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CAPÍTULO II As TIC e a Comunicação On-line na Escola

4. As Tecnologias de Informação e Comunicação e a Formação dos Professores

O início do século XXI está associado indubitavelmente às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Todas as questões relativas às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para além de serem uma realidade e uma prioridade para muitos governos europeus, constituem-se como uma problemática com identidade relevante no sistema educativo, que se pretende que forme os alunos para um mundo em permanente mudança (Raposo, 2002).

Encontrando-se as sociedades modernas num processo complicado de transformação, é inevitável que essa transformação afecte a maneira como nos organizamos, como trabalhamos, como nos relacionamos e como aprendemos. Aliás, estas mudanças são visíveis nas instituições de ensino, segundo Garcia (2002). Sendo os professores potencialmente o activo mais importante da visão da sociedade da aprendizagem (Day, 2001: 495), colocam-se-nos várias questões: Como influenciam estas mudanças o papel dos professores? Como reflectir o trabalho dos professores neste novo panorama? Que conhecimentos e atitudes devem ter os professores actualmente para que possam apropriar-se das vantagens e das oportunidades oferecidas pela sociedade da informação? Como deve ser desenvolvida a nova geração de professores?

Segundo Garcia (2002) deve ser prestada uma especial atenção aos professores, nomeadamente à sua formação inicial, ao seu período de inserção profissional e à sua formação contínua, isto para que os piores cenários não aconteçam no sistema educativo.

Podemos observar que, a par de todas as transformações operadas no panorama educativo português, também a carreira docente tem vindo a sofrer grandes alterações, tendo estas atingido o seu máximo expoente em 2007, com a aprovação do Decreto-lei nº 15, de 19 de Janeiro de 2007, que altera o Estatuto da Carreira Docente e introduz o novo sistema de avaliação de desempenho dos docentes.

Consequentemente, também o processo de formação contínua dos docentes, em funcionamento até esta data, foi alterado de forma a permitir a introdução de alterações significativas e indutoras da aquisição de competências TIC por parte dos professores.

O Estatuto da Carreira Docente) 2(ECD) ”reafirma a formação contínua como actualização e aperfeiçoamento dos docentes, assim como a sua progressão na carreira” (Estrela, 2007:309). O Novo Estatuto da Carreira Docente, ou seja, a versão mais

recente (Decreto-Lei nº 15/2007) estabelece o novo sistema de avaliação de desempenho dos professores das escolas de ensino não superior.

No que diz respeito à formação dos professores em Tecnologias da Informação e comunicação (TIC), o Ministério da Educação (CRIE), tem vindo a estabelecer desde 2005 e anualmente, um quadro de referência para a formação contínua dos professores neste domínio. Em 2007, a formação no domínio das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) foi considerada prioritária, tendo como objectivo principal a preparação dos professores para a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) com os alunos.

No ano lectivo de 2008/2009, determinado pela alteração do Estatuto da Carreira Docente, surge um novo modelo de formação contínua, condicionado pela avaliação de desempenho dos docentes. A tónica da formação dos professores é a influência dos resultados dessa mesma formação na melhoria da qualidade das aprendizagens dos alunos.

A formação contínua dos professores em Portugal (Educadores de Infância e Professores dos Ensino Básico e Secundário) encontra-se “alicerçada juridicamente na Lei de Bases do Sistema Educativo, no Ordenamento Jurídico da Formação de Professores, no Estatuto da Carreira Docente (ECD), no Regime Jurídico da Formação Contínua de Professores” (Estrela, 2007:309-310) e no Sistema de Avaliação de Desempenho dos Docentes, regulamentado no Estatuto da carreira Docente (ECD).

De referir que, no actual panorama educativo, a formação contínua dos professores depende ainda, do Plano de Formação Docente elaborado pelas escolas, tendo em consideração as necessidades quer do professor quer da escola, assim como da oferta disponibilizada pelos Centros de Formação e integrada em “programas nacionais e regionais considerados prioritários e decorrentes da necessidade de introdução de reformas” (Decreto-Lei nº 249/92: Cap. V, art. 35 e 36).

O Plano Tecnológico de Educação contempla também, no âmbito da formação dos professores, o programa Competências TIC que tem como objectivo desenvolver e implantar um sistema de formação e de certificação de competências TIC modular, sequencial e disciplinarmente orientado.

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2

Decreto Lei nº 139-A/90, de 28 de Abril, alterado pelos Decretos-Lei nº 105/97, de 29 de Abril, 1/98, de 2 de Janeiro, 35/2003, de 27 de Fevereiro, 121/2005, de 26 de Julho, 229/2005, de 29 de Dezembro, 15/2007, de 19 de Janeiro e 35/2007, de 15 de Fevereiro.

Este programa visa essencialmente a valorização dos recursos humanos das escolas, a difusão de práticas inovadoras no ensino e ainda a melhoria dos resultados escolares dos alunos.

O programa prevê, para a certificação das competências TIC de pelo menos 90 por cento dos professores, três níveis de formação e respectiva certificação.

O primeiro nível destina-se à aquisição e à certificação de competências digitais e visa a utilização instrumental das TIC e o domínio de ferramentas de escrita, de cálculo e de comunicação em formato digital.

O segundo nível abrange a formação e a certificação de competências pedagógicas com TIC e tem em vista a integração destas tecnologias nos processos de ensino e de aprendizagem.

O terceiro nível tem por objectivo a aquisição e a certificação de competências pedagógicas avançadas, procurando que sejam os próprios docentes a criar soluções de utilização da tecnologia e de conteúdos de forma inovadora.

No entanto, comparando com outros países, podemos observar que a necessidade de formação profissional, de actualização ao longo da vida, assim como o interesse pela aprendizagem não é uma prioridade da nossa população activa e estudantil. Aliás um estudo recente do Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional (CEDEFOP) indica que,

“Portugal tem uma hora de formação por mil horas trabalhadas, para doze horas por mil na Dinamarca. Não é possível sermos competitivos com esta falta de interesse pela aprendizagem. Naturalmente que não basta elevar o número de horas de formação: esta tem de ser de qualidade, levando as pessoas a melhor desempenho. A realidade do nosso atraso é que 50% da nossa população activa afirma que a aprendizagem não interessa. Apenas 10% tem a mesma opinião na média da Europa dos 15. O Euro barómetro realizado no início do ano para a União Europeia revela que 80% dos nossos activos não frequentou qualquer actividade de formação profissional em 2002”. (Cruz, 2003).

Relativamente à frequência de cursos de formação on-line, verificamos que um estudo realizado também pelo CEDEFOP, em 2001, demonstra que,

“as variações entre os Estados Membros da União Europeia neste mercado são significativas. Na Finlândia todas as entidades formadoras possuem serviços de formação via electrónica, na Suécia perto de 95% e em Portugal cerca de 60& dos fornecedores de formação portugueses oferecem serviços de e-Learning.” ( http://www.janelanaweb.com/reinv/cedefop.html)

Relativamente ao tempo de formação, “cerca de metade é dedicado em e- Learning na Suécia, 40% na Itália e na Grécia, 20% na Dinamarca, 15% na Áustria e

Irlanda e abaixo dos 10% na Bélgica. Em Portugal, a taxa de utilização da aprendizagem electrónica nas acções formativas é de 20%”. (Eiras, 2001). Segundo Alves e tal (2001),

“Um dos factores que contribuem para uma reduzida adesão ao ensino baseado na web em Portugal, é o número de cidadãos com acesso à Internet ser bastante baixo relativamente a outros países da Europa. Uma das causas é o nível de vida médio dos portugueses ser baixo e o preço do equipamento informático e das comunicações ser alto”.

Aliás, os documentos da Comunidade Europeia, nomeadamente o “Plano de Acção eEurope 2002 – Uma Sociedade da Informação para Todos”, o “E-Learning – Pensar o futuro da educação” e o “eEurope 2005 – Uma Sociedade da Informação para Todos”, convertem o conceito de educação e formação ao longo da vida num conjunto de competências em tecnologias da informação, línguas estrangeiras e cultura técnica. Tal facto dá origem à expressão «aprendizagem ao longo da vida» e que tem como objectivo subjacente o seguinte:

“Todos os indivíduos devem adquirir um suporte mínimo de competências para poderem aprender, trabalhar e realizar-se na sociedade e na economia do conhecimento. Trata-se das competências básicas tradicionais (leitura, escrita e cálculo) e das mais recentes (que incluem as línguas estrangeiras, o espírito empresarial, as competências pessoais e cívicas, as competências em novas tecnologias da informação e da comunicação)” (Comissão Europeia, 2003: 11).

5. Plataforma Moodle (e-Learning)

“Modular Object-Oriented Dinamic Learning Environment”, mais conhecido por “Moodle”, é um Sistema de Gestão de Aprendizagem (Learning Management

System, LMS) de uso livre e cujos principais utentes são os professores e os alunos de

todo o mundo.

Este tem vindo a desenvolver-se desde 1999 por Martin Dougiamas, um informático australiano. Este projecto surgiu da vontade de conciliar a Internet com o ensino. Estando decidido a aprofundar a ideia, Dougiamas completou, inclusive, um Doutoramento em Educação, que veio associar-se à sua formação em Ciências da Computação.

De facto, o principal objectivo da plataforma “Moodle” é enriquecer o ensino e a instrução, permitindo um alargamento e expansão da informação, bem como a dinamização das aulas e das respectivas escolas (Universidades, Escolas Secundárias e Básicas) dos muitos países que já aderiram à novidade.