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6. MANIFESTAÇÕES DE POBREZA E EXCLUSÃO SOCIAL

6.5. AS PROBLEMÁTICAS QUE INFLUENCIAM AS RELAÇÕES SOCIAIS

Sendo o Casal do Silva um bairro social, e verificando-se na população sinais visíveis de pobreza e exclusão social, a existência de famílias multi-problemáticas é uma realidade. A sua expressão, é significativa, porque no total das 248 famílias residentes na urbanização, existem 40 agregados familiares considerados multiproblemáticos, mas não é tida como trágica porque tem-se vindo a intervir para promover, gradualmente a sua inserção social (conforme Anexo 8 Gráficos Caracterização Dimensões Pobreza e Exclusão Social – Gráfico das Relações Sociais e suas problemáticas).

Alguns destes agregados familiares são parentes entre si, existindo problemas identificados que já passaram de geração para geração.

Estas famílias cruzam dificuldades de diversa natureza. Nos homens a partir dos 40 anos, o problema mais frequente é o alcoolismo. Estando este, muitas vezes, associado a algumas situações de maus-tratos verbais e físicos a mulheres, principalmente. Trata-se de uma conjuntura que afecta famílias de todas as culturas em presença na urbanização, mas que não é verbalizada, nem entendida pela grande maioria das pessoas como problema, porque a associam a uma característica tanto cultural, como familiar.

Como já foi referido, existem algumas situações de delinquência juvenil e de toxicodependência, quer em jovens, quer em adultos. Apesar de não serem situações muito comuns, afectam bastante a dinâmica dos agregados familiares em que estão inseridos.

Subsistem ainda algumas características em agregados familiares que se constituem como problemas. Associadas à pouca importância que atribuem à escola e à ocupação saudável dos tempos de livres das crianças; a má gestão que efectuam da verba que recebem do RSI, que os conduz para situações várias de dívidas, nomeadamente ao nível das despesas fixas.

Cruzadas, estas situações geram famílias desestruturadas, algumas pessoas descompensadas ao nível da sua saúde mental, e implicam muitas vezes o afastamento dos seus pares, nas várias faixas etárias às quais pertencem os elementos da família. Mas nestes casos mais importante que o apoio dado pelos serviços é o apoio dado pelas relações familiares ou pelos vizinhos. Assume-se mesmo como fundamental para dar resposta a necessidades básicas, como a alimentação por exemplo.

Num esforço conjunto efectuado por todas as instituições em presença na urbanização, em articulação com outras instituições do concelho, os serviços vão prestando o apoio possível a estas famílias multi-problemáticas. Contudo o passo mais importante continua a ser o das próprias famílias, ao reconhecerem que têm um problema e solicitarem ajuda para esse efeito. Nesses casos o acompanhamento é efectuado com frequência, quer individualmente ou em grupo, sempre com vista à promoção da integração social das pessoas em causa.

Nomeadamente, após ter sido identificado em varias famílias, o problema comum da dificuldade do contacto com a escola, para preenchimento dos boletins de inscrição, das crianças que iriam para o 1º ano do ensino básico, foram criados dois grupo, formados pelos futuros encarregados de educação, para lhes esclarecer duvidas e os dotar de competências a estes níveis. Esta acção foi assumida pelo A Rodar, na fase de preparação do ano lectivo 2009/10 e foi útil para reforçar competências pessoais e sociais.

Também o CEBESA, verificando várias situações de fragilidade de competências parentais, a diversos níveis, na educação familiar, manifestada pelas crianças que frequentam esta valência, organizou um conjunto de sessões com vista à sensibilização e informação dos pais nestas matérias.

Ainda com o objectivo de inserir socialmente os adolescentes e os jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 18 anos, que não estão integrados no sistema de ensino, e não tenham concluído a escolaridade obrigatória, pretende-se promover a sensibilização dos mesmos a este nível. A finalidade do Projecto A Rodar é ajuda-los na definição de um projecto de vida, capacitando-os para o tornarem real. Através do

acompanhamento às suas situações e privilegiando actividades que estejam ligadas aos seus interesses, nomadamente, musica, desporto e informática. Pretende-se que a partir de esquemas de educação não formal, que tenham em conta o percurso escolar de cada um dos jovens, se atribua a equivalência ao sistema de ensino a partir da criação e frequência de uma turma inserida no PIEF – Programa Integrado de Educação Formal. Apesar da sua fraca expressão, é necessário considerar os seniores que moram no bairro, bem como ter atenção às pessoas que, num curto e médio espaço de tempo, tendem a pertencer a este grupo alvo. A este nível importa referir que existem 27 idosos a residirem sozinhos (conforme Anexo 8 Gráficos Caracterização Dimensões Pobreza e Exclusão Social – Gráfico das Relações Sociais e suas problemáticas). Alguns deles têm famílias de apoio na urbanização mas a sua maioria não tem familiares a morar no Casal do Silva.

Convém ver a pertinência de varias áreas que se complementam. Em primeiro lugar com os cuidados de saúde de que necessitam e se prevê que venham a necessitar, garantindo que está facilitado o acesso aos mesmos, nos serviços que os praticam na comunidade. Em segundo lugar com a localização das casas em que vivem, porque face a situações de mobilidade reduzida, é imperativo que se situem no rés do chão ou no primeiro andar, permitindo que desta forma, possam o mais possível, manter as tarefas básicas da vida diária, nomeadamente, saírem à rua para fazerem as suas compras. Em terceiro lugar privilegiar o contacto próximo com familiares, amigos e fomentar as redes de solidariedade na comunidade, indispensáveis para prevenir a solidão e para incentivar o contacto com o exterior. Em todos estes níveis as instituições em presença na urbanização têm demonstrado estar atentas. Isto verifica-se através da articulação e proximidade existente com o Centro de saúde da comunidade; com a preocupação em propor a transferência de pessoas seniores e com mobilidade reduzida para casas localizadas no R/C ou 1º andar nos prédios da urbanização e observa-se também através das actividades de sensibilização, informação e de animação sócio cultural que são promovidas para esta faixa etária no âmbito quer pela CMA assumidas pelo Gabinete Técnico, quer pela Comissão Local de Freguesia.

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