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5. DO CONCELHO DA AMADORA AO BAIRRO DO CASAL DO SILVA: UMA ESPIRAL DE

5.1. CARACTERIZAÇÃO DO CONCELHO DA AMADORA

O território onde hoje se localiza o Município da Amadora apresentava, na segunda metade do século XIX características marcadamente agrícolas, com pequenos núcleos rurais espalhados no terreno, sendo o mais importante o que se localizava junto à estrada Lisboa – Sintra.

A inauguração do caminho-de-ferro em 1887 favoreceu as condições de transporte que, consequentemente promoveram o surto de crescimento populacional próximo da linha ferroviária, permitindo efectuar a ligação entre os principais núcleos habitacionais

existentes. Naturalmente, após este desenvolvimento e transformação do espaço rural para um espaço urbano, surge a vinda, entre os anos 40 e 50, do primeiro grande surto de crescimento urbano e demográfico, que quase duplicou a população da Amadora. O crescimento urbano, deve-se principalmente à proximidade e acessibilidade privilegiada que mantém a Lisboa, o que teve como consequência a sua ocupação, no momento da expansão da capital para as zonas limítrofes. A Amadora foi uma das primeiras zonas a ser ocupada, devido aos já referidos factos, a saber: localização privilegiada, fácil acessibilidade, transportes, localização de indústrias, preço mais baixo dos terrenos para construção, que se estendia às habitações e seus alugueres. A população da Amadora provém de outras regiões do país, principalmente do interior, e foi chegando ao longo de sucessivas migrações internas. A partir da década de 70 também começaram a chegar outros migrantes, vindos, principalmente das ex-colónias. Devido ao seu rápido crescimento, a Amadora manteve-se integrada na municipalidade de Oeiras, assumindo-se, apenas em 1979 como município. Nesta data a Amadora deixou de ser uma freguesia do concelho de Oeiras, ao qual pertencia desde 1916 e passou a ser município e cidade. Tem a particularidade de ter sido o primeiro novo concelho a assumir-se como tal, após o 25 de Abril de 1974.

A Amadora em 1979 era constituída por oito freguesias: Alfragide, Brandoa, Buraca, Damaia, Mina, Reboleira, Venteira e Falagueira. Actualmente, compõem o município um total de 11 freguesias porque em 1997 foram criadas as freguesias de Alfornelos, São Brás e Venda Nova (existindo a separação entre Falagueira e Venda Nova, que antes constituíam uma única freguesia).

Ao nível nacional, a Amadora já foi um dos municípios mais jovens, dado o rápido crescimento de população activa que se concentrou no concelho, integrando a oferta de emprego criada pelas indústrias. Dos 175 872 habitantes, 48% pertenciam ao sexo masculino e 52% ao sexo feminino. A faixa etária com maior expressão no concelho cabia ao grupo de pessoas que tinham idades entre os 20 e os 29 sendo cerca de 25%, logo seguida pela faixa etária entre os 50 e os 54 anos, cerca de 20%. Mas o grosso da população pertencia às pessoas que tinham idades compreendidas entre os 30 e os 49 anos, perfazendo 34%. A grande maioria da população possuía idade activa. Os valores mais reduzidos compreendiam, a população a partir dos 65 anos, cerca de 11% e o grupo etário mais jovem com idades entre os 0 e os 9 anos eram cerca de 10%.

cidade tem sofrido alterações significativas nos últimos anos. Calcula-se que a população não fosse superior a 174 511, em 2006, observando-se um decréscimo da natalidade e um progressivo envelhecimento da população.

Ainda com dados dos censos de 2001 verifica-se que existia no concelho uma taxa de actividade de 53,4% e uma taxa de desemprego de 7,8%, existindo 93 999 indivíduos inseridos profissionalmente versus 55 643 pessoas sem actividade económica, valor que provavelmente aumentou até à data, fruto da situação social e económica vivida. A maioria da população encontrava-se inserida profissionalmente e dai provinham os seus rendimentos mas com a estrutura etária da população a envelhecer, prevê-se que estes valores sejam diferentes em 2011.

Com a inserção da Amadora na primeira coroa de expansão da área metropolitana de Lisboa, estava facilitado o processo de desenvolvimento económico. Verifica-se uma desindustrialização crescente, com o desaparecimento de várias indústrias e surgimento gradual, da vertente dos serviços e do comércio. Foram promovidas as actividades económicas do concelho, constituídas principalmente por microempresas, no sector do comércio e serviços, sendo um vector importante na criação de maior empregabilidade. O parque habitacional do município encontra-se degradado e com traços alargados de envelhecimento, sendo também caracterizado por quatro bairros massivos de habitação social, Bairro do Zambujal, Casal da Boba, Casal da Mira e Casal do Silva. Estes foram criados para dar resposta à supressão progressiva dos bairros degradados que, apesar de terem diminuído, não estão extintos.

Neste contexto de mudanças progressivas têm vindo a registar-se vários fenómenos de pobreza, existindo situações de carência económica e social, distribuídas por varias camadas da população. No ano de 2006, verifica-se que os apoios prestados a este nível, aos agregados familiares necessitados passavam pela atribuição do Rendimento Social – de Inserção – RSI a um total de 9 217 beneficiários, com incidência na faixa etária, igual ou superior, a 24 anos. Mas a maior contribuição assumida pelo estado, na cidade, são as pensões por velhice (na sequencia do, já referido aumento de população sénior). O município aderiu ao Programa Rede Social no ano de 2003. Neste âmbito pretende fazer face aos problemas identificados de pobreza e exclusão social da população, através da concentração dos projectos e da acção social das instituições e dos serviços locais. Articulando as politicas das diversas áreas sociais, tais como: Emprego, Educação, Habitação, Saúde e Protecção Social, pretende-se planear de forma integrada a intervenção e potenciar os recursos que existem.

As principais estratégias da Rede Social do concelho estão organizadas em 3 eixos: Parcerias e Economia Solidária – com o objectivo de dotar as instituições do concelho de competências ao nível da gestão e da qualidade, rumo à consolidação e dinamização do trabalho em parceria, para aperfeiçoar a sua acção na comunidade; Envelhecimento Demográfico – com vista à contribuição para a diminuição da tendência do envelhecimento da população na Amadora, fomentando a melhoria das condições de vida dos seniores, pela reestruturação de serviços já existentes e criação de novos equipamentos; Territórios e Grupos Vulneráveis – com o objectivo de promover a inclusão de grupos vulneráveis residentes no concelho pela concepção, reestruturação e activação de equipamentos sociais e execução de actividades de sensibilização, informação e formação que integrem as instituições locais.

Inserida na área metropolitana de Lisboa, actualmente, Amadora faz fronteira com os concelhos de Sintra, Odivelas, Oeiras e com a capital do país, o que a torna um concelho de passagem e reforça a sua necessidade de melhorar, constantemente, o seu sistema de acessibilidades através das vias rodoviárias e transportes públicos. Actualmente, a ligação aos concelhos vizinhos, e mesmo a algumas freguesias na própria cidade, pode ser feita de comboio, metro e autocarro, o que constitui uma grande mais valia ao nível da mobilidade urbana.

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