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ASCENSÃO DA CHINA NOS TOP 500 SUPERCOMPUTADORES

No documento Século XXI: o mundo em convulsão (páginas 117-121)

Um olhar para trás nas sucessivas listas dos TOP 500, que é publicada duas vezes por ano, permite ter uma ideia mais precisa do crescimento da China nessa área tecnológica. Em junho de 1993, quando foi publicada a primeira lista, não havia qualquer menção à China. O Brasil entrava com dois supercom- putadores (fabricados nos EUA), um no Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE) e outro na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Os Estados Unidos eram donos de 232 dos supercomputadores listados. Portugal nunca teve um super- computador na lista.

É preciso esperar por junho de 1995 para a China aparecer nos TOP 500 com um supercomputador operado pela adminis- tração Meteorológica da China e fabricado pela IBM. O Brasil caíra para 1 (o do INPE) e os Estados Unidos tinham dado um salto para 274 supercomputadores entre os 500 mais poderosos.

Em novembro de 2003, a situação começara a mudar: a China já tinha 12 máquinas na lista, das quais quatro fabricadas pela empresa chinesa Lenovo. A mais poderosa dessas máquinas ocupava a 14ª posição. O Brasil mantinha um supercomputador

29 Ver Techopedia. Disponível em: https://www.techopedia.com/defini- tion/2883/petaflop. Acesso em: 18 jun. 2019.

na lista, operando para a Petrobras, fabricado pela HPE (EUA). Os Estados Unidos continuavam na liderança, com 246.

Até que, em novembro de 2010, pela primeira vez, um supercomputador chinês, o Tianhe-1 (Via Láctea), desenvolvido na China pela Universidade Nacional de Tecnologia de Defesa (mas com chips da Intel e da AMD), atingiu os 2,5 petaflops e deixou atrás o Jaguar, o supercomputador Cray do Laboratório Nacional de Oak Ridge (EUA), que processava 1,7 petaflops. A China já inscrevia 41 máquinas nos TOP 500, que continuavam sendo liderados pelos EUA, com 276 supercomputadores. O Brasil voltara a ter duas máquinas, do INPE e da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Na lista seguinte, de junho de 2011, o Tianhe-1 perdeu a liderança para o K computer, fabricado pela Fujitsu, no Instituto Avançado de Ciência Computacional, no Japão, um supercom- putador capaz de processar 10,5 petaflops, que por sua vez foi superado em junho de 2012 pelo Sequoia BlueGene/Q, da IBM, com 17,1 petaflops, trazendo a liderança de volta para os EUA.

O Titan, um supercomputador Cray, também dos EUA, passou a encabeçar os TOP 500 em novembro de 2012, com a capacidade de processamento de 17,5 petaflops. Mas, em junho de 2013, a China voltou à liderança com o Tianhe-2, com 33,8 petaflops, liderança que se manteve até junho de 2016, quando foi superada por outra máquina chinesa: o Sunway TaihuLight, desenhado pelo Centro de Investigação Nacional de Engenharia e Tecnologia de Computação Paralela, capaz de processar 93 petaflops. Sunway TaihuLight significa algo como “poder divino, luz do Lago Taihu”30. Essa mesma data 30 WIKIPEDIA. Sunway TaihuLight. Disponível em: https://en.wikipedia. org/wiki/Sunway_TaihuLight. Acesso em: 22 abr. 2019.

marca uma outra significativa mudança: pela primeira vez, a China colocou 168 supercomputadores na lista dos TOP 500, ultrapassando os EUA, com 165.

Os Estados Unidos só conseguiriam voltar a encabeçar a lista em junho de 2018, com o Summit, da IBM, operado pelo Laboratório Nacional de Oak Ridge, capaz de processar 148 petaflops, mas o número de supercomputadores da China na lista continuou a crescer e a consolidar a maioria daquele país asiático, em número de máquinas, nos TOP 500: 206 versus 124. Hoje é de 219 versus 116 dos EUA. O Brasil tem três supercomputadores na lista. Um é o Fénix, fabricado pela Bull (França) e operado pela Petrobras. Os outros dois são fabricados pela chinesa Lenovo.

É possível, porém, que a China volte a recuperar a lide- rança. Segundo o South China Morning Star, a China decidiu não inscrever na lista de junho deste ano o seu novo supercom- putador, o Shuguang, para não acirrar os ânimos na disputa comercial e tecnológica em curso com os EUA. Ainda segundo o jornal, o Shuguang, localizado na Academia Chinesa de Ciências em Pequim, tem uma capacidade superior a 200 petaflops31.

31 CHEN, Celia. US blacklisting of China’s supercomputing giants ‘will only accelerate self-reliance drive’. South China Morning Post, June 28th 2019. Disponível em: https://www.scmp.com/tech/big-tech/article/3016401/ us-blacklisting-chinas-supercomputing-giants-will-only-accelerate. Acesso em: 22 abr. 2019.

“U-TURN”

“Viragem de 180 graus? Donald Trump sugere que irá permitir que a Huawei volte a comprar tecnologia dos EUA!” (U-turn?

Donald Trump suggests he would allow #Huawei to once again purchase U.S. technology! #HuaweiFacts)32. A mensagem, na conta oficial do twitter da Huawei no dia 29 de junho, reflete o espanto de alguém que ainda não acreditava na informação. Mas logo foi confirmado: “Nós concordamos que as empresas norte-a- mericanas podem vender produtos para a Huawei”, anunciou Trump, no final da reunião bilateral com o presidente da China, Xi Jiping, durante a reunião de cúpula do G-2033. E explicou: “As nossas empresas estavam muito chateadas. Essas empresas são grandes empresas que você conhece [...]. Mas estamos permitindo isso. Porque isso não era segurança nacional”. O presidente dos EUA anunciou também que não serão impostas novas tarifas às exportações chinesas para os Estados Unidos, nem serão removidas, por enquanto, as que já foram impostas, e que as negociações voltarão a ocorrer.

Como contrapartida, Trump sublinhou que a China prometeu comprar uma “enorme” quantidade de bens agrícolas aos EUA: “Vamos dar-lhes uma lista de coisas que gostávamos que eles comprassem”, disse, sem detalhar. A flexibilização

32 HUAWEI FACTS. Disponível em: https://twitter.com/HuaweiFacts/ status/1144882620804689921. Acesso em: 22 abr. 2019.

33 PHELAN, David. Trump Surprises G20 With Huawei Concession: U.S. Companies Can Sell To Huawei. Forbes, June 29th 2019. Disponível em: https:// www.forbes.com/sites/davidphelan/2019/06/29/trump-surprises-g20-wi- th-huawei-concession-u-s-companies-can-sell-to-huawei/#33a2e5f01e21. Acesso em: 22 abr. 2019.

RAPOZA, Kenneth. Trade War Update: China Throwing More Lifelines, Apple In Trouble

das limitações impostas à Huawei significa, em princípio, que a empresa tecnológica chinesa pode voltar a comprar produtos de fabricantes americanas, nomeadamente os processadores da Qualcomm, Intel, AMD, Nvidia e outras, e manter o sistema operativo Android, da Google, nos seus smartphones. A ressalva de Trump foi sobre vendas que os EUA considerem ameaçar a sua segurança nacional – leia-se de produtos relacionados a equipamentos de 5G – que continuarão banidas. Em nota emitida pela diplomacia chinesa, o presidente Xi Jinping afirmou: “A China é sincera sobre continuar a negociar com os Estados Unidos, mas as negociações precisam ser em pé de igualdade e mostrar respeito mútuo”.

AUMENTO DE TARIFAS

No documento Século XXI: o mundo em convulsão (páginas 117-121)