esta foi apontada como a quarta necessidade para os idosos buscarem a educação superior. Para Maslow (1954) o indivíduo busca a estima dos outros por meio de reconhecimento ou atenção e a auto-estima por meio de realizações e competências. Os motivos investigados quanto a esta necessidade foram relacionados com autonomia: dirigir a própria vida; conseguir um diploma; desenvolver autoconfiança nas próprias idéias e opiniões; poder ajudar ao próximo com autonomia sem depender de outras pessoas; ser aceito em grupos diferentes dos quais convive; sentir-se produtivo.

Os resultados apurados apresentam variabilidade, ora para auto-estima, ora procurando a estima dos outros. Souza (2002, p. 66), em uma perspectiva de qualidade de vida na velhice bem-sucedida, associa a educação do futuro com o compromisso de trabalhar a concepção de idoso “como uma idade complexa e ao mesmo tempo comum”, evidenciando o elo entre diversidade e unidade de tudo o que é humano.

O resultado para o motivo 3, dirigir a própria vida, apresentou maior concentração em não tem importância para 14 (26,92%) respondentes. Entretanto, para 10 (19,23%) respondentes essencial foi o grau escolhido, sendo 9 do gênero feminino. Uma das participantes fez a seguinte observação

Para resgatar o “eu” perdido, pois nunca fiz nada por mim mesma. Vivi a minha vida pelos outros. Primeiro do jeito que meus pais queriam, depois do jeito do marido e quando os filhos chegaram vivi para eles. Agora quero resgatar o meu “eu”. Vir pra faculdade é o primeiro passo para conseguir isso. Em matéria de dinheiro, ainda bem, não preciso me preocupar, mas eu estou tentando ser dona do meu nariz (idoso 36).

Nesta colocação, não se percebeu amargura ou ressentimento. O que essa idosa enfatizou foi a retomada de vida que pode dar sentido e significado para a sua existência, pois viveu em uma sociedade machista e foi preparada para viver em função dos outros. A busca de sua identidade, enfim, é possível. Abramowics (2001) observa a necessidade do resgate para muitos idosos como sendo a alavanca que impulsiona o envelhecer bem-sucedido. Esse resgate, algumas vezes, não é possível. Nem todos os idosos conseguem oportunidade para isso. Às vezes, por carência social, física ou econômica, muitos idosos ficam amarrados a viver da maneira que convém aos outros, o que pode ocasionar uma debilitação muito maior. Quando a auto-estima está baixa acaba abrindo as portas para uma série de problemas que nem sempre conseguem ser ultrapassados.

O Gráfico 9 apresenta a frequência relativa para o motivo 3.

26,92%

19,23% 19,23%

15,38% 19,23% Não tem impo rtância Po uco importante Importante M uito impo rtante Essencial

Gráfico 9 – Dirigir a própria vida.

O motivo 25, ser aceito em grupos diferentes dos quais convivo, foi considerado ser muito importante por 17 (32,69%) idosos. Parece haver uma quebra de modelo de envelhecimento. Há algum tempo, os idosos estavam praticamente vinculados a contatos familiares e religiosos. Houve uma mudança de atitude, na qual se observam espaços mais amplos para as pessoas que envelhecem. Esse fato nos remete ao que Novaes (1999, p. 39) chama de as três grandes inovações pelas

quais o século XX será lembrado: “meios sem precedentes de salvar, prolongar e intensificar a vida; meios poderosos de destruir a vida, pondo em risco o mundo; percepções amplas da natureza, de nós mesmos e do universo”. Com base nas afirmações desta autora, compreende-se a ampla percepção de todos, incluindo a dos idosos. Os grupos de convivência não são restritos como antes, possibilitando contato com pessoas de vários grupos. Siqueira (2002), ao comentar sobre aspectos sociológicos do envelhecimento, aponta os benefícios de conviver além dos contatos costumeiros. O horizonte se amplia, trazendo oportunidade de traçar caminhos diferentes daqueles a que se estava acostumado. Isso faz com que os idosos conquistem novos espaços, o que, por sua vez, beneficia a sua autonomia.

O Gráfico 10 apresenta a frequência relativa para o motivo 25

7,69%

26,92%

28,85% 32,69%

3,85% Não tem impo rtância

Po uco importante Importante M uito impo rtante Essencial

Gráfico 10 – Ser aceito em grupos diferentes dos quais convivo.

O motivo 16, desenvolver autoconfiança nas próprias idéias e opiniões teve a resposta essencial de 14 (26,92%) respondentes, sendo 9 mulheres e 5 homens dos quais 9 possuem ensino médio e 5 educação superior anterior.

O envelhecimento torna-se muito mais ameaçador, não só pelas mudanças do corpo, mas pelos espaços que vão se tornando restritos para o estabelecimento de trocas, de significados e de lutas, impedindo conferir aos idosos o direito de se expressarem sem se sentirem ridicularizados (STANO, 2001). Esta observação da autora foi identificada na complementação de um dos idosos que, ao chegar ao motivo 16, demonstrou profundo sentimento de alívio em poder se expressar. Por muitas vezes, segundo este idoso, não participava ativamente das conversas com amigos ou familiares porque tinha “receio de falar besteira” e, por outro lado, “tinha vergonha de voltar a estudar” (Idoso 19), devido à idade avançada.

A argumentação desse idoso mostra a importância de realizar pesquisas, dando oportunidade para comunicarem as suas impressões. Ao relatar a vergonha

de voltar a estudar devido à idade, percebe-se o preconceito carregado por ele. Não é possível afirmar que este preconceito fosse resultante pelos seus próximos, pela sociedade ou por ele mesmo, mas é possível perceber que as barreiras ultrapassadas por este idoso estão além do fato de querer estudar.

Erbolato (2003) explica o processo do envelhecimento embasado em regras sociais desatualizadas ou insatisfatórias, e algumas destas regras são tão disseminadas que se torna difícil esquecê-las. Muitos idosos terminam por aceitá-las e comportam-se de acordo com o esperado. Santos e Sá (2003), nessa mesma linha, afirmam que muitos idosos incorporam preconceitos e estereótipos relativos à velhice, até mesmo para se sentirem mais confortáveis e, dessa forma, corresponderem ao modelo estabelecido socialmente, levando-os a aceitar que não são capazes de manter a autonomia.

O idoso em questão quebrou a imagem estabelecida e teve a coragem de derrubar os modelos existentes para poder resgatar a sua auto-estima. Com essa postura ele se permite participar ativamente da vida social em que está inserido, pois segundo ele, o aprendizado proporcionado pela educação superior

{...] e me faz sentir mais seguro e ajuda a poder expressar melhor as ideias que tenho e que, antes de vir para a faculdade, eu não conseguia explicar. Procurei novo estudo pra isso e, ainda bem, estou conseguindo o que queria” (Idoso 19).

O Gráfico 11 apresenta a frequência relativa para o motivo 16

17,31%

13,46%

17,31% 25,00%

26,92% Não tem impo rtância Po uco importante Importante M uito impo rtante Essencial

Gráfico 11 – Desenvolver autoconfiança nas próprias idéias e opiniões.

Para uma parte dos idosos, a busca pela educação superior está estreitamente ligada ao resgate ou manutenção de sua autonomia, por não quererem perdê-la ou por buscarem a liberdade individual antes negada.

Um dos motivos que apresentou grande concentração, com os mesmos números de 19 respondentes em muito importante (36,54%) e também em essencial

(36,54%) foi poder ajudar ao próximo sem depender de outras pessoas, motivo 23. O resultado sugere que esses idosos buscam a educação superior também com o objetivo de auxiliar o seu semelhante sem terem que esperar as atitudes dos outros. Neste sentido encontram-se as observações de vários autores, entre eles Mendiondo e Bulla (2002), sendo possível constatar diversas formas de viver, sentir e encarar a velhice, pois existem idosos que, por meio de práticas sociais, conseguem reforçar a sua autonomia e independência, influenciando, inclusive, as gerações futuras. Essa influência pode ser extremamente positiva quando as gerações mais novas podem se espelhar em idosos que buscam contribuir com a sociedade. O senso de solidariedade foi apresentado por vários participantes:

Eu espero poder, um dia, poder oferecer comida de qualidade para pessoas carentes (Idoso 21).

Pretendo dar assistência jurídica gratuita para pessoas que não possam pagar (Idoso 23).

O mundo de hoje é tão cheio de incertezas, de poucos contatos, de pouco tempo para conversar que pretendo ajudar muita gente, quando tiver meu diploma, por meio de assistência psicológica gratuita (Idoso 50).

Faço parte de um grupo de voluntários que ajuda pessoas que não têm condição. É difícil, não vou negar. Muitas vezes temos que passar a “sacolinha”, praticamente mendigando, para conseguirmos pagar o aluguel, luz e água do local que trabalhamos, mas sempre damos um jeito. Eu quero poder ajudar muito mais, não sei bem como, mas acho que criando um jornal que divulgue os trabalhos voluntários existentes no DF para que cada vez mais as pessoas que tenham interesse em poder ajudar, doando um pouco do seu tempo. Temos médicos, dentistas, advogados que ajudam do jeito que podem. Não é dando dinheiro, não. É doando tempo e atenção (Idoso 34).

O Gráfico 12 apresenta a frequência relativa para o motivo 23

5,77% 3,85%

17,31%

36,54% 36,54%

Não tem importância Pouco importante Impo rtante M uito importante Essencial

Existe nesta faixa etária um grande leque de interesses que não pode ser desperdiçado. Pode-se dizer que este é o outro lado da moeda. Se antes eram vistos como incapazes ou limitados, hoje eles dão exemplos de cidadania, solidariedade e, principalmente, do quanto podem ajudar sem ficar esperando que outros tomem a iniciativa. Com tantas transformações existindo no mundo, considera-se ser importante rever o modelo do envelhecimento. A participação dos idosos não pode mais estar vinculada às limitações. Claro que elas existem, mas a possibilidade de esta parte da população continuar contribuindo, pode ser maior do que as limitações existentes. Basta haver espaço para isso.

Apesar da necessidade básica de estima não ter sido prioritária, com os resultados apurados compreende-se que estes idosos estavam vivenciando um processo de reconstrução, por meio do qual reivindicam espaço individual e social.

4.1.5 Segurança

Maslow (1954; s.d.) classifica a necessidade de segurança como sendo de deficiência ou carência e em adultos está relacionada à estabilidade. Os motivos investigados para essa necessidade foram: adquirir uma profissão; conseguir estabilidade financeira; aumentar o salário; melhorar o nível de vida; conseguir um emprego melhor; garantir o futuro da família.

A maior concentração de respostas incidiu na categoria não tem importância (51,92%). É possível que esses resultados apresentem diferenças se pesquisas forem realizadas com outros idosos. Os participantes deste estudo possuem renda alta para os padrões brasileiros. Néri e Cachioni (1999, p. 114), deixam claro que os problemas dos idosos brasileiros são agravados “por aposentadorias e pensões irrisórias” e neste sentido, os idosos aqui representados não se encaixam.

No motivo 10 Conseguir estabilidade financeira, 29 (55,77%) dos respondentes optaram por não tem importância. E o motivo 30 conseguir um emprego melhor apresentou o maior número de todos os motivos pesquisados pela opção não tem importância por 31 (59,62%) dos idosos.

59,62% 11,54%

9,62% 9,62%

9,62% Não tem impo rtância Po uco importante Importante M uito impo rtante Essencial

Gráfico 13 – Conseguir um emprego melhor.

Um dos idosos declarou:

Não resolvi fazer faculdade para conseguir novo emprego ou para aumentar minha renda. Se fosse por isso, estaria fadado ao fracasso, pois infelizmente, no Brasil, as oportunidades para as pessoas que têm mais idade são poucas, senão raras. Se não conseguimos estabilidade financeira ou de emprego antes, não será “nessa altura do campeonato” que conseguiremos. Acredito que os dirigentes de empresa e até mesmo os políticos deveriam repensar esse preconceito de que velho não tem competência ou só pode realizar trabalhos simples como empacotar compras em mercado. Além de trazer a bagagem que acumulou na vida profissional, temos condição de aprender e de ainda dar nossa contribuição pelo país (Idoso 44).

Nesta fala é possível entender a denominação dada por Debert (2003) para a reinvenção da velhice, a qual implica não somente redefinir, mas se orientar os papéis e as relações dos indivíduos idosos em toda a sociedade, oportunizando novos caminhos. Morin (2005), referindo-se à tríade humana na qual somos indivíduos, fazemos parte de uma sociedade e devemos preservar nossa espécie, alerta para a necessidade de preservarmos o que é mais individualizado no ser humano: a autonomia da consciência e o sentido de responsabilidade. Os idosos participantes desta pesquisa são indivíduos que demonstram estar chamando para si o sentido de responsabilidade.

Para Maslow (1954), as necessidades não surgem subitamente, de maneira espontânea, mas aparecem de forma progressiva. Não podemos deixar de repetir o destaque do autor sobre a possibilidade de estar satisfeito e insatisfeito, ao mesmo tempo, em todas as necessidades. Segundo Maslow (1954, p. 105), uma descrição mais realista das necessidades “seria em percentagem decrescente das satisfações”. Entende-se que Maslow faz referência a necessidades individuais, todavia, com a apuração dos dados individuais dos motivos e depois agrupados nas necessidades básicas, chega-se ao resultado da média estabelecida pelo grupo de participantes, conforme Gráfico 14.

23,05% 21,11% 19,99% 12,87% 22,98% Conhecimento e Compreensão Auto-realização Pertencimento e Amor Estima Segurança

Gráfico 14 – Freqüência relativa para as Necessidades Básicas.

Deve-se resgatar que as Necessidades Básicas não são estanques e nem mutuamente excludentes. Dessa maneira, a unidade de medida usada nesta análise – média aritmética – não elimina a hipótese de que as pessoas que buscam a educação superior não a façam pela Necessidade Básica de Segurança (M=2,06; DP=1,32; CV=64,08%), mas que ela participa, nesta procura, com um grau menor que as demais Necessidades.

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