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Do incentivo da gestão à formação do professor para incorporação das TICs no cotidiano escolar

ho 38 no uso do computador Análise das dificuldades dos alunos 02 Matemática: montagem de gráficos

3. PLANO DE AÇÃO EDUCACIONAL (PAE) PARA A GESTÃO DO LETRAMENTO DIGITAL

3.4 Do incentivo da gestão à formação do professor para incorporação das TICs no cotidiano escolar

Cabe, também, relembrar o que a pesquisa revelou acerca do incentivo da gestão à formação dos professores. Os relatórios mensais do professor LEI revelam que não há uma ação direta entre a gestão do letramento digital na escola, a ação do professor regente de sala e o professor coordenador do laboratório. Não se evidencia uma ação direcionada dos coordenadores escolares como gestores da construção das ações do PAI, tampouco das aulas desenvolvidas no LEI são situações que nascem do planejamento participativo e coordenado pela gestão. Menos ainda é percebido quando se trata de ações sistematizadas voltadas à formação dos docentes para o uso das TICs em sua prática pedagógica. Há uma fragilidade na função do coordenador escolar como agente da gestão pedagógica que consolida as ações da escola voltadas à atuação dos docentes com foco no processo de ensino e aprendizagem.

É indubitável que o processo de ensino aprendizagem precisa ser inserido no universo da cibercultura. Para isso ocorrer, a escola pode ter como alternativa oferecer espaços de formação para o professor dentro da própria unidade escolar, durante a carga horária de planejamento.

Retomemos as percepções dos professores sobre sua formação inicial e como ela contribuiu para o seu domínio das TICs. Para 72,73% dos docentes da Escola A, a formação ajudou a desenvolver as competências necessárias para o uso dos recursos midiáticos existentes na escola. Entretanto, 27,27%, consideram que não. Somente 36,37% dos educadores classificam a formação inicial boa em relação ao desenvolvimento de competências para o domínio das TICs. Nesse sentido, os docentes da Escola B se posicionam da seguinte forma: 70% reconhecem a contribuição; já 30% apontam que a formação inicial não deu essa contribuição. Sobre a classificação da formação, somente 43%, professores apontam que foi boa em relação à competência já apontada. Esses dados podem sinalizar que a gestão escolar não pode esperar que todos os professores, por si só, deem conta de buscar sua inserção na condição de letrado digital, cabendo à equipe gestora a contribuição para que isso se dê na escola.

A formação inicial dos docentes, na maioria das vezes, não dá conta de prepará-los para essa escola que ainda precisa se tornar um novo espaço de comunicação e de produção. Com o advento dos recursos tecnológicos que permeiam a vida em sociedade e adentram as portas da escola, inclusive pelas mãos de alguns dos nossos alunos , o processo de ensino e aprendizagem vem sofrendo a influência de novas formas de conexão, de comunicação, de interação, de conectividade. Por outro lado, há também o desafio de letrar digitalmente uma parcela de jovens que ainda não tem acesso às TICs em seu cotidiano.

Quando se trata dos alunos das duas escolas estaduais de educação profissional, essa realidade se configurou da seguinte maneira: na Escola A, 10 alunos, no universo de 22, ou 66,67%,possuem computador em casa. Já, em se tratando do acesso à internet, o percentual chega a 86,66%. Na Escola B, o percentual de alunos que têm computador é idêntico ao da Escola A : 66,66% do universo de 23 discentes. Desse universo, também 86,66% têm acesso à internet, igualando-se à mesma condição da primeira escola. Outro dado relevante sobre os alunos é que utilizam o computador para fazer as tarefas e para estudar, sendo que em ambas as escolas, 100% dos alunos que têm computador em casa afirmam fazer isso.

Segundo Bonilla (2010, p.44), “muito precisa ser investido para que a escola se transforme num espaço de formação, dos professores, dos alunos e da comunidade escolar, para a vivência da cultura digital, como parte integrante de sua proposta pedagógica”. É nessa perspectiva que desejo colaborar, apresentando uma proposta voltada aos atores envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, na busca da inserção de docentes e discentes no mundo midiático.

Nessa tarefa de tornar a escola espaço de formação continuada, o coordenador escolar, deverá ser o principal articulador de ações de formação, ocupando um papel preponderante, a partir do Projeto Político Pedagógico, no que diz respeito às ações de formação continuada para os docentes acompanharem as dinâmicas sociais que incidem na ação pedagógica diretamente como é o caso dos recursos midiáticos. É na escola e com a escola que o cotidiano do professor deve se construir. Ela deve ser o centro das políticas de formação, dando ao docente as condições indispensáveis para uma atuação que responda a essa escola desafiadora do presente. São os professores os atores que precisam liderar o processo de ensino e aprendizagem que garanta o êxito dos alunos. A escola precisa ter as condições necessárias a uma prática educativa eficaz que começa pela competência para o exercício da profissão e passa pela capacidade de articular a escola com o mundo.

Em se tratando do tempo escolar para que a escola se torne esse laboratório de boas práticas, consoante expus no capítulo um, temos um cenário favorável para que isso ocorra. A garantia de 1/3 da carga horária de 40 horas para planejamento na escola significa que estão asseguradas 13 horas-aula dedicadas à hora-atividade que se destina a várias tarefas, dentre elas a formação continuada. No estado do Ceará, o cumprimento da Lei Nacional do Piso nº 11.738 foi concretizado em todas as escolas. Portanto, há tempo disponível na agenda do professor para ele ter acesso à formação no seu cotidiano pedagógico. Ainda sobre essa questão, especificamente nas Escolas Estaduais de Educação Profissional (EEEP) do CE, a lotação de todos os professores é obrigatoriamente de 40 horas, permitindo a dedicação

exclusiva a uma única escola. Assim, articular ações de formação continuada para a apropriação das TICs, utilizando os ambientes virtuais de aprendizagem para ajudar os docentes a melhorarem a sua prática, ampliando sua capacidade de atuar com outros recursos além do giz e do quadro é responsabilidade da escola. Fazer com que a formação seja compreendida como necessária é uma conquista que aproxima os docentes e a gestão na busca pela escola de qualidade e eficaz na sua tarefa de aprender e ensinar.

Mesmo dispondo dessa organização, encontramos na pesquisa um indicativo de que a gestão efetivamente ainda não consegue se ocupar da formação docente com uma tarefa sua. Os gestores da Escola A indicam que apenas são incentivadores dos professores na busca por formação, mas assumem não ofertar nenhuma ação na escola. Na Escola B, os gestores afirmam que a gestão procura garantir que os educadores participem de ações de formação. Sobre essa última escola, não consegui encontrar elementos no Plano de Ação Integrado (PAI) ou nos relatórios mensais do LEI que demonstrassem ações de formação continuada no uso das TICs. Essa posição da gestão se confirma, quando os professores respondem sobre se o coordenador escolar realiza momentos de formação continuada, tendo como objetivo o uso das TICs na escola. Segundo a opinião de 77, 72% (17 professores) da Escola A, a resposta é que o coordenador dessa escola não realiza. Já 70% (16 professores) da Escola B, respondem que a gestão realiza essa ação.

Na próxima seção, a síntese desses achados mais relevantes da pesquisa passará a guiar o Plano de Ação Educacional (PAE), cujo objetivo é propor a implantação de ações que fortaleçam a gestão do letramento digital nas duas escolas estaduais de educação profissional (EEEP).