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Do letramento digital do corpo docente e discente para o uso das mídias como ferramenta didática

ho 38 no uso do computador Análise das dificuldades dos alunos 02 Matemática: montagem de gráficos

3. PLANO DE AÇÃO EDUCACIONAL (PAE) PARA A GESTÃO DO LETRAMENTO DIGITAL

3.2 Do letramento digital do corpo docente e discente para o uso das mídias como ferramenta didática

Acerca do letramento digital dos professores e do uso das mídias como ferramentas didáticas, resultados relevantes foram obtidos a partir da pesquisa documental. Em relação à Escola A, as atividades associadas às ações do PAI e nos relatórios mensais não conseguem explicitar quais mudanças ocorreram na rotina pedagógica e no currículo da EEEP, no sentido avançar no uso das ferramentas tecnológicas; assim como a oferta dos cursos parece propor tão somente o desenvolvimento de habilidades mecânicas para o domínio do computador e das ferramentas da web. Em se tratando dos achados na Escola B, ela propõe como resultado do seu PAI a inclusão digital, mas não fica claro como as ações e atividades cumpriram o propósito. A dinâmica das ações postas no PAI não explicita como o conjunto das atividades se volta à inserção dos docentes e dos discentes no mundo tecnológico, extrapolando os limites do currículo apartado das práticas sociais que fazem uso das TICs. Os relatórios mensais do LEI dessa EEEP apontam que os alunos tiveram contato com ferramentas diversas e que foram propostas atividades com o uso dos recursos midiáticos. Há também a proposição de que o professor coordenador do laboratório se voltou a perceber a habilidade dos alunos para usar o computador e as ferramentas da web. Entretanto, mesmo identificando esse contato com recursos diversos, na Escola B, parece que as TICs ainda assumem o papel de ferramentas utilizadas a serviço da mesma dinâmica das aulas em que o aluno é colocado no papel de reproduzir conhecimento e muito pouco no papel de criar e de reinventar.

Quando confrontada a análise documental com a percepção dos gestores acerca do uso das mídias como ferramenta didática, encontramos que 25%dos gestores da Escola A justificam que as mídias são pouco utilizadas, porque os dois laboratórios são insuficientes para dar conta das demandas de todos os professores. Em contrapartida, 50% dos gestores da Escola B afirmam haver o uso pelos docentes por serem indispensáveis na aproximação com o aluno e no processo de ensino e aprendizagem. Acerca da resposta dos gestores sobre o uso dos recursos midiáticos como mediadores do processo de ensino e aprendizagem, 25% do universo de quatro gestores da Escola A consideram que os docentes fazem o uso incorreto de alguns recursos, não acrescentando muito na construção do conhecimento. Esses gestores dão como exemplo o uso de filmes sem uma ação pedagógica planejada. Por outro lado, na Escola B a resposta é que todos os recursos midiáticos são usados para promover o uso intenso desses recursos.

Comparativamente, a percepção da gestão da Escola A converge com os registros nos relatórios mensais do LEI, quanto a não efetivação do letramento digital na escola consoante proposto pelo PAI dessa unidade escolar e como decorrência da ação gestora e da ação docente. A percepção da Escola B é a de que os docentes favorecem o letramento digital a partir da interação com os professores dos demais espaços de suporte pedagógico, dentre esses, o Laboratório Educacional de Informática (LEI).

Esses resultados obtidos pela análise documental, tomados comparativamente às respostas dos docentes ao questionário, podem ser ainda ampliados: foi detectado que na Escola A, 90,90% dos docentes, dentre o universo de 22 respondentes, consideram-se letrados digitalmente, enquanto que na Escola B, 87%%, dentre 23 respondentes também se consideram nessa condição.

Em relação aos docentes, os resultados se diferem em alguns pontos das respostas dos gestores. Quando se trata da utilização do LEI como espaço de aprendizagem,100% dos respondentes da Escola A dizem concordar totalmente com essa condição, enquanto que o gestor dessa mesma escola não aponta a mesma realidade, assim como esse quadro não é percebido na análise documental. Em relação à escola B, verifico que somente 63,63% dos educadores concordam com essa forma de utilização do LEI.

Alinhando a percepção dos discentes com a percepção dos demais respondentes, na Escola A, identifico que 46,67% dos 30 educandos respondentes afirmam utilizar o LEI somente uma vez durante a semana e 33,33% informam utilizá-lo quatro vezes. Já na outra escola, temos que 26,67%, dentre o universo de 23, dizem usar o LEI somente uma vez semanalmente; enquanto 46,67% informam fazer uso quatro vezes por semana. Se considerarmos que a proporção maior de uso se dá na Escola B, essa percepção dos alunos pode se justificar pela maior quantidade de práticas educativas no laboratório de informática dessa escola. Confrontando também a percepção dos alunos sobre o papel da escola no ensino sobre o uso das TICs, vimos que, enquanto 53% dos alunos da Escola A firmam reconhecerem a importância desse papel, na Escola B 80% dos discentes, expressam essa mesma opinião.

Os dados encontrados na pesquisa de campo também revelam que os professores, em sua grande maioria, têm acesso ao computador e à internet em casa: na Escola A, 90,9% têm computador. Isso significa que, no universo de 22 docentes, 20 possuem o equipamento; e desses, 77,28%%, têm acesso à internet. Já na Escola B, encontrei que 97%, têm computador, sendo que desses, 87% têm acesso à conexão de internet. Encontrado esse panorama, era de se esperar que, nas duas escolas estaduais de educação profissional, as TICs estivessem permeando a prática educativa dos docentes.

Se o perfil dos educadores mostra que eles utilizam as TICs no seu cotidiano pessoal, parece, então, tratar-se menos de uma questão de competência técnica e mais de uma questão pedagógica . Se o acesso dos docentes já é uma realidade, as duas EEEPs podem se aproveitar disso para estabelecer novas conexões entre docentes e discentes e que levem o jovem a lidar com as tecnologias de forma crítica e como ferramentas que lhe propiciem novos saberes ou a reconstrução deles. Para que isso ocorra, não é suficiente que o professor delegue ao aluno tarefas a serem executadas com o uso de algum recurso tecnológico. Há de assumir o papel de professor como mediador do conhecimento. Cabe-lhe levar o discente a interagir e motivar-se para aprender a aprender. O professor mediador potencializa sua ação pedagógica e, portanto, também potencializa a aprendizagem dos alunos. Esse é apenas um dos papeis que assumirá no mundo da cibecultura. Outras funções, outras formas de agir o levarão a uma multiplicidade de papeis como nos coloca Bruno e Mattos (2010).

Em tempos de Cibercultura, pensar o papel do professor significa romper com as imagens predominantes que tínhamos até poucas décadas e entendermos a multiplicidade de papeis que esse profissional da educação assume (...) Esse cenário implica em que o professor assuma múltiplas funções . se integre a uma equipe multidisciplinar e assuma-se com: formador, conceptor ou realizador de cursos e de materiais didáticos, pesquisador, mediador, orientador e, nesta concepção, assumir-se como recurso do aprendente. (BRUNO & LEMGRUBER, 2009 APUD BRUNO & MATTOS, 2010:10)

É com essa concepção de mediador do conhecimento que o professor deve incorporar as TICS a sua prática educativa. É preciso reconhecer, na organização do cotidiano escolar, que hoje o aluno tem acesso ao conhecimento acumulado antes de chegar à escola. A instituição escolar não é a única responsável por transmitir conhecimento, não é mais a única forma de acesso ao saber. Essa mudança precisa ser percebida no sentido de reconhecer no jovem um sujeito ativo. À escola cabe desenvolver sua capacidade crítica e reflexiva.