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2 – A CRIANÇA DE DOIS A QUATRO ANOS

2.6. A postura dos educadores

As crianças crescem e aumentam as suas capacidades intelectuais e motoras. Assim, mais atividades diversificadas e interessantes são necessárias a seu desenvolvimento. O planejamento do dia precisa estar “recheado” de propostas que trabalhem com a imagem mental, a imitação, o desenho, a linguagem oral e escrita e a possibilidade de exercitar o jogo simbólico. É preciso conter no planejamento do dia atividades que envolvam, o conhecimento físico, o lógico-matemático e o conhecimento social, além das atividades recreativas em ambientes externos.

Anterior ao planejamento realizado com as crianças na instituição, é o planejamento do educador que pressupõe o estudo, a pesquisa, as observações sobre o desenvolvimento das crianças e a avaliação do trabalho pedagógico desenvolvido. O fato de realizar o planejamento, que é uma ação estudiosa e reflexiva, diferencia um educador responsável pelo desenvolvimento das crianças de outros que não o fazem.

Na creche, o trabalho educativo deve ser intencional e, portanto, planejado e programado pelos educadores que são os responsáveis pelas crianças e as conhecem bem. Planejar e propor uma boa organização da rotina auxilia o educador a saber quais são os momentos em que cabe ou não a sua intervenção, o passo a ser seguido, e os objetivos que se pretende alcançar com as atividades que foram propostas para as crianças.

Para Abramowicz, A. e Wajskop. G. (1999, p. 19), “planejar é decidir o que se quer para e com as crianças; é discutir os diversos caminhos a serem seguidos, avaliando constantemente as próprias ações e redefinindo os rumos.”

Planejar é pensar seriamente no desenvolvimento de cada criança e realizar um exercício de reflexão, pesquisa e registro do trabalho estruturado e realizado. Não se pode esperar que o coordenador pedagógico cumpra esse papel e entregue aos educadores o plano que deve ser seguido. Os educadores que trabalham diretamente com as crianças precisam realizá-lo com o auxílio do coordenador. Somente assim haverá aprendizagens de fato entre as crianças e também entre os adultos da instituição.

A autora (ibid, p. 19) ainda ressalta que, “um plano de ação não é algo que deva ser seguido como um manual, que não se pode errar, algo que deva ser executado a qualquer preço. Um plano contém idéias, traça rumos, identifica teorias, trafega por saberes, possibilita avaliações, resignifica ações...”

Planejar atividades e propor uma boa organização do tempo e do espaço faz com que as ações não sejam realizadas de improviso e permite que as crianças sintam-se seguras e possam interferir nas situações sociais.

Outro aspecto importante, é que sem o planejamento não há possibilidade de avaliar e acompanhar o desenvolvimento das crianças, pois entendemos a avaliação na educação infantil como um olhar atento às manifestações das crianças pequenas, aos seus indícios, triunfos, dificuldades, curiosidades e explorações.

Segundo Hoffmann (2000, p. 19),

A avaliação da criança pequena exige um olhar atento do professor, um olhar que as observa, estuda suas reações e confia nas suas possibilidades. Um olhar que não contempla a criança individualmente, mas que incide sobre as interações criança/criança, adulto/criança, ou seja, sobre a criança no espaço pedagógico concreto.

Segundo a autora, a educação da criança pequena, pressupõe uma avaliação mediadora enquanto processo de observação da criança nas várias atividades do seu dia, bem como na sua história de vida. Essa avaliação deve estar fundamentada em premissas teóricas consistentes

Somente assim é possível uma ação pedagógica de fato, que contribua com o desenvolvimento da criança, permitindo-lhe desenvolver ao máximo suas potencialidades.

Somente observando e realizando um registro sistemático do acompanhamento das crianças, será possível planejar ações que as possibilitem avançar em seu desenvolvimento e respeitá-las em seu próprio tempo. Para Hoffmann (ibid, p. 51),

“Cada etapa da vida de uma criança é altamente significativa e precedente as próximas conquistas”. Assim, ela estará sempre no seu melhor “momento” enquanto ser inacabado, buscando respostas próprias ou alternativas de solução para os conflitos de natureza intelectual ou moral.

Assim na creche, os educadores precisam estar centrados nas possibilidades das crianças, para que o ambiente e as ações planejadas nele propiciem o desenvolvimento.

É preciso também, que pensemos na organização do espaço físico e convidemos as crianças a participarem dela, já que queremos que sejam independentes e responsáveis por suas ações.

Para Paim (2002, p. 89)

Os espaços organizados, ou cantinhos são os mesmos propostos para as outras idades de crianças, só que cada vez mais complexos, com novas possibilidades, experiências de vida familiar e da comunidade. Agora esses espaços podem e devem ser organizados pelas crianças. A construção de cada cantinho faz-se por meio de questionamentos, de solicitações, de tal forma que sintam que são elas que estão organizando cada espaço. E organizar é recolher idéias, fazer uma seleção delas para escolher as mais adequadas e viáveis.

A interação dos educadores com as crianças é de suma importância; pois, nas observações das ações espontâneas das crianças e também através de questionamentos, poderão conhecer as idéias delas e seus desejos de aprendizagem e, a partir desses dados, planejarem atividades que sejam significativas.

Vale ressaltar que os educadores de crianças de dois e três anos precisam ter além de muita paciência, conhecimento sobre o desenvolvimento dos pequenos. A afetividade deve estar presente em todos os momentos. Recebê-los com um abraço, dizer que estavam com saudades, que são bem-vindos, são atos que fazem com que eles se sintam amados e respeitados na

instituição. Esse afeto traz para a criança segurança e confiança nas pessoas que cuidam dela e promove as aprendizagens.

Outro aspecto importante se refere à postura dos educadores ao falarem com os pequenos. Os educadores devem se abaixar e falar com as crianças olhando para elas. Assim elas podem compreender melhor o que está sendo dito. É preciso lembrar que as crianças aprendem também por imitação e que os educadores são as pessoas que irão imitar. É comum vermos as crianças no pátio brincando de ser “educadores”, usando os mesmos gestos, o mesmo tom de voz que usam com elas na classe.

Paim (2002, p. 87), considera que,

Uma educadora de classe infantil precisa propor, possibilitar, acompanhar, orientar, compartilhar. Ela não faz pela criança. Ela ensina a viver, a conviver, numa lição corpo-a-corpo. A educadora é o modelo atuando em sala de aula, o espelho da criança, que a imita em tudo. A educadora é um ídolo para suas crianças. Observem que crianças temos que saberemos quem somos!

Já que os educadores são modelos, estes precisam ser positivos. Nada de educadores amargos e intolerantes que estão nessa função por falta de opções de trabalho. Para se trabalhar com os pequenos e desenvolver um bom trabalho, é preciso estarem abertos à interação e à construção de vínculos. É necessário deixar que as crianças ousem, façam por si mesmas, experimentem e falem sobre suas experimentações e ações para que haja a tomada de consciência.

Um bom educador conhece as suas crianças e se preocupa com cada uma delas, envolve- se com o processo de aprendizagem e sente-se co-responsável pelo desenvolvimento de cada uma. Ele prepara atividades que possam criar conflitos cognitivos, que estimulem a construção de esquemas novos, por meio de situações problemas e, que atraiam o interesse e a experimentação da criança pequena.

CAPÍTULO V