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Aspecto Social

2 – ANÁLISE DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA

2.5. As observações gerais sobre a supervisão

Nas supervisões, buscávamos conversar com os educadores, de forma clara, simples e objetiva, o quanto caminharam e os outros passos a serem dados, em relação ao aperfeiçoamento da prática pedagógica deles. As conversas, na maioria das vezes, era na classe, juntamente com as crianças e o coordenador pedagógico que acompanhava as visitas. Como os educadores que trabalham com crianças pequenas são, no mínimo, dois, um deles ficava com as crianças para que pudéssemos, rapidamente, conversar com o seu colega. Tínhamos a certeza de que não era o melhor, mas era o possível dentro das instituições. Sabemos que toda mudança exige um trabalho lento e gradativo e que os educadores deveriam sentir o apoio do supervisor para que o trabalho seguisse adiante. Sempre lhes perguntávamos se tinham dúvidas ou dificuldades nas quais poderíamos ajudá-los, no intuito de mostrar-lhes que não existem receitas prontas para serem usadas em uma dada situação. Era preciso que, na supervisão, estivéssemos atentos aos princípios estabelecidos para uma educação construtiva, a qual envolve estudo e muita reflexão.

Procurávamos, também, não passar muitas orientações de uma só vez para não desanimá- lo ao impor-lhes muitas dificuldades e ficávamos atentos para não demonstrar preferência por um trabalho em detrimento de outros. Algumas vezes, com autorização do educador, contávamos no curso, sem dizer nomes, o trabalho, a atividade a que havíamos assistido na creche durante uma visita de supervisão, para juntos, analisarmos teoricamente ou como forma de exemplificar algum conteúdo que estava sendo estudado.

Nas aulas, os educadores nos procuravam para saber quando iríamos voltar a suas instituições, conduta que nos mostrava que consideravam a supervisão válida e que a mesma os auxiliava no trabalho.

O tempo de supervisão foi pequeno já que o programa atendia a muitas instituições e eram delegadas a cada uma delas 4 horas por mês para as visitas. Quando necessário, e para atender à solicitação dos educadores íamos mais vezes em algumas instituições.

A supervisão em uma instituição não era tarefa fácil e, às vezes, não conseguíamos conversar com o educador responsável pelas crianças as nossas observações. Contávamos então, com o coordenador pedagógico que tinha o compromisso de acompanhar as visitas, porém em

questões inesperadas as quais não faltam no cotidiano de uma instituição. Tais empecílios dificultavam o bom desenvolvimento da supervisão, que ocorria apenas uma vez por mês.

Outro fator a salientar refere-se à dificuldade de percebermos uma mudança na conduta do educador, baseada em aquisição de conhecimentos novos, pois, às vezes, uma ação diferente das anteriores não garante uma nova consciência ao realizá-la, podendo ser uma mudança ainda circunstancial.

Quando não conseguíamos falar com os educadores, deixávamos as orientações com o coordenador para que conversasse com os profissionais. Percebíamos que os educadores se empenharam em colocar em prática os estudos, recebiam-nos bem, e trocávamos idéias sobre a implantação, as dificuldades, as necessidades e possibilidades de cada creche. O papel do coordenador também é contribuir para que os educadores realizem o que estavam estudando e zelar pela manutenção e aprimoramento do trabalho pedagógico.

Era preciso considerar as concepções dos coordenadores, as idéias, a formação e experiências deles no setor. Percebíamos que os coordenadores que freqüentavam o curso e participavam das aulas, apesar de algumas dificuldades, esforçavam-se em compreender e implantar o programa.

Os coordenadores de uma das creches envolvidas na pesquisa não puderam participar do curso por motivos pessoais. Por meio dos relatos e materiais dos educadores, interessaram-se e conseguiram, de certa forma, envolverem-se em algumas modificações. Nas supervisões, percebíamos tal interesse quando nos acompanhavam nas visitas às classes, pela participação nas conversas sobre as orientações e adequações necessárias. No entanto, observamos que essas instituições apresentaram menos modificações na instituição como um todo, se comparadas àquelas cuja equipe pedagógica participou do curso. Esse fato demonstra que o papel do coordenador incentiva as mudanças, o pensar conjunto em soluções e adequações necessárias à implantação do PROFCEI, tais como: a reformulação da proposta pedagógica, a divisão de classes para as crianças realizarem as refeições, dentre outros. Ressalta-se, assim, que as principais modificações desta instituição ocorreram dentro das classes cujos educadores participaram do curso. Em visitas posteriores, observou-se que não houve muito avanço nas mudanças e apresentaram ainda alguns procedimentos superados, provavelmente, porque esses profissionais não participaram do programa.

Em uma outra instituição, cujo coordenador fez parte do curso, também encontramos certa dificuldade no ritmo da implantação dos procedimentos estudados, pois ele, apesar dos estudos e discussões realizadas, considerava as crianças muito pequenas e frágeis, não confiando na capacidade dos mesmos de assumirem responsabilidades.

Essas constatações ilustram como o coordenador pedagógico tem um papel essencial em uma instituição educativa, uma vez que ele orienta, estuda e discute questões com os demais educadores, pois deve ser um estimulador das modificações pedagógicas. Ao contrário, se esse profissional não se envolve com os estudos e adequações necessárias a prática pedagógica, isenta-se da sua verdadeira função.

Considerando as inúmeras dificuldades encontradas pelos educadores de creche, vale ressaltar o esforço daqueles que utilizavam o horário de almoço para estudar, organizar e confeccionar materiais para que as crianças fossem atendidas adequadamente.

A fim de melhorar o trabalho pedagógico das creches, é necessário que os educadores tenham um tempo semanal para planejamento, estudos e reflexão sobre a prática que realizam, pois somente assim é possível garantir às crianças a qualidade do atendimento.

Outro fator, que é importante mencionar, é que as diretorias das creches assistenciais são constituídas por cidadãos comuns, sem remuneração e que se interessam por esse trabalho. Administram a parte financeira e, às vezes, acumulam com a parte pedagógica das instituições. No entanto falta de formação específica, dificulta o trabalho educativo e o melhor andamento das propostas pedagógicas implantadas.

As supervisões nos permitiram inferir que, além das mudanças ocorridas no juízo dos educadores verificadas no teste situacional, ocorreram mudanças também na ação desses educadores na instituição.

Para concluirmos, consideramos de grande importância esse acompanhamento pedagógico tanto para os educadores quanto para a equipe docente os quais aprendiam com as situações e experiências vividas nas instituições. Convem observar que, por meio das supervisões, planejávamos melhorias nas aulas do curso para que se tornassem mais eficazes e acessíveis aos educadores. Este é um diferencial do PROFCEI que auxilia os educadores em suas adequações porque realiza um diagnóstico das realidades e possibilita um acompanhamento constante aos

mesmos, porém devido à formação precária dos educadores, seria necessário um tempo maior de supervisão e maior freqüência.

Figura 10: Plantando e colhendo...