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2. AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO E OS IMPACTOS NA AÇÃO PEDAGÓGICA

2.1. As TICs e as transformações na interação professor–aluno

Luck (2009), ao tratar das dimensões da gestão escolar, defende que cabe ao diretor promover a gestão de pessoas na escola e organizar o trabalho coletivo, focado na promoção dos objetivos de formação e aprendizagem dos alunos, entendendo o planejamento como um processo fundamental de gestão, organização e orientação, de forma que venha assegurar a sua materialização e efetividade na sala de aula. Assim, entende-se que uma escola, atenta aos desafios da contemporaneidade, vislumbra preparar os alunos para a sociedade da informação e da comunicação. Isso implica abrir-se ao desafio de formar seus profissionais para lidar com essa realidade em que as tecnologias se colocam como recursos poderosos a favor da prática pedagógica, se bem utilizados pelos docentes.

Esse cenário exige que tenhamos domínio das tecnologias como condição para nos inserirmos nessa sociedade tecnológica. Nesse contexto de modernidade, o excluído digitalmente24deixa de ocupar espaços na economia e no mundo do trabalho em razão de estar à margem desse universo, como afirma Luck (2009,p.16):

23Ambiente virtual disponível em http://www.educandus.com.br cujo pacote foi comprado pela SEDUC e que foi

criado para oferecer conteúdos, ferramentas e serviços exclusivos aos usuários.

24Termo utilizado por Bonilla (2010) para retratar aquele que não terá condição de se articular e argumentar no

A sociedade atual, marcadamente orientada pela economia baseada no conhecimento e pela tecnologia da informática e da comunicação, apresenta intensa dinâmica social, relações e influências globalizadas que, ao mesmo tempo, constituem-se em oportunidades culturais estimulantes e interessantes a todas as pessoas e organizações, assim como desafios e exigências extraordinários.

Essa transformação sinaliza para a escola que gestores e professores precisam de se conectar a novas possibilidades para o processo de ensinar e de aprender. Há mudanças profundas na interação professor-aluno. O professor deixa de ser o único detentor do conhecimento e assume o papel de mediador da aprendizagem, já que o aluno tem acesso facilitado a um mundo de possibilidades também fora da escola. Em sua maioria, os alunos têm acesso a computador e internet em casa ou em lan house. Além disso, outras tecnologias estão disponíveis como o celular, o ipad, o tablet, com acesso à rede. Hoje, algumas escolas ou algumas praças ao ar livre permitem o acesso wireless25. De diversas formas, os alunos estão conectados. Através do aparelho celular fotografam, filmam, enviam mensagem de texto (sms), gravam lembretes, jogam, escutam música, postam conteúdos nas redes sociais como

Facebook, acessam as comunidades, leem as notícias. Alguns jovens já têm acesso a

smartphones26com conexão wi fi27trocando ideias, agendando encontros, pesquisando nos sites de busca como o Google, estudando em grupo, usando as vídeo chamadas (Face Time), através da sua tela com toque sensível (touchscreen).

Essa revolução está em pauta no cotidiano escolar e cabe à escola promover as condições para as crianças e jovens lidarem com ela, desenvolvendo sua capacidade de aprender, a aprender a fazer uso crítico desses recursos. Modifica-se a concepção de leitura, de escrita, de autoria, de co-autoria, de portadores de texto, de linearidade e até mesmo de tempo e de espaço(Bruno e Matos, 2010). Assim, é um desafio para a gestão a articulação para que a prática dos seus professores abra espaço para a utilização das tecnologias, sendo a cultura digital inserida nos processos pedagógicos, na aprendizagem dos discentes, articulando o universo da escola à sociedade da contemporaneidade permeada pelas tecnologias.

Bruno e Mattos (2010, p. 02) afirmam que a chegada das novas tecnologias provocou mudanças que levam a refletir sobre a postura do professor, pela sua tarefa junto ao aluno e à sociedade.

25 Termo usado para designar ssistemas de conexão sem fio.

26 Celular que possui o sistema operacional avançado capaz de estender suas funcionalidades através de programas

adicionais e que opera no padrão GSM.

Não é suficiente conhecer recursos disponíveis, mas necessita-se de uma constante atualização na forma de trabalho e nas propostas pedagógicas, pois estão interligados com o processo tecnológico emergente (BRUNO & MATTOS,2010).

É necessário que a escola promova a inclusão digital de professores e alunos. É urgente avançar na concepção de aprendizagem que vê as ferramentas midiáticas muito além do que meros aparatos digitais e o aluno como mero expectador da sua aprendizagem. Enxergar a escola para, além disso, significa inovar não só na prática pedagógica, mas, sobretudo, na forma como compreendemos o conhecimento. Para que isso ocorra, a gestão tem um papel de intervenção imprescindível. Como nos aponta Bonnilla (2010), são os jovens que estão mais predispostos a lidar com o universo da cultura digital, em que a interação, a experimentação da não linearidade parecem algo natural. A autora compreende que um profissional excluído digital não terá a condição de contemplar em sua prática as dinâmicas do ciberespaço. Uma escola, inserida nesse contexto de modernidade, propicia a vivência na interatividade, na colaboração, na autorganização, na conectividade, transformando a construção do conhecimento e, consequentemente, o processo educativo em um processo vivo e dinâmico em que o aluno assume papel ativo.

Essa nova perspectiva é evidenciada por Almeida e Prado (2005, p 03), quando nos apontam as mudanças advindas da integração das tecnologias à escola, como suportes para o ensino e aprendizagem:

Para compreender o cenário de possibilidades que se descortina com a integração de tecnologias no ensino e na aprendizagem, é necessário ter clareza das intenções e objetivos pedagógicos, das possíveis formas de representação do pensamento, das características da narratividade, roteirização e interação entre as tecnologias. Por conseguinte, as mudanças dos ambientes educativos com a presença dos artefatos tecnológicos e linguagens próximas do universo de interesses do aluno proporcionam o acesso a uma gama diversa de manifestações de ideias, permitem a expressão do pensamento imagético e criam melhores condições para a aprendizagem e o desenvolvimento do ser humano e da civilização.

O processo educativo permeado pelas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) não significa a simples garantia dos artefatos tecnológicos na escola, sendo utilizados de qualquer forma. É imprescindível que o professor compreenda que o processo de ensino e aprendizagem precisa ser pensado para o sujeito real inserido nesse cenário de possibilidades que estão circundando a escola e a relação do aluno com o conhecimento.

Após discorrer sobre os impactos na ação pedagógica ocasionados pelas TICs e definir que autores fundamentam meu trabalho, apresento, nas sessões seguintes a análise da pesquisa

documental e análise da pesquisa de campo, buscando responder aos objetivos propostos como também procuro justificar a necessidade de implantação do Plano de Ação Educacional (PAE) nas duas escolas.

2.2 Análise da pesquisa documental: os Planos de Ação Integrados (PAI) e os Relatórios