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As escolas que constituem o cenário da presente investigação são a Escola Estadual de Educação Profissional do município de Jaguaribe, a partir de agora denominada Escola A e a Escola Estadual de Educação Profissional de Pereiro, Escola B, ambas sob a abrangência da 11ª CREDE. Passo, a seguir, a tratar de cada uma dessas escolas, apresentando seu funcionamento, estrutura física disponível, como também o contexto onde estão inseridas, visando à percepção de sua realidade.

1.3.1 A Escola Estadual de Educação Profissional A

O município sede da 11ª CREDE, onde está situada a primeira unidade escolar em estudo, tem a população estimada em 34.416 habitantes, consoante o censo 2010. Sua economia se concentra na produção de leite. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio desse município, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD 2000 é de 0,672, e o Produto Interno Bruto (PIB) R$ 184.6 milhões, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2008. A renda per capita desse município se encontra abaixo da média da região nordeste, o que o coloca na 5ª posição no

ranking brasileiro.

A escola A possui 10 salas de aula, sendo algumas delas climatizadas, ampla área de circulação, biblioteca, espaços administrativos bem organizados como secretaria escolar, sala do diretor, sala da coordenação escolar, ambiente para os professores, laboratórios, teatro de arena, estacionamento, cozinha, refeitório aberto, áreas de convivência, ginásio coberto e jardins externos.

Essa unidade escolar, inaugurada em agosto de 2008, atende atualmente a 354 alunos, distribuídos em nove turmas nos seguintes cursos de ensino médio: Técnico em Administração, Técnico em Rede de Computadores, Técnico em Secretaria Escolar, Técnico em Comércio, Técnico em Enfermagem e Técnico em Informática. A escola oferta, ainda, além da formação em nível médio técnico, outros cursos de formação de curta duração para jovens, que já são

concludentes ou egressos do ensino médio. Dentre os cursos oferecidos vale citar o e- Jovem, projeto que visa a ofertar capacitação em três áreas: tecnologias da informação e comunicação, empreendedorismo e cooperativismo.

A clientela dessa escola é composta por jovens que estão em idade adequada ao fluxo escolar do ensino médio, ou seja, 15 a 17 anos, em sua maioria. São jovens oriundos de escolas públicas municipais de ensino fundamental, pois a rede estadual não oferta mais esse nível de ensino no município de Jaguaribe. Pertencem a famílias que vivem basicamente da produção agrícola, da pecuária e da confecção de peças de filé (trançado de fios de algodão ou de linha de crochê). A condição socioeconômica dessa clientela parece possibilitar que apenas uma minoria tenha acesso aos recursos midiáticos, ao computador e à internet em casa.

Em se tratando dos recursos midiáticos, a unidade escolar localizada em Jaguaribe dispõe de dois laboratórios de informática, cada um deles estruturado com 21 computadores. Embora não tenha a estrutura física de acordo com os padrões do Ministério da Educação, por ter iniciado suas atividades em 2008 e o modelo de escola profissionalizante do MEC ser mais recente, como é o modelo da Escola B, além desses laboratórios educativos, dispõe dos laboratórios técnicos profissionalizantes para os cursos de Informática, para o curso de Enfermagem e um laboratório interdisciplinar de Ciências. Especificamente, esses laboratórios possuem equipamentos e recursos destinados a aulas teóricas e práticas para a formação técnica dos alunos, de acordo com cada curso profissionalizante de nível médio técnico. Em 2013, os recursos foram incrementados com tablets para os professores de todas as escolas do estado com o propósito de se tornar mais um recurso a serviço da escola e dos professores.

A quantidade de equipamentos da escola atende às definições do Ministério da Educação, considerando-se a relação entre a quantidade de 40 a 45 alunos por sala e a quantidade de 21 computadores, em se tratando do ensino médio regular. Entretanto, segundo o depoimento dos docentes e dos gestores da EEEP, registrado durante as visitas sistemáticas de acompanhamento da 11ª CREDE, quando considerado o atendimento às disciplinas da base nacional comum e o uso pelas disciplinas técnicas da base profissional, nas EEEPs, a quantidade de máquinas disponíveis nesses laboratórios é apontada como insuficiente.

Apesar dessa avaliação, a partir do acompanhamento permanente da CREDE, detectou- se que a estrutura, considerada insuficiente pela gestão e pelos docentes, ainda não tem uso efetivo e frequente, principalmente pelas disciplinas da base comum. A Escola A ainda não conseguiu efetivar um planejamento eficaz e organizado pela gestão escolar com a participação dos professores coordenadores do LEI. Embora seja essa a orientação que se busca implementar desde 2008, ou seja, compreender a função do professor lotado no Laboratório

Educacional de Informática (LEI), como suporte pedagógico a serviço do ensino e da aprendizagem. Os relatórios de acompanhamento da Superintendência Escolar e do Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE), da 11ª CREDE não explicitam as ações desenvolvidas nesse espaço tecnológico como sistemáticas e que sejam, efetivamente, fruto de planejamento coordenado pela gestão escolar.

Em 2012, para a utilização dos laboratórios de informática (LEI), a escola contou com dois docentes com licenciatura em Ciências da Natureza e Linguagens e Códigos e conhecimento comprovado, através de certificado, no uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação, cumprindo cada um 40 horas aula. A função desses professores lotados no LEI é dar suporte às atividades didático-pedagógicas elaboradas pelos professores de todas as disciplinas que façam uso dos laboratórios.

Apesar da disponibilidade dos professores da base curricular comum coordenadores do LEI, a percepção inicial é de que apenas alguns professores que já fazem uso das tecnologias, por uma opção pessoal é que usam o laboratório de informática para ministrar suas aulas. Destaco que os professores da base curricular técnica utilizam o LEI para ministrar as disciplinas técnicas na área de informática. O uso dos recursos disponíveis parece não ser fruto de uma ação de planejamento e de formação continuada ofertada pela escola.

1.3.2 A Escola Estadual de Educação Profissional B

A população de Pereiro totaliza 15.754 habitantes. Concentra-se na zona rural e sobrevive basicamente do cultivo do algodão, milho, feijão, mandioca, cana-de-açúcar, castanha-de-caju e frutas diversas. A criação de bovinos, suínos, ovinos e de aves também é a base da economia local. Além disso, a extração vegetal e o artesanato de rede e bordados são fonte de renda. O IDH é de 0,626, conforme aponta o PNUD 2000. Já o PIB per capita é de R$ 3.148,73 milhões, de acordo com dados de 2008 do IBGE. Verificamos, assim, que esse município acompanha a tendência de Jaguaribe, em relação aos baixos índices de desenvolvimento, quando comparados com o Estado e com a região nordeste.

A Escola foi inaugurada em abril de 2011 com a oferta dos seguintes cursos: Técnico em Agronegócio, Técnico em Informática, Técnico em Rede de Computadores, Técnico em Secretaria Escolar e Técnico em Carpintaria. A clientela dessa escola profissional também é composta por jovens, em sua maioria, com idade adequada ao fluxo regular do ensino médio, ou seja, 15 a 17 anos, assemelhando-se à escola de Jaguaribe (SIGE, 2012).

A escola atende ao padrão do Ministério da Educação - MEC, no que diz respeito à estrutura física, material e equipamentos. A unidade escolar foi construída consoante projeto arquitetônico disponibilizado pelo programa Brasil Profissionalizado16 e desenvolvido pelo Fundo de Desenvolvimento da Educação – FNDE. A referida escola possui 12 salas de aula, seis laboratórios básicos, auditório, biblioteca, teatro de arena, refeitório, área de convivência, quadra poliesportiva coberta e dois laboratórios especiais, destinados aos cursos de carpintaria e rede de computadores.

Em se tratando dos laboratórios educacionais para a base comum do currículo, a escola possui uma estrutura favorável, contando com os seguintes espaços de laboratório: biologia, química, física, matemática, línguas e informática. Os três últimos laboratórios citados (matemática, línguas e informática) têm computadores, totalizando 63 máquinas. Tal estrutura nos leva a inferir que haja melhores condições na escola, que poderão facilitar a atuação da gestão no que diz respeito a incentivar o letramento digital docente e discente.

Na escola, outro espaço pedagógico que permite o acesso às ferramentas midiáticas é a biblioteca. Equipada com plataforma de acessibilidade, esse espaço dispõe de dois computadores para consulta ao seu acervo no piso térreo e no pavimento superior, possui 18 computadores conectados à internet à disposição dos alunos, contando ainda com mesas para estudo. A escola dispõe, também, de cinco computadores na sala dos professores, unicamente para os educadores, o que está de acordo com Manual do Programa Brasil Alfabetizado, Escola Padrão MEC. A escola B, dispõe de mais recursos para atender à demanda de sua clientela que, em 2012, era composta por 342 alunos distribuídos em 09 turmas compostas em média por 40 alunos e em diferentes cursos.

Apresentado o cenário de investigação, composto pelas duas escolas sob abrangência da 11ª CREDE, na seção seguinte, apresentarei as ações do ProInfo Integrado e do NTE/ 11ª CREDE, com vistas a descrever a política proposta para estimular o letramento digital com foco na atuação dos professores como também identificar se o uso das tecnologias tem sido fomentado pelos gestores a partir do planejamento pedagógico.

1.4 Ações do ProInfo Integrado e do NTE/ CREDE

16 O programa visa fortalecer as redes estaduais de educação profissional e tecnológica, financiando a construção e

aquisição de equipamentos para essas escolas. A iniciativa repassa recursos do Governo Federal para que os estados invistam em suas escolas técnicas. Criado em 2007, possibilita a modernização e a expansão das redes públicas de ensino médio integrado à educação profissional que é uma das metas do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). O objetivo é ampliar a oferta de cursos profissionalizantes para dar conta de atender às demandas da economia e do mercado de trabalho que carecem de profissionais cada vez mais qualificados.