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2 As transformações na Geopolítica e na Geografia Política após a II Guerra Mundial

Depois da derrota do nazi-fascismo, é natural que todos os conceitos políticos que fossem conotados com aquelas ideologias tivessem sido votados ao ostracismo, o que em certa medida aconteceu com a Geopolítica, que teve de se subordinar à Geografia Geral ou Regional. Obviamente que a Geopolitik alemã, desaparece definitivamente (?), surgindo apenas como uma (quase) curiosidade científica na década de setenta. Apenas a Geografia Política continua a despertar um certo interesse num reduzido número de geógrafos, enquanto que o seu objecto de estudo, o Estado sensu lato, é abordado timidamente, quando não mesmo criticamente, mas subalternizando sempre aquela Ciência à História, à Geografia do Planeamento, à Sociologia...dependendo da especialização científica do investigador e mesmo da sua coragem em termos académicos.

A reabilitação da Geografia Política, e mais timidamente da Geopolítica surgem primeiramente por parte dos militares, que sem tantos pruridos adaptam as teorias desenvolvidas nas primeiras décadas do século vinte ao novo contexto de antagonismo entre os Blocos político-militares formados no âmbito da «Guerra Fria».

Só mais tarde e pressupondo que as novas estratégias militares necessitavam de especialistas dos mais diversos ramos, é que os geógrafos perspectivam o retomar do interesse da Geografia Política e da Geopolítica como instrumento de análise da situação internacional.

No novo contexto politico-social saído da II a Grande Guerra, perspectivam-se dois sistemas diferenciados: o modelo seguido pelos EUA cuja geoestratégia é o controle económico dos mercados mundiais através de um activo comércio de artigos produzidos por uma indústria sobre-equipada e o defendido pela URSS que optou por uma via reformista de alterações

políticas e económicas, baseada na utilização dos seus recursos naturais voltados para o mercado interno sem participar nas trocas mundiais a longa distância.

Adquire particular importância a Geografia Humana que tem por objecto de estudo as influências naturais e humanas sobre os géneros de vida. Esta é dentro de uma perspectiva regionalista, a única que pode dar resposta aos inúmeros problemas sociais levantados pela reconstrução europeia, no que diz respeito às actividades económicas, ao urbanismo, à estrutura agrária e ao sistema financeiro, que têm de ser considerados dentro numa perspectiva de dinâmica social que se preocupe mais com o bem-estar da sociedade do que com o estudo dos fenómenos. Isto implica pôr de lado as antigas concepções deterministas que davam à geografia a aparência de uma ciência inerte, preocupada apenas com o estudo da relação Homem-Meio na superfície terrestre, enquanto que o seu verdadeiro objectivo é estudar as transformações dos agrupamentos regionais, que na sua diversidade formam os Estados que por sua vez interagem entre si no conjunto do Globo.

A Geografia Regional, segundo a clássica concepção Vidaliana já não tem cabimento num mundo em plena transformação, onde adquire importância crescente a planificação de grande parte das actividades, o que pressupõe em simultâneo uma concepção política das regiões como organismos vivos e interligados entre si dando origem ao Estado. "50A

interligação entre a Geografia Regional e a Geografia Política, dá um novo sentido a este ramo da ciência geográfica mas subordinando-o irrefutavelmente ao primeiro, e ela faz-se por intermédio do Estado, que ao organizar a vida económico-social, estabelece uma coesão interna entre as regiões heterogéneas, originando uma individualidade própria, acima das regiões.. Disto mesmo se apercebeu Maurice Le Lannou que problematiza estes aspectos na obra La

Géographie Humaine, Paris, 1949 dando especial ênfase à integração da Geografia Política no

quadro da Geografia Regional.

O objecto de estudo da Geografia Política continua a ter como base fulcral o Estado, não de per si, mas na medida em que este for socialmente útil, sendo como é produto da população, do meio natural e dos acontecimentos históricos51 Esta afirmação permite-nos

deduzir dois factos: para conhecermos a estrutura interna do Estado, e assim podermos organizar um planeamento eficaz nas diferentes regiões que o constituem, é essencial compreender como se formou a sua fronteira; por outro lado a Geografia Política como Ciência, implica um estreito relacionamento entre a História e a Geografia Regional.

Relativamente ao primeiro aspecto, M. Le Lannou desvaloriza o conceito de fronteira, que é uma concepção tardia, que mais não fez do que moldar e delimitar de uma forma geométrica uma área onde a população já adquirira características próprias: não é a fronteira linear, considerada um artifício da cartografia, pois tem apenas bases político-ideológicas que serve para delimitar uma área. A delimitação fronteiriça deveria ser baseada na especificidade dos usos e costumes, mas numa época de início da mundialização como são os finais da década

"On ne peut plus considérer la géographie politique comme un appendice au service d'une pure curiosité historique; elle est une pièce maîtresse de nos études de géographie régionale, sans qu'il soit besoin de l'aSubler d'une étiquette particulière ".(M. Le Lannou, 1949, p. 218).

51 "la géographie politique avait pour mission d'expliquer les États dans leur configuration et leurs frontières,

d'en montrer les fondements naturels, et aussi de préparer, sur un terrain débclagé, le travail de rhistorien."(7£/i&yzz, p. 199)

de quarenta, este conceito perde valor porque aqueles tendem a uniformizar-se segundo o modelo Ocidental ou mais raramente seguindo as concepções Soviéticas.

O estudo das delimitações das áreas fronteiriças continua a ser importante não no sentido que lhe davam os cultores da antiga Geografia Política como um pretexto para o alargamento expansionista e prestígio de um Estado, cujos limites eram bem vincados como uma afirmação de nacionalismo, mas antes como uma área de intensas interacções económicas, políticas e sociais entre as populações de Estados vizinhos, que devido a esse fenómeno adquirem características muito próprias.

Se o estudo das áreas contíguas a uma fronteira estão a perder rapidamente valor em termos políticos, a Geografia Política, adquire contudo um novo significado em termos de Planeamento e de Ordenamento Territorial, porque é nas áreas de fronteira que a "paisagem" adquire o seu mais elevado grau de humanização em virtude da implantação de unidades industriais, do comércio, dos serviços e por conseguinte da fixação da população em numerosos aglomerados urbanos, que se sente atraída pelas vantagens da proximidade de outro país. O Planeamento de áreas tão densamente povoadas e de grande complexidade paisagística permitem elaborar metodologias de trabalho que podem ser aplicadas ao restante território nacional. A implementação das actividades económicas, a disponibilidade e utilização de recursos naturais e humanos, bem como a sua localização em regiões de desenvolvimento diferente, está directamente relacionada com a Geografia Política porque grande parte das estratégias postas em prática pelo Estado, considerando este como um organismo centralizador do Poder, é que determinam quando e onde devem ser aplicadas as medidas preconizadas para cada região. No entanto esta política administrativa conduz a um desenvolvimento desigual e consequentemente a uma heterogeneidade regional, origem de futuros conflitos.

A Geografia Regional tem para Le Lannou um significado especial porque permite na sua abrangência conhecer a diversidade e consequentemente a complexidade das características dos Estados. A Geografia Política e outros ramos especializados da Geografia Geral, contribuem assim para um maior entendimento entre os diferentes poderes mundiais, o que quanto a nós já entra no domínio da Geopolítica: " Tâche utile parce que la connaissance des constructions régionales, dont les plus agissantes sont aujourd'hui les groupements nationaux, doit nous fournir quelques clefs des problèmes qui importent de plus en plus rigoureusement à la paix du monde ".52

A influência de Le Lannou na geografia portuguesa não terá sido determinante, contudo parece-nos que teve o mérito de despertar a comunidade científica, particularmente os geógrafos mais relacionados com a corrente francófona para os problemas do Ordenamento e Planeamento do Território, numa época, finais da década de quarenta inícios dos anos cinquenta, em que estes assuntos estariam arredados do espírito dos geógrafos portugueses.

Na sua obra La Politique des États et leur Géographie datada de (1952), Jean Gottmann começa por uma descrição bastante extensa da história da Geografia Política entre os séculos XVIII e XX, tendo interesse registar quais os aspectos teóricos que nos pareceram mais relevantes:

A reformulação da teoria de Mackinder sobre as áreas de influência mundial por Isaíah Bowman que referiu na sua obra New World (1921) que o dinamismo de um país pode ser

medido através das suas instituições culturais e religiosas bem como pelas características das estruturas sócio-económica. Sem dúvida que o geógrafo que se ocupou com mais pormenor da teorização Geopolítica foi Nicholas Spykman, que durante a Segunda Guerra Mundial reformulou a teoria de Mackinder, considerando que em vez do Heartland, a chave do poderio mundial seria constituída pelo Rimland, situado na periferia da Europa Ocidental, juntamente com os EUA devendo estes últimos proteger os aliados europeus, a área mais exposta do

Rimland. Em conjunto com outros países menos importantes estrategicamente formariam o World Island em oposição aos países continentais da Ásia.

Nos E.U.A., a Geografia Política surge tardiamente e é influenciada pelo Darwinismo, comparando-se o comportamento dos diversos Estados com o dos indivíduos, o que significa a aplicação de um determinismo extremo, especialmente nas relações internacionais entre Estados que são comparadas às existentes entre os indivíduos em sociedades fechadas. Surgiu uma corrente cujo pioneirismo cabe a Marsh, em que os países são classificados segundo a existência de determinados recursos e matérias-primas. Original será a concepção Geopolítica de domínio do espaço mundial de Ellsworth Huntington, que através da recolha de uma série de dados quantitativos por todo o Globo53 formulou a teoria, determinista em extremo, dos factos

histórico-geográficos puderem ser explicados pelas variações climáticas que se deram ao longo dos séculos. Aponta como exemplo a migração das principais civilizações se ter dado de Este para Oeste e Noroeste, até chegar aos EUA, o que estaria relacionado com alterações dos climas temperados e húmidos segundo os meridianos. A sua obra principal, Mainsprings of

Civilization (1945) mostra uma influência determinista baseada na hereditariedade e em

preconceitos racistas.

Na Alemanha, a influência de Ratzel que por sua vez se inspira nas teorias e conceitos dos filósofos, políticos e geógrafos, deterministas como Kant, Hegel e Schopenhauer, e nos geógrafos Ritter e Humboldt. Considera positiva a contribuição das teorias Ratzelianas pelo facto de terem equacionado pela primeira vez a importância da construção política do espaço materializada no Estado, bem como as influências recíprocas entre o Meio e o Homem, privilegiando a escala de análise a nível nacional. Refere que o principal erro de Ratzel foi o de querer ajustar leis racionalistas, segundo a concepção do determinismo de Hegel e o positivismo de Comte, à necessidade de expansionismo do Estado, isto é, inventou um «sentido de espaço» de concepção metafísica que determina que cada Estado deva procurar o espaço conveniente à sua expansão utilizando os recursos que julgue necessário empregar.

Sobre a Geopolitik J. Gottmann refere que: "R. Kjéllen, créa le terme de geopolitik pour désigner l'ensemble de principes et de rapports Qui s'établissent entre les États, leurs politiques et les lois de la nature, ces dernières déterminant les autres"54, sendo a obra mais representativa

daquele geógrafo sueco Staten son Lifsform (1916). A ideia inovadora do geógrafo francês consiste em estabelecer uma correlação entre as teorias formuladas pela Geopolitik do general K. Haushofer, considerando-as um instrumento teórico destinado a reforçar o poder e legitimar o expansionismo do Estado, que mais não seriam do que uma adaptação da teoria de repartição mundial dos espaços de poder do inglês Mackinder, para servir os desígnios expansionistas da Alemanha nazi, ao considerar que o Hearthland seria a Alemanha e seus e não a Rússia Soviética; enquanto o domínio da World-Island, passaria pelo expansionismo continental

Portugal foi o Prof. Silva Telles quem forneceu os dados climáticos pretendidos pelo investigador americano J. Gottmann, 1952, p. 56

alemão para Leste, dominando o bloco Euro-Asiático juntamente com o Japão. O expansionismo para Ocidente revestiria a forma de domínio do Oceano Atlântico e dos mares interiores da Europa pela Alemanha, que seria potência hegemónica a nível mundial.

Outros teorizadores como Otto Maull (que na obra Poliíische Gographie (1925) refere que existem leis precisas que governam o crescimento e o expansionismo dos Estados, segundo um modelo de homogeneidade étnica e social determinante para o destino de certos países. Para o geógrafo Henning, a Geopolitk deverá permitir a atribuição de uma consciência geográfica ao Estado, isto é fornecer-lhe as bases teóricas para passar à fase do expansionismo: depois do trabalho de gabinete, da investigação teórica chegou a hora de passar à acção prática.

A Escola francesa é naturalmente aquela a que J. Gottmann dá maior destaque, enaltecendo a formação científica de Vidal de la Blache que conseguiu entender os fenómenos dentro de uma perspectiva temporal devido à sua formação histórica e segundo um ponto de vista espacial derivado da sua formação como geógrafo, entendendo os fenómenos numa escala de análise regional que influenciaram decisivamente as suas concepções em Geografia Política. Considera como determinantes na evolução política de um país as áreas dinâmicas, que são aquelas onde existe circulação de bens e população, onde as cidades são numerosas em contraste com as regiões atrasadas, sem influência, porque isoladas. Esta heterogeneidade reflecte-se em diferentes escalas de análise desde as locais até às nacionais. "55

O professor J. Gottmann comenta as obras dos geógrafos franceses mais conhecidos: C. Vallaux, J. Brunhes, Albert Demangeon Le Déclin de l'Europe (1921) que considera apresentar soluções para o pessimismo em que mergulhou a Europa e particularmente a França, abordando questões como o superpovoamento e a fundamentada crítica à Geopolitik alemã. As monografias de André Siegfried e as obras de pendor mais político como Tableau de la France

de l'Ouest sous la Troisième République (1911) e Partis Politiques en France (1929). Os

trabalhos de Emile Félix Gautier sobre Geografia Política Colonial, como La Conquête du

Shara, Essai de Psychologie politique (1910), Le passé de l'Afrique du Nord (1937 ?) e l'Afrique blanche (1939). O geógrafo Emmanuel de Martonne com a obra Europe Centrale e

Le Lannou com o título Géographie Humaine (1949).Merece especial referência a crítica que dirige a J. Ancel que entende ter elaborado trabalhos de valor científico duvidoso por combinar elementos da Geografia Política alemã e francesa. A segunda parte da obra é caracterizada pela importância da geografia regional moderna, cujo dinamismo é capaz de intervir e explicar fenómenos relativos ao contexto internacional das nações; afastando-se assim das tradições da clássica Escola Regionalista Francesa.

Outro aspecto apresentado por J. Gottmann diz respeito às solidariedades que se estabelecem no relacionamento internacional entre espaços Geopolíticos heterogéneos, desde as Federações (ex.: Commonwealth), às associações regionais (ex.: Benelux, Liga Árabe), às associações continentais (união Pan-Americana) ou associações marítimas (solidariedade entre os países da Europa Ocidental face à ameaça dos países do Leste Europeu), ou ainda entre os países pertencentes a organizações internacionais de âmbito militar (ex.: NATO) ou político (ex.: ONU).Considera que a solidariedade internacional, ao contrário do que se possa supor conduz a uma separação Geopolítica cada vez maior entre os países de ambos os hemisférios,

J "II n'est pas pour Vidal, de phénomène plus important en géographie politique que de suivre comment des

leva a que os países do Sul procurem emergir, reagindo através das ideologias nacionalistas que conduzem à descolonização na Ásia e no Norte de África

Dentro do contexto mundial, equaciona-se a problemática do emergir dos nacionalismos do Magreb e da Ásia, considerando J. Gottmann que este se deve não só a razões culturais produto de antigas civilizações, mas também a causas económicas como a libertação da dependência relativamente às antigas potências coloniais como a França ou a Grã-Bretanha e menos do que à necessidade de pôr em prática ideologias novas, visto estas serem quase sempre de inspiração soviética.

As relações de complementaridade, resultantes de afinidades sócio- culturais, económicas e políticas mais do que a proximidade geográfica, só se verificam nestes finais da década de 40, entre três espaços geopolíticos: Os EUA e a Commonwealth; a Europa Ocidental e América do Norte, segundo o disposto na doutrina Truman, e entre as metrópoles europeias e as suas colónias, que adquiriu entre nós a expressão da mística do Império Colonial, bem patente nos artigos de Amorim Girão e num contexto diferente em Orlando Ribeiro.

A Geografia Regional não serve apenas para dar uma nova perspectiva do contexto internacional, resultante do relacionamento externo entre os Estados, também é extremamente útil para compreender a estrutura interna dos mesmos. Dentro de um Estado é mais comum que as diferenças regionais sejam acentuadas do que o inverso, que só se verifica em Estados de reduzida dimensão ou de regiões homogéneas. A aplicação do regionalismo, isto é dos planos político-económicos de desenvolvimento que permitirão que uma determinada área espacial se individualize administrativamente e politicamente, só se consegue quando a difusão de ideologias progressistas são mais fortes do que as tendências conservadoras, onde a simbólica e a iconologia são bem vistas, provocando reacções nacionalistas e xenófobas que tendem a manter a estabilidade da estrutura social e governativa, e limitando os contactos com o exterior.

Numa obra posterior, Essais sur l'aménagement de l'espace habité, 1966, é feita uma análise da situação internacional segundo as concepções de Mackinder, que se traduz num equilíbrio de forças entre potências antagónicas, atendendo à sua posição geoestratégica, recursos económicos e poderio militar. Os restantes capítulos são ocupados com a análise da gestão do poder político nas megalopolis dos EUA.

.A interpretação da teoria de Mackinder à nova situação geopolítica mundial derivada da Guerra Fria, leva J. Gottmann a considerar que a perda da supremacia das potências marítimas, que se deve a mudanças geoestratégicas como a perda de importância dos arquipélagos e áreas litorais face ao desenvolvimento dos meios de transporte terrestres e a acessibilidade do interior dos continentes ao Oceano. A nova correlação de forças militares, valorizou novamente a posição geoestratégica do Hearthland continental, embora não o refira expressamente, parece- nos que se podem considerar dois Hearthland que correspondem aos dois Blocos em confronto no contexto da Guerra Fria.

A superioridade das potências continentais diminuiria muito se, segundo J. Gottmann a Europa Ocidental e Mediterrânica abolissem as fronteiras existentes entre os diversos países. A sua existência deriva de nacionalismos que não têm cabimento na época actual, o que daria a supremacia política e económica a estas potências marítimas, porque detêm o transporte e comércio das matérias-primas cada vez mais necessárias para a economia dos países industrializados em tempo de paz ou de guerra. No futuro, a superioridade geoestratégica das áreas continentais versus áreas litorais será menor devido não só ao desenvolvimento dos

transportes mas principalmente à concentração demográfica nas áreas litorais e ao alargamento das águas territoriais de cada país. As excepções mais marcantes serão constituídas pelo Brasil e sobretudo pela China que detêm enormes superfícies potencialmente ricas e quase despovoadas, propícias a um expansionismo continental

Posteriormente, J. Gottmann salienta a importância da Geografia Política para as complexas sociedades modernas; em que os diversos grupos sociais interagem entre si num determinado espaço com o objectivo de controlar o poder político: "Géographie et politique ont toujours coincide dans leur extension et leur expansion."56Sendo assim, não será de admirar que

à medida que o desenvolvimento tecnológico se acentua a um ritmo sem precedentes e as sociedades se massificam e se tornam mais elaboradas, o objecto de estudo da Geografia Política também se especialize, cindindo-se em diversos temas novos como sejam o estatuto da liberdade do espaço aéreo, da livre circulação marítima versus a extensão das águas territoriais.