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CAPÍTULO II As TIC e a Comunicação On-line na Escola

1. O Impacto dos Meios de Comunicação na Educação

Com o desenvolvimento tecnológico, a Escola como organização deve encontrar o equilíbrio entre a valorização da experiência pessoal de cada um dos seus profissionais e a experiência vivida por outras pessoas, noutros pontos do planeta. Para isso dispõe de muitos meios de comunicação que são ao mesmo tempo uma fonte de enriquecimento, de conhecimento e de abertura ao mundo. Aliás, segundo Tornero,

(…) “ No início do século XXI, a Internet está a tornar saberes e documentos acessíveis a toda a gente, quase sem limitações, em qualquer parte do planeta. Impulsionado pela tecnologia, o discurso consumista promove a ideia de uma nova revalorização do conhecimento – mas de um conhecimento expandido e global, que se estende por todas as épocas e todos os espaços” (2007:33).

Os meios de comunicação e a tecnologia estão de tal forma incorporados na vida social que passaram a fazer parte do modo de vida das actuais sociedades. Dos vários meios de comunicação, os que se encontram associados ao computador destacam-se em diversas áreas da actividade humana, tornando-se pois o computador um «instrumento» importante em todas as suas aplicações, na vida em sociedade. Segundo Abrantes, “Com a cada vez maior utilização dos computadores, dos media e dos audiovisuais, entrámos, provavelmente, numa nova fase”, (1999: 23).

Os meios de comunicação implementaram-se na sociedade e, consequentemente, é imperativa a sua presença na escola, contribuindo para a renovação da mesma.

Sendo a comunicação a essência da Escola, torna-se fundamental, para que isso aconteça, que a mesma ofereça os meios de acesso à informação a toda a comunidade educativa constituída por docentes, pessoal não docente, discentes, pais/encarregados de educação, empresas, instituições oficiais e público em geral.

As tecnologias da informação e comunicação fizeram desaparecer as distâncias e, por conseguinte, operaram-se transformações na sociedade. As informações mais actualizadas podem ser postas ao dispor de qualquer um, em qualquer momento e em qualquer parte do mundo. Tudo isto é possível até nas regiões mais isoladas, por vezes em tempo real.

É facilitada a interactividade, possibilitando não só emitir e receber informações, como também dialogar, discutir e transmitir informações e conhecimentos sem qualquer limite de tempo ou distância. Assim,

“Esta livre circulação de imagens e de palavras, que prefigura o mundo de amanhã, até no que possa ter de perturbador, transformou quer as relações internacionais, quer a compreensão do mundo pelas pessoas; isto é um dos grandes aceleradores da mundialização” segundo Delors (1988:35).

O mundo da comunicação sofreu uma profunda revolução com a digitalização da informação, especialmente com o aparecimento de dispositivos multimédia e pela ampliação de redes telemáticas. Segundo Delors (1988:55) “A partir de 1988 a Internet duplica todos os anos o número de utilizadores e de redes, assim como o volume de tráfego”.

Estamos pois a viver tempos de profundas e constantes mudanças, não só nas actividades profissionais, como também na esfera cultural. Observamos progressos vários tanto nas áreas da ciência e da tecnologia, como em novas formas de organização do trabalho e até modificações no relacionamento humano. Neste sentido, a nova sociedade necessita de um novo tipo de escola.

A escola actual terá pois que acompanhar e adaptar-se aos novos desafios que se lhe colocam, nomeadamente no que diz respeito às novas necessidades e respectiva importância no desenvolvimento dos indivíduos e, consequentemente, na sociedade.

Desta forma, tal como refere Ribeiro (1997:18) “ (…) a escola deve ter cada vez menos paredes e mais janelas abertas ao exterior”.

Como vivemos na era da Comunicação e da informação, é preciso ir mais além, tal como refere Afonso (1993:10) “ (…) a escola não se pode confinar aos limites físicos das suas fronteiras”. Aliás, segundo Ponte (1997:55), “As grandes linhas de evolução na escola têm de seguir as grandes linhas de evolução da sociedade”.

Vivemos tempos de mudanças e transformações céleres que nos conduzem indubitavelmente no sentido ascendente do saber e do conhecimento.

Podemos dizer que passámos de um contexto social, em que a informação era um recurso escasso, quase de elites, para um outro contexto em que a informação a que temos acesso passou a ser imensa, mas ao mesmo tempo precária e volátil. Neste sentido, podemos considerar que na sociedade global do século XXI, a Internet não é apenas uma simples tecnologia de comunicação, mas sim o epicentro de muitas áreas da actividade social, económica e política, considerando-se, segundo a perspectiva de

Castells (2004:311) “como o instrumento tecnológico e a forma organizativa que distribui o poder da informação, a geração de conhecimentos e a capacidade de ligar-se em rede em qualquer âmbito da actividade humana.”

Decorrente de todas as transformações ocorridas na sociedade, torna-se essencial proceder às adaptações necessárias e adequadas por parte da Escola e dos professores, pois segundo Guerra (2001:60) “Uma escola que se fecha não está em condições de aprender, nem de se desenvolver.”

É fundamental reconhecer a existência de uma nova «realidade social» que implica necessariamente um novo modelo de escola, transformada e transformadora. Um modelo de escola que seja capaz de desenvolver a sua actividade assente na premissa educativa de antecipação, com capacidade de reconhecer as transformações e, ao mesmo tempo, de ser capaz de lhes dar uma resposta efectiva.

Aliás, a integração da utilização dos novos media e tecnologias na escola, promovendo novos métodos de ensino-aprendizagem, novos recursos e materiais educativos a par do desenvolvimento das áreas de educação para a comunicação e os media, traduz-se num desafio para a escola, que tem que saber conjugar as exigências da comunicação e da educação.

Este desafio, que se prende com o papel que a escola representa na actual sociedade das novas tecnologias, não passa apenas pela introdução de media e tecnologias no sistema educativo, vai muito mais além, pois torna-se fundamental inserir a escola num ecossistema comunicativo, capaz de aglutinar simultaneamente experiência cultural, ambiente informacional e espaço educacional difuso e descentrado. Nesta perspectiva, segundo Tornero (2007:161) “(…) o sistema educativo e as instituições de ensino devem empreender um esforço no sentido de promover a comunicação e a aplicação de tecnologias e de media.” É por esta razão e pela cada vez mais crescente dependência que a sociedade tem da informação que “ torna-se necessário um sistema educativo novo, transparente, sólido e significativo.” (idem).

Aliás, na percepção de Fullan,

“Há alturas em que nos ciclos das sociedades ocorrem grandes quebras ou mesmo destruição. A mudança de forças pode atingir nestas alturas um ponto de ruptura. Como nos dirigimos para o século XXI, estamos num desses períodos. As capacidades dos professores para lidar com a mudança, aprender com ela, e ajudar os alunos a aprender com isso será crítico para o futuro desenvolvimento das sociedades.” (1993:104).

Todavia, os ritmos actuais de permanente inovação tecnológica que ocorrem na sociedade em geral, tendem a não ser compatíveis com os ritmos dos contextos escolares, apesar das constantes pressões que as escolas têm vindo a ser alvo no sentido de se adequarem à sociedade da informação.

2. As Tecnologias de Informação e Comunicação em Portugal e na