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O DESENVOLVIMENTO DOS TERRITÓRIOS

2.3 A ENDOGENIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO

2.3.4 O Desenvolvimento Endógeno/Local

2.3.4.4 As proximidades e o território

Uma outra abordagem que mostra as semelhanças entre essas formas espaciais é a de Leroux (2002). A autora não faz referência direta ao desenvolvimento endógeno, mas analisa as novas formas de organização produtiva e/ou inovação e as novas dinâmicas os territórios pela articulação da economia industrial, a economia espacial e a ciência regional, o que também fazem outros autores, mas que não de modo explícito.

Leroux (2002)77 compara essas formas espaciais com base em seis variáveis, das quais

cinco são relevantes para o tema da presente tese: a) objetivo analítico das formas de organização espacial; b) sua entrada conceitual; c) seu entorno; d) concepção do ator; e e) a leitura em termos de proximidade. Tendo essa análise mais semelhanças que diferenças, pode- se dizer as diferenças estão no fator que leva à aglomeração ou localização de empresas. No caso dos distritos industriais, por exemplo, o objetivo analítico busca entender a capacidade de um território dado para endogenizar seu desenvolvimento. No tocante ao meio inovador, procura-se entender as dinâmicas industriais localizadas fundadas na inovação e na diferenciação concorrencial.

Com referência às semelhanças, no caso da entrada conceitual, nessas formas de organização industrial, a concepção é de um território tipo-ideal, em que prima a homogeneidade econômica e sócio-espacial. Em relação à terceira variável, o entorno ou ambiente extralocal é representado pelo mercado, ao que se soma, no caso do entorno inovador, a diferenciação concorrencial com os outros territórios. Para o tema do ator, Leroux (2002) coloca mais diferenças que semelhanças. Pode-se constatar, pelas explicações dadas por outros autores já referenciados, que o ator é representado pelas organizações tanto

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Leroux (2002) deixa de lado os clusters e inclui as learning region e os sistemas produtivos locais, abordando esses últimos, como dito em parágrafos anteriores, como uma noção e não um conceito que agrupa muitos elementos das outras formas espaciais. Pode-se assumi-lo como o faz Lázaro Araújo (1999), como uma evolução do conceito de distrito industrial. Sobre a learning region, alguns autores tratam esse conceito como uma complementaridade aos conceitos de distritos e meios, mas outros o abordam como se fosse uma ruptura metodológica. Nesta tese esse conceito é visto como uma complementaridade das outras duas formas espaciais analisadas, porque, assim como no distrito e no meio, leva em conta as capacidades endógenas de uma localidade determinada, mas focando a análise, sobretudo, nas externalidades de conhecimento. O cluster, segundo Leroux (2002), é uma noção preferida por alguns autores para explicar fatores da localização inicial das empresas, tendo em conta as capacidades de inovação e renovação das capacidades industriais, sejam de grandes, médias ou pequenas empresas. Mas, essa noção está, segundo a autora, longe de ser um conceito preciso, razão pela qual ela não a incluiu no estudo. Nesta tese, existe um interesse particular por esse tipo de forma espacial, por ser constantemente referida nas políticas de desenvolvimento territorial na Colômbia. Como indica Moncayo (2004), na definição de cluster juntam-se todas as teorias de encadeamentos, aglomeração, externalidades, proximidade, associatividade, networking, inovação, cooperação. “De la mano de Porter y de su empresa de asesorias monitor, la metodologia de cluster se a aplicado en numerosos países de Europa y de América Latina. Con un énfasis centrado en la industrialización de los recursos naturales , la CEPAL está adelantando también un proceso de identificación de clusters en varios países latinoamericanos”, hacínala Moncayo (2004, p. 72).

públicas como privadas presentes nos territórios e pelas empresas. Embora se ressaltem as relações entre eles, o eixo da análise situa-se no ator coletivo, tipo organização flexível, organização (empresa) empreendedora, que não se limita ao indivíduo empreendedor (tipo schumpeteriano), mas à rede de empresas.

Por outro lado, quando analisa, à luz da escola da proximidade, as novas dinâmicas territoriais, Leroux (2002) indica que, mediante as formas espaciais como ao distritos industriais, o meio inovador ou os clusters, outorga-se à proximidade um caráter funcional. Para esse caso, a noção de proximidade “contribui para caracterizar as relações espaciais

e/ou organizacionais que ligam os atores. Tais relações são inscritas num espaço local homogêneo desde os pontos de vista econômico, cultural ou sócio-espacial” (LEROUX,

2002, p. 241)78.

Ao comparar tais formas espaciais de acordo com escola da proximidade, Leroux (2002) abre uma outra linha de análise para entender as dinâmicas produtivas locais, na qual o

território está em permanente evolução e reformulação. Nesse sentido, as coordenações são

constitutivas das dinâmicas dos territórios diferenciados, e eles não existem a priori: “o

território é produto singular das coordenações situadas que cristalizam as relações de distanciamento e aproximação entre atores” (LEROUX, 2002, p. 241). Pelo contrário, a outra

linha de pesquisa estudada (sistemas produtivos locais) tenta, desde correntes como a economia espacial, economia industrial, a nova geografia econômica ou pelo desenvolvimento endógeno ou local, preencher o vazio deixado pela economia neoclássica em relação à localização espacial da atividade produtiva, e o território instrumentaliza-se como meio de tal atividade. Embora nessa linha de pesquisa (SPL) o território deixe de ser um elemento passivo e um mero suporte da atividade produtiva para converter-se em um sujeito ativo com uma história e uma identidade, o território existe previamente é e observado como categoria tipo.

Por fim, um outro elemento relevante que se depreende desses estudos sobre as novas formas de organização industrial é a influência que os organismos internacionales começam a exercer em governos em relação à forma de intervenção e orientação das políticas:

estas [as políticas] começaram a levar a sério proposições sobre desenvolvimento “endógeno”, desenvolvimento “de baixo para cima”, e até sobre “ecodesenvolvimento, acabando por admitir que as iniciativas locais podem ser cruciais para o desenvolvimento, pois se tornam importante fator de competitividade ao fazerem dos territórios ambientes inovadores (VEIGA, 2002, p. 12).

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2.4 DO DESENVOLVIMENTO ENDÓGENO AO DESENVOLVIMENTO