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Cronologia dos Trabalhos de L.SchwaIbach

Anos 1954 1953 1952 1951 1950 1949 1948 1947 1946 1945 1944 1943 1942 1941 1940 1939 1938 1937 1936 1935 1934 1933 1932 1931 1930 1929 1928 1927 1926 1925 1924 1923 1922 1921 1920 1919 1918 1917 1916 1915 1914 1913 1912 1911 1910 1909

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N° de Obras

Podemos constatar numa análise mais pormenorizada do que aquela já apresentada anteriormente, baseando-nos agora no Quadro 1 e que nos surge visualizado no Gráfico 1, que o percurso científico-pedagógico de L. Schwalbach se divide em períodos distintos: o primeiro até ao início da década de vinte, dedicado à elaboração de trabalhos de investigação (publicando um ou dois trabalhos por ano) e o segundo que se inicia nessa mesma década, em que centra a sua atenção quase exclusivamente sobre as obras dedicadas ao Ensino, publicando um total de oito obras nos anos de 1930 e 1931 e, esporadicamente em temas relacionados com a Geografia Física e a Geopolítica, publicando A Actual Carta Política da Europa e O Mundo depois da

Grande Guerra. É desde o início da década de trinta, que adquirem preponderância os temas

relacionados com a Geografia Física, mas surgem cada vez em maior número os artigos sobre Geopolítica. Não esqueçamos que a conjuntura internacional era mais do que propícia ao tema) embora possam aparecer algumas obras sobre outras temáticas da Geografia, publicando quatro ou mais títulos em cada um dos seguintes anos: 1936, 1940, 1942 e 1943 e 1945. Por fim, a partir dos finais da década de quarenta, até meados da década seguinte, chega a publicar regularmente dois ou três artigos em cada ano, mas onde sobressai 1951, quando edita cinco títulos, neste conjunto de obras denota-se um claro interesse pela abordagem diversificada de todas as temáticas relacionadas com a Geografia Humana, desde a Geopolítica, passando pela Geografia Urbana até à Geografia Económica, além de um certo retomar das preocupações com a didáctica da Geografia, mas agora no Ensino Superior.

Talvez de uma forma demasiadamente subjectiva, considero o período correspondente entre os finais da década de trinta e o início da década de cinquenta, o mais rico do ponto de vista da diversidade dos temas tratados e da profundidade dos conteúdos abordados em toda a vasta bibliografia do autor que, como referimos, manteve a sua actividade até poucos meses antes do seu falecimento.

Ao consultarmos na Sociedade de Geografia de Lisboa, o Processo n.° 6779, datado de 10 de Novembro de 1909, referente à admissão do geógrafo Luiz Schwalbach como membro da prestigiada e selecta instituição, dois aspectos sobressaem: o primeiro diz respeito à juventude do neófito (21 anos), o segundo é tratar-se de um recém licenciado a iniciar uma

carreira de professor no liceu. Como teria tanta facilidade em obter tal favor? A resposta está evidentemente nos pergaminhos familiares e nas relações de amizade de Eduardo e de Luís Schwalbach. Foram sócios proponentes o Doutor Silva Telles, catedrático da Faculdade de Letras e Presidente da S.G.L., o Conselheiro Ernesto de Vasconcellos, escritor e oficial da Armada, além de Hypáccio de Brion, de quem não obtivemos quaisquer referências pessoais.

No curriculum das actividades de Luís Schwalbach como membro da Sociedade de Geografia de Lisboa, datado de 9 de Maio de 1941, logo sobressai a diversidade dos cargos que exerceu: Vice-Secretário na Secção de Geografia Física e Política, entre 1911 e 1914; Vice- Secretário na Secção de Ensino Geográfico entre 1915 e 1918; 2o Secretário da mesma Secção,

desde 1919 a 1929; Vogal da Secção de Geografia Física e Política entre 1915 e 1929; Vogal da Secção de Ensino Geográfico, entre 1920 e 1921(?) ; Vice-Presidente da mesma Secção, desde 1921 a 1933 (?); Presidente da Secção de Ensino Geográfico, desde 1933 a 1954; Vogal da Secção de História das Viagens Terrestres e Marítimas, desde 1941 até ao seu falecimento.

Na análise do seu percurso como sócio da S.G.L., retemos desde logo o número elevado de cargos que ocupou, com especial destaque e diríamos mesmo apetência, para aqueles que se relacionavam com a Geografia Física e Política, precisamente as temáticas que

mais vezes abordam os seus trabalhos. Apesar de pertencer também à secção de Ensino da Geografia, apenas se interessou pelo assunto na época em que publicou os seus primeiros estudos quando exercia a actividade docente nos Liceus de Pedro Nunes e de Passos Manuel. Apenas encontramos algumas referências muito esparsas sobre o assunto ao longo das numerosas obras que publicou.

Estranho, será o facto de um sócio tão ilustre, detentor de tantos cargos, apenas mereça, aquando do seu falecimento, umas escassas palavras de referência no Boletim da dita Sociedade de Geografia de Lisboa: "Depois de lida e aprovada a acta, o Sr. Presidente rendeu comovida homenagem à memória dos consórcios falecidos no interregno da última sessão (...) o prof Schwalbach, ilustre cultor da moderna ciência geográfica e colaborador do Boletim e de outras actividades da nossa Sociedade."164 Interrogamo-nos se na Sociedade de Geografia de Lisboa, o

mencionado geógrafo, apesar dos cargos que ocupava, não terá sido uma personagem pouco popular, como junto do corpo docente e discente da Faculdade de Letras, sendo-lhe apenas reconhecido um relativo crédito científico...

2.3 - A Geopolítica nas Obras de L. Schwalbach.

O agrupamento das obras de Luís Schwalbach por temáticas distintas (Quadro -2) não foi muito fácil e nem sempre corresponde a uma só realidade; isto porque na maioria das vezes, num mesmo e único título engloba várias temáticas diferentes. Não é raro que ao escrever sob os problemas da Geopolítica Internacional, considere também os aspectos inerentes a Portugal Continental e Colónias, o que já se enquadra na Geografia Política ou na então denominada Geografia Colonial.

Quadro - 2 : A Geopolítica e a sua divulgação nas obras de L. Schwalbach

Título Tema Publicação

Geografia - Portugal, Colónias Portuguesas... Ensino 1928 Compêndio de Geografia para Ia e 2a classes... Ensino 1931

Geografia-Africa-Império Colonial Poruguês-5aClasse Ensino 1931

Geografia: Ásia, Insulíndia, Australasia... Ensino 1931 Geografia: Europa -3aclasse Ensino 1931

O critério geográfico do professor Silva Teles ■ Ensino/ Divulgação. 1934 Difficultés dans les études de Géographie Régionale Ensino/Divulgação 1950 Difficultés dans les études de Géographie Régionale Ensino/Divulgação 1952 Emigração e Colonização Colonização 1914 A actual carta política da Europa... Geo.Política/Geopolítica 1923 0 Mundo depois da Grande Guerra Geo.Política/Geopolítica 1925 A Forja do Extremo Oriente Geo.Política/Geopolítica 1932 Portugal Continental- Alguns Problemas Geográficos Geo.Política/Geopolítica 1933 La Physionomie géographique de Lisbonne Geo.Política/Geopolítica 1934 Estreitos e canais: Suez, Panamá, Dardanelos... Geo.Política/Geopolítica 1936 Os Portos - Traço de União entre a Geomorfologia ... Geo.Política/Geopolítica 1936

A Geografia da Circulação ... Geo.Política/Geopolítica 1940 0 Factor Geral e o Factor Local... Geo.Política/Geopolítica 1942 Os Vales - Geografia Física e Económica Geopolítica/Geopolítica 1942 A Contingência da Situação Geográfica Geopolítica/Geopolítica 1943 0 Porto de Lisboa Geopolítica/Geopolítica 1947 Dois Rios de Importância Mundial - 0 Reno Geopolítica/Geopolítica 1949 A falsa responsabilidade da Geografia ... Geopolítica/Geopolítica 1951 0 Mediterrâneo Geopolítica/Geopolítica 1951

Os Espaços Vitais: Geografia Política e Económica Geo.Política/Geopolítica 1954 ! As Sociedades Humanas e o Ambiente Geográfico ... Geografia Histórica 1945

Frutos Maravilhosos da Arvore Nacional Geografia Histórica 1938 0 Superpovoamento Demografia /Economia 1942

0 Problema da Emigração Humana... Demografia/Economia 1954 !

No contexto da década de vinte, surgem-nos duas obras que pessoalmente considero como sendo das mais importantes de Luís Schwalbach pela pertinência das temáticas sobre a Geopolítica Europeia após a Primeira Grande Guerra Mundial. 165 O autor mostra uma

concepção liberal e mesmo avant garde ao declarar que os povos têm o direito de disporem de si próprios: "(...) Certos povos como o polaco, o tcheco e o finlandês forcejavam por adquirir a liberdade."166A estrutura da situação europeia é analisada tendo em conta as alterações do mapa

político à luz dos Tratados de Versailles, de S.Germain, de Neuilly, de Trianon e de Sèvres, destacando-se essencialmente a partilha de territórios que conduziu ao (re) ajuste das fronteiras entre os países beligerantes (e não só..) da Europa Centro-Oriental e os Aliados, após o armistício.

Parece-nos importante, o facto do autor declarar que ao longo da obra apenas se irá referir aqueles países cujas fronteiras foram substancialmente alteradas pela guerra ou que surgiram em consequência desse conflito: apresenta-nos uma panorâmica de cada um dos países enquadrados nas características anteriores, em que se descrevem os condicionalismos que originaram a modificação das fronteiras e o surgimento de tantas outras.

Utilizando uma metodologia característica da Escola Vidaliana, descreve para cada país, a demografia e os principais recursos económicos mas numa aproximação a J. Brunhes e a A. Demangeon preocupa-se também com a localização geoestratégica das cidades mais importantes (sobretudo as capitais), as vias de circulação e o sistema administrativo- governamental: "Olhando para o mapa da Europa, impressiona desde logo a perigosa situação das capitais de algumas das Potências danubianas: Sófia, Budapest e Viena dispõem-se a umas dezenas de quilómetros da fronteira, sem a mínima garantia, se os respectivos países forem invadidos." Como a maioria dos geógrafos neo-deterministas da época, sejam C. Vallaux ou E. Réclus, considera que as fronteiras estáveis são aquelas definidas por factores naturais e não por outros de ordem política: "E se um tal condicionamento tivesse sido motivado pela preocupação em conciliar o traçado das fronteiras com as condições topográficas ou étnicas ainda se justificava; a linha divisória, porém, caminha ao sabor dos apetites de certos Estados e

'Idem, 1923, 88 p. e 1925, 135 p. Idem, 1923, p. 15.

os povos afins são os primeiros a considerarem-na como barreira provisória de fácil deslocação."168

Tal como C. Vallaux, L. Schwalbach considera o factor primordial para a prosperidade das Nações a existência de um litoral marítimo, corroborando a sua asserção com um dos postulados do aludido investigador francês sobre as tendências expansionistas dos povos marítimos a ocuparem o litoral oposto. Talvez por isso, o geógrafo de Lisboa mostra a sua preocupação pelo facto de numerosos países da Europa (Checoslováquia, Hungria, Áustria), que devido aos condicionalismos geográficos ou geopolíticos não terem acesso ao mar, o que gera instabilidade nestes países Danubianos devido às limitações económicas e consequentes problemas políticos daí derivados: "Os países desprovidos de costa ficam por assim dizer à mercê dos Estados que lhes canalizam as transacções comerciais; e esta dependência ainda mais se acentua no tempo de guerra (...). Ora, na Europa danubiana criaram-se variadas repúblicas sem litoral, com a agravante de ficarem muito distanciadas dos mares."169

O último capítulo deste estudo, é ao mesmo tempo uma reflexão de Luís Schwalbach «sobre o actual mapa da Europa» e um tecer de considerações de âmbito político e económico sobre as relações entre os diversos países - em particular no cadinho de nacionalidades que é a Europa Balcânica - de modo a resolver os" (...) problemas que sobrenadam na actual política europeia, visto representarem o somatório de inúmeras complicações urdidas desde tempos remotos (...) entre as nações, garantindo assim a estabilidade do nosso continente. Os diversos tratados assinados após o final da Guerra Mundial, não trouxeram a desejada estabilidade e paz a uma Europa exangue."170 A resolução dos problemas políticos e económico-sociais que a

Europa enfrenta na década de vinte, segundo L. Schwalbach provêm do facto de não se terem respeitado as nacionalidades aquando da delimitação de fronteiras no pós-guerra devido aos acordos diplomáticos serem feitos essencialmente segundo os interesses das grandes potências, concluindo decepcionado:"(...) se tivessem efectuado plebiscitos e se as decisões fossem respeitadas, como seria diferente o recorte das fronteiras! "m

Acredita o geógrafo, que a resolução dos conflitos na Europa, passa por uma maior eficácia da Liga das Nações: "A Liga das Nações, a mais pura consequência da tempestade de 1914, ainda não possui a autoridade precisa para derimir todos os conflitos à luz serena de um gabinete de trabalho, onde preponderem, sem competidores, os sagrados princípios do direito internacional." L. Schwalbach tem uma perspectiva mais optimista para o futuro da Europa do que o seu contemporâneo Albert Demangeon que alguns anos antes na obra O Declínio da

Europa (Paris, 1920), analisou os aspectos económico-sociais, mais do que os condicionalismos

geopolíticos da Europa, suas Colónias e Mandatos, bem como daqueles países mais directamente relacionados com o Velho Continente, tendo evidenciado como característica dominante um profundo pessimismo para o futuro da Europa no contexto internacional.

Inevitavelmente, pela similitude das temáticas apresentadas e pela aproximação cronológica, comparamos a obra em análise com uma outra da autoria de Mendes Corrêa, As

Bases Geográficas e Étnicas da Nova Carta Política da Europa 173. Apesar de ambos se

16í*■ Ibidem, ™9Ibidem. 170 Ibidem, p. 63. 171 Ibidem, pág66 112Jbidem, pág 88 173A. Mendes Corrêa, 1921, pp 179-342.

basearem nas premissas ratzelianas de formação e evolução dos Estados, temos de concordar que no trabalho do professor portuense, a interpretação das condicionantes geopolíticas na formação da «nova carta política da Europa» no pós-Primeira Guerra Mundial são mais pormenorizadas e apresentam um rigor científico que a obra de L. Schwalbach está longe de possuir. Corroboramos a nossa afirmação baseados na tipologia que Mendes Corrêa apresenta sobre a formação, classificação e evolução das delimitações fronteiriças, analisando a classificação de C. Vallaux e de J. Brunhes à luz das modificações geopolíticas observadas na década de vinte. Tal como L. Schwalbach, elabora uma descrição dos diversos países da Europa, mas ao contrário do geógrafo, as suas afirmações são muito mais rigorosas pela apresentação de dados quantitativos e pela minúcia com que descreve as características morfológicas e sobretudo demográficas e etnológicas das áreas em estudo.

Na mesma temática da Geopolíitca, surge-nos outra obra de L. Schwalbach O Mundo

depois da Grande Guerra (Lisboa, 1925), onde se trata numa escala mais abrangente, os

diversos problemas que afectam o Mundo neste período conturbado da década de vinte. Ao iniciarmos a análise deste título, convirá referir que esta obra segue a mesma metodologia da anterior, ou seja, a interpretação do contexto Geopolítico segundo uma divisão por continentes, sem olvidar nunca o cunho pessoal das mesmas, que lhe é dado por meio de uma assumida ideologia demo-liberal que o autor imprime a (quase...) todos os seus comentários, sem nunca tentar disfarçar as suas simpatias pela França e pela Inglaterra, ao mesmo tempo que manifesta perplexidade benévola pela mentalidade Norte-Americana, azedume perante a Alemanha, inquietação pela Rússia Soviética, ou aversão pelo nascente Império Japonês.

Logo no início da obra, podemos diagnosticar o carácter pessimista e ao mesmo tempo irónico que caracteriza a linha de pensamento do autor, que significativamente a inicia pelo capítulo intitulado «A Barafunda na Política Interna das Nações». Neste primeiro capítulo, começa por traçar o ponto da situação politico-social dos países que no seu entender são importantes no contexto internacional, que é o mesmo que dizer, a França, a Inglaterra, a Alemanha e a Espanha, apontando quais são no seu parecer, as causas de todos esses males que enfermam as nações. Para justificar a desordem nos diversos países europeus, aponta-nos o extremar de posições resultantes do aparecimento de novas ideologias políticas como o bolchevismo e o fascismo, aquele muito mas condenável do que este.

Ao contrário das opiniões político-ideológicas conservadoras professadas pelo autor, surgem-nos as suas tomadas de posição de um quase progressismo em termos de diagnóstico das crises económico-sociais dos meados da década de vinte, bem como no arrojo de algumas das medidas de âmbito económico que propõe para debelar a crise mundial: a desvalorização económica como paliativo à falta de dinamização do comércio internacional no pós-guerra, a diminuição das reparações de guerra impostas à Alemanha, o fim do proteccionismo e nacionalismo exagerados entre os Estados. O ponto de vista do geógrafo de Lisboa, aproxima- se embora numa perspectiva algo diversa, das teorias neokeynesianas, cujo autor nessa mesma altura recomendava ao Parlamento inglês a adopção de medidas idênticas, obviamente numa linguagem mais técnica, própria de um relatório especializado do economista Maynard Keynes. Este publicou um livro intitulado The economis Consequences of the Peace (1919), em que basicamente defendia duas ideias: a primeira era a impossibilidade para a Alemanha de cumprir os acordos económicos dos tratados de paz, pela simples razão de que não se podia exigir mais do que aquilo que poderia pagar; enquanto que a segunda se prendia com a necessidade de os

governos gastarem o dinheiro público em investimentos produtivos que pudessem gerar emprego.

Elaborando uma longa exposição sobre os problemas dos principais países europeus, numa forma muito semelhante à obra anterior, L. Schwalbach refere também as dificuldades que atravessam outros países do globo e numa abrangência Geopolítica mundial, as conexões existentes entre todos eles. Em consonância com a opinião anterior, refere que os problemas de âmbito mundial, mas particularmente aqueles que dizem directamente respeito aos países europeus, devem ser resolvidos por uma organização independente da política das Nações como a S.D.N. Mostrando-se algo céptico sobre o futuro da organização, mas mais optimista do que A. Demangeon, acredita que num futuro próximo, a S.D.N. venha a ser um eficaz instrumento para a reconciliação e estabilidade mundiais através de um Protocolo ou Pacto de Assistência Mútua entre todos os países.

O último capítulo da obra em análise foi reservado à Geografia Política de Portugal e ao espaço Geopolítico português, iniciando-se com a opinião de que a formação e independência de Portugal face ao país vizinho se deve antes de mais à vontade da própria população: "E, antes de tudo, se a entrada dum exército invasor em Portugal é relativamente fácil, quem se afoitaria a suportar o choque duma grei que durante oito séculos soube vincular com a maior energia os seus direitos de nação independente?"174 Esta ideia será retomada alguns anos mais

tarde por Amorim Girão, Jaime Cortesão e António Sérgio, entre outros.

A concepção determinista de L. Schwalbach sobre os problemas políticos de Portugal está bem patente quando afirma que estes resultam dos condicionalismos geográficos do meio onde nos inserimos: "A situação e a configuração do nosso território têm sido os fecundos germens de quasi todos os bens e males que actuaram na vida internacional."175 Esta afirmação

resulta do facto de considerar que a posição geográfica do território nacional, no cruzamento das rotas marítimas entre o Oceano Atlântico e o Mediterrâneo parece antecipar uma qualquer ligação geográfica entre estes dois ambientes. Mas, outros elementos se adiantam que permitem inferir da excepcional posição geoestratégica do nosso país. Num ponto de vista idêntico ao de C. Vallaux, valoriza a configuração do litoral (em particular do estuário do Tejo e dos portos marítimos do Algarve), que devido às suas características morfológicas permitem a sua utilização pelas esquadras de guerra dos países aliados, especialmente da Inglaterra, cuja aliança considera ser a melhor garantia da soberania nacional, face a uma situação de hostilidade ou de conflito aberto com a Espanha ou a Alemanha.

Em termos da diplomacia portuguesa, L. Schwalbach preconiza a cooperação entre Portugal e a Espanha através da, reciprocidade de acordos comerciais entre os dois países ibéricos, enunciando as vantagens geoeconómicas que daí resultariam: "(...) o hinterland de muitos dos nossos portos abrange o território espanhol, convindo portanto drenar o movimento comercial até essas paragens (...) o país vizinho poderá perfeitamente tornar-se um dos nossos melhores clientes de produtos tropicais, porque se exceptuarmos o cacau, os seus territórios ultramarinos não se encontram situados em locais cujo clima propicie o cultivo do café, tabaco, oleaginosas, algodão, frutos diversos (...) Castela poderia tornar-se cliente dos nossos produtos ultramarinos porque quasi não possui colónias".176 Sobre as colónias portuguesas, refere que os

'L. Schwalbach 1925, p. 127.

'Ibidem, p. 119 'Ibidem, p. 128.

principais problemas resultam da falta de uma demarcação fronteiriça rigorosa entre